quarta-feira, 8 de julho de 2009

E se acabassem com as claques?

O secretário de estado do desporto tem razão: “os dirigentes desportivos são demasiado tolerantes em relação às claques”. E continua a ter razão quando sublinha “o esforço feito por via legislativa para obstar que as claques sejam um elemento perturbador”. Depois a razão vai-se embora. E perde-se quando roga que “é preciso transformar as claques em organizações cívicas”. A tolerância que critica nos outros contagia-o.Bem pode esperar sentado. Organizações cívicas! Ou seja transformar meia dúzia de energúmenos liderados por gente da má vida e de maus negócios, alguns cadastrados, em cidadãos exemplares. O padre Américo não era tão ambicioso. E mesmo Rousseau foi mais parco na perspectiva optimista do ser humano.
Com dirigentes que se estão borrifando, com legislação impotente para travar o fenómeno , com forças de segurança interessadas em “enquadrar”e um governante que divaga sobre organizações cívicas para quê perder mais tempo com isto? Está tudo dito e escrito a respeito das claques e dos prejuízos que trazem ao espectáculo desportivo e à sociedade em geral. A solução não é mais legislação, não é esperar que ocorra o milagre de banditagem à solta renascer uma organização filantrópica. É tratar como crime o que é crime. E para isso não é preciso legislação especial. Basta o código penal. Mas falta uma coisa: proibir as claques. Grupos organizados de adeptos são os sócios de uma determinada entidade. São dispensáveis novas categorias de adeptos. Pretender socializar a delinquência é meritório. Mas só prolonga o que está errado.
Os adeptos das claques devem ser tratados como cidadãos em igualdade de direitos e deveres como quaisquer outros. Não é admissível que no espaço de um espectáculo desportivo práticas que no seu exterior são crime lá dentro sejam legítimas. Não é preciso uma ”legislação” e um tratamento especiais. Precisam de ser metidos na ordem e pura simplesmente proibir a sua organização.
As claques para além de serem um antro de má educação e imbecilidade sob a capa de admiração clubista são um negócio. Para quem as dirige e para quem as enquadra, designadamente as polícias que aí encontram mais serviços extras para “facturar”. E para distrair. Recordo-me de um pena de contra-ordenação aplicada ao líder de uma claque por invasão de campo que as autoridades de segurança nunca conseguiram citar porque, diziam, morava em parte incerta e o nome real era outro que aquele porque era conhecido e que as policias tinham fornecido. Entretanto todas as semanas aparecia (e continua a aparecer …) de tronco nu na frente da sua claque a coloquiar e a colaborar (?) com os elementos policiais. Talvez isto ajuda e perceber porque depois das recentes cenas de pedradas entre adeptos, de que existem registos gravados, ninguém tenha sido detido ou identificado. ”A prioridade era garantir a segurança das pessoas”, diz o responsável das policias “. O que se consegue deixando impune quem regular e sistematicamente pratica crimes como é banal nos chamados grupos organizados de adeptos. Agora a justiça desportiva que se desembrulhe. Porque a penal tem mais que fazer. A começar pelos polícias.
A organização do espectáculo desportivo é, em algumas modalidades de risco elevado, uma verdadeira operação militar. Fardados, paisanos, com ou sem outros auxiliares de segurança, dispõem-se no interior e no exterior do espaço desportivo e controlam os acessos para e do local da competição. Ninguém sabe quanto custa ao bolso dos cidadãos, incluindo os que não são parte interessada nestes espectáculos, estas operações. Em despesas com consumíveis, em vencimentos e remunerações acessórias, em combustível, em equipamentos, em refeições, em material. Paradoxalmente um qualquer clube ou uma colectividade que organize uma manifestação desportiva, como por exemplo uma corrida em estrada, paga e bem e tem o de o fazer antecipadamente sob pena de não ter garantia de segurança. Não é possível acabar com toda esta vergonha? E enquanto se não acabam com as claques passar as facturas destes serviços de policiamento e segurança aos promotores dos espectáculos que são quem os fomenta e apoia?

28 comentários:

Anónimo disse...

