Se alguém, trabalhando num determinada organização, se ausenta por um período tempo significativo e o serviço não sofre qualquer retracção na respectiva produtividade é porque esse elemento é dispensável. Está a mais. Porque estar ou não estar não coloca em causa os objectivos da organização. Mas quem dirige uma empresa, provavelmente, não estará na disposição de, quando em vez, não contar com um trabalhador necessário à respectiva laboração. Pior: ter de lhe pagar e, por vezes, não receber trabalho em troca. Acontecerá o mesmo com cada um de nós no âmbito de uma simples relação laboral de tipo doméstico. Se pagamos é para a pessoa trabalhar. Não é para não trabalhar. E quando não trabalha e não pagamos mas precisamos desse trabalho o normal é prescindirmos dos seus serviços e procurarmos uma alternativa.
Qual é o número de pessoas (atletas, dirigentes, treinadores, árbitros, médicos e paramédicos) que, anualmente, ao representarem o país no âmbito das selecções nacionais e da alta competição são dispensados de se apresentarem nos respectivos locais de trabalho? Qual é o número de dias de ausência ao trabalho? Qual é o custo que comporta essa ausência?
Ignoro se a avaliação está feita. Se o impacto financeiro da situação é conhecido. Se é conhecido o montante dos valores que são ressarcidos junto das entidades empregadores. E os casos em que são as próprias que os suportam. Mas algum impacto negativo deve ter na economia do país.
Estamos perante uma situação complexa. Por um lado, as representações nacionais e os contextos de alta competição devem merecer apoio por estarem em causa práticas de interesse público. Mas, por outro, o número de competições e a organização de quadros competitivos internacionais tem vindo a construir-se numa lógica de economia de eventos em ordem à maximização de proveitos financeiros das federações desportivas internacionais e respectivos patrocinadores.Uma construção alheia às economias nacionais dos países participantes. E nas economias com organizações desportivas muito dependentes do Estado é óbvio que é sobre o financiamento público que o efeito é maior. Mas neste caso não está em causa apenas o custo público. Está também o custo privado quando não é ressarcido dessa ausência.
As organizações desportivas, as organizações empresariais e o Estado estão disponíveis para discutir este assunto? Sentem necessidade de novas soluções? Ou a situação actual não carece de qualquer mudança?
De há muito, e mesmo antes da situação que estamos a viver actualmente, que defendo a ideia de que não é possível continuar num registo de crescente aumento de custos para um economia pequena, frágil e muito dependente do exterior. E que se torna necessário mudar de vida. Que é preciso uma reavaliação do componente da despesa na governação das organizações desportivas no domínio da alta competição. Que se justifica repensar o quadro de eventos desportivos internacionais que requerem uma forte afectação de despesa pública. Que se justifica uma redefinição de prioridades em matéria de competitividade desportiva externa. Que é preferível uma aposta pública com prioridade às modalidades onde os ganhos de competitividade externa possam ter maiores contrapartidas em termos de desenvolvimento desportivo nacional. Que para esse feito é necessário um avaliação de mérito de uns e de outros. Será que os tempos que aí vêm vão obrigar a pensar neste assunto?
Qual é o número de pessoas (atletas, dirigentes, treinadores, árbitros, médicos e paramédicos) que, anualmente, ao representarem o país no âmbito das selecções nacionais e da alta competição são dispensados de se apresentarem nos respectivos locais de trabalho? Qual é o número de dias de ausência ao trabalho? Qual é o custo que comporta essa ausência?
Ignoro se a avaliação está feita. Se o impacto financeiro da situação é conhecido. Se é conhecido o montante dos valores que são ressarcidos junto das entidades empregadores. E os casos em que são as próprias que os suportam. Mas algum impacto negativo deve ter na economia do país.
Estamos perante uma situação complexa. Por um lado, as representações nacionais e os contextos de alta competição devem merecer apoio por estarem em causa práticas de interesse público. Mas, por outro, o número de competições e a organização de quadros competitivos internacionais tem vindo a construir-se numa lógica de economia de eventos em ordem à maximização de proveitos financeiros das federações desportivas internacionais e respectivos patrocinadores.Uma construção alheia às economias nacionais dos países participantes. E nas economias com organizações desportivas muito dependentes do Estado é óbvio que é sobre o financiamento público que o efeito é maior. Mas neste caso não está em causa apenas o custo público. Está também o custo privado quando não é ressarcido dessa ausência.
As organizações desportivas, as organizações empresariais e o Estado estão disponíveis para discutir este assunto? Sentem necessidade de novas soluções? Ou a situação actual não carece de qualquer mudança?
