Foi esta semana noticiado a criação do Comité Paralímpico de Portugal.
O anúncio coube ao presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes que na conferência de imprensa se encontrava ladeado pela Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação e pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
Depois de agradecimentos múltiplos, endereçados por aquele dirigente desportivo, Laurentino Dias tomou a palavra afirmando – e passamos a citar o despacho da Lusa – que este era "um momento necessário para o futuro do desporto adaptado em Portugal" e sublinhou o "enquadramento que a Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto (LBAFD) dá ao desporto para deficientes, colocando-o no patamar mais elevado do desporto paralímpico, através do CPP".
Precisou ainda que "era este o caminho e não fazia sentido não consagrar o CPP na LBAFD, apesar de na altura o Comité Paralímpico ainda não estar sido criado".
"Ficam tranquilizados agora aqueles que na altura ficaram um pouco eriçados por estarmos a incluir na lei uma realidade que ainda não existia", ironizou o secretário de Estado, garantindo que o Governo "será um parceiro e continuará ao lado da FPDD e agora do CPP".
Laurentino Dias reiterou que o Governo é "parceiro nesta aventura", mas sem esquecer que "lhe cabe também o papel de fiscalizador", pelo que deve "sair de cena e deixar o movimento encontrar as suas soluções".
Estas palavras governamentais merecem (?), por ora e neste espaço, duas observações.
Em primeiro lugar, deve-se dizer que Laurentino Dias se tranquilizou a ele próprio, pois aquando do debate da Lei de Bases do Desporto – que já adiantava a “realidade” Comité Paraolímpico –, o então deputado da oposição, “eriçou-se” com a sua consagração na Lei de 2004. À época era um absurdo.
Em segundo lugar, e para além da afirmação do papel fiscalizador sempre despida de efectividade, dizer que se sai de cena e que se deixa o movimento desportivo encontrar os seus caminhos, é de uma hipocrisia gritante.
Só sai de cena quem esteve em cena. E Laurentino Dias sempre foi o actor principal desta história, desde logo ao nível formal e normativo.
Não será fácil a qualquer ente associativo remar em sentido contrário de uma realidade virtual proclamada bem cedo – desde a proposta de lei que veio dar origem à Lei de Bases de 2007 – e que tem à sua espera um lugar cativo no Conselho Nacional do Desporto, estabelecido também por via legal.
Mas se houver questões difíceis, como existem ou existiram em algumas federações desportivas, a reclamar o “papel fiscalizador”, dependendo do peso da organização desportiva em causa, surgirá, uma vez mais, a proclamada autonomia do movimento associativo desportivo para justificar a omissão governamental.
É, nitidamente, um governante adaptado.
O anúncio coube ao presidente da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes que na conferência de imprensa se encontrava ladeado pela Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação e pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
Depois de agradecimentos múltiplos, endereçados por aquele dirigente desportivo, Laurentino Dias tomou a palavra afirmando – e passamos a citar o despacho da Lusa – que este era "um momento necessário para o futuro do desporto adaptado em Portugal" e sublinhou o "enquadramento que a Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto (LBAFD) dá ao desporto para deficientes, colocando-o no patamar mais elevado do desporto paralímpico, através do CPP".
Precisou ainda que "era este o caminho e não fazia sentido não consagrar o CPP na LBAFD, apesar de na altura o Comité Paralímpico ainda não estar sido criado".
"Ficam tranquilizados agora aqueles que na altura ficaram um pouco eriçados por estarmos a incluir na lei uma realidade que ainda não existia", ironizou o secretário de Estado, garantindo que o Governo "será um parceiro e continuará ao lado da FPDD e agora do CPP".
Laurentino Dias reiterou que o Governo é "parceiro nesta aventura", mas sem esquecer que "lhe cabe também o papel de fiscalizador", pelo que deve "sair de cena e deixar o movimento encontrar as suas soluções".
Estas palavras governamentais merecem (?), por ora e neste espaço, duas observações.
Em primeiro lugar, deve-se dizer que Laurentino Dias se tranquilizou a ele próprio, pois aquando do debate da Lei de Bases do Desporto – que já adiantava a “realidade” Comité Paraolímpico –, o então deputado da oposição, “eriçou-se” com a sua consagração na Lei de 2004. À época era um absurdo.
Em segundo lugar, e para além da afirmação do papel fiscalizador sempre despida de efectividade, dizer que se sai de cena e que se deixa o movimento desportivo encontrar os seus caminhos, é de uma hipocrisia gritante.
Só sai de cena quem esteve em cena. E Laurentino Dias sempre foi o actor principal desta história, desde logo ao nível formal e normativo.
Não será fácil a qualquer ente associativo remar em sentido contrário de uma realidade virtual proclamada bem cedo – desde a proposta de lei que veio dar origem à Lei de Bases de 2007 – e que tem à sua espera um lugar cativo no Conselho Nacional do Desporto, estabelecido também por via legal.
Mas se houver questões difíceis, como existem ou existiram em algumas federações desportivas, a reclamar o “papel fiscalizador”, dependendo do peso da organização desportiva em causa, surgirá, uma vez mais, a proclamada autonomia do movimento associativo desportivo para justificar a omissão governamental.
É, nitidamente, um governante adaptado.
2 comentários:
1 - Decerto que é importante a existência de um Comité Paralimpico em Portugal. Decerto, também, que serão mais uns cargos para uma classe que tem vindo a aparecer nos meios desportivos, falo da classe dos gestores desportivos. Não me incomodam esses cargos desde que senham desempenhados com competência.
2 - Será para o Desporto Paralímpico Português a necessidade mais premente a Criação do referido Comité. Penso que como referi atrás este Comité é importante, mas existem outros factores muito mais importantes para os quais a Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes não pode deixar esquecer e acomodar-se a alguns "brilharetes" do acaso. Falo da importância de uma política série de desenvolvimento desportivo para o chamado Desporto Adptado. Falo de uma educação física escolar que não se fique só pelo papel e que depois na realidade não funcione. Falo da dificuldade de acesso em termos de horários e disponibilidades dos deficientes às instalações desportivas. Falo dos treinadores, uma grande parte em regime de benevolato e voluntariado que ninguém conhece e respeita.
Falo acima de tudo de honestidade intelectual de quem é responsável e gere o Desporto para Deficientes, governantes e dirigentes. Falo da necessidade de se assumir que Desporto para Deficientes se pretende, se queremos umas medalhas do acaso, ou se queremos uma prática desportiva para todos os deficientes sendo que os melhores poderão chegar a lugares de relevo.
Falo de ORGANIZAÇÃO...
Assim saibam os responsáveis e candidatos a responsáveis ter consciência da importância da Organização nas coisas da gestão do Desporto.
Não se ponha pois a "carroça à frente dos bois".
Se o Comité Paralímpico não existe, está mal...porque não existe; se o Comité Paralímpico existe, está pior...porque existe!!!
Que raio de análises são estas?!!!
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