Todos conhecemos pessoas que perante uma situação de doença grave procuram os melhores médicos. Aqueles cuja desempenho está ligado ao sucesso em resolver situações difíceis.Quem tem processos complexos em tribunal, e dispõe de suficientes meios financeiros para pagar a um bom advogado, não vai entregar a causa a um jovem em início de carreira. Procura causídicos com nome na praça.Com experiência profissional.Com muitas causas ganhas. Isto significa que apenas esses estão à altura de ter êxito? Não necessariamente. Significa tão só que o grau de confiança é mais elevado num profissional que já teve sucesso em situações difíceis e particularmente adversas. Que conseguiu o que, aparentemente, poucos seriam capazes. Que apresenta resultados. Qual é garantia que dá quem fala de assuntos que nunca tratou? Pouca. A percepção que se tem das capacidades profissionais tem muito a ver com a experiência.Com o currículo e o desempenho profissionais. A confiança assenta numa base objectiva de resultados alcançados.
O que se passa com as nossas vidas pessoais passa-se com as organizações. E com a maior de todas elas que é o Estado. Dele se espera que as tarefas mais delicadas e mais complexas sejam entregues aos melhores. Aos mais competentes. Aos que dão melhores garantias de fazer bem as coisas difíceis. Aos que protegem bem o dinheiro que lhes entregamos. Que o não usam para fins pessoais. Que têm sentido de missão no serviço público.
A falta de confiança é um custo na vida das organizações. É um obstáculo a boa governação. Num contexto de dificuldades a confiança depende em larga medida da credibilidade e do prestígio dos actores sociais intervenientes. E não basta ser competente. É preciso que a essa capacidade se junte um comportamento cívico exemplar para a comunidade. Se é preciso fazer sacrifícios ninguém está disposto a seguir quem não dá, como exemplo, o seu próprio. Se é preciso poupar ninguém levará a sério quem gasta o que podia evitar. Se é preciso gerir com sentido de responsabilidade, quem dirige tem de ser o primeiro a mostrá-lo.
Entre os que aspiram a um dia governar este país seguramente que existe gente séria e competente. E em todos os partidos. E admiro-os. Pela disponibilidade em assumir funções públicas. Porque o estado a que o país chegou desaconselharia a fazê-lo. A ingovernabilidade é bem maior que a possibilidade de o governar. E o que sabemos deve ser apenas uma pequena parte do que se passa. Os últimos anos acentuaram uma tendência em que a informação que os governos dispõem não é facultada ao país, mas ao partido que governa. E por isso, contrariamente ao que nos querem fazer crer, não sabemos, ao certo, quanto gastamos, nem onde gastamos. Sabemos apenas que aqueles a quem devemos, e que durante anos nos andaram a emprestar dinheiro, desconfiam da nossa capacidade em honrar compromissos. Em sermos pessoas de bem.
O Público (5.11.2010) revela que o deputado Marques Júnior confessou que 95 por cento das vezes não sabe bem o que vota e que é debatido no Parlamento. Não encontrei qualquer desmentido. Não deve ser caso único. Talvez única, apenas, a sinceridade com que o assume. Retrata o estado da democracia parlamentar. E o último debate sobre o orçamento do Estado um fiel retrato. Em que a “velha” e a “catastrofista”, como depreciativamente era tratada, acaba elogiada pelo primeiro-ministro. Ele mesmo. Revendo o filme para trás a surpresa é evidente. Surpresa ou outro qualificativo menos elegante?
O que se passa com as nossas vidas pessoais passa-se com as organizações. E com a maior de todas elas que é o Estado. Dele se espera que as tarefas mais delicadas e mais complexas sejam entregues aos melhores. Aos mais competentes. Aos que dão melhores garantias de fazer bem as coisas difíceis. Aos que protegem bem o dinheiro que lhes entregamos. Que o não usam para fins pessoais. Que têm sentido de missão no serviço público.
A falta de confiança é um custo na vida das organizações. É um obstáculo a boa governação. Num contexto de dificuldades a confiança depende em larga medida da credibilidade e do prestígio dos actores sociais intervenientes. E não basta ser competente. É preciso que a essa capacidade se junte um comportamento cívico exemplar para a comunidade. Se é preciso fazer sacrifícios ninguém está disposto a seguir quem não dá, como exemplo, o seu próprio. Se é preciso poupar ninguém levará a sério quem gasta o que podia evitar. Se é preciso gerir com sentido de responsabilidade, quem dirige tem de ser o primeiro a mostrá-lo.
Entre os que aspiram a um dia governar este país seguramente que existe gente séria e competente. E em todos os partidos. E admiro-os. Pela disponibilidade em assumir funções públicas. Porque o estado a que o país chegou desaconselharia a fazê-lo. A ingovernabilidade é bem maior que a possibilidade de o governar. E o que sabemos deve ser apenas uma pequena parte do que se passa. Os últimos anos acentuaram uma tendência em que a informação que os governos dispõem não é facultada ao país, mas ao partido que governa. E por isso, contrariamente ao que nos querem fazer crer, não sabemos, ao certo, quanto gastamos, nem onde gastamos. Sabemos apenas que aqueles a quem devemos, e que durante anos nos andaram a emprestar dinheiro, desconfiam da nossa capacidade em honrar compromissos. Em sermos pessoas de bem.
