1. Mais uma vez o futebol nacional vive um Verão quente. O futebol português está sempre em alerta vermelho, mesmo quando não se pratica no recinto de jogo.
Em causa está, este ano, a conduta do seleccionador nacional Carlos Queiroz.
Os dados disponíveis são, para mim e para o comum dos mortais, os que pingam na imprensa. Estranha-se, contudo, que na mesma posição se encontre, conforme declarações do próprio, o novo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Fernando Gomes que não esteve presente na reunião da direcção da FPF, de que é vice-presidente, realizada na passada sexta-feira.
Ao visitante desta colectividade oferecemos uma leitura jurídica serena e, por via disso, o texto pode ir para além da dimensão adequada.
Comecemos, no entanto, pelo contexto.
2. No passado dia 16 de Maio, pela manhã, uma equipa de controlo antidopagem da ADoP deslocou-se à Covilhã onde estagiava a selecção nacional de futebol.
Adiantam as notícias que “a conduta dos elementos da equipa antidopagem foi considerada irrepreensível”, tendo provocado apenas uma reacção do seleccionador ”que foi acusado pelos médicos de ter tido um comportamento incorrecto e utilizado uma linguagem insultuosa”, inclusive para com o (ausente) presidente daquele organismo do Estado, Luís Horta.
3. O IDP abriu um inquérito.
“Durante cerca de mês e meio foram ouvidas várias testemunhas, desde funcionários do hotel até elementos do staff federativo, alguns dos quais confirmaram de forma concreta os excessos do seleccionador. Concluído, o inquérito foi enviado para a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, que por sua vez o remeteu para a Federação. A Gilberto Madaíl foi pedido que agisse em conformidade com a gravidade da situação”.
4. A “gravidade das acusações a Queiroz que constam no inquérito do Instituto do Desporto de Portugal ao incidente na Covilhã torna este caso uma questão de Estado”. “O Secretário de Estado do Desporto classificou o inquérito como "assunto grave", que está a ser encarado como violação das normas antidoping e pode levar ainda à suspensão de Queiroz”.
“A gravidade do assunto foi assumida à "mesma voz" pelo Governo e pela própria FPF: "Os factos que foram apurados no inquérito obrigam a que a Federação sobre eles pondere. Se não fossem factos graves não tinha havido um inquérito ou teria sido arquivado", disse Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto. Já a Federação, em comunicado, classificou o inquérito a Queiroz como "matéria extremamente delicada", a qual a FPF vai analisar em profundidade".
«Os factos que contavam da participação eram suficientemente graves para abrir um inquérito e despachá-lo para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF)», comentou Laurentino Dias”.
5. Reproduzimos um número significativo de menções da imprensa para que o visitante se possa relembrar de onde partimos.
Que inquérito é este? Que tipo de “participação” é esta? Porque não foi ouvido o treinador?
Porque razão somente dois meses após os factos se dá conta pública da sua existência?
Se estamos perante um procedimento disciplinar – no domínio da dopagem -, porque razão a direcção da FPF não agiu de imediato, em conformidade, aliás, com as suas próprias normas regulamentares e a lei?
Que combinação ocorreu entre Laurentino Dias e Gilberto Madaíl, “a bem da Nação”?
Ainda “a bem da Nação”, saberíamos de algum inquérito se tivéssemos sido campeões do Mundo? Disputado a final? Atingido a meia-final? Os quartos de final?
Em causa está, este ano, a conduta do seleccionador nacional Carlos Queiroz.
Os dados disponíveis são, para mim e para o comum dos mortais, os que pingam na imprensa. Estranha-se, contudo, que na mesma posição se encontre, conforme declarações do próprio, o novo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Fernando Gomes que não esteve presente na reunião da direcção da FPF, de que é vice-presidente, realizada na passada sexta-feira.
Ao visitante desta colectividade oferecemos uma leitura jurídica serena e, por via disso, o texto pode ir para além da dimensão adequada.
Comecemos, no entanto, pelo contexto.
2. No passado dia 16 de Maio, pela manhã, uma equipa de controlo antidopagem da ADoP deslocou-se à Covilhã onde estagiava a selecção nacional de futebol.
Adiantam as notícias que “a conduta dos elementos da equipa antidopagem foi considerada irrepreensível”, tendo provocado apenas uma reacção do seleccionador ”que foi acusado pelos médicos de ter tido um comportamento incorrecto e utilizado uma linguagem insultuosa”, inclusive para com o (ausente) presidente daquele organismo do Estado, Luís Horta.