Sim. Deviam ter acabado quando aconteceu Heysel. Tinha sido uma boa oportunidade «política». Mas não houve "coragem Democrática". Agora é tarde. Quem é dono do Futebol já não são os Estados. O Futebol é um negócio exclusivamente do âmbito do Direito Privado. Os resquícios que ainda lá tem de «poder» não possuem força para mudar o que quer que seja. É o futebol desporto?

Anónimo

Anónimo disse...

Se um país acabasse com as claques, a FIFA ou a UEFA, deixá-lo-ia participar nas competições que organiza? Por quanto tempo? Ou, dito de outra maneira, por quanto tempo não haveriam maneira de descer-de-divisão, de modo a não serem «problema»? Se Portugal não deixasse entrar as claques dos grandes clubes europeus, em jogos da UEFA e da FIFA, o que lhe aconteceria? E o Povo Português? Votava maioritariamente em qual das duas «consequências»? Que portugueses? Aqueles que andaram à pedrada em Alcochete? Quem é a maioria, é quem manda neste regime denomidado "Democracia".

Anónimo

ftenreiro disse...

em tempo de eleições é uma boa proposta e seria bom que os partidos estivessem atentos a formas alternativas de fazer política desportiva

as claques são economicamente prejudiciais ao desporto e aos clubes

os adeptos que interessam aos clubes modernos são os que estão predispostos a acompanhar os clubes e a aplicar o seu dinheiro nas suas iniciativas

a hipótese de corrupção da polícia com os grupos marginais e com os clubes deveria fazer saltar os responsáveis do desporto português mas isso não acontece

o artigo descreve, com bastante proximidade, o que se chama de 'economia do crime'

os incentivos para o crime são apresentados e o desinteresse e o alheamento do Estado, aparelho judicial e de sancionamento dos prevaricadores, é a outra parte do incentivo

a Tatcher ilegalizou as claques britânicas nos anos 80 até hoje

o caso das claques é um caso de negligência da política desportiva porque os custos dos actos das claques são superiores à despesa com a sua resolução higiénica

veremos que partido pega nesta proposta

Anónimo disse...

O F. Tenreiro acha que tudo é um capítulo do manual de economia que estudou na escola. Ó F. Tenreiro descontraia-a, tenha calma. Ainda fica velho fora do tempo. Olhe por cima, relaxe. Há mais mundo.

Anónimo

Anónimo disse...

Se não sou a espicaçar, morriam todos na forma. Que é como se dizia quando andei na tropa. Bastou carregar, ao de leve, no botão, para virem mais post's a terreiro. Viram como subiu o número de mensagens? Era bom que não fossem sempre os mesmos. Onde estão os outros activos membros deste Blog, e as suas doutas opiniões? Aqueles cujos nomes estão no escaparate, e que sobram dos que corajosamente sempre escrevem? Assim os governos fazem das legislaturas um passeio.

Anónimo

Anónimo disse...

As «Claques» ao pé desta praga provocada pelo Olimpismo não são nada. Quantos jovens estão a ser massacrados e assediados pelos «responsáveis pelo desporto», pelo «movimento associativo desportivo» e, até pelas respectivas famílias, para o eugénico e famigerado: “Altius, Citus, Fortius”?
Verifica-se ou não, é positiva ou negativa, a seguinte correlação: Olimpismo = Dopagem. Ou, dito de outro modo, [+Olimp = + Dop.]?
Acabar com esta correlação, e com esta pandemia Olímpica, ainda é mais difícil do que acabar com as «Claques». No entanto, o Olimpismo Moderno, não será uma ameaça ao Desporto, moral e física, ainda maior do que as “Claques»?

Manama, 09 Jul (Lusa) – A análise da amostra B de Rashid Ramzi, medalha de ouro dos 1 500 metros dos Jogos Olímpicos de Pequim2008 e suspeito de doping, revelou traços de substâncias proibidas, indicou hoje a federação de atletismo do Bahrain. A 19 de Fevereiro, o controlo de uma primeira amostra de Rashid Ramzi deu positivo a EPO Cera. Rashid Ramzi, campeão do Mundo dos 800 e 1 500 metros, é um dos seis desportistas que participaram nos Jogos Olímpicos de Pequim que apresentaram resultados positivos ao EPO Cera. O atleta, de origem marroquina, mas que se tornou cidadão do Bahrain em 2002, é o primeiro medalhado olímpico do Bahrain no atletismo.

Anónimo

Anónimo disse...

