quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Utilidade das organizações desportivas

Os tempos correm e os recursos - especialmente os financeiros e económicos - começam cada vez mais a diminuir. Face a estas dificuldades, para além das que sempre existiram como a falta de orientação estratégica ou até existencial, para lá dos recursos humanos descontextualizados, e outro tipo de dificuldades, a temática da razão de existência de inúmeras entidades desportivas (e não só, atenção) volta a ter uma razão de existir.

Observamos os seus papéis sociais e desportivos, comparamos planos, acções, movimentos, estratégias, cruzamos informação, focamo-nos nas pessoas e não nos seus propósitos, escondemos informação e distribuímos um mapa pensando que tal significa o seu território. Sempre foi tempo de pensar a distribuição de funções, tarefas e razões de (in)existência dos Institutos, Fundações, Confederações, Comités, Associações, etc.

A identidade das organizações reúne vários itens: cultura de acção, história, visão, missão, procedimentos e valores de actuação. Os tempos modernos e as suas 'regras' de actuação convidam as organizações a alterarem procedimentos, formas de estar e viver. Convidam ou forçam, a mudança torna-se um sinal natural e/ou de segmentação. Será desta que alguém de direito (e deveres) se debruçará para a não convergência de todas as organizações desportivas em prol de uma só estratégia?

Deveremos continuar a multiplicar papéis, subverter o papel dessas mesmas organizações, competir entre elas para os mesmos fins? Gastar e investir recursos para os mesmos fins, com tanta tarefa que vai a meio ou nunca foi mesmo iniciada? Não seria mais simples, entre todos, federações e associações incluídas, decidir quem ficaria com o papel formativo, do associativismo, coordenação do desporto autárquico, competitivo, representações internacionais, diálogo com as federações, conselhos que não se atropelem, focar as populações especiais, etc?

Observar a forma como o desporto em outros países está distribuído e organizado seria um bom exercício. Existem exemplos para quase todos os gostos, e mesmo um País como Itália, que pode ser sempre 'acusado' de possuir também os nossos hábitos latinos, está organizado de uma forma bem mais realista e operacional, em que pelo menos, existe uma entidade que implícita ou explicitamente, assume a coordenação e a última tomada de decisão.

Em Portugal, tal como as várias intervenções que são feitas - por exemplo - nos passeios da rua, uma vez para a electricidade, outra vez para a água, outra para a Zon ou a Meo, etc, mas nunca ao mesmo tempo para se poder distribuir as tarefas pelo tempo e proporcionar sempre tarefas aos trabalhadores, mesmo que isso implique a destruição do passeio vezes sem conta. O sistema desportivo é semelhante, proporciona e cria as mesmas tarefas e funções multiplicadas por diversos, para sustentar verbas a serem gastas por diferentes territórios pessoais e egos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rui,

Fala de IDP, CDP, Fundação do Desporto, INATEL, COP, Academia Olímpica, Autarquias, FPDD, etc?

Luís Leite disse...

Caro Rui Lança,
bem pode tirar o cavalinho da chuva...

Rui Lança disse...

Caro Luis Leite,

Sim, eu sei que qualquer expectativa acima do nada é uma expectativa elevada.

Seria interessante um dia - quem sabem uma tese de algo - comparar o público para as quais essas entidades trabalham, quanto gastam, para quem gastam, quantos dirigentes se repetem, indicadores, etc., e depois chegarmos à conclusão do que interessa e quem faz realmente o quê. Direi eu...

Cumps,

Future15 disse...

Caro Rui,

Desde já um grande abraço.

Achas que os autarcas, sempre movidos pelos seus projectos pessoais, estão receptivos a receber indicações de entidades externas?

Caso existisse, como referes no teu texto, uma estratégia única para o desporto em Portugal, tutelada por uma única entidade, talvez fosse possível ter todos unidos a lutar pelos mesmos objectivos. De outra forma e no contexto socio-económico actual acho muito difícil.