O Estado tem a sua golden share no sistema desportivo. Pelo ordenamento jurídico. Pelo financiamento. Pela criação de infra-estruturas. Pela regulação.
A golden share e o poder que juridicamente lhe está agregado, serve para a defesa do interesse geral. Para uns é muitas vezes desproporcionada. Para outros há défice na sua utilização.
Por razões diversas, umas internas, outras externas, a generalidade da sociedade portuguesa vive momentos difíceis. Recessão, desemprego, aumento da dívida pública, subida do empobrecimento face às médias europeias, endividamento e falta de competitividade. Há os que entendem que a origem está na importação da crise global. Outros no facto de à crise global se juntar uma fragilidade estrutural da economia portuguesa.
Só um sector escapa a este estado de dificuldade: o desporto. Salvo pequenos problemas com o futebol e com salários em atraso, coisa que como se sabe sempre aconteceu, “o desporto português está de boa saúde”. Assim o disse o administrador da golden share. E a fazer fé na ausência de testemunhos em sentido diverso, o diagnóstico deve estar certo. A saúde é tanta que, contrariamente ao que se passa com a Igreja, que se viu na necessidade de alterar os rituais litúrgicos como medida preventiva ao contágio da gripe A, não consta à data, que as autoridades desportivas tenham colocado quaisquer restrições ao modo como os futebolistas comemoram a marcação de um golo, distribuem beijos, abraços, palmadinhas no rabo ou outras manifestações hedonistas. Coisa que já teria ocorrido se a saúde fosse precária.
Mas este estado sanitário pode ser passageiro. E sobretudo enganador. Previnam-se os precipitados que não consideramos que o desporto português esteja hoje pior que no inicio da legislatura. O contributo das políticas públicas é relativamente pequeno para a elevação de alguns indicadores e naqueles em que é mais relevante, (nº de praticantes e qualidade desportiva, por exemplo) a sua avaliação não pode ser feita à escala de quatro anos. Por outro lado as politicas públicas, salvo o que ocorre no sistema escolar, não introduziram medidas penalizantes à lógica associativa e em alguns programas houve medidas estimulantes e um balanço positivo. O maior revés vai estar no âmbito da produção da reforma da administração pública desportiva mas esta avaliação é ainda prematuro encerrar e desenvolver. E conta pouco.
A precariedade da situação tem mais a ver com uma concepção politica que faz do Estado ( e da sua golden share) a bússola da rota a seguir e que não acredita (e convenhamos que tem algumas fundadas razões para assim pensar) que as organizações desportivas estão impreparadas e são incapazes de se reformarem e assumir um protagonismo que esteja para além da tradicional dependência financeira do Estado. E aqui reside o factor crítico mais penalizante para a situação desportiva nacional.
A reforma das organizações desportivas é menos jurídica e mais politica. É menos do Estado e mais das pessoas. É menos dos governos e mais das organizações. As criticas ao Estado e às suas políticas não podem ajudar a esquecer que a generalidade das organizações desportivas vive uma estabilidade que os governos não têm e que em muitos casos são mais relapsas à inovação e à mudança que o próprio Estado.
Razão pela qual quando se avalia o estado de saúde do desporto português talvez fosse mais avisado, e sobretudo mais prudente, apelar a um estado de vigilância critica e de controlos e avaliações regulares do respectivo estado de saúde. Pelo menos como medida preventiva. É que tal como na saúde,na vida pública e desportiva, por vezes, há factos inesperados que desafiam as lógicas mais seguras. Quem o disse foi o próprio primeiro-ministro.
A golden share e o poder que juridicamente lhe está agregado, serve para a defesa do interesse geral. Para uns é muitas vezes desproporcionada. Para outros há défice na sua utilização.
Por razões diversas, umas internas, outras externas, a generalidade da sociedade portuguesa vive momentos difíceis. Recessão, desemprego, aumento da dívida pública, subida do empobrecimento face às médias europeias, endividamento e falta de competitividade. Há os que entendem que a origem está na importação da crise global. Outros no facto de à crise global se juntar uma fragilidade estrutural da economia portuguesa.
Só um sector escapa a este estado de dificuldade: o desporto. Salvo pequenos problemas com o futebol e com salários em atraso, coisa que como se sabe sempre aconteceu, “o desporto português está de boa saúde”. Assim o disse o administrador da golden share. E a fazer fé na ausência de testemunhos em sentido diverso, o diagnóstico deve estar certo. A saúde é tanta que, contrariamente ao que se passa com a Igreja, que se viu na necessidade de alterar os rituais litúrgicos como medida preventiva ao contágio da gripe A, não consta à data, que as autoridades desportivas tenham colocado quaisquer restrições ao modo como os futebolistas comemoram a marcação de um golo, distribuem beijos, abraços, palmadinhas no rabo ou outras manifestações hedonistas. Coisa que já teria ocorrido se a saúde fosse precária.
Mas este estado sanitário pode ser passageiro. E sobretudo enganador. Previnam-se os precipitados que não consideramos que o desporto português esteja hoje pior que no inicio da legislatura. O contributo das políticas públicas é relativamente pequeno para a elevação de alguns indicadores e naqueles em que é mais relevante, (nº de praticantes e qualidade desportiva, por exemplo) a sua avaliação não pode ser feita à escala de quatro anos. Por outro lado as politicas públicas, salvo o que ocorre no sistema escolar, não introduziram medidas penalizantes à lógica associativa e em alguns programas houve medidas estimulantes e um balanço positivo. O maior revés vai estar no âmbito da produção da reforma da administração pública desportiva mas esta avaliação é ainda prematuro encerrar e desenvolver. E conta pouco.
A precariedade da situação tem mais a ver com uma concepção politica que faz do Estado ( e da sua golden share) a bússola da rota a seguir e que não acredita (e convenhamos que tem algumas fundadas razões para assim pensar) que as organizações desportivas estão impreparadas e são incapazes de se reformarem e assumir um protagonismo que esteja para além da tradicional dependência financeira do Estado. E aqui reside o factor crítico mais penalizante para a situação desportiva nacional.
A reforma das organizações desportivas é menos jurídica e mais politica. É menos do Estado e mais das pessoas. É menos dos governos e mais das organizações. As criticas ao Estado e às suas políticas não podem ajudar a esquecer que a generalidade das organizações desportivas vive uma estabilidade que os governos não têm e que em muitos casos são mais relapsas à inovação e à mudança que o próprio Estado.
Razão pela qual quando se avalia o estado de saúde do desporto português talvez fosse mais avisado, e sobretudo mais prudente, apelar a um estado de vigilância critica e de controlos e avaliações regulares do respectivo estado de saúde. Pelo menos como medida preventiva. É que tal como na saúde,na vida pública e desportiva, por vezes, há factos inesperados que desafiam as lógicas mais seguras. Quem o disse foi o próprio primeiro-ministro.
3 comentários:
A golden share aqui não passa de uma metáfora.
E, como dizia Anaxágoras:
"A metáfora é mestra do erro."
Eu bem dizia que nem com os novos a Colectividade ia melhorar. Aqui temos a prova. Os novos são ainda mais ocos.
Anónimo que sorri
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