3. O IDP abriu um inquérito.
“Durante cerca de mês e meio foram ouvidas várias testemunhas, desde funcionários do hotel até elementos do staff federativo, alguns dos quais confirmaram de forma concreta os excessos do seleccionador. Concluído, o inquérito foi enviado para a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, que por sua vez o remeteu para a Federação. A Gilberto Madaíl foi pedido que agisse em conformidade com a gravidade da situação”.
4. A “gravidade das acusações a Queiroz que constam no inquérito do Instituto do Desporto de Portugal ao incidente na Covilhã torna este caso uma questão de Estado”. “O Secretário de Estado do Desporto classificou o inquérito como "assunto grave", que está a ser encarado como violação das normas antidoping e pode levar ainda à suspensão de Queiroz”.
“A gravidade do assunto foi assumida à "mesma voz" pelo Governo e pela própria FPF: "Os factos que foram apurados no inquérito obrigam a que a Federação sobre eles pondere. Se não fossem factos graves não tinha havido um inquérito ou teria sido arquivado", disse Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto. Já a Federação, em comunicado, classificou o inquérito a Queiroz como "matéria extremamente delicada", a qual a FPF vai analisar em profundidade".
«Os factos que contavam da participação eram suficientemente graves para abrir um inquérito e despachá-lo para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF)», comentou Laurentino Dias”.
5. Reproduzimos um número significativo de menções da imprensa para que o visitante se possa relembrar de onde partimos.
Que inquérito é este? Que tipo de “participação” é esta? Porque não foi ouvido o treinador?
Porque razão somente dois meses após os factos se dá conta pública da sua existência?
Se estamos perante um procedimento disciplinar – no domínio da dopagem -, porque razão a direcção da FPF não agiu de imediato, em conformidade, aliás, com as suas próprias normas regulamentares e a lei?
Que combinação ocorreu entre Laurentino Dias e Gilberto Madaíl, “a bem da Nação”?
Ainda “a bem da Nação”, saberíamos de algum inquérito se tivéssemos sido campeões do Mundo? Disputado a final? Atingido a meia-final? Os quartos de final?
14 comentários:
A Santa Aliança: Madail e Laurentino (M&L)
Laurentino e Madail são os maiores do nosso futebol. Mandam, comandam e desmandam. Eles são estrategas, guerreiros, generais, samurais, semi-deuses, talvez mesmo Deuses. Vencem e convencem. Pensam e repensam, definem caminhos, edificam soluções, tudo o que engrandece o nosso futebol nacional. Eles repousam no Além, onde tudo é eterno e incomensurável. São dignos de adoração estes nossos deuses do desporto-rei.
Somos pois todos nós grandes neste desporto, dos maiores de todo o mundo, invencíveis e invulneráveis em qualquer campo e batalha. Temos aqueles dois líderes de um calibre inigualável: no Governo e na FPF. Laurentino e Madail: “A Díade Luminosa”!
Por isso, se alguma coisa corre menos bem no nosso futebol nada lhes pode ser atribuído. Eles têm de sarar, de sanar, de sanear as feridas abertas. O que importa mesmo é que não restem quaisquer dúvidas, por mínimas que sejam, de que aqueles prestimosos dirigentes repuseram o futebol de novo no bom caminho. Nem que para tal seja eventualmente necessário produzir uma qualquer “inventona” ou intentona contra um qualquer senhor treinador, sem qualquer lustro e magnificência, que barre essa caminhada luminosa rumo ao futuro da vitória. Nike é a deusa destes novos tempos, por consequência.
O povo, o grande e sábio povo do futebol nacional, aquela mole humana que enfrenta todos os desafios e dissabores em honra da ditosa selecção de todos nós, comprará provavelmente mais uma narrativa grandiosa de um novo tempo. Ganharemos tudo à partida como sempre, uma vez mais, só há que lavar a casa e extirpar o incómodo. No caso vertente esse “tumor pestilento” chama-se Carlos Queirós, e não percebe nada de futebol, não tem perfil de treinador, não sabe liderar, é malcriado e desbocado, um canalha, portanto, que não tem a menor estatura para continuar ao leme de tão grandioso barco luso.
Madail e Laurentino, esses insignes, esses virtuosos e decentes em extremo, continuarão na proa da Nau por mais uns bons anos. Gastando e gastando o que for preciso para darem ao nosso “povão futebolístico e futeboleiro” novos desígnios, alvitrando sonhos e ilusões que nem cabem no nosso jardim do éden. E até um qualquer Campeonato do Mundo de Futebol organizado sob a égide protectora dos nossos vizinhos será servido em bandeja dourada.
