Sedentário, obeso e fumador tendem a fazer parte da lista de "novos marginais" que assombram o bem-estar colectivo. A obsessão higio-sanitária tende a classificá-los como seres com o risco de morrerem cedo e doentes. O discurso político-sanitário mais "light" e menos sindicado na sua sanha moralizadora não deixa de acompanhar esta criação em busca de um homem novo, isento de “vicios”. Mapear essas "identidades clandestinas" e publicitar muitos estudos “científicos” tem sido a forma privilegiada de apontar caminhos para uma vida mais saudável, caminhos que se estreitam a cada comportamento desviante associado a cada um dos riscos. As tabelas são conhecidas. É uma especie de “nova ordem” de tipo compulsório que torna “não normal” quem se não confina aos padrões sociais e comportamentais préviamente definidos como saudáveis.Nessa topografia moral os sujeitos são posicionados sobre um fio de navalha, mostrados à sociedade como pecadores, mas permanecendo "livres" para fazer opções sobre o tipo de vida que querem levar. Em contrapartida, devem arcar com os custos de uma escolha catalogada cientificamente como de risco e financeiramente pesada para a sociedade.
Estes “desvios” sociais não são discutidos no âmbito das realidades sociais que os determinam e perpetuam. São considerados como equivalentes nas suas “etologias”.E são iguais para urbanos e rurais. Para jovens ou idosos. Para homens e mulheres. Tudo é colocado no âmbito das capacidades volitivas do indivíduo. É-se sedentário, gordo ou fumador porque se quer ou porque não se tem suficiente vontade em mudar. Esta crença instalou-se de tal modo no imaginário social contemporâneo que cada um destes “neo-marginais”tende a sentir-se mal no seu corpo e a assumir uma espécie de vergonha social perante os outros.Para onde quer que nos viremos, lá estão as mensagens a dizer “como devemos ser”. Magros ,activos e não-fumadores. Chovem em catadupa as possibilidades que nos podem programar como “seres limpos” adoptando “um estilo de vida saudável”.Alguns resumem-se a tarefas rotineiras, induzindo a mensagem de que subir sem elevador, regar o jardim ou caminhar de casa para o trabalho faz “bem à saúde” e nos pode retirar da indesejável posição de sedentário ou obeso.Outros apostam no mercado dos “healths clubs” e seus derivados.Outros nas várias “depuralinas” da industria farmacêutica e paramédica. Outros ainda vão mais longe e apostam na capacidade de mobilização, habilidade persuasiva e técnica comunicacional através de promoção de grandes eventos de massas a “mexerem-se”.Uma nova industria do “ser saudável” desenvolveu-se progressivamente e busca clientes.Nada disto é errado em si mesmo.Mas tudo isto pode não passar de uma grande ilusão se entretanto se não alterarem as condições sociais e culturais onde nascem,crescem e se desenvolvem os comportamentos e hábitos classificados como de risco.
O aumento da jornada de trabalho, a par de fenómenos como o desemprego,a pobreza e a concomitante exclusão social são condições geradoras de anomias sociais que com facilidade se “somatizam”.É a dialéctica entre a nossa constituição genética e o meio ambiente, condicionado pelo comportamento que gera a “doença”. Muitas das patologias orgânicas são um derivado de patologias sociais.Bem se pode vender a imagem da jovem urbana elegante e saudável,cheia de vida e saúde que visita o ginásio três vezes por semana e que se alimenta de forma saudável.E que quando é mãe tem tempo e dinheiro suficientes para que as sessões de ginástica post-parto limpem as marcas da procriação que se instalaram no corpo.Mas esta imagem pouco deixa a não ser uma sensação de bem inacessível, à mulher que em Corroios se levanta às seis da manhã para preparar refeições e levar os filhos à escola onde os deixa às oito,apanha os tranportes público para o emprego onde entra às nove,almoça no snack-bar uma sopa e um salgadinho, regressa a casa à seis da tarde,leva ,quando leva, o filho à natação ou à ginástica e vai ainda para a casa cozinhar para o marido e para os filhos e cuidar da lar.E que oito dias após receber o seu salário já está a fazer contas à vida. Estilo de vida activo é-o seguramente .Saudável ,dificilmente!
