A actual governação “desportiva” teve tudo: tempo, dinheiro e poder. E boa imprensa. Por mérito próprio, reconheça-se. Politicamente fez o que quis. Contou com uma oposição ausente. E com organismos de topo da hierarquia desportiva obedientes e servis. Se acaso não fez tudo quanto desejaria não foi por iniciativa alheia.
Em princípio estão reunidas as condições para que inicio da próxima governação não apresente a cultura de queixa que caracterizou o início da legislatura que está a terminar. O que é um avanço. O PS continuará e aprofundará a opção estratégica que caracterizou o actual mandato. Se outro for o governo resta manter o que se iniciou porque não se conheceu, nestes últimos quatro anos, qualquer alternativa. E o pior que poderia suceder era começar tudo outra vez. Ou inventar só para ser diferente.
Dito isto importa reconhecer que o modo como alguns defendem a actual governação acaba por prejudicar aquilo que fez bem. Desde logo porque não há governação que só viva de resultados positivos. E por outro, na hora do balanço, a credibilidade conquista-se precisamente quando se avalia o que se fez bem e aquilo em que se errou. Os balanços que só encerram encómios não são exercícios sérios. São manifestações de propaganda.
O erro da avaliação da actual governação é fazê-lo em nome da comparação com o que fez, quando foi governo, o PSD. Nessa comparação o PS ganha sempre. E esse é o problema.
É que a situação desportiva nacional e respectivos indicadores dificilmente podem ser assacados à responsabilidade de quem, o que fez foi pouco e nem sempre bem. A responsabilidade politica vai direitinha para quem fez muito. O que ajuda a explicar que recentemente tenham surgido alguns comentários que pretendem estabelecer uma ruptura ente a actual governação e a de anteriores períodos socialistas. De acordo com esse entendimento o PS de 2005 nada tem a ver com os outros momentos da governação socialista. Mesmo quando num dos outros era ministro do desporto o actual primeiro-ministro. Não creio que o assunto mereça muitas linhas. A mudança de paradigma é um absurdo. Vive de pessoas e de protagonismos mais que de estratégias ou alternativas.
É compreensível que em tempo de balanço se enumerem as medidas adoptadas. E se procure ganhos de competência politica em função do número e diversidade dessas medidas. E se procure sustentar que nunca no passado se fez tanto. Mas o balanço será sempre fraco se o efeito das medidas sobre a realidade desportiva for escasso. Ou se as próprias medidas pecarem por défices na sua aplicação.
Sucede que muitas das medidas carecem de tempo para se poder exercer uma avaliação sustentada dos resultados. E não podem ficar prisioneiras da sua simples enunciação. Porque o mérito dos resultados pode não coincidir com a bondade dos propósitos. A narrativa mediática daquilo que “fizemos desde que chegámos” oferece muita distracção e motivos de interesse mas não responde ao essencial: como avançar para obter melhores resultados.
Nos defensores da actual governação desportiva existe um indisfarçável nervosismo e inquietação. Creio que muito ligados à indefinição do próximo quadro governativo. Mas não creio haver razões para preocupação sobre o futuro. Os temas da agenda politico - desportiva estão lançados. São os mesmos há cerca de três décadas. Goste-se ou não a actual maioria vai à frente. E nunca foi desafiada politicamente para qualquer outra alternativa.
Deixemos o desporto entregue aos seus habituais protagonistas. Mesmo quando rodam. Dizê-mo-lo sem ironia ou cinismo. Os nossos problemas são outros. E bem mais graves. E a alternativa que se coloca ao país é escolher entre uma economia produtiva e competitiva e a pobreza. Nem sempre o óbvio foi tão óbvio. E poucas vezes escolher o óbvio foi tão difícil.
Em princípio estão reunidas as condições para que inicio da próxima governação não apresente a cultura de queixa que caracterizou o início da legislatura que está a terminar. O que é um avanço. O PS continuará e aprofundará a opção estratégica que caracterizou o actual mandato. Se outro for o governo resta manter o que se iniciou porque não se conheceu, nestes últimos quatro anos, qualquer alternativa. E o pior que poderia suceder era começar tudo outra vez. Ou inventar só para ser diferente.
Dito isto importa reconhecer que o modo como alguns defendem a actual governação acaba por prejudicar aquilo que fez bem. Desde logo porque não há governação que só viva de resultados positivos. E por outro, na hora do balanço, a credibilidade conquista-se precisamente quando se avalia o que se fez bem e aquilo em que se errou. Os balanços que só encerram encómios não são exercícios sérios. São manifestações de propaganda.
O erro da avaliação da actual governação é fazê-lo em nome da comparação com o que fez, quando foi governo, o PSD. Nessa comparação o PS ganha sempre. E esse é o problema.