O resto, aquilo pequeníssimo: estruturas, competições nacionais, preparação de jogadores, profissionalismo federativo, políticas desportivas efectivas – isso serão contas de outros rosários que não influenciam nem vêm ao talhe de foice.
Madail e Laurentino são o melhor que temos e teremos, uma Santíssima Aliança de “Grandes Almas” que salvarão o nosso futebol nacional…! Eles são os sumos e óptimos deuses, potentíssimos, omnipotentíssimos, misericordiosíssimos e justíssimos, secretíssimos e presentíssimos, belíssimos e fortíssimos, estáveis e inapreensíveis, imutáveis e mudando todas as coisas, nunca novos, nunca velhos, renovando todas as coisas, sempre em acção e sempre quietos, sustentando, e enchendo, e protegendo, criando, e alimentando, e completando, procurando.
Deus seja louvado por nos dar semelhante benesse com estes Madail e Laurentino (M&L, “Mel e Leite” como na Bíblia Sagrada)!
J. Manageiro da Costa
O pobre do Luís Horta deixou-se instrumentalizar politicamente e o vaidosão do Laurentino serviu-se do incidente para botar figura que é coisa que ele adora e não perde oportunidade.....
O Manageiro, por vezes, ultrapassa-se a si própio, na idiotice e na maledicência: diz mal, por dizer mal; não pretende sustentar qualquer tese; não pretende provocar qualquer debate. E então glosa-se a si mesmo, na asneira e no disparate.
Na sombra da sua prosa, por um passe de mágica, fica tudo: será que não deveria haver controlos fora de competição? Será que não deveriam ser feitos de surpresa? Será que a "doutíssima" selecção nacional, do sr. Queiroz, não deveria ter sido sujeita a tal "vexame"? Será que não terá qualquer importância mandar ir fazer o controlo para a c**a da mãe dele? Será que o Manageiro, se o aconselhassem a ir escrever para o c**a da mãe dele, por exemplo, conselho esse feito em público e aos gritos, sorrir-se-ia ternamente e - quem sabe - faria logo ali um epigrama?
Afinal, o que pretende o Manageiro com estes dislates?!!!
E já agora: por que razão é que o sr. Queiroz, na África do Sul, também não convidou os médicos da FIFA, que igualmente controlaram a selecção nacional, a irem efectuar tal controlo para a da mãe deles?! Será que já não tinham mãe ou a senhora teria alguma deficiência?!!!!
Ou será que o sr. Queiroz reserva este tipo de sugestões para os médicos que integram as brigadas de controlo portuguesas???
Ave aos Césares do Futebol
Coitados dos senhores das brigadas (seriam vermelhas?), terem de se sujeitar à sedição de ouvir uns impropérios que não são dignos do futebol. Muito menos de um qualquer elemento da ralé dos treinadores como o senhor, com letra minúscula obviamente, que foi contratado para treinar os nossos atletas de eleição.
Claro que os ouvidos e as cabeças dos excelentíssimos brigadeiros ficaram chocadíssimas, nunca tal tinham escutado, nem as suas mãezinhas eram tocáveis por qualquer sonante energúmeno, mais a mais sendo um “bigodinho emigrante” recentemente retornado aqui ao nosso cantinho saudável e de boas e pausadas maneiras.
Não, não, no nosso futebol mandam acima de tudo a “etiqueta de Bobone” e os tratamentos de excelência ou senhoria para cima. Que os nossos agentes públicos que controlam essa coisa maldita do “encharque e emborcação no substantivo desviante” são excelsos servidores da causa maior do desporto e como tal merecedores de toda a maior estima e consideração.
Não podem por isso ser sofredores de qualquer moléstia, barbaridade, soberba ou indignação. Eles são a Pátria em armas contra a dita “emborcação”. E se os brigadeiros não tiveram oportunidade de realizarem a sua grandiosa e inexcedível tarefa em Lisboa, porque tal como os procuradores do Free não encontraram tempinho nos seus afãs múltiplos, isso não importa nada. Foram mesmo directamente à Serra da Estrela, lá ao mais alto de Portugal, aí onde só as grandes almas sobem em busca dos seus trabalhos insubstituíveis (não que na FIFA não havia controlos como os de cá da nossa casinha linda!).
