Quanto custaram ao país os jogos da Lusofonia? E os jogos da CPLP ? Custaram uns bons milhões de euros. O que, desportivamente, ganhou o país? Pouco.Bem sei que ambos são projectos políticos e não apenas desportivos. Mas mesmo no plano político pouco valem. E são precisos dois tipos de “jogos”para o mesmo espaço lusófono? Não chega “um”? Alguém faz as contas a este tipo de projectos? E ao que ajudam ao desenvolvimento das países participantes?
Uma parte significativa dos países não tem condições materiais para participarem em quadros competitivos internacionais. Nem vida desportiva interna que o justifique. Algumas participações são de uma pobreza confrangedora.Com resultados finais desniveladíssimos. O que era um projecto interessante para a comunidade lusófona acabou por se transformar numa rotina em deitar dinheiro fora. Fica a epopeia dos grandes desígnios nacionais: a missão, as viagens, a confraternização, a solidariedade, a amizade, a língua comum e as banalidades habituais. Mas muito pouco de desporto para o dinheiro que custa.
Em todos sectores da vida pública se anunciam cortes e reduções da despesa. Ora se há factor que absorve uma parte significativas da despesa com o desporto são as competições internacionais. Que nas ultimas duas décadas cresceram a um ritmo impressionante. E por razões da economia das organizações desportivas, designadamente das federações internacionais, que aí encontraram um bom motivo de receita. Por gestão directa ou por concessão a privados. Só que o enriquecimento de muitas das organizações internacionais se fez á custa da depauperação das economias das federações nacionais. E estas, face às dificuldades vividas viraram-se para o financiamento público.Com projectos crescentemente selectivos e afectando muitos recursos. Os poderes públicos face à pressão da mediatização dos eventos foram cedendo. Numa espiral de custos sem fim à vista. Os tempos de crise que estamos a viver deveriam fazer reflectir as autoridades desportivas – nacionais e internacionais - sobre o volume e a dimensão das competições internacionais. E o que custam às economias federativas e às políticas públicas.
Dizer as coisas assim, bem sei, não é simpático. Mas o problema não é de ser mais ou menos agradável. É saber como bem utilizar os recursos públicos. Que são escassos. E isto não é uma questão de somenos. É um problema. E que urge resolver sem manobras dilatórias. Ou cedendo á lógica das federações para quem o quadro internacional tudo justifica. Ou evitando que o Estado gaste onde pode poupar.
Estas iniciativas para o espaço lusófona e a dimensão dos quadros competitivos internacionais em que o desporto nacional participa bem mereciam uma avaliação e revisão cuidadas. A percepção que se retira é que, o que há a mais em competições externas, há a menos em quadros competitivos internos.Com consequências desequilibrantes na economia das organizações desportivas. E com custos pesados na dinâmica do crescimento interno das modalidades. O recurso ao Estado tem sido a solução encontrada. Mas se é uma evidência que o Estado está a gastar mais do que aquilo que pode, o referido recurso não é solução socialmente aceitável.
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Uma parte significativa dos países não tem condições materiais para participarem em quadros competitivos internacionais. Nem vida desportiva interna que o justifique. Algumas participações são de uma pobreza confrangedora.Com resultados finais desniveladíssimos. O que era um projecto interessante para a comunidade lusófona acabou por se transformar numa rotina em deitar dinheiro fora. Fica a epopeia dos grandes desígnios nacionais: a missão, as viagens, a confraternização, a solidariedade, a amizade, a língua comum e as banalidades habituais. Mas muito pouco de desporto para o dinheiro que custa.
Em todos sectores da vida pública se anunciam cortes e reduções da despesa. Ora se há factor que absorve uma parte significativas da despesa com o desporto são as competições internacionais. Que nas ultimas duas décadas cresceram a um ritmo impressionante. E por razões da economia das organizações desportivas, designadamente das federações internacionais, que aí encontraram um bom motivo de receita. Por gestão directa ou por concessão a privados. Só que o enriquecimento de muitas das organizações internacionais se fez á custa da depauperação das economias das federações nacionais. E estas, face às dificuldades vividas viraram-se para o financiamento público.Com projectos crescentemente selectivos e afectando muitos recursos. Os poderes públicos face à pressão da mediatização dos eventos foram cedendo. Numa espiral de custos sem fim à vista. Os tempos de crise que estamos a viver deveriam fazer reflectir as autoridades desportivas – nacionais e internacionais - sobre o volume e a dimensão das competições internacionais. E o que custam às economias federativas e às políticas públicas.
Dizer as coisas assim, bem sei, não é simpático. Mas o problema não é de ser mais ou menos agradável. É saber como bem utilizar os recursos públicos. Que são escassos. E isto não é uma questão de somenos. É um problema. E que urge resolver sem manobras dilatórias. Ou cedendo á lógica das federações para quem o quadro internacional tudo justifica. Ou evitando que o Estado gaste onde pode poupar.
