segunda-feira, 4 de abril de 2011

Temos ou não temos o País que merecemos?

Pessoa A – Tu não achas que temos o País que merecemos? Eu acho!
Pessoa B – Eu não acho, eu trabalho, tenho funções, não ando aí a viver à conta de subsídios e outras coisas.
Pessoa C – Eu também não acho.
Pessoa D – Os outros como os políticos e amigos é que vivem bem e não fazem nada, só nos lixam!
Pessoa A – Mas este país está assim porquê? E se vocês não acham que não têm o que merecem…o que merecem ter? E é partilhado? Se é partilhado…porque não lutam por isso juntamente?

Portugal como País, como tudo, é a soma daquilo que fomos fazendo por ele e ainda fazemos. Umas vezes melhor outras menos bem, melhor antigamente pior agora ou vice-versa, não sei bem, mas o total da soma não é nada gratificante nos dias que correm, presumindo que a soma de todas as partes deve ser constituída por uma maior parte que rema contra ou nem sequer rema, que uma pequena parte deve remar bem mas para lados distintos e uma parte ainda menor pode até remar ou querer remar conjuntamente e alinhada!

Poucas áreas da sociedade fogem da abordagem sistémica. Poucos não se encaixam nesse sistema. Por isso, um conjunto de pessoas, uns mais ligados entre eles, conjuntos de duas, três ou cem pessoas, estamos quase como atados uns aos outros, em que o que fazemos é resultado de algumas acções ou decisões anteriores e o que fazemos pode e condiciona outras acções de pessoas que nem conhecemos. Tal como aquela sátira de dois burros atados e virados para locais opostos a olhar para as suas refeições. Em que os dois puxam cada um para seu lado para ver se chegam à sua comida, não entendo que negociando, podem chegar facilmente às duas refeições sequencialmente.

Na vertente desportiva não faltam exemplos de que aquilo que temos neste momento em Portugal não nos podes escandalizar assim tanto. Podemos não concordar. Podemos não nos identificar. Podemos até actuar de forma a não acontecerem, mas…até hoje, continuam a não ter o impacto suficiente para que impossibilitem situações vergonhosas, desorganizadas, faltas de respeito, etc.

Situações como as que aconteceram e ainda acontecem na Federação Portuguesa de Futebol, apenas por ser a mais mediática, porque muitas outras têm também situações desalinhadas, ilegais ou ilegítimas! Um Presidente de um dos três grandes que é eleito com 90 % dos votos e passado uns meses é contestado para sair! Objectos que são constantemente enviados para o relvado que podem matar os atletas. Pedras que são mandadas para os carros de dirigentes de clubes inimigos (e não adversários) em andamento a mais de 100 km hora. Claques que são protegidas para não sofrerem represálias de outras claques que lutam por essas ruas e estádios fora, enquanto o cidadão informal e cumpridor arrisca-se a ser agredido ou atingido por algo quando vai pacificamente a um estádio ou recinto desportivo. Dirigentes que afastam e repelem pessoas formadas e bem intencionadas. Estudantes de desporto que são tratados como peças de mercado para encher entidades. Institutos, Fundações e Organismos que existem sem fundamentos exequíveis, missão de existência ou objectivos construtivos. E parece que podia estar aqui mais umas horas a descrever casos.

Perante isto tudo, temos neste caso específico, o desporto que merecemos? Não o desporto que queremos, mas o desporto que se merece? Aquele para o qual a grande maioria das pessoas contribui? Como disse Mário Palma, actual treinador da Selecção de Basquetebol, nós gostamos de clubes e não de desporto. E depois alguns gostam de desporto! E outros gostam de Futebol. Outros de outras modalidades. Mas sempre o clube primeiro.

Antes de sermos mais a querer alterar isto, será necessário alinhar os que já existem. Para que os que se juntem à causa saibam para onde se vai.

4 comentários:

Luís Leite disse...

Infelizmente, a clubite em Portugal está completamente enraizada e o saber ganhar e saber perder são apenas para uma minoria muito restrita.
A clubite é uma inflamação do cérebro causada pela subjugação dos mais fracos aos grandes interesses comerciais, financeiros e políticos.
Próprio de países incultos, com pouca educação e ainda menos conhecimento.
Para já, não se vê solução à vista, aliás como para todos os problemas estruturais.

Anónimo disse...

Este país está assim apenas porque existe um excesso de cidadãos por metro quadrado que faz questão de trocar sons (que confundem com ideias ou argumentos) na base de "eu acho que..." ou "pois eu cá não acho tal..."...

E chamam a isto "conversar"!

AM disse...

Mas o anónimo também acha isso ou não acha tal? É que claramente marcou a diferença...

Artur

joão boaventura disse...

A este propósito, numa visão de outra área, não menos necessária, proponho uma leitura do post As claques são economicamente nefastas, ínsita no blog “O desporto e a sua economia”, criado recentemente pelo nosso amigo Fernando Tenreiro.