"O mapa não é o território".
Escutei esta frase no âmbito de uma formação que abordava a gestão de conflitos, expectativas, aspectos relacionados com a liderança, gestão de pessoas, etc. Para além de um problema de visão e missão da grande maioria das entidades públicas e também privadas no nosso País, que acaba por alinhar o próprio País numa caminhada sem objectivos ou indicadores, observamos que a busca de uma posição de liderança ou coordenação altera quase sempre as bases identitárias das pessoas, que de alguma forma, buscam um mapa ou título que as torne 'mais importantes'.
Na verdade, sabemos que o mapa que é entregue às pessoas, independentemente do cargo ou posição hierárquica que possuem, quase nunca bate 100% com o real território em que essas pessoas lidam. A não percepção de da distinção do mapa e território continua a ser deturpada por questões de formação de base e bom senso.
Observamos o sistema desportivo com um conjunto de princípios bastante válidos ao nível da competição propriamente dita, formação, treino, interacção ao nível dos atletas, treinadores, etc., e tudo se esfuma quase por magia a partir do momento em que essas mesmas pessoas enveredam pela parte de gestão, administração, coordenação mais administrativa/avaliação das Federações, Institutos, Associações, etc.
Tal fenómeno contribuiu para uma decalage ao nível dos resultados, principalmente se os soubermos diferenciar e segmentar o mérito: o que pertence por trabalho 'apenas' da parte técnica do treino, competição, formação, etc.; e aquela que advém 'apenas' do trabalho desenvolvido pelos dirigentes dessas mesmas entidades.
Questionar porque um treinador apela à justiça, alinhamento dos seus atletas, repetição no treino, procura dos 'experts' para as suas tarefas, comunicação frontal, desenvolvimento das competências dos seus atletas e, transferido para uma posição mais fora do terreno, assume comportamentos que contrariam os que antes aplicava para a obtenção...dos melhores resultados.
A não obtenção dos melhores resultados por falta ou recusa de procedimentos que fomentam a concretização dos objectivos, propiciam o estado a que o desporto (e não só) português chegou. A recusa de existir uma estratégia comum, nem que fosse ao nível das associações de uma federação! De uma visão alinhada pelo Estado, descentralizada pelas autarquias, federações, associações, etc.
A necessidade da existência de muitos pequenos mapas para incluírem todos os favores, que na realidades se reflectem em territórios sobrepostos, mal definidos, funções repetidas por duas, três ou mais entidades, visões que são incoerentes com as suas práticas, fazem com que hoje (fenómeno que sempre foi existindo, mas hoje agrava-se) não se deva apenas falar de poucas verbas, mas de verbas mal atribuídas e para os mesmos acontecimentos e, pior do que tudo, potencia que entidades se repitam na sua natureza e sejam adversárias e estejam explicitamente numa competição.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
O mapa e o território
publicado por Rui Lança às 15:01 Labels: Agentes desportivos, Gestão desportiva, Organizações desportivas
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9 comentários:
O grande problema do dirigismo desportivo está na escolha das pessoas para as competências e responsabilidades directivas.
O recrutamento das Direcções Federativas, por exemplo é feito em função das relações de confiança e alguma submissão estabelecidas com os Presidentes das Federações e predomina o amadorismo e a falta de tempo para um desempenho conhecedor e eficaz.
Normalmente, as pessoas escolhidas não são as mais capazes, porque essas não estão disponíveis.
Já na Administração Pública,
são o cartão do Partido e a proximidade política que contam, não a competência.
É simples.
Simples é...escrever com referências e acusações torpes sobre terceiros que não podem exercer o contraditório.
Será que há quem tenha sido submisso durante 4 anos para participar nos JO da unica forma possível ?
Diria que não é um problema apenas do dirigismo desportivo, mas bastante mais transversal a quase todos os mercados.
O que estranho é a falta de capacidade para transpor os valores do desporto propriamente dito para a área da gestão ou administração desportiva.