Os estilos de vida,nele incluindo o tempo de lazer, não estão para além das condições sociais, económicas e culturais.Fazem parte delas.Mudá-los significa também ter de alterar as condições que os sobredeterminam.Se é errado ceder a um mecanismo sociologista que tudo coloca do lado do “social” é também errado ignora-lo e tudo colocar sobre a responsabilidade individual.Este actualizar do tema tem oportunidade num tempo que “globaliza” comportamentos ,cataloga-os e distribui as respectivas honras ou penalizações sociais.Não para que os programas e propostas de activismo físico ou desportivo se não desenvolvam.Mas para que tenhamos a exacta noção das suas limitações.
Estes “desvios” sociais não são discutidos no âmbito das realidades sociais que os determinam e perpetuam. São considerados como equivalentes nas suas “etologias”.E são iguais para urbanos e rurais. Para jovens ou idosos. Para homens e mulheres. Tudo é colocado no âmbito das capacidades volitivas do indivíduo. É-se sedentário, gordo ou fumador porque se quer ou porque não se tem suficiente vontade em mudar. Esta crença instalou-se de tal modo no imaginário social contemporâneo que cada um destes “neo-marginais”tende a sentir-se mal no seu corpo e a assumir uma espécie de vergonha social perante os outros.Para onde quer que nos viremos, lá estão as mensagens a dizer “como devemos ser”. Magros ,activos e não-fumadores. Chovem em catadupa as possibilidades que nos podem programar como “seres limpos” adoptando “um estilo de vida saudável”.Alguns resumem-se a tarefas rotineiras, induzindo a mensagem de que subir sem elevador, regar o jardim ou caminhar de casa para o trabalho faz “bem à saúde” e nos pode retirar da indesejável posição de sedentário ou obeso.Outros apostam no mercado dos “healths clubs” e seus derivados.Outros nas várias “depuralinas” da industria farmacêutica e paramédica. Outros ainda vão mais longe e apostam na capacidade de mobilização, habilidade persuasiva e técnica comunicacional através de promoção de grandes eventos de massas a “mexerem-se”.Uma nova industria do “ser saudável” desenvolveu-se progressivamente e busca clientes.Nada disto é errado em si mesmo.Mas tudo isto pode não passar de uma grande ilusão se entretanto se não alterarem as condições sociais e culturais onde nascem,crescem e se desenvolvem os comportamentos e hábitos classificados como de risco.
O aumento da jornada de trabalho, a par de fenómenos como o desemprego,a pobreza e a concomitante exclusão social são condições geradoras de anomias sociais que com facilidade se “somatizam”.É a dialéctica entre a nossa constituição genética e o meio ambiente, condicionado pelo comportamento que gera a “doença”. Muitas das patologias orgânicas são um derivado de patologias sociais.Bem se pode vender a imagem da jovem urbana elegante e saudável,cheia de vida e saúde que visita o ginásio três vezes por semana e que se alimenta de forma saudável.E que quando é mãe tem tempo e dinheiro suficientes para que as sessões de ginástica post-parto limpem as marcas da procriação que se instalaram no corpo.Mas esta imagem pouco deixa a não ser uma sensação de bem inacessível, à mulher que em Corroios se levanta às seis da manhã para preparar refeições e levar os filhos à escola onde os deixa às oito,apanha os tranportes público para o emprego onde entra às nove,almoça no snack-bar uma sopa e um salgadinho, regressa a casa à seis da tarde,leva ,quando leva, o filho à natação ou à ginástica e vai ainda para a casa cozinhar para o marido e para os filhos e cuidar da lar.E que oito dias após receber o seu salário já está a fazer contas à vida. Estilo de vida activo é-o seguramente .Saudável ,dificilmente!
Os estilos de vida,nele incluindo o tempo de lazer, não estão para além das condições sociais, económicas e culturais.Fazem parte delas.Mudá-los significa também ter de alterar as condições que os sobredeterminam.Se é errado ceder a um mecanismo sociologista que tudo coloca do lado do “social” é também errado ignora-lo e tudo colocar sobre a responsabilidade individual.Este actualizar do tema tem oportunidade num tempo que “globaliza” comportamentos ,cataloga-os e distribui as respectivas honras ou penalizações sociais.Não para que os programas e propostas de activismo físico ou desportivo se não desenvolvam.Mas para que tenhamos a exacta noção das suas limitações.