Regressemos ao tema e aos factos.
Afirmava J. Thibault em 1972: “Connaître, et si possible bien connaître, Amoros, Demeny, De Coubertin, Hérbert, n’est pas sans intérêt, mais essayer de comprendre pourquoi les efforts de ces pionniers n’ont pas abouti ou pouvoir mettre en parallèle leurs doctrines souvent si fécondes avec la société où ils vivaient et avec la sombre réalité éducative est à coup sûr plus formateur. Car se contenter pour l’éducation corporelle de l’histoire des doctrines, des systèmes, ou des idées c’est oublier que l’objet premier est d’une incroyable complexité. Si le corps est objet matériel et créateur de mouvements, il est en même temps médiateur de phantasmes, de symboles et d’illusions. Jusqu’au plus profond de nous-mêmes s’établit un ordre compliqué à plaisir où interviennent aussi bien les rythmes biologiques et physiologiques que les sous-entendus et les influences du milieu familial et culturel, que les pressions inconscientes de la société et de la civilisation du moment. C’st pourquoi la réflexion doit résolutment dépasser «l’histoire de l’agencement des mouvements» déjà dénoncée par J. Ulmann, et emprunter ses lignes directrices à ce que les historiens cherchent à cerner sous ‘appellation d’histoire des mentalités, c’est-à-dire une histoire où sont valorisés non seulement l’étude des phénomènes de communication, mais également l’apport de la psychologie sociale, les inventaires de l’outillage mental aux divers époques, les pressions des mythes et des croyances.»
Era para isto que o nosso caro amigo F. Tenreiro devia ter «estatísticas».
Mas indo ainda mais atrás, a “L’Education physique en Angleterre depuis 1800” de P. Mc Intosh, podemos ler: “L’un des problèmes fondamentaux auxquels Arnold eut à faire face consiste dans le rétablissement du contrôle et de l’autorité morale du proviseur sur son collège. [….] A Winchester et à Rugby les rebellions atteignent de telles proportions qu’il faut appeler l’armée pour les mater, et le proviseur d’Eton, Keate, le plus sévère de tous, eut à faire à tant de révoltes, qu’il en vint à être considéré come une autorité en la matière. [….] C’est pourquoi le développement de l’athlétisme à Rugby peut être considéré comme le prix payé par Arnold pour obtenir la coopération des élèves, nécessaire à la discipline et à la mise en œuvre des réformes qu’il désirait.».
Ao que B. During muito depois, em 1984, acrescentaria : «Ce que les «collégiens» britanniques imposent avec le sport, parce qu’ils sont en situation de force et représentent une population composite où se mêlent traditions aristocratiques et valeurs bourgeoises, c’est une nouvelle sociabilité, et une nouvelle vision du monde.».
Seria interessante verificar se, com esta globalização das migrações na polis, o espaço das actuais claques não serve para forjar (e treinar) também uma “nova sociabilidade e uma nova visão do mundo” como no passado.
E lá vamos nós outra vez cair na ilusão da objectividade, e no pseudo-rigor das «estatísticas», por não sabermos «o que» vamos medir com a régua.

Anónimo

ftenreiro disse...

Caro anónimo das 22,32,

Tocou-me o anónimo que assegura que existem outras coisas para além da economia.

É a questão do ‘deixem-me trabalhar’ para eu gastar o dinheiro da União Europeia.

Sabemos ao nível ‘a que as coisas que interessam’, e que não incluem a economia, levaram o desporto português. A cauda da Europa é mérito e transpiração de muitos que por timidez não chamam a si tal glória e daqueles que indirectamente a sustentam.

Porém a afirmação das questões económicas permite a maximização do seu interesse e benefício qualquer que ele seja, dentro da ética e dos princípios democráticos.

As características e preocupações com outras áreas são para mim interessantes, na medida em que possam limitar ou maximizar os determinantes económicos.

Infelizmente o seu anonimato não me permite saber quais as suas valências.

Muitas discussões que aqui surgem contêm conceitos que são errados de acordo com a economia. Se são erradas é natural que as corrija. Eu também posso errar e por isso vamos conversando.

Se expressar as suas preocupações na perspectiva da sua área profissional elas são-me úteis.