Caro F. Oliveira:
1) Não foram 4 anos, foram 6 (até aos Jogos); antes dos Jogos já tinha vários Campeonatos do Mundo e da Europa;
2) Não nego a submissão; basta ler as "Dez razões para uma demissão" para perceber isso;
3) E já agora, a desautorização, que fez o copo transbordar.
Quanto à participação nos Jogos Olímpicos, realmente não consegui lá chegar como atleta; devo reconhecer que foi mais fácil lá chegar como dirigente, mas certamente não fui escolhido por acaso.
Quem é que não pode exercer o contraditório?
Que eu saiba, neste blog existe liberdade de expressão.
Obviamente é preferível que as pessoas se assumam e não se refugiem em pseudónimos ou anonimato.
No meu caso, dou o nome, não dou a cara porque acho desnecessário.
E digo o que penso.
Não será o anonimato uma forma de submissão para manter o tacho?
Rui Lança:
Concordo consigo.
O problema da falta de qualidade do dirigismo é um problema nacional, que se reflecte em todas as áreas de actividade.
Obviamente há excepções que só confirmam a regra e têm dificuldade em funcionar nesta bandalheira.
O país, como já disse e repito, está podre.
Caro LL,
A diferença é precisamente essa, uns submetem-se a saufrágio e outros são...escolhidos!
Enquanto se deitar a tentar advinhar, os pseudo-pseudónimos ficam bem.
Como bem refere os submissos também ,"mantêm os tachos"...
Preferia ser anónimo a ser submisso, leia-se vendido.
Caríssimo F Oliveira,
Se me pretende atingir, repare:
1) Fui eleito por unanimidade Vice-Presidente da FPA, em sufrágio e em Assembleia-Geral, por proposta do Presidente, em Maio de 2005;
2) Fui escolhido pelo Presidente, com concordância da Direcção e da Assembleia-Geral, Director responsável pela Preparação Olímpica, Alta Competição e Selecções Nacionais;
3) Os submissos mantêm os tachos, mas que eu saiba, os chamados tachos são apanágio da Administração Pública, não de uma instituição de direito privado.
Como fui eleito por unanimidade em Assembleia-Geral, não há aqui tacho nenhum, antes pelo contrário; tive uma experiência de vida interessante, mas fui muito prejudicado na minha vida familiar, profissional e na saúde, dadas as exigências dos cargos (disponibilidade permanente) e stress acumulado;
4) Prefiro ter sido submisso (assumindo-o sem quaisquer dúvidas), tendo-me demitido por não aguentar mais a ditadura, a ser anónimo e cobardolas.
Estimado LL,
A do anónimo passa ao lado.
A dos tachos passa ao lado, sou empresário.
Tachistas são aqueles que, submissos ao sistema, o integraram com requisições de 6 anos...
Nesse âmbito auferiram vencimentos sem prestar serviço.
No seu caso é mais grave porque, só escreve como escreve, dado o Jamor não se chamar complexo LL e com estátua, mas como nem sequer o convidaram para a inauguração...desforra-se por aqui.
Não o pretendia atingir mas como se 'picou'...
Felicidades.
F Oliveira,
Para todos os efeitos, você é um anónimo, não sabemos quem você é e, sendo empresário ou não, não se quer mostrar.
Portanto, está meio escondido, numa atitude de bate e... foge.
Não estive requisitado 6 anos. Estive requisitado 2 anos e mais 5 anos com licença extraordinária, através de Despacho publicado em Diário da República, por motivos de interesse nacional.
Para sua informação, há vários dirigentes e muitos técnicos que estão requisitados há mais de 20, 25 anos e prestaram serviço no desporto certamente muito mais importante e útil ao país que aquele que prestariam nos lugares do quadro da Função Pública de que são originários.
Quer nomes? é desnecessário. São quase todos os mais importantes.
Aliás, se não fossem os requisitados, seria impossível arranjar gente competente e disponível, tanto no dirigismo como na área do treino, e o desporto português ainda seria bem pior do que é. Nem consigo imaginar.
Quanto ao resto, nem merece comentários...
Você percebe pouco disto.
Se quiser debater desporto a sério comigo largue o pseudónimo/anonimato.
Se não acabou-se.
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