Numa conferência internacional realizada há cerca de um ano em S. Paulo um representante do Comité Olímpico do Brasil apresentou uma comunicação sobre a estratégia que conduziu a atribuição ao país da organização dos jogos olímpicos de 2016.E explicou detalhadamente o modo como foi elaborado o projecto de candidatura. E quem levaram para a defesa da candidatura junto dos membros do Comité Olímpico Internacional (COI):o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Entre os diferentes aspectos apresentados falou da estratégia de lobbying sobre o grupo do COI que iria decidir as diferentes candidaturas. E o modo como o trabalho foi distribuído pelos vários elementos da organização brasileira.Ele, antigo campeão olímpico de voleibol, foi encarregue de “convencer” da bondade da candidatura uma antiga membro da comissão de atletas. Explicou que não fez nenhum lobi sobre a senhora. Optou pelo marido. Soube que ele era amante do surf e convidou-o a passar quinze dias no Brasil, levou-o às melhores ondas e ofereceu-lhe as mordomias convenientes a quem se pretende seduzir. Contou aspectos anedóticos como o do tempo que ficou à espera, deitado no areal ,enquanto o senhor surfava. Dizia com ar divertido que a sua esperança era que, regressado a casa, à noite, no vale dos lençóis, o marido convencesse a mulher que não havia melhor cidade para receber os Jogos que o Rio de Janeiro. Valeu o sacrifício que passou. O que eu ouvi, ouviram as centenas dos presentes. Não foi pedida qualquer reserva.
No jornal Record (26.10.10) o João Querido Manha conta a experiência que teve relativa à candidatura de Marrocos à organização de um mundial de futebol. E revela os bastidores das “propinas”sempre como afirma”com um intenso rasto de perfume feminino”.
Um ex-tesoureiro da federação cipriota de futebol veio agora tornar pública a maneira como, supostamente, a Polónia e Ucrânia “ganharam” a organização do Euro .E diz ter as provas do que afirma bem guardadas no seu cofre forte. Os homens do leste terão pago nove milhões de euros em numerário, três dos quais empacotados num ursinho de peluche.
O que se conta e o que se diz nem sempre é possível de provar. Na candidatura brasileira as estórias são muitas. Mas existe uma significativa bibliografia internacional que demonstra o lado obscuro do modo como se ganham candidaturas à realização de competições internacionais. E casos que terminaram com demissões tal a dimensão e o escândalo internacional que assumiram. O que concluir de tudo isto?
A percepção que se tem é que as grandes federações desportivas internacionais são actualmente agências de negócios. Entregues a um oligarquia de interesses que envolvem dirigentes, marcas e agências de eventos. Neste contexto a dúvida que fica é se, nos tempos actuais, uma candidatura a um evento desportivo internacional, como uns jogos olímpicos ou uma final de um campeonato do mundo de futebol, é possível sem formas de monetarizar o lobbying .E o que é lícito fazer para comprar os votos. Digo comprar porque é disso que se trata. E porque há decisores oriundos de países e culturas onde as regras do jogo são essas. Em cash ou sob qualquer outra forma. Que pode ir das férias pagas, ao relógio Frank Muller ou à mala Louis Vuitton.
Não sei se o que revela um jornal inglês sobre a eventual compra de votos para a organização do mundial de futebol 2018 é verdade ou não. Mas estranho seria que os decisores se ativessem exclusivamente à bondade das candidaturas. Era sinal que o mundo estava a mudar. E que os altos dignatários do futebol mundial tinham começado a jogar limpo.
No jornal Record (26.10.10) o João Querido Manha conta a experiência que teve relativa à candidatura de Marrocos à organização de um mundial de futebol. E revela os bastidores das “propinas”sempre como afirma”com um intenso rasto de perfume feminino”.
Um ex-tesoureiro da federação cipriota de futebol veio agora tornar pública a maneira como, supostamente, a Polónia e Ucrânia “ganharam” a organização do Euro .E diz ter as provas do que afirma bem guardadas no seu cofre forte. Os homens do leste terão pago nove milhões de euros em numerário, três dos quais empacotados num ursinho de peluche.
O que se conta e o que se diz nem sempre é possível de provar. Na candidatura brasileira as estórias são muitas. Mas existe uma significativa bibliografia internacional que demonstra o lado obscuro do modo como se ganham candidaturas à realização de competições internacionais. E casos que terminaram com demissões tal a dimensão e o escândalo internacional que assumiram. O que concluir de tudo isto?
A percepção que se tem é que as grandes federações desportivas internacionais são actualmente agências de negócios. Entregues a um oligarquia de interesses que envolvem dirigentes, marcas e agências de eventos. Neste contexto a dúvida que fica é se, nos tempos actuais, uma candidatura a um evento desportivo internacional, como uns jogos olímpicos ou uma final de um campeonato do mundo de futebol, é possível sem formas de monetarizar o lobbying .E o que é lícito fazer para comprar os votos. Digo comprar porque é disso que se trata. E porque há decisores oriundos de países e culturas onde as regras do jogo são essas. Em cash ou sob qualquer outra forma. Que pode ir das férias pagas, ao relógio Frank Muller ou à mala Louis Vuitton.