19 comentários:
José Manuel Constantino, coloco a necessidade de discutir as problemáticas concretas do desporto, indo atrás e marcando a agenda política, mais do que os grandes princípios filosóficos que parecem ser a sua preocupação.
Do ponto de vista técnico, que é o meu como economista, a minha preocupação é a de aumentar o produto desportivo e contribuir para o sucesso nacional.
No momento em que os dirigentes partidários e economistas discutem os mega-projectos nacionais e contestam medidas de política e apresentam novas medidas é importante que os técnicos do desporto apresentem as medidas que poderão transformar a situação desportiva.
Um aspecto é comum ao discurso político e relaciona-se com o facto de pelo menos um quarto da população portuguesa ser pobre, das mais pobres da Europa, ter visto as suas condições de vida agravarem-se e essa situação ser intolerável perante a Europa e nós próprios e poder pôr em perigo qualquer futuro nacional e o dos nossos filhos.
O desporto tem sido esmagado em termos de financiamento público o que prejudica também as famílias mais pobres.
A obesidade, o sedentarismo e os vícios que os indivíduos em todo o mundo têm, entre outros factores, são problemas que oneram o orçamento público da saúde e retiram trabalho útil aos indivíduos e às empresas.
As populações mais saudáveis vivem também mais tempo. O que significa que o combate ao sedentarismo, à obesidade e aos vícios dos indivíduos não se faz apenas por interesse orçamental mas porque os indivíduos dessas populações mais activas podem gozar mais a vida e prolongá-la.
É uma questão também de solidariedade de trabalhar para dar mais aos que mais necessitam.
O desporto é um instrumento que serve este desígnio e isso não tem sido usado em Portugal.
A gratuitidade dos serviços desportivos iniciada pelo Governo britânico é um comportamento político esquisitóide ou é um acto de política cujos resultados irão beneficiar a população britânica.
O desporto deve discutir e consensualizar uma destas duas opções e apresentá-la para fora do desporto.
Alternativas mais ou menos afins poderão ser apresentadas mas a voz do desporto deve fazer-se ouvir desde início dos grandes debates políticos nacionais e globais que antecedem as grandes transformações a que estamos sujeitos.
Estamos na cauda da Europa em inúmeros indicadores desportivos e a capacidade de discutir os problemas actuais de Portugal nas vertentes em que o desporto tem uma palavra a dizer é uma capacidade de afirmação inquestionável que o desporto deve exercer.
Meu caro Fernando Tenreiro.
Lembra-se da XI tese de Marx sobre Feurbach ? Foi o que me ocorreu quando li o seu comentário, que naturalmente agradeço. Mas você tem toda a razão.Só que temos registos distintos: você é um técnico preocupado com as políticas desportivas do seu país. Eu não. Dei para esse peditório durante 30 anos.Limito-me a fazer o possível por cumprir bem as tarefas profissionais que me estão atribuídas e escrevo sobre o que me apetece. E por vezes até me apetece escrever sobre políticas desportivas e tenho-o feito. Mas não me incluo no respeitável lote das pessoas preocupadas com o futuro desportivo do país. De resto estando o presente tão bem quanto a resultados e tão bem entregue, no plano governamental,administrativo, conselheiro e associativo, é de esperar, como dizíamos no tempo do esquerdismo puro e duro que o “ o futuro só possa ser radioso”.
Ops! Não concordo com a sua apreciação de esquerdismo ou de qualquer outra conotação política.
Concordo que por vezes insisto e em demasia.
O desporto recebeu desde a primeira lei de bases um valor superior a 4 mil milhões de euros de despesa pública.
Este valor é tanto como alguns dos mega-projectos nacionais.
Apesar disso, o Eurostat diz que 66% da população portuguesa é sedentária.
Nós deveríamos estar na média europeia em grande parte dos seus indicadores, se conseguíssemos rivalizar as políticas desportivas equivalentes às europeias, o que não acontece.
Em Portugal mudam-se as leis fundamentais com mais frequência que outros países europeus, investimos imenso dinheiro e temos uma prestação desportiva inferior.
As políticas desportivas prosseguidas certamente têm uma relação de causalidade com os resultados alcançados e deve ser possível fazer alguma coisa para os melhorar.
Podemos continuar durante muitos anos a gastar tempo em legislação “nova”, a aplicar o dinheiro público em desporto e mantermos a mesma posição desportiva europeia.
Não me parece que isso seja positivo para muitos portugueses.