É que a situação desportiva nacional e respectivos indicadores dificilmente podem ser assacados à responsabilidade de quem, o que fez foi pouco e nem sempre bem. A responsabilidade politica vai direitinha para quem fez muito. O que ajuda a explicar que recentemente tenham surgido alguns comentários que pretendem estabelecer uma ruptura ente a actual governação e a de anteriores períodos socialistas. De acordo com esse entendimento o PS de 2005 nada tem a ver com os outros momentos da governação socialista. Mesmo quando num dos outros era ministro do desporto o actual primeiro-ministro. Não creio que o assunto mereça muitas linhas. A mudança de paradigma é um absurdo. Vive de pessoas e de protagonismos mais que de estratégias ou alternativas.
É compreensível que em tempo de balanço se enumerem as medidas adoptadas. E se procure ganhos de competência politica em função do número e diversidade dessas medidas. E se procure sustentar que nunca no passado se fez tanto. Mas o balanço será sempre fraco se o efeito das medidas sobre a realidade desportiva for escasso. Ou se as próprias medidas pecarem por défices na sua aplicação.
Sucede que muitas das medidas carecem de tempo para se poder exercer uma avaliação sustentada dos resultados. E não podem ficar prisioneiras da sua simples enunciação. Porque o mérito dos resultados pode não coincidir com a bondade dos propósitos. A narrativa mediática daquilo que “fizemos desde que chegámos” oferece muita distracção e motivos de interesse mas não responde ao essencial: como avançar para obter melhores resultados.
Nos defensores da actual governação desportiva existe um indisfarçável nervosismo e inquietação. Creio que muito ligados à indefinição do próximo quadro governativo. Mas não creio haver razões para preocupação sobre o futuro. Os temas da agenda politico - desportiva estão lançados. São os mesmos há cerca de três décadas. Goste-se ou não a actual maioria vai à frente. E nunca foi desafiada politicamente para qualquer outra alternativa.
Deixemos o desporto entregue aos seus habituais protagonistas. Mesmo quando rodam. Dizê-mo-lo sem ironia ou cinismo. Os nossos problemas são outros. E bem mais graves. E a alternativa que se coloca ao país é escolher entre uma economia produtiva e competitiva e a pobreza. Nem sempre o óbvio foi tão óbvio. E poucas vezes escolher o óbvio foi tão difícil.
1 comentário:
A sua última frase confunde.
Que óbvio é tão óbvio que é tão difícil escolher o óbvio?
Temo que não seja óbvio.
Mesmo que o seja para um conjunto de pessoas se estas não assumirem determinadas consequências será difícil ao óbvio chegar ao céu.
O óbvio fechado a sete chaves, ou o óbvio que só o é individualmente, não é socialmente óbvio.
Não tem a ver com o Desporto. Para o Desporto português é a sociedade que deve ser obviada.
Para não ferir susceptibilidades, tomemos este exemplo: Há economistas que pensam que o Desporto se vai desenvolver com o desenvolvimento nacional. À medida que o país se desenvolver economicamente o Desporto vai atrás. É um automatismo, um economicismo do género: deixem-me trabalhar; ou do outro: as análises estão todas feitas; ou ainda do discurso triunfante das Leis para toda a obra. Esses economistas trabalham nas Finanças, no Tribunal de Contas, no Futebol e não distinguem o Complexo Desportivo da Lapa, de um dos Pingos Doce existentes na Lapa e eles devem ser convencidos, sob pena de continuarem a fazer o que sempre fizeram e que redunda no actual prejuízo desportivo.
Na Cultura o Carlos Fiolhas bate-se por um orçamento de um por cento do OE nacional. Dizer que no Desporto os dirigentes não falam da Economia em que vivem é o primeiro paso para compreender porque não agem como na Cultura vai fazer vinte anos.
O Futebol encomendou um estudo económico para justificar o Mundial com a Espanha. Vai ser maravilhoso.
O capital de conhecimentos e experiência, que o Desporto português hoje tem, não é vertido no sentido do desenvolvimento e esse desafio só se resolve, assumindo as consequências do óbvio que é o trabalhar em rede e trabalhar transversalmente com o valor acrescentado de todas as valências.
A sociedade portuguesa quando quer chamar a atenção para o óbvio, manifesta-se com determinação. No Desporto isto não aconteceu no passado e face ao óbvio que é tentado, cala-se ou tergiversa.
Há problemas de contexto de um Desporto equilibrado, de senioridade que se sente atingida, de prevalências ofendidas e de expectativas inconsequentes.
Falha o querer e o consenso nacionais transversais: primeiro ao Desporto e segundo desta para a sociedade.
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