Não sei se o que revela um jornal inglês sobre a eventual compra de votos para a organização do mundial de futebol 2018 é verdade ou não. Mas estranho seria que os decisores se ativessem exclusivamente à bondade das candidaturas. Era sinal que o mundo estava a mudar. E que os altos dignatários do futebol mundial tinham começado a jogar limpo.
9 comentários:
Quando se fala em organização de grandes competições internacionais, está-se a falar de negócios.
Tal como no mundo das transferências de desportistas, nas modalidades profissionais.
São negócios e têm que ser assumidos como tal.
As Federações internacionais, sobretudo as grandes Federações, tal como o Comité Olímpico Internacional, são organismos por onde passam milhares de milhões de dólares por ano.
Não podemos ser ingénuos ao ponto de pensar que, quando se trata de gigantescos negócios, há necessariamente limites éticos ou morais. Sobretudo aqueles que possam pôr em risco a sua viabilidade.
O objectivo principal de qualquer negócio é conseguir obter o maior lucro possível. A questão é para quem...
A única diferença, neste caso, é que se trata de negócios de Estado, avalizados pelos Governos.
Justificados pelo superior interesse nacional.
Negócios que são sempre escandalosamente ruinosos para os países organizadores.
Mas muitíssimo interessantes para contas bancárias em paraísos fiscais e para alimentar protagonismos políticos e vaidades pessoais.
É neste contexto que temos que olhar para a ruinosa candidatura conjunta de Espanha e Portugal ao Mundial de Futebol de 2018 ou 2022.
Welcome to the real world!
O Luís Leite provavelmente terá razão. De resto devo confessar que há um sem numero de crendices sobre a honestidade de processos de relevo público (financiamento partidário com óbvios interesse negociais, controle de sociedades secretas sobre a vida pública, peculato de uso, remunerações de dirigentes desportivos, gestão de influência de negócios a partir de posições de informação privilegiada, etc..)cuja desconforto me advém sobretudo por serem praticas correntes mas que alguns ,quais virgens ofendidas, vêm defender o seu combate .Quando bastaria dar o exemplo. O mundo seria bem melhor.
Segundo a Lusa, o Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa acaba de proferir sentença, com data de 29 de Outubro de 2010, que rejeitou a providência cautelar interposta pela Federação Portuguesa de Vela contra o despacho do Secretário de Estado do Desporto que lhe suspendeu o estatuto de utilidade pública desportiva.
Permanece assim em vigor tal despacho, com todas as suas consequências, designadamente a proibição de financiamento público a tal Federação.
Aguardamos agora, ansiosos, os doutos comentários do João Almeida, do Meirim e tutti quanti, quanto a esta sentença e ao respeito que é devido às decisões judiciais...
Escreve José Manuel Constantino
E que os altos dignatários do futebol mundial tinham começado a jogar limpo.
"Altos dignitários", sff. "Dignatários" não existe em português.
dignitário
(latim dignitas, -atis + -ário)
s. m.
1. Pessoa que exerce uma dignidade ou um alto cargo.
2. Grau superior a comendador (em certas ordens).
Para o anónimo das 21:27
Era de bom tom citar a fonte de tamanha erudição. No caso, o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, consultável em http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx ...
Aqui vai o comentário desejado pelo anónimo das 13.26, sobre assunto que nada tem a ver com o tema em discussão:
Com a sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa a favor dos superiores interesses legislativos do Governo Português e contra os interesses da Federação Portuguesa de Vela, o Desporto Português fica muito melhor do que estava antes.
Mais desenvolvido, mais organizado, mais forte, mais competitivo internacionalmente.
Obrigado, Tribunal Administrativo.
Obrigado, Secretaria de Estado que tanto tem contribuído para o desenvolvimento do Desporto Português.
Sobretudo o Ciclismo de Pista, a Fórmula 1, o Ténis e o Golf, onde o nosso país domina e dominará no futuro os rankings internacionais.
Parabéns a todos!
Venha então o Mundial de Futebol de 2018!
A cereja que faltava no bolo...
Escrevia Luís Leite em 27 de Setembro
Pelos vistos os Tribunais estão agora a descortinar irregularidades na legislação (que foi imposta) e nos Despachos governamentais, designadamente no que retira parcialmente a Utilidade Pública Desportiva à Vela, (...)
Se esta sentença fosse favorável à FPVela, Leite congratulava-se; como é desfavorável, como o Tribunal não descortinou nada de censurável na decisão de suspensão da upd da Vela, Leite acha que a sentença não tem qualquer importância porque nada tem que ver com o desenvolvimento desportivo do País...
Para Leite, as sentenças relevantes são apenas aquelas que são contra o Governo; se forem a favor, são irrelevantes.
Isto é o Direito na óptica de um arquitecto engagé...
O assunto neste post está encerrado. Não vale a pena continuar. Quem pretenda falar da Federação Portuguesa de Vela e das decisões dos tribunais elabora um texto, assina e se pretender que seja publicado neste blogue submete-o à respectiva apreciação. Ou então vai blogar para outra freguesia.
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