Com o devido respeito ,nada do que comenta tem a ver com o que escrevi.Mas há uma referência no seu comentário que gostaria de opinar.Os indicadores de sedentarismo devem estar em linha com outros indicadores sociais.Estraga qualquer debate ir buscar o Eurostat cuja credibilidade para qualquer instituição científica é nula e que alimenta duas coisas:o discurso político,consoante o números que deita cá para fora servem mais a oposição ou os governos, e a burocracia europeia que o fabrica.Higienizar o debate sobre políticas desportivas começa por não dar crédito a intituições como o Eurostat.
Um grande diagnostico! Mas, afinal quem é que vem aqui dizer (escrever) o que se deve realmente fazer (operacionalizar)?
É mais fácil escrever aquilo que todos já constatámos, conhecemos, vivemos! Realmente 30 anos é muito tempo. Não ficou nenhum exemplo que ainda possa servir (tipo "copy paste" ou, pelo menos, tipo "cut here, cut there")? É que os exemplos do poder/governos são «cada vez mais, do mesmo». A reflexão é fundamental, mas... e o passo em frente?...continua a ser apenas exclusivo dos militares quando o oficial de serviço lhes dá ordem unida na parada (!!!)
O homem pode ter muitos defeitos mas pedir obra feita assim a modos como quem diz escreves bem, mas não fazes nada não é lá muito sério. Quem conhece o trabalho dele tem de lhe reconhecer mérito. Não será possível discordar de outro modo?
Como cidadão que já esteve nas estatisticas de obesidade e que em 6 meses perdeu 19 kg tenho autoridade moral para vos dizer que tudo o que dizem são «tretas». Nem a responsabilidade é do governo ( ao contrário do que a maioria das pessoas diz) nem é, a maior parte das vezes, do individuo. A alteração dos habitos de sociedade e os interesses de grandes fabricantes são um dos factores mais importantes: nunca tivemos tantos alimentos que são publicitados como »saudáveis» ou «magros», etc e na realidade nunca tivemos tantas pessoas com excesso de peso e obesos. Mas quando vejo as familias a comer, verifico que se cometem erros em cima de erros como se estivessemos acima das estatisticas. Parece o sindroma de só acontecer aos outros! Os pais continuam a dizer aos filhos: come a sopa, mas não dão o exemplo!
E desculpe o comentador mas isso é responsabilidade de cada um, sim!
Caro JMC,
Não é preciso sair a terreiro para falar da sua pessoa, do seu trabalho e trajecto profissional. Eles falam por si e o legado ficará para as gerações futuras..., o resto são palavras!
Também não é por eu ser magra, activa e não-fumadora que comento o seu texto e tento focalizar novamente no tema a que se propôs discorrer.
Só quero dizer-lhe que no fim de um dia de trabalho, quando chego a casa e antes de ir preparar o jantar, é na verdade muito bom, apesar de difícil, ler um texto desta natureza. Contudo, desafio-o a um dia destes reflectir e verter para o blog, como você bem sabe, o outro lado dos "velhos marginais", "os magros, os activos/hiperactivos, por necessidade ou natureza, e os não fumadores ou semi-fumadores". Tem pano para fazer muitas, muitas mangas...
Sabe, eu gostaria de escrever sobre isto, mas não serei tão capaz como o sr. professor.
Permita-me, para finalizar, expressar um pensamento muito positivo que me tem acompanhado durante o dia e que gostaria de partilhar neste blog: estou muito feliz com a libertação da Ingrid Betancourt, há anos que persigo a sua história e felizmente vou ou vamos continuar a fazê-lo.
Cumprimentos, mjc
Concluindo, a filosofia de Constantino resume-se a isto:
The right method of philosophy would be this: To say nothing except what can be said, i.e. the propositions of natural science, i.e. something that has nothing to do with philosophy: and then always, when someone else wished to say something metaphysical, to demonstrate to him that he had given no meaning to certain signs in his propositions. This method would be unsatisfying to the other -- he would not have the feeling that we were teaching him philosophy -- but it would be the only strictly correct method.
É o que diz a Lógica.
E quanto aos elogios aos trabalhos do Constantino, saem todos pela culatra:
Em vez de comentar o texto, JMC convida-o a escrever sobre outras coisas, e o anónimo das 16:42, diz que o autor tem muito mérito.
São anti-comentários.