Por mim não se acanhe a valorizar o seu ponto de vista e o do seu ‘métier’, veremos como na minha perspectiva a economia lhe pode responder.

Fique com uma questão económica que, talvez, lhe interesse:

1. Suponhamos que o desporto português vale 3 mil milhões de euros, em 2009.
2. Suponhamos que nos próximos dez anos, o seu e o meu período de vida desportiva útil, o desporto português cria políticas economicamente eficientes e sustentadas e passa a valer 5 mil milhões de euros.
3. Este número dá expectativas diferentes ao que você ganhou nos últimos dez anos de gloriosa política desportiva nacional.


Eu falo do potencial do dinheiro que você pode ganhar se economicamente o desporto português for competitivo!

Obrigado por se preocupar com a minha saúde.

ftenreiro disse...

Aproveitando a boa proposta do JM Constantino sobre a ilegalização das claques junto medidas para a nova legislatura do Desporto

1. Considerando que o Desporto moderno é um activo que todos os países valorizam até ao limite das suas possibilidades e onde investem o melhor do seu conhecimento, ética, princípios e cultura.

2. Considerando que o Desporto é um sector que possui especificidades que culturalmente são desconhecidas dos portugueses e de instituições como a Assembleia da República, o Tribunal de Contas, as Finanças e tantas outras.

3. Considerando que os partidos nacionais regra geral não acertam na política desportiva colocando-nos nos últimos lugares europeus, no fim de todas as legislaturas até hoje, em inúmeros indicadores de desenvolvimento desportivo.

4. Proponho que se abra uma janela de oportunidades desde agora para ajudar o vencedor das legislativas a produzir futuramente bom desporto e em quantidade para a população, as instituições e as empresas portuguesas.

ftenreiro disse...

(continuação das propostas de medidas)


As primeiras propostas são:

1. Princípios gerais

a. Aprovação de um Código de Ética para o Estado actuar no desporto. De entre as obrigações do Estado devem estar:

i. Os princípios éticos para a nomeação de personalidades para os órgãos do Estado.
ii. A publicação nos órgãos de comunicação social e das redes informáticas dos estudos, pareceres e análises que suportam as políticas e as medidas nomeadamente todos os realizados para o Conselho Superior do Desporto e outros que não são publicitados.
iii. A obrigação de fazer estudos comparados e quantificados sobre as políticas e os seus resultados, nacionais e internacionais.
iv. Definição do que é um complexo desportivo com características de bem público local, regional e nacional.
v. …

b. Durante a legislatura e em concreto fazer a análise desportiva, económica e social dos actos de regulação pública do mercado do desporto, incluindo os investimentos públicos realizados e a legislação produzida.

c. Para a definição dos objectivos da legislatura:

i. Estudar as dimensões estruturais do desporto português.
ii. Quantificar os objectivos da legislatura tendo em consideração por exemplo:
1. Se houver uma prática desportiva da população de 35%, o objectivo deve ser fixado neste valor mais o do crescimento da prática desportiva da população carenciada em todos os escalões etários.
2. Cada prática escolar, associativa, estatal, privada deverá conhecer os objectivos que estarão ao seu alcance realizar.
3. No caso dos jogos olímpicos, o objectivo a fixar deve ser o da dimensão da população e do produto económico, que são cinco medalhas, acrescido dos valores desportivos entretanto surgidos entre nós.

4. …

d. Acabar o processo de modernização da administração pública do desporto que foi iniciado na presente legislatura. Actuar em duas dimensões:

i. Agregar o Desporto Escolar, o IDP e o INATEL como áreas de produção pública do desporto nacional impulsionando o departamento para a produção desportiva para valores superiores a 50% da população. Numa dimensão anglo-saxónica de ‘heritage’ juntar-lhe a Juventude e a Cultura e dando-lhe o conceito abrangente de Património.
ii. Criar uma agência técnica pública do Desporto ao nível das melhores agências técnicas públicas de todos os ministérios nacionais. Aqui há a considerar a qualidade dos meios humanos, que deverá aproximar-se dos mestrados e doutoramentos, e a concepção de órgãos técnicos que abarquem a generalidade dos segmentos desportivos estruturais.