As brigadas estão acima de qualquer suspeita ou crítica, claríssimamente. Elas são o poder, são do poder, e servem agora às mil maravilhas a agenda do “Senhor do Poder”. O qual em apenas dois meses, imagine-se a imensa trabalheira lá para os lados do IDP do Senhor Sardinha, conseguiu instruir um inquérito que agora enviou para o seu émulo na FPF dar o devido seguimento.
E assim em união de facto, Madail e Laurentino, tentarão acabar de vez por mandar para a tal da sua mãe o estrangeirado e incorrecto, muitíssimo inconveniente com as mãezinhas dos nossos inefáveis brigadeiros.
Salvem-se os brigadeiros que assim se salvam os dois generais: Madail e Laurentino. Os estatutos da FPF (com a utilidade pública na volta do correio) e o Campeonato do Mundo com os vizinhos agradecem tão sublime iniciativa e intimidade dos nossos Maiorais do futebol. E a FIFA ficará a olhar a procissão dos nossos impares cavaleiros da “tasca redonda”?
J. Manageiro da Costa
O Prof. Queiroz que considero uma pessoa competente como coordenador de formação, não como treinador principal, não tem que querer ou deixar de querer nada. Ele é treinador, o técnicos do CNAD fazem o controlo quando acharem que é mais conveniente e não têm de se justificar.
Ele que gosta tanto de hierárquias devia conhecê-las.
Ele que é tão defensor do fair-play e das virtudes do desporto, porque a sua (nossa) formação assim o exige, devia ter estado calado e poupar-nos a este espectáculo.
Precisão
O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fracção de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exactidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exactidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
Clarice Lispector
Pois é, não vejo por que razão é que este não há-de ser outro caso que encalhe nas sucessivas instâncias jurídicas deste nosso jardim até à prescrição ou esquecimento.
Havemos de estar todos velhinhos e o processo, então já com 60 mil páginas, verá adiada a leitura do acórdão por mais dois meses.
Nessa altura já o Queirós, com 80 anos, estará a treinar o Sporting ou o Porto. E o Madaíl, com 92 anos, estará a candidatar-se a Presidente da FIFA.
Todos os casos pendentes na justiça desde a primeira década do séc. XXI já prescreveram há muito e a maioria dos arguidos e juízes já terão falecido.
A dívida de Portugal será então de aproximadamente 650.000.000 de milhões de euros e cada dia que passa se vendem mais iates, Porsche, e Aston Martin.
E o Laurentino será Primeiro Ministro.
Certas Palavras
Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não adivinha nem alcança.
Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, actos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.
E tudo é proibido. Então, falamos.
Carlos Drummond de Andrade
in 'Boitempo'
Coitados dos senhores das brigadas (seriam vermelhas?), terem de se sujeitar à sedição de ouvir uns impropérios que não são dignos do futebol. Muito menos de um qualquer elemento da ralé dos treinadores como o senhor, com letra minúscula obviamente, que foi contratado para treinar os nossos atletas de eleição. Claro que os ouvidos e as cabeças dos excelentíssimos brigadeiros ficaram chocadíssimas, nunca tal tinham escutado, nem as suas mãezinhas eram tocáveis por qualquer sonante energúmeno, mais a mais sendo um “bigodinho emigrante” recentemente retornado aqui ao nosso cantinho saudável e de boas e pausadas maneiras. Não, não, no nosso futebol mandam acima de tudo a “etiqueta de Bobone” e os tratamentos de excelência ou senhoria para cima. Que os nossos agentes públicos que controlam essa coisa maldita do “encharque e emborcação no substantivo desviante” são excelsos servidores da causa maior do desporto e como tal merecedores de toda a maior estima e consideração. Não podem por isso ser sofredores de qualquer moléstia, barbaridade, soberba ou indignação. Eles são a Pátria em armas contra a dita “emborcação”. E se os brigadeiros não tiveram oportunidade de realizarem a sua grandiosa e inexcedível tarefa em Lisboa, porque tal como os procuradores do Free não encontraram tempinho nos seus afãs múltiplos, isso não importa nada. Foram mesmo directamente à Serra da Estrela, lá ao mais alto de Portugal, aí onde só as grandes almas sobem em busca dos seus trabalhos insubstituíveis (não que na FIFA não havia controlos como os de cá da nossa casinha linda!). As brigadas estão acima de qualquer suspeita ou crítica, claríssimamente. Elas são o poder, são do poder, e servem agora às mil maravilhas a agenda do “Senhor do Poder”. O qual em apenas dois meses, imagine-se a imensa trabalheira lá para os lados do IDP do Senhor Sardinha, conseguiu instruir um inquérito que agora enviou para o seu émulo na FPF dar o devido seguimento. E assim em união de facto, Madail e Laurentino, tentarão acabar de vez por mandar para a tal da sua mãe o estrangeirado e incorrecto, muitíssimo inconveniente com as mãezinhas dos nossos inefáveis brigadeiros. Salvem-se os brigadeiros que assim se salvam os dois generais: Madail e Laurentino. Os estatutos da FPF (com a utilidade pública na volta do correio) e o Campeonato do Mundo com os vizinhos agradecem tão sublime iniciativa e intimidade dos nossos Maiorais do futebol. E a FIFA ficará a olhar a procissão dos nossos impares cavaleiros da “tasca redonda”?