Ao anónimo das 16,42
A discussão que tive com o JM Constantino foi sobre conteúdos e não sobre a forma.
Creio que aproximar-me-ei do pensamento do JMC se referir o relatório Spence do Banco Mundial e sobre o qual escreve Dani Rodrick no Jornal de Negócios de 03Jul08
Segundo Rodrick o relatório não propõe programas de desenvolvimento mas medidas de pequenos passos que no fim fazem as grandes diferenças.
Esta discussão não acabou e vai continuar, porque as pessoas naturalmente vão desenvolvendo as suas ideias e vão testando e contradizendo a argumentação alheia.
Quanto à forma que refere existe sempre uma forma diferente de escrever as coisas.
Mas a interpretação que dá ao que eu escrevi é a sua e dela discordo.
Existem pessoas que juntam comentários não para abordar o que os autores escrevem mas para falar deles.Por vezes fazendo precisamente aquilo que acusam os outros:não comentários,como é o caso do anónimo das 22,58 que ainda por cima está convencido de quem tem graça.Sobre o tema reconheço que não o domino com suficiente conhecimento para o comentar embora reconheça que tem clara actualidade.
Luís Serpa
A pachorra que vocês têm para aturar certos tipos com tiques de pesporrência como o citador filosófico....
Sobre a citação em inglês, segundo a filósofa de serviço em minha casa, a referência filosófica é de Ludwig Wittgenstein referindo o positivismo lógico, de tudo o que pode ser demonstrável, e identificadora da posição de JMC.
Já o Prof. Jorge Crespo num debate no Panathlon Clube de Lisboa, em 2007, referiu um posicionamento próximo ao abordar a complexidade da globalização impeditiva da acção de regulação do Estado no desporto moderno.
O meu fundamento “filosófico” situar-se-á na dúvida metódica de Descartes e no cartesianismo do Modelo do Desporto Europeu do qual o João Almeida vem apresentando as reformas institucionais mais recentes como no poste seguinte publicado hoje.
O Modelo de Desporto Português tem uma estrutura equivalente ao Europeu, goza de particularidades que lhe permitem criar atletas e treinadores de excepção, quando em trabalho em equipas e clubes internacionais, e gera ineficiências que o impedem de alcançar resultados agregados no mínimo equivalentes à média europeia.
Apesar da complexidade indicada por Jorge Crespo e José Manuel Constantino o Modelo de Desporto Europeu permanece como um referencial que nos ajuda a maximizar o nosso produto desportivo e o nosso bem-estar.
Ao Rui Baptista-Albufeira
Não ignoro a importância do factores motivacionais na alteração dos comportamentos de risco. Chamo apenas a atenção para o facto de ser necessário ir mais além e contextualizar a relação do indivíduo com o”meio”aqui entendido na perspectiva social, económica e cultural.
À Maria José Carvalho,
Os amigos exageram sempre!
Ao Fernando Tenreiro,
Nenhum melindre. Apenas opiniões com registos distintos. Sabe de resto quanto estimo a sua participação.
Ao Luís Serpa,
È á vida como dizia, o António Guterres.
Caro José Manuel Constantino
Apesar de haver vasta literatura sobre a dimensão social do corpo muito enraízda nos trabalhos de Pierre Bourdieu e no seu conceito de habitus sempre achei curiosa a versão musical dos Radiohead.
Fitter, happier, more productive,
comfortable,
not drinking too much,
regular exercise at the gym
(3 days a week),
getting on better with your associate employee contemporaries ,
at ease,
eating well
(no more microwave dinners and saturated fats),
a patient better driver,
a safer car
(baby smiling in back seat),
sleeping well
(no bad dreams),
no paranoia,
careful to all animals
(never washing spiders down the plughole),
keep in contact with old friends
(enjoy a drink now and then),
will frequently check credit at
(moral) bank (hole in the wall),
favors for favors,
fond but not in love,
charity standing orders,
on Sundays ring road supermarket
(no killing moths or putting boiling water on the ants),
car wash
(also on Sundays),
no longer afraid of the dark or midday shadows
nothing so ridiculously teenage and desperate,
nothing so childish - at a better pace,
slower and more calculated,
no chance of escape,
now self-employed,
concerned (but powerless),
an empowered and informed member of society
(pragmatism not idealism),
will not cry in public,
less chance of illness,
tires that grip in the wet
(shot of baby strapped in back seat),
a good memory,
still cries at a good film,
still kisses with saliva,
no longer empty and frantic
like a cat
tied to a stick,
that's driven into
frozen winter shit
(the ability to laugh at weakness),
calm,
fitter,
healthier and more productive
a pig
in a cage
on antibiotics.