2. Questões particulares:

a. Ilegalizar o abate de instalações desportivas dos centros urbanos nacionais como espaços de usufruto público invioláveis.

b. Ilegalizar as claques (proposta de JMConstantino).

c. Reverter o Complexo Desportivo da Lapa para a propriedade do IDP eventualmente sem ressarcimento dos pagamentos já efectuados. Perspectivar a ideia de investir esses dinheiros públicos na modernização do complexo de acordo com o resultado do concurso público de ideias e do investimento necessário para o realizar.

d. Fazer um concurso público de ideias sobre o uso público das populações locais e das organizações do desporto, públicas e privadas, do Complexo Desportivo da Lapa.

e. Integrar o Grupo de Amigos do Jamor e o Grupo de Amigos da Lapa nos órgãos de gestão desses complexos desportivos públicos. Esta questão em termos genéricos pode integrar o Código de Ética no respeitante à gestão dos complexos e instalações desportivas.

f. Integrar nos grandes complexos desportivos: no Jamor as autarquias da região metropolitana de Lisboa dado tratar-se de um bem público nacional; e da autarquia de Lisboa na Lapa.

g. …

Esta listagem não é exaustiva, nem final.

Sweet About Me disse...

Se acabassem com o direito de um grupo de pessoas consituirem uma claque agravavam o problema. Não é a acabar com alguns problemas que eliminam as causas... Uma claque começa sempre com um grupo de amigos afecto a uma cor clubistica. Ora esses amigos vão juntos ao futebol e compram bilhetes para a mesma zona no estádio, e cantam juntos, batem palmas juntos, etc. Enquanto claques há algum controle clubistico e policial, se deixa de haver legalmente uma claque, passam todos a andar soltos individualmente ou em pequenos grupos. Não me parece boa ideia.
O fenómeno hooliganismo (muito, mas muito diferente do que se passa em Portugal - o nosso hooliganismo brinca à violência) foi algo estudado e parcialmente resolvido pela Inglaterra, com menos Estado e mais social. Porque como em todos os fenómenos de violência há uma causa social por detrás. E a crise económica e social (e principalmente de valores) não é inocente.
Que devemos afastar os criminosos? Claro. Quer sejam de claques quer não sejam. Aliás, há muito mais criminosos fora das claques do que dentro. Isso pode ter a certeza. Corre muito mais perigo a andar na rua do que a ir a um estádio. Já era altura de começar a escrever com inteligência sobre as claques. Há grandes desportistas nas claques como há grandes pessoas no resto da sociedade. As claques são pessoas com as mais diversas profissões, formas de ser e de estar na vida. E não têm de ser catalogados de criminosos só porque pertecenm a uma claque. Aliás eu dou aulas. Será que é urgente retirar-me esse direito não vá eu contaminar as crianças que ensino?! Poupem-me à tacanhez!

Anónimo disse...

Reconheço, e dou os parabéns, a F. Tenreiro. Por ter tido a coragem de apresentar um «Programa para um Governo». Não são todos os dias que se vêm actos semelhantes. Não é para a coragem de todos. Para a minha não é de certeza. E, estou convicto, que também não é para nenhum dos «membros efectivos da Colectividade». Exporiam-se demasiado. Aposto que teriam medo de mostrar quais são as «suas soluções». Assim, de modo aberto e transparente, como F. Tenreiro fez.
Com a devida vénia,

Anónimo

Anónimo disse...

O transgénero Sweet About Me, salvo seja, e sem ofensa, diz muito sobre «Claques». Vai a um certo fundo do Paraíso. Sim vai a essa miscigenação, a esse multiculturalismo poético, a essa «linda história dos primórdios da amizade entre jovens», que nem o “Bom Selvagem” de Rousseau imaginaria, buscar o argumento contra a ilegalização proposta por J. Constantino, e corroborada por F. Tenreiro.
Malthus achava que o ser humano nascia «mau» e era a sociedade que o tinha que «educar». Rousseau achava o contrário, que nascíamos «bons» e era a sociedade que nos corrompia. A sábia Sweet About Me talvez seja uma bissectriz entre esse impasse, uma espécie de “é inevitável que as hormonas nos façam rebentar com qualquer coisa, então mais vale fazer uma destruição controlada e localizada”.
À Liberdade, brindemos!

Anónimo

Anónimo disse...

