A inteligência emocional surgiu há uns anos fruto da maior dedicação e pesquisa nas áreas comportamentais. Na altura, muitos defenderam que 'substituiria' o conceito de inteligência que prevalecia na altura. Hoje, a emocional vincou e vão surgindo outras como a espiritual e a ecológica. Interessante para quem trabalha no desporto, que muitas teorias defendem que na prática desportiva propriamente dita - mais ao nível dos desportos colectivos - a mesma tenha uma grande preponderância na correcta tomada de decisão, logo, na vitória e/ou sucesso, especialmente em ambientes onde é exigida a competência máxima.
Daniel Goleman, um dos grandes investigadores na área, embora não tão aceite na vertente mais académica, defende que independentemente dos estilos de liderança que existem, os líderes mais eficazes têm apresentado algo em comum: todos eles têm um alto grau do que se denomina inteligência emocional.
Significa que possuem uma autoconsciência, autodisciplina, motivação, empatia e habilidades sociais que lhes permitem entender, primeiro, a sua própria constituição emocional, e em segundo, as outras pessoas para direccioná-las na direcção e na concretização dos objectivos dos seus projectos, equipas ou organizações.
Mas também não significa que a inteligência emocional e o que a constitui seja a única variante importante. No desporto e nas outras profissões/áreas, as habilidades técnicas são relevantes, elas são o requisito para aceder a algumas posições e rendimentos de top. Quando se junta as temáticas de liderança e equipas ainda ganha mais importância a inteligência emocional dado que esta permite a habilidade de trabalhar em equipa e a eficácia de liderar compromissos individuais e colectivos.
O desporto tem oferecido inúmeros exemplos de estudo para estas áreas, alguns bem interessantes. Os treinadores, os jogadores das equipas e dirigentes têm percebido a vantagem da inteligência emocional, mesmo em estilos e em contextos de decisão centralizadora e autoritária. Estes estilos não são nem 100 % fiáveis nem 100 % correctos. O que acontece é que existem contextos que são mais compatíveis com estas situações sempre muito 'coladas' às pessoas com alto grau de inteligência emocional.
Contextos onde se assume a responsabilidade e se tenta criar uma missão e visão para as equipas e organizações. Onde existem indicadores de avaliação, objectivos e uma comunicação com bastante feedback bidireccional. Onde as regras sejam claras e concretas, em que se queira orientar para quem chega de novo. Ambientes com a liderança a ser reconhecida e não autoritária. O processo de desenvolvimento de competências seja algo assumido como sustentável a médio-longo prazo, motivados e comprometidos.
Mais uma vez, a tal decalage entre a realidade da prática desportiva e do dirigismo.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Inteligência emocional no desporto
publicado por Rui Lança às 17:02 Labels: Agentes desportivos, Dirigentes desportivos, Vária
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7 comentários:
Infelizmente, no dirigismo desportivo português, sobretudo nas Federações, o que é mais vulgar é a liderança se eternizar durante décadas.
Foram aparecendo criaturas que, através da manipulação inteligente da estrutura se transformaram em dinossáurios.
Tudo isto acontece e aconteceu nas Federações com maior peso institucional.
Os nomes são conhecidos, não sou eu que aqui os vou apontar.
Por que será que estes dinossáurios manipuladores não querem sair e não deixam que os tirem de lá?
Por causa dos benefícios de que disfrutam. É simples.
Com o tempo, os dinossáurios transformam-se em fósseis.
O tema é bem mais adequado para os treinadores e dirigentes, mas em Portugal, fruto do que é a nossa sociedade, as pessoas gerem e gostam de ser geridas por autoridade, pois a inclusão por vezes dá trabalho. Assim resta-nos os exemplos dos treinadores em várias modalidades que nos vão dando boas alegrias.
AM
Hoje, já não faz sentido Liderar sem inteligência emocional e até espiritual(e dentro de pouco tempo será, principalmente espiritual), como é referido no início do artigo... quando se está no papel de liderado e o nosso líder não tem essas competências, nota-se que falta sempre algo e esse algo é fazer-nos viver o nosso desempenho com entusiasmo... para quem quiser saber 1 pouco mais de inteligencia espiritual, aconselho esta excelente comunicação no Ignite em Oeiras este ano que expressa bem como se deve gerir o ser humano: http://www.youtube.com/watch?v=mGCokwtlU7U
Infelizmente, não tenho grande preparação para falar sobre este tema. Na verdade, a compartimentalização de tudo e mais alguma coisa hoje em dia, que dá lugar a um sem número de neologismos, torna toda a apreciação bem mais difícil porque, muitas vezes, mascara de ciência o que o não é.
Contudo, relativamente a este assunto mas talvez de uma forma mais lateral, vi, por estes dias, um gráfico que parece atestar que a única altura em que as contas públicas estão em dia é a altura em que estamos fora da democracia.
É triste mas dá que pensar.
Os dois últimos parágrafos de Rui Lança merecem ser lidos duas vezes. Parece-me que se refere a contextos, a indicadores, a ambientes e a processos muito arredados da nossa realidade.
Quanto ao último comentário de Luís Leite, não posso estar mais de acordo, mas não é só nas Federações com maior peso institucional. Nas outras acontece o mesmo.
E o dedo na ferida está "benefícios de que disfrutam"... e de que não prestam contas a ninguém!
Um abraço
Concordo um pouco com o que tem sido dito aqui.
Portugal não é neste momento (já o foi?) um contexto apropriado a um estilo de liderança mais visionário, porque são precisos resultados a curto prazo e para se ter uma visão, é preciso que a mesma seja acompanhada por um compromisso e pessoas alinhadas com o mesmo. Parece-me que se 'morre' aqui neste último ponto.
Estas inteligências ou outros nomes que queiramos utilizar, já existiam e provavelmente outras que se venham a abordar no futuro, já hoje existem. Tal como no treino, vai-se dividindo cada vez mais em áreas específicas e com isso, 'nascendo' novos especialistas.
Mas é sem dúvida uma forma de estar que não é de todo possível neste momento em muitas das organizações desportivas em Portugal. Talvez porque não se queira, não se consiga ou não se saiba. Mas também não deixa de ser verdade, que nestes momentos - já prolongados no nosso desporto - as entidades que conseguem passar por elas com menor dificuldade estão munidas destas ferramentas.
Limito-me a argumentar que Portugal é o país europeu, entre todos os que têm mais de 1 milhão de habitantes, com um saldo mais baixo na relação entre o número de participações em Jogos Olímpicos de Verão e o número de medalhas obtidas.
A prova de que estes dinossáurios não servem, é que a tendência para Londres 2012 é a manutenção das mesmas expectativas de sempre (0 a 3 medalhas), uma vergonha para um país europeu democrático com mais de 10 milhões de habitantes.
Tenho disponível uma apresentação em Powerpoint, para quem estiver interessado, onde o estudo que fiz está disponível.
A verdade é que o nosso sistema desportivo não presta e tem que ser substituído por outro.
Com outra gente.
Neste ou nutro contexto.
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