Sample looping in background:
[This is the Panic Office, section nine-seventeen may have been hit. Activate the following procedure.]
Caro Luís Serpa
É a primeira vez que vejo escrito que uma citação de um filósofo, para si, teria tido a finalidade de eu querer ser engraçado.
Eu gosto do blog e participo com prazer, mas considero de mau gosto (eu ia a dizer, provincianismo) os elogios mútuos entre os autores.
Os blogs sérios falam de coisas sérias, e o retrato de cada um é testemunhado por aquilo que cada um escreve, sem fantasmas à frente.
Daí o meu não-comentário para acabarem com esses salamaleques que acabam por prejudicar mais o alvo do que a defendê-lo.
Os autores não se dão conta do ridículo, e a minha intenção é a de despertar os autores do blog, e ajudá-los a valorizá-lo.
Falar do que interessa e não de coisas laterais, hors-texte.
Se opino mal, as minhas desculpas.
Ao anónimo da 23,22h
Eu é que peço desculpa porque interpretei mal a sua intenção.Concordo de resto consigo de que os elogios entre os autores do blogue são dispensáveis.
Luís Serpa
Gosto bastante de ler os seus textos. Não sou desportista nem sequer percebo grande coisa de desporto, contudo encaixo-me na perfeição no seu texto: sou activa ou melhor hiper-activa, em tudo o que faço, não sofro de obesidade, muito pelo contrário, não sou atleta nem coisa do género, e sou uma das pessoas que actualmente tem "rotulo" - Fumadora!
Não é coisa que me orgulhe propriamente, nem coisa que me deixe envergonhada, é apenas um vício que me dá prazer e que posso felizmente dar-me ao luxo de o conseguir ainda ter. Sim, porque como todos sabemos o tabaco está como diz o povo: pela hora da morte! E como dizia um professor meu: um não fumador, não sabe o prazer que dá fumar um cigarrinho... Há momentos em que o cigarro é como o prolongamento de um jogo! Quando estamos contentes, é aprazível um cigarro! Quando estamos tristes, acalma! No fim de um café bem tirado, anima! E em tantas outras situações que levaria a tentações de quem não o faz, a querer faze-lo!
Bom, agora que já relatei tudo o que penso que me faz de bem ao fumar, logicamente tenho consciência do mal que estou a fazer a mim mesma! Porém, há tanta coisa que nos faz mal e não tentamos corrigi-las, tal como andarmos a remoer problemas como a instabilidade profissional dos professores (realidade bem dura e crua) sem sabermos o futuro não a longo prazo, mas até a curto e médio prazo, isto sim, vai-nos matando aos poucos, até começarmos a sofrer de dores de estômago, renais, cefaleias, ou mesmo depressões constantes...
Enfim, pelo menos eu tenho um escape… fumo um cigarro e tento esquecer!
Quem não fuma... o que fará?
Maria
Á Maria
uma amiga fez-me chegar, a propósito deste texto, um outro de Fernando Pessoa .Partilho-o consigo porque creio responde bem à questão que coloca.
“Nunca cultives coisas absolutas, como a castidade absoluta ou a sobriedade absoluta: a maior força de vontade é a do homem que gosta de beber e se abstém de beber muito e não a daquele que não bebe de todo. O movimento antialcoólico é um dos maiores inimigos da vontade própria e do desenvolvimento da vontade. Castrar um homem «controlará» certamente os seus impulsos sexuais. Castrar a sua alma também fará o mesmo. A dificuldade é abster-se.
Deves criar um desejo de beber e de fumar e então fumar e beber moderadamente. Graças a este método, não só desenvolverás a tua vontade decisivamente, obrigando-a a impor limites aos teus impulsos, que é a função própria da vontade (e não a eliminação dos impulsos), mas também extrairás o maior prazer possível de beber ou de fumar, pois a Natureza concebeu as coisas de um modo tal que o maior prazer vem depois do maior poder, a temperança, e o sinal da normalidade é este. “
Fernando Pessoa, in 'Reflexões Pessoais'
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