Estas iniciativas para o espaço lusófona e a dimensão dos quadros competitivos internacionais em que o desporto nacional participa bem mereciam uma avaliação e revisão cuidadas. A percepção que se retira é que, o que há a mais em competições externas, há a menos em quadros competitivos internos.Com consequências desequilibrantes na economia das organizações desportivas. E com custos pesados na dinâmica do crescimento interno das modalidades. O recurso ao Estado tem sido a solução encontrada. Mas se é uma evidência que o Estado está a gastar mais do que aquilo que pode, o referido recurso não é solução socialmente aceitável.
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4 comentários:
Concordo totalmente com a reduzida utilidade dos Jogos da Lusofonia (em que estive envolvido directamente como Chefe da Equipa de Atletismo em 2009) e sobretudo dos Jogos da CPLP, estes com interesse desportivo mesmo nulo.
Quanto aos Jogos da Lusofonia em 2009, a nossa organização foi má, já que a maioria das pessoas envolvidas não percebiam nada do assunto nem tinham qualquer experiência. E não queriam ajuda das Federações. O que se viu foi "tachos" a gastarem muito dinheiro em aspectos extra-desportivos e uma organização desportiva muito fraca. Poucas modalidades, algumas amputadas no programa de provas (como no Atletismo), muito turismo e um relativo desinteresse geral, dada a desigualdade de valor entre Portugal e Brasil e os restantes países participantes. Também não se compreende a presença de países em que ninguém falava português...
Até o interesse político é muito relativo, já que os Jogos não tiveram qualquer repercussão internacional e mostraram a fragilidade das nossas organizações extra-federadas ou extra-empresariais.
Na actual conjuntura financeira, a presença de desportistas ou Selecções Nacionais em competições internacionais pagas pelo Estado deveria ser mais controlada pelas próprias Federações e mais selectiva, já que não se justificam certas classificações muito fracas que têm abundado ultimamente em várias modalidades.
Quanto às Federações Internacionais, deviam reduzir o número de competições de menor importância, do Tipo Taças ou Ligas Mundiais e Europeias, restringindo-se aos verdadeiros Campeonatos do Mundo e da Europa individuais ou colectivos.
O post de JMC levanta, indirectamente, duas questões determinantes em relação à actividade competitiva interna (o "viaje cá dentro"), a qual deveria ser incrementada, em detrimento das saídas ao estrangeiro.
A primeira questão determinante tem a ver com a falta de patrocinadores e de espectadores para a maioria ou totalidade das modalidades, que se tem agravado nos últimos anos e não permite a existência de receitas minimamente satisfatórias para quem organiza (são excepção os mega-eventos em que o próprio Governo avança com fortes patrocínios directamente ou através das empresas públicas).
A segunda questão determinante tem a ver com a primeira: não havendo receitas, ninguém quer investir em competições internas com algum nível, porque isso hoje custa muito dinheiro em prémios de presença, mesmo só com os melhores portugueses; não havendo dinheiro não há atletas de nível elevado e, sendo assim, estes programam a época com os seus empresários no estrangeiro, onde continua a haver muito dinheiro para o Desporto.
Claro que estou a tomar como base a minha modalidade (individual) e o conhecimento que tenho da forma como a situação se tem vindo a agravar. É que hoje em dia para se ter alguma categoria internacional tem que se ser profissional.
O mesmo se passará com as modalidades colectivas, em que as receitas não dão para sustentar os clubes nas competições internas, gerando sempre situações deficitárias.
Caro Luís Leite,
Nada tenho quanto ao facto de os atletas procurarem ganhar a vida participando em competições do calendário internacional de acordo com os seus interesses profissionais. A minha reserva é ao volume de participações que envolvem quadros competitivos que têm necessidade de suporte de financiamento público.
Quanto ao facto de ser necessário redimensionar os quadros competitivos internos respeita sobretudo aos escalões jovens onde as necessidades não são apenas logísticas e financeiras mas de enquadramento competitivo. Na generalidade das modalidades, incluindo o futebol, o quadro competitivo jovem é de uma indisfarçável pobreza e em condições de trabalho confrangedoras. Visite muitos dos campos de futebol de relva sintética, o” kitsch do regime” e compare com o estado de degradação de balneários, acessos e bancadas.
Ao nível das selecções nacionais a segmentação de categorias competitivas de jovens em sub tudo e mais alguma coisa é um sorvedouro de recursos que dá cabo da economia das organizações e afunila o crescimento das modalidades.
Uma vez mais, grato.
Caro JMC:
Sobre o "kitsch" do regime (os relvados sintéticos), obra de João Paulo Bessa e Laurentino Dias, o que lhe posso garantir é que a maioria das centenas que foram construídos não têm a manutenção necessária e padecem de sobre-utilização. Conheço relvados sintéticos com dois ou três anos que já estão em avançado estado de degradação e como sabemos são irrecuperáveis. Como o investimento inicial é (foi) enorme, não há nem haverá nunca mais possibilidade de recuperar esses equipamentos, o que não teria acontecido se a opção correcta, que sempre defendi fossem relvados naturais, esses sim, sempre regeneráveis.
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