J. Manageiro da Costa
Briga
Brigar é simples.
Chame-se covarde ao contendor.
Ele olhe nos olhos e:
— Repete.
Repita-se: — Covarde.
Então ele recite, resoluto:
— Puta que pariu.
— A sua, fio da puta.
Cessem as palavras. Bofetão.
Articulem-se os dois no braço a braço.
Soco de lá soco de cá
pontapé calço rasteira
unha, dente, sérios, aplicados
na honra de lutar:
um corpo só de dois que se embolaram.
Dure o tempo que durar
a resistência de um.
Não desdoura apanhar, mas que se cumpra
a lei da briga, simples.
Carlos Drummond de Andrade
in 'Boitempo'
1970 - Lourenço Marques
Jogo: 1.º de Maio - Desportivo de L.M.
1.ª parte - O Antero, poveiro dos sete costados, dá um soco no defesa do Desportivo
Apito. Cartão vermelho. Antero expulso.
O sr Guerreiro, treinador:
- Então para que foi aquilo ?
Antero explica:
- Chamou-me filha da p...!
Intervalo. Tudo para o balneário.
O treinador do 1.º de Maio, vai falar no caso Antero e chama a atenção de todos os jogadores:
- Quero que vocês todos saibam de uma vez por todas, para que o caso Antero não se repita. Todos temos duas mães, uma a verdadeira que está em casa, e outra para ser usada nos campos de futebol.
Antero voltou para a Póvoa de Varzim, de onde era natural, e o sr. Guerreiro vive hoje no Algarve.
O joão boaventura era dirigente do 1.º de Maio e preparador físico gratuito da equipa, e assistiu a este caso, e ficou a saber que também tem duas mães, uma virtual e outra real, para se precaver.
Acho que o João Boaventura tem razão. Todos temos duas mães, quando o futebol é de borla, recreativo, feito por gente para a qual é preciso alguma tolerância dada a sua falta de educação e porque aquilo é apenas uma coboiada sem grande importância.
Agora, quando o futebol é profissional, científico, só ao alcance dos "misteres" e dos "professores", o mínimo que se deve exigir a tais criaturas é que partam do princípio que os outros só têm uma mãe. Mas eles, os "doutores", se fizerem muita questão nisso, podem então continuar a ter duas mães...
Na verdade, o caso de "doutores" entre aspas só se aplica, sem aspas, a José Mourinho, licenciado pelo ISEF e "doutor honoris causa" pela Universidade Técnica de Lisboa.
No caso de caso de Carlos Queiroz, licenciado pelo ISEF da Universidade Técnica de Lisboa, apenas tem direito a um abreviado dr., sem aspas, como qualquer outro licenciado. O mau uso de aspas é que dá azo a este comentário.
O Futebol e as gentes do Futebol, pelo menos cá na nossa terra, foram sempre o nível mais baixo da ordinarice.
Eu deixei de ir ver jogos ao vivo há cerca de 20 anos, quando a linguagem e a javardice das claques, associadas à falta de fair-play se tornaram insuportáveis.
A política e a comunicação social têm contribuído, crescentemente, para o agravamento da situação.
Chamar "p..a" às mães dos adversários, dos árbitros e de tudo o que apareça à frente faz hoje parte integrante desta realidade sócio-desportiva.
O Futebol é hoje por hoje um antro de má-educação de praticantes e de espectadores.
Devia perder, de vez, a utilidade pública desportiva, por ser alienante e deseducativo.
Num país em que a Ministra da Educação acha que ninguém deve chumbar e se está prestes a atingir o grau zero na área da Educação, para quê admirarmo-nos com todos estes comportamentos?
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