Aqui envio, algumas histórias deliciosas, como um presente, para a Sweet Me About:
Estória 1 - Um dia, estava eu no soalheiro estádio do Jamor, ali esticada no calcário, a ver aqueles belos rapagões a mexerem as carnes musculadas, por ocasião de uma final da taça, e vai daí, que nem um raio luminoso, rápido como um very light, num voo de lado a lado da bancada, e pum! Mesmo no coração daquele Pai, espetado a fumegar. Não era o progenitor da Sweet, nem nenhum dos nossos, era mais um dos funerais do dia.
Estória 2 – Uma tarde, estava eu de saída de um pavilhão de desporto, e ali, especada á minha frente, uma idosa coxeava de braço dado com o seu idoso companheiro, ali na frente da minha emoção, sem me deixar passar, a mim. Dei-lhe um murro que lhe fez escurecer muitos meses de vida. Passados dias sonhei, sonhei que a idosa era eu, daqui a esses anos todos, quando passava, por acaso em frente daquele local desportivo.
Estória 3 – Todas, destas, em que somos nós, a pormo-nos no lugar dos outros.
Desculpar o quê? Porquê?
Vou tentar imitar F. Tenreiro, na proposição de uma solução, tomando as palavras de Fraústo da Silva ditas em 1995:
a) Um ambiente atencioso, pessoal e respeitador de crianças, adolescentes e adultos;
b) Uma missão e um projecto educativo partilhados por toda a comunidade envolvente;
c) Um conjunto claro de prioridades e objectivos que coloquem o desenvolvimento pessoal e aprendizagem no centro de todas as actividades escolares;
d) Convicção de que todas as crianças e jovens podem aprender, embora aprendam de forma diferente e com ritmos diferentes;
e) Expectativas elevadas por toda a parte de todos os actores do processo educativo;
f) Professores competentes, bem treinados e motivados, com bons salários, estatuto profissional e social elevado, bem como tempo suficiente para se consagrarem às tarefas de ensino e formação pessoal;
g) Grau de autonomia elevado nas decisões dos professores;
h) Colaboração efectiva e empenhada dos pais, comunidade e forças vivas locais.

Ou então, como disse Lawrence Kohlberg, acerca do desenvolvimento do raciocínio ético de crianças e adolescentes:
a) Obedece a regras e à autoridade para evitar castigo;
b) Conforma-se ao comportamento do grupo para obter reciprocidade;
c) Demonstra generosidade para obter favores e evitar rejeição;
d) Aceita a necessidade de regras e disciplina para manter o bem comum;
e) Torna-se consciente da existência de princípios éticos e morais.
“Será que estas fases de desenvolvimento progressivo estão presentes na condução actual do processo educativo ?”.
E do Desportivo?
Sweet Me About, desculpar o quê? Porquê?

Anónimo de há pouco

Anónimo disse...

Se acabassem as claques enchiam-se as prisões.

ftenreiro disse...

Esta legislatura foi perniciosa ao desporto

Há medo, as instituições estão fechadas, não se debate, não se prospectiva

Especula-se em demasia sem um fito transparente

Observa-se os comentários feitos anonimamente, e os donos do blogue, que como se diz não correm riscos.

O fundamentalismo do mau direito do desporto e dos políticos que se parecem todos, que impedem alternativas eficientes de actuação de política nacional e desportiva. Olhe-se para o espectáculo da Assembleia da República.


Penso eu de que… Este blogue pode receber as propostas, que as há, o anonimato pode ser um acto democracia para combater o medo e desconforto social e criarmos um melhor desporto

Venham essas propostas, mesmo que avulsas e pontuais, façamos propostas, para mostrar que existem alternativas válidas, para sair da dormência em que colocaram o desporto só para amigos e familiares.

Todos temos leituras e conhecemos uma parte da nossa realidade desportiva e que pode suscitar uma determinada intervenção positiva

Toda a proposta e discussão pode ser feita anonimamente

Anónimo disse...

Não seria útil um programa ou uma acção a nível nacional a partir do Ensino Básico neste domínio?

Anónimo

Anónimo disse...

Poder-se-iam melhorar e corrigir todos os factores que J. M. Constantino criticou nesta mensagem sem se ter que “acabar com as Claques”?
Começar por “acabar com as Claques”, sem corrigir primeiro aqueles factores, não poderia ser uma «oportunidade perdida» para acabar com eles do desporto em geral?
Ou não? E é imprescindível terminar logo desde o início com as claques?

