A cidade de Guimarães, o projecto de organização e a programação como Capital Europeia da Cultura esteve envolta em polémica. E nessa polémica, que levou à demissão/mudança da(o) Presidente da Fundação Cidade de Guimarães, estavam, para além de problemas de funcionamento organizacional, a questão dos salários praticados. É verdade que os salários eram elevados. E num momento de crise é fácil e popular bater nos salários dos administradores. Mas também é verdade que não foram os próprios que os definiram. E que existem contratos. E se os contratos não são cumpridos, por vontade ou omissão alheia aos contratados, há que os ressarcir. A situação vale sobretudo pelo que se pode aprender com ela.
Em vez de andar a discutir as remunerações talvez fosse mais sensato avaliar e discutir se o Pais tem, neste momento, condições para se candidatar a este tipo de eventos. Se não seria preferível que, durante um certo período, se suspendessem estas iniciativas. Não o digo, nesta altura, para Guimarães. Agora não há como o evitar. Mas para o futuro. Porque, naturalmente, ao serem aceites, têm regras, entram numa lógica concorrencial e de práticas com outras cidades e países europeus e não se compadecem com certo tipo de discussões na praça pública. E, sobretudo, requerem avultadas despesas públicas, entre as quais remunerações, cachets e outro tipo de despesas de difícil acomodação e justificação num país em crise.
Qualquer família, qualquer um de nós, sabe, que num momento em que os meios financeiros disponíveis são menores há que os não gastar em despesas evitáveis. E concentrá-los no que é essencial. Se assim se faz, ou não, é com cada um. Com o Estado o problema só em parte é similar. Porque o modo como gasta (ou poupa) diz respeito a todos nós.
Com eventos desportivos o problema não é distinto. Apesar do Pais estar sobre o efeito da crise que se conhece, com regularidade acolhem-se eventos desportivos internacionais que são impossíveis de assegurar sem uma forte componente de despesa pública do Estado central e das autarquias. Bem sei que, em muitas desses eventos, se invoca que o retorno é superior à despesa. E que o país ganha “financeiramente” com essas organizações. Mas esse suposto ganho está longe de estar sempre assegurado. O dar “lucro “ é muitas vezes um factor de marketing para conquistar/justificar apoios públicos, mais do que uma efectividade real. E quando se calcula a despesa, sobretudo com os apoios autárquicos, estimam-se os valores concedidos, mas não se inventariam as despesa logísticas, de material, de infra-estruturas, de pessoal, de viaturas, de combustíveis e todo um conjunto de apoios que são asseguradas e entram nas despesas gerais da autarquia mas não no cálculo do orçamento dos eventos. E o que é verdade para os desportivos é-o para a miríade de eventos e festivais culturais que ocorrem por este País fora.
Os responsáveis desportivos deveriam avaliar, para além das vantagens imediatas de protagonismo e visibilidade internacional - que não são desprezíveis - se o estado geral do País não exigiria um critério de elevada excepcionalidade para essa prática. E se não seria preferível suspender a regularidade com que de há anos a esta parte se lançam candidaturas à organização de eventos desportivos internacionais, como uma orientação estratégica de afirmação do País e do desporto nacional. O governo anterior seguiu o caminho dos “eventos”.As bases programáticas do actual governo não se afastam essa orientação. Não creio que a situação do Pais aconselhe a sua manutenção. As políticas públicas vão ter de fazer opções. Escolher onde se não vai gastar é um exercício difícil, complexo, mas incontornável. Sobretudo porque se trata de avaliar os reflexos das medidas e as alternativas. É mais fácil colocar o problema que o resolver. Mas não temos como o evitar.
Em vez de andar a discutir as remunerações talvez fosse mais sensato avaliar e discutir se o Pais tem, neste momento, condições para se candidatar a este tipo de eventos. Se não seria preferível que, durante um certo período, se suspendessem estas iniciativas. Não o digo, nesta altura, para Guimarães. Agora não há como o evitar. Mas para o futuro. Porque, naturalmente, ao serem aceites, têm regras, entram numa lógica concorrencial e de práticas com outras cidades e países europeus e não se compadecem com certo tipo de discussões na praça pública. E, sobretudo, requerem avultadas despesas públicas, entre as quais remunerações, cachets e outro tipo de despesas de difícil acomodação e justificação num país em crise.
Qualquer família, qualquer um de nós, sabe, que num momento em que os meios financeiros disponíveis são menores há que os não gastar em despesas evitáveis. E concentrá-los no que é essencial. Se assim se faz, ou não, é com cada um. Com o Estado o problema só em parte é similar. Porque o modo como gasta (ou poupa) diz respeito a todos nós.
Com eventos desportivos o problema não é distinto. Apesar do Pais estar sobre o efeito da crise que se conhece, com regularidade acolhem-se eventos desportivos internacionais que são impossíveis de assegurar sem uma forte componente de despesa pública do Estado central e das autarquias. Bem sei que, em muitas desses eventos, se invoca que o retorno é superior à despesa. E que o país ganha “financeiramente” com essas organizações. Mas esse suposto ganho está longe de estar sempre assegurado. O dar “lucro “ é muitas vezes um factor de marketing para conquistar/justificar apoios públicos, mais do que uma efectividade real. E quando se calcula a despesa, sobretudo com os apoios autárquicos, estimam-se os valores concedidos, mas não se inventariam as despesa logísticas, de material, de infra-estruturas, de pessoal, de viaturas, de combustíveis e todo um conjunto de apoios que são asseguradas e entram nas despesas gerais da autarquia mas não no cálculo do orçamento dos eventos. E o que é verdade para os desportivos é-o para a miríade de eventos e festivais culturais que ocorrem por este País fora.
Os responsáveis desportivos deveriam avaliar, para além das vantagens imediatas de protagonismo e visibilidade internacional - que não são desprezíveis - se o estado geral do País não exigiria um critério de elevada excepcionalidade para essa prática. E se não seria preferível suspender a regularidade com que de há anos a esta parte se lançam candidaturas à organização de eventos desportivos internacionais, como uma orientação estratégica de afirmação do País e do desporto nacional. O governo anterior seguiu o caminho dos “eventos”.As bases programáticas do actual governo não se afastam essa orientação. Não creio que a situação do Pais aconselhe a sua manutenção. As políticas públicas vão ter de fazer opções. Escolher onde se não vai gastar é um exercício difícil, complexo, mas incontornável. Sobretudo porque se trata de avaliar os reflexos das medidas e as alternativas. É mais fácil colocar o problema que o resolver. Mas não temos como o evitar.
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