De há muito, e mesmo antes da situação que estamos a viver actualmente, que defendo a ideia de que não é possível continuar num registo de crescente aumento de custos para um economia pequena, frágil e muito dependente do exterior. E que se torna necessário mudar de vida. Que é preciso uma reavaliação do componente da despesa na governação das organizações desportivas no domínio da alta competição. Que se justifica repensar o quadro de eventos desportivos internacionais que requerem uma forte afectação de despesa pública. Que se justifica uma redefinição de prioridades em matéria de competitividade desportiva externa. Que é preferível uma aposta pública com prioridade às modalidades onde os ganhos de competitividade externa possam ter maiores contrapartidas em termos de desenvolvimento desportivo nacional. Que para esse feito é necessário um avaliação de mérito de uns e de outros. Será que os tempos que aí vêm vão obrigar a pensar neste assunto?
7 comentários:
Olá José Constantino,
Sem conhecer os fluxos monetários associados às transacções no mercado do desporto torna-se difícil falar sobre os ganhadores e os perdedores.
Adicionalmente essa opacidade permite que haja ganhadores desproporcionados e dificuldades inultrapassáveis, dados os benefícios existentes, não quantificados e desconhecidos.
O tema que nos trouxe é sem dúvida relevante e a pergunta a deixar é se será possível o desporto avançar sem conhecer essa realidade tantas vezes escondida.
No que respeita às Selecções Nacionais, julgo que a maioria dos desportistas são profissionais do desporto ou (também) falsos estudantes.
Claro que há excepções, mas remam contra a maré e não vão longe.
Quanto aos restantes agentes, muitos estão requisitados em permanência, por razões de utilidade pública desportiva.
Há de facto uma minoria em que a questão se coloca e é de facto muito complicada.
O problema não é só nosso. É de todos os países.
Independentemente de os custos não estarem avaliados, não vejo solução para esta realidade.
Trata-se da representação nacional desportiva.
Ou a queremos e aceitamos as regras do jogo, ou ficaremos isolados no concerto internacional.
JM Constantino levanta aqui questões pertinentes que mostram a debilidade económica (e não só!) do desporto português.
A pergunta que deixa Fernando Tenreiro, na minha modesta opinião só tem uma resposta: NÃO - mas como Fernendo Tenreiro já me disse, eu "já faço uma coisa que é perigosíssima e que é conversar.
Nos últimos anos foi perigoso conversar."
Luís Leite diz que o problema não é só nosso... (mas com o mal dos outros...) pois não, porque o problema é do desporto e da economia que caminham de mãos dadas.
Claro que não é conveniente ficaremos isolados no concerto internacional mas será que não conseguimos começar a dar um empurrão para se mudarem as regras do jogo (ou estou a ser optimista de mais?)?
Que se tem discutido e debatido pouco os modelos desportivos e desportivo-económicos é uma verdade! Que é necessária um avaliação de mérito de uns e de outros e também das suas competências é outra verdade!
Será que os tempos que aí vêm vão obrigar a pensar neste assunto? (Pergunta JM Constantino) Obrigar a pensar talvez vão, mas a questão é se nos irão obrigar de motu proprio a fazermos qualquer coisa!
Fernando,Luís e Armando
parece relativamente pacifico que O Estado vai ter de reduzir a despesa com o desporto e que às organizações desportivas não resta outra alternativa.Então o melhor é começarmos a pensar como o podemos fazer com o menor impacte possivel para a funcionalidade do sistema desportivo.Sendo certo que alguma consequência tem de existir.Voltarei ao assunto em breve.E aqui deixo o desafio para que pensem onde agora se gasta e se deve deixar de o fazer
Grato a todos.
Sinceramente, com o conhecimento que tenho de uma Federação grande, não vejo mesmo onde cortar mais.
Se se cortar mais ainda em tudo o que diz respeito ao alto rendimento (Preparação Olímpica, Alto Rendimento) a situação já muito fraca do Desporto português em termos olímpicos, mundiais e europeus irá degradar-se ainda mais.
Se se cortar nos duodécimos dados às Associações através dos contratos-programa do Desenvolvimento Desportivo, as Associações não gostam; e se não gostam, põem risco as lideranças federativas, o que não pode ser...
Cortar mais nos técnicos nacionais e no número de requisições vai inviabilizar a coordenação técnica.
Restava um aumento da sponsorização, mas com a crise económica, não se vê qualquer hipótese.
Julgo que o Desporto português vai empobrecer naturalmente como tudo o resto e reduzir despesas em todas as áreas. Natural e progressivamente.
E as expectativas de competitividade internacional ao mais alto nível, num contexto internacional altamente profissionalizado, tenderão a ser nulas.
Prevejo para Londres 2012 entre 0 e 3 medalhas.
Para Rio de Janeiro 2016 podemos deixar de pensar em medalhas e mesmo em classificações nos 8 primeiros.
Esse assunto já está a ser discutido, há vários meses, no CND.
O CND existe?
O CND pensa?
O CND discute?
Com aqueles "conselheiros" há valor acrescentado?
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