Anónimo

Anónimo disse...

A questão das «Claques» traz-nos inevitavelmente à questão da «violência» e do «controlo institucional do Estado».
À questão de quanto uma sociedade «deve permitir» e de quanto «deve inibir». Qual a proporção entre essas duas faces do mesmo problema de violência cada sociedade escolhe, em cada momento e circunstância histórica? É sempre igual? Nos momentos de guerra e nos momentos de paz? Entre os pobres e os ricos? Dentro dos estádios desportivos e fora deles (por exemplo nos concertos rock, nas festas Mettalicas, nas vielas da noite, nos comícios e manifestações de protesto)?
Não será a violência repercutida de modo diferente pela pelos cidadãos consoante o tipo de repressão/controlo que a sociedade exerce? Será a violência, e a percepção dos seus efeitos e ameaças, a mesma antes e depois da Ética Republicana? E antes e depois da Ética Protestante? E nas sociedades ameríndias sem-escrita, onde a acumulação de excedentes era destruída em cerimónias rituais, impedindo a riqueza individual? Poderemos esquecer o contributo de M. Focault, o “vigiar panopticamente e o punir simbolicamente” das prisões do Estado Moderno, onde se forjou o também denominado “desporto Moderno”?
Bernard Charlot, da Université Paris VIII (Saint-Denis) escreveu em 1997:
- “Enfin, si l’on veut essayer de répondre à la question récurrente: «Y a-t-il aujourd’hui plus violences qu’avant ?», on est obligé de distinguer le long terme et le court terme. Il y avait de la violence dans les lycées bourgeois du XIXe siècle (les révoltes à Louis-Le-Grand se sont soldées par des peines de prison), il y en avait aussi dans les collèges d’enseignement technique des années 60. Pourtant, les statistiques semblent indiquer que, sur le court terme, les violences augmentent  mais s’agit des violences elles-mêmes ou des violences enregistrées ? Et quand s’arrête le long terme et commence le court terme? ”.

Anónimo

Anónimo disse...

Estão sempre a complicar as coisas!
Deve o Estado acabar ou não com as Claques?
Complicam para fugir à resposta.
Sobretudo os com mais «estatuto». Para não se comprometerem.
Deixam que os outros discutam, (normalmente são os que de facto sabem alguma coisa sobre o assunto), esperam para ver qual é o impacto na opinião pública, e só depois, e muito a custo, fazendo primeiro uns preâmbulos económico-estatisticos-morais, é que lá tomam uma posição. Estarei a fugir á verdade?

Anónimo

Anónimo disse...

O cenário de descontentamento e desencanto de F. Tenreiro ainda vai piorar.
Porque em 27 de Setembro não vai haver uma maioria de deputados capaz de governar. Nem do PSD, nem do PS. O BE vai fragmentar à «esquerda» permitindo o PSD vencer. O BE vai aliar-se ao PSD às escondidas para prolongar a agonia do PS, na mira de ir ganhando votos. O PR vai manter este caldinho. Os «perdedores» vão querer, logo desde essa noite, posicionarem-se para as «futuras» eleições antecipadas. Que vão envolver também desde logo as eleições «presidenciais». Todos os indivíduos de maior poder e estatuto, inclusive no Desporto, vão resguardar-se para essa 2.ª vaga mais estável. Portanto lá para 1 ano, 1 ½ após. Vão convidar para se chegarem à frente os que são para queimar. Ou seja, não vai haver nem rumo nem liderança política até 2011. Como os presidentes das «federações», e o Sr. COP, já garantiram mais 4 anos, nada vai mudar no desporto em Portugal até lá. Por isso, caro F. Tenreiro, em termos de prospectiva, bem se pode esperar sentado, de preferência numa poltrona bem fofa, para o … não ficar dormente. Com a confusão que vai ser, talvez seja uma boa oportunidade para a «Colectividade» ganhar peso. O sagaz J. M. Constantino já deve andar a dar voltas ao miolo.