O Público (5.11.2010) revela que o deputado Marques Júnior confessou que 95 por cento das vezes não sabe bem o que vota e que é debatido no Parlamento. Não encontrei qualquer desmentido. Não deve ser caso único. Talvez única, apenas, a sinceridade com que o assume. Retrata o estado da democracia parlamentar. E o último debate sobre o orçamento do Estado um fiel retrato. Em que a “velha” e a “catastrofista”, como depreciativamente era tratada, acaba elogiada pelo primeiro-ministro. Ele mesmo. Revendo o filme para trás a surpresa é evidente. Surpresa ou outro qualificativo menos elegante?
O “cadastro” do governo em termos de objectivos está aí. Dirá, enquanto pode, que é culpa alheia. Faz o seu papel. Mas toda a representação tem limites. Ouvir falar em rigor, em transparência, em disciplina e em responsabilidade é insuportável. Que faça o seu trabalho o melhor que pode e sabe. Mas que haja decoro.
4 comentários:
Decoro?
Rua e já! Demitam-se!
Venha o FMI e um Governo minúsculo de salvação nacional, formado por Homens com grande prestígio e curriculum, que já não precisam de privilégios para nada, de iniciativa presidencial, aceite pela própria Assembleia da República.
Condenados à pobreza, talvez assim, com boas e drásticas medidas e bons e drásticos exemplos, falando verdade aos portugueses, se possa começar tudo do zero!
Xótraques, Truques e Verborreia
Definir o comportamento absurdo e extravagantemente alucinado de alguém que é indefinível, desnaturado, incompreensível, fluído e volúvel, bêbedo de poder, pantomineiro, desprendido da realidade e da verdade, truculento, arrogante, vaidoso incorrigível, ameninado, vítima fácil, tudo isto ao mesmo tempo numa personalidade, é tarefa completamente votada a fracasso de entendimento definidor. Mas que talvez se possa entender melhor com algumas frases célebres de tradutores vultuosos da coisa política e da encenação cobarde da governação nos regimes democráticos. Ora vejamos:
1º Maquiavel, na sua obra magna de política, “O Príncipe” de 1532, retrata a facilidade com que os dirigentes podem seduzir/enganar/mentir/ludibriar/encurralar/empobrecer os povos que governam ao dizer claríssimamente que “os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixa enganar”, e que também na realidade, “ os homens em geral julgam mais com os olhos do que com as mãos, porque todos podem ver facilmente, mas poucos podem sentir. Todos vêm bem o que pareces, mas poucos têm o sentimento do que és – e estes poucos não ousam contradizer a opinião da maioria que tem do seu lado a majestade do Estado a defendê-los”.
2º Adam Smith, o pai da economia política, filósofo do liberalismo, também dizia na sua obra-prima de 1776, “A Riqueza das Nações”, que: “O orgulhoso ministro de uma faustosa corte pode, muitas vezes, ter o prazer em executar uma obra de pompa e magnificência, como por exemplo uma grande estrada frequentemente apreciada pela alta nobreza e cujo aplauso não só alimenta a sua vaidade como ainda contribui para manter a sua influência na corte. Ma executar muitas obras pequenas, nas quais nada do que se faz salta aos olhos, nem provoca a mínima admiração de qualquer viajante e que, em resumo, nada possuem de especial que as recomende, a não ser a sua extrema utilidade, é algo que surge como demasiado mesquinho e insignificante para merecer a atenção de um magistrado superior. Por consequência, numa administração deste género, estas obras são quase sempre totalmente descuradas”.
3º Arnaud Mayeur, na sequência de uma análise profunda aos denominados ciclos político-económicos das democracias em que os dirigentes manipulam grosso modo as políticas para obterem resultados eleitorais vantajosos, dizia que “à semelhança do que dizia Winston Churchill [um dos grandes líderes políticos do século vinte], a democracia é, ao mesmo tempo, o melhor e o pior dos sistemas: o melhor porque só o povo é soberano nas suas escolhas e julga as acções desenvolvidas; o pior porque pode ser dominado, desviado, modificado, por políticas e por políticos embriagados com o poder…”.
Palavras para quê? Decoro? É um artista, um grande artista, português! Ele é "Xótraques, Truques e Verborreia", tudo em muito, infelizmente para os tristes portugueses pagadores de impostos e da dívida soberana por várias décadas que aí vêm vindo! E em cada uma das frases acima podem encontrar-se os fundamentos da personagem e da sua forma despudorada de fazer política e desgovernar Portugal!
José Pinto Correia
Será que é possível, neste blog, referir-me às características do mestre Correia, usando a mesma terminologia que ele usa em relação ao Sócrates?
Ou será que, então, serei convidado a ir pregar para outra freguesia, tudo em nome da liberdade de expressão?!!!
Se pretende falar de quem quer que seja é livre de o fazer.Mas assina.Tal como o José Correia o fez.
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