Anónimo

ft disse...

a dopagem e as claques são fenómenos equivalentes

o mercado é incapaz de os resolver

o Estado deverá actuar em dois patamares
um primeiro sobre a viabilização de um modelo competitivo, que leve os espectadores aos estádios e pavilhões
o segundo na proibição destes actos

na dopagem a expectativa de mortes e uma opinião pública fortemente contrária levou a uma intervenção decidida por parte do Estado

mas os estádios e pavilhões continuaram sem o renascimento das competições e a acção anti-dopagem paga pelo Estado mantém-se o que não acontece com as claques que são outro tipo de fenómeno

nas claques o Estado falha, porque se exige uma actuação privada e simultaneamente uma actuação pública fora dos instrumentos tradicionais leis e dinheiro para laboratorios no caso da dopagem

A proposta do JM Constantino tem uma terceira vertente que é a actuação sancionatória ou do Estado ou do associativismo, federação ou liga

a exigência de penas severas para os clubes com claques marginais deve ir a par das condições de competitividade referida em primeiro lugar


lembremo-nos que as claques inglesas não têm actos nazis, violência gratuita e os canticos que aparecem são dos adeptos de todo o clube, não das claques organizadas / hooligans

é a estas que o JMConstantino propõe a ilegalização

Anónimo disse...

Sobre Claques ninguém diz mais nada, como de costume.
São sempre os mesmos a falar.
Onde estão as opiniões da Carla Gil, de Olímpio Bento, de J.M. Meirim, José Neves, Nuno Parreira Castro. Estão ausentes em parte incerta?
No momento em que as «eleições» se aproximam as propostas para o novo mandato talvez fossem interessantes discutir.
Sobretudo o «modelo de financiamento global do desporto», e a solução a médio e longo-prazo da relação do Estado com o plafond máximo que seria legítimo pedir aos contribuintes no Orçamento de Estado.
Para essa fogueira lanço esta acha:
- "Desconhecem o valor da Inatel”. O Presidente da fundação diz que o Governo ainda não compreendeu o potencial e contributo que a instituição pode oferecer para o desenvolvimento do país. Em Setembro, Vítor Ramalho completará um ano à frente da Fundação Inatel. O ex-deputado socialista tem levado a cabo uma forte estratégia de modernização da instituição, que tem no turismo, cultura e desporto as suas grandes áreas de intervenção na economia social. O líder do "terceiro maior grupo hoteleiro português" considera que o Governo ainda não se apercebeu das potencialidades e contributos que a Inatel pode dar ao nosso país.”.

Anónimo

Anónimo disse...

Não são as claques que corrompem os seus protagonistas, é a sociedade que os corrompe.

Posto isto... a pergunta correcta seria:

E se acabasse a sociedade?

Anónimo disse...

Se acabasse a sociedade, sempre sobravam os indivíduos, que é o mais importante.
A sociedade não é nada mais do que um «nome», uma etiqueta abstracta que ninguém sabe muito bem o que é, e nem se sabe muito bem onde está.

Anónimo

Anónimo disse...

Muito bem, meus senhores...
Pergunto na minha ignorância...
Acabando ou legalizando as Claques deixa de haver violência ? Já não há mais porrada, objectos pirotécnicos e afins ? Aqueles animais deixam de se ofender uns aos outros ? E quando houverem aquelas cenas anarkistas até ao estádio, do tipo partir estações de serviço, etc paga o Clube da claque ? E o sehor juiz que vai julgar o energúmeno deixa de o considerar, o tipo que fez bosta, um mentecapto inimputável, com aquelas coisas à mistura de que é primário (será do betume), de que até desconhecia a lei (ele e o seu advogado) e que coitado até nem foi ele foi um desconhecido...
Em minha opinião....acabe-se mas é o futebol e construa-se um belo Circo Romano com uns coitados (deixo a quem de direito a escolha da raça) à luta uns com os outros e com uns leões e uns ursos e uns TRex para a malta espumar da boca e passar o resto da semana cool !!
Tá-se bem !!

JPoeta disse...

Eu faço parte de uma claque da juveleo e não concordo em querem acabar com as claques já ue é um meio k envolve o mundo desportivo com o mundo social...

Anónimo disse...

Futebol sem os ultras não é nada, parece que se está no teatro ou no cinema.
As claques mantêm o velho espirito dão cor ao estadio, apoiam as equipas e retêm em si o rogulho na sua nação e na estirpe!

No Name Boys
white boys