terça-feira, 21 de julho de 2009

O Desporto e o Estado

O desporto como instituição é uma criação típica da modernidade democrática. Por isso mesmo as políticas desportivas são historicamente recentes. O resultado desta contingência traduz-se numa enorme precariedade do pensamento político sobre a matéria e no facto de sermos permanentemente confrontados com problemas que, embora sejam conhecidos, estão mal percebidos e equacionados.
De resto uma política desportiva não se resume a um conjunto de medidas públicas voltadas para a prática do desporto. É mais do que isso, porque nela convergem, essencialmente, dimensões com origem e manifestação em domínios ou instâncias que não caem sob a alçada directa da responsabilidade pública.
Em todo o caso uma política desportiva não pode viver sem uma adequada reflexão e o consequente delineamento da coisa pública. O que nos remete para o papel do Estado como entidade a quem cabe garantir essa tarefa. Da qualidade da resposta encontrada, depende a qualidade da política pública para o desporto.
O presente livro é o contributo de vários autores com perspectivas diferentes sobre as relações contextualizadas entre o desporto e o Estado e o papel que este deve assumir. Inclui ainda abordagens conceptuais acerca de tendências ou modas conjunturais que, directa ou indirectamente, tangem o fenómeno desportivo. É, pois, um contributo original e plural de autores vinculados à problemática do desporto como académicos, investigadores, professores ou simples técnicos.

Os temas e os autores:

1. Políticas públicas e desenvolvimento do desporto, José Pinto Correia

2. A lei e o desporto, José Manuel Meirim

3. De um Estado - obstáculo a um Estado-parceiro, José Manuel Constantino

4. O Estado, os governos e a administração pública desportiva, Alfredo Silva

5. O Estado e o desporto profissional: relação política e regulativa, Maria José Carvalho

6. O poder local: as Câmaras Municipais e o desporto, Eduardo Pereira

7. Estado, Desporto e Políticas Europeias, João Paulo Almeida

8. Acerca da conjuntura corporal: desporto versus ‘actividade física’, Jorge Olímpio Bento

9. Projecto(s) de alterações aos estados humanos- arquitectura, desporto e publicidade política, Luís Baptista

10. Saúde e Doença, Estado e Indivíduo – Ideologias, Gonçalo M.Tavares

11. Ler desportivamente Lenine
Para a História do Comunismo e do Desporto em Portugal, José Neves

12. Políticas desportivas coloniais em Moçambique, Nuno Domingos

13. Desporto, responsabilidade e mudança, António Marques

14. De um desporto sem ideologias para um desporto de ideias, Rui Proença Garcia

15.Desporto e Política: dois fenómenos estruturalmente idênticos, António Silva Costa

16. Quadros de cidadania desportiva em Portugal, Pedro Sarmento

17. A interpretação negativa do desporto e suas simplificações, António Jorge G.Soares


O livro está no prelo e em breve, esperamos, à venda no mercado livreiro.

18 comentários:

ftenreiro disse...

O desporto português necessita de conhecimento em abundância e de um mercado competitivo que seja reconhecido e o transaccione dentro e fora do sector.

Esta nova iniciativa do Jorge Olímpio Bento e do José Manuel Constantino é um sinal que o mercado não está parado.

Há iniciativa e há novos valores certamente com interpretações que importa considerar sobre o que acontece e o futuro no nosso desporto.

Para o potencial que o desporto já tem, outras iniciativas poderiam ter surgido na legislatura que está a terminar, tivesse havido um posicionamento aberto e competitivo por parte dos responsáveis e das instituições.

Esperemos que na próxima surjam programas de apoio à investigação, estímulos ao debate de ideias e aos centros de debate, incentivos à publicação de estudos e opiniões sobre o desporto português.

Em particular destaco uma área: a dos estudos visando a transformação do desporto na perspectiva do bem-estar económico e social para conhecermos melhor onde estamos e para onde vamos.

Quiçá este novo texto já avance nesta direcção.

Parabéns a todos

Rui Lança disse...

Muitos Parabéns. Mais um contributo para a incessante ‘luta’ pela criação de valor no desporto.

Anónimo disse...

Dou um grande apreço aos textos de F.Tenreiro que aparecem frequentemente neste blog, e cuja leitura traduz a visão do desporto pela via económica, e com a qual me vou inteirando da sua imprescindibilidade.

Por isso estranho que não tenha sido convidado a colaborar no novo livro ainda em prelo, já que o nome não aparece.

Considerando porém que na remodelação deste blog, com o convite a novos colaboradores, o de F. Tenreiro não tenha merecido a sua inclusão no lote de convidados, fiquei esclarecido.

E é pena porque esta ausência, para mim, significa que afinal "o mercado está parado".

Ninguém precisa da economia no desporto, ou porque já sabem tudo sobre a matéria, ou porque a ignoram totalmente.

Anónimo disse...

O F. Tenreiro, nesta obra, era fundamental, de facto. Só assim se teria uma visão completa da concepção do PPD-PSD para o desporto.
Grande lacuna.

Anónimo disse...

Para além de análises e anátemas descabidos o que alguns comentários aqui revelam é um cego e intolerável sectarismo político.

Anónimo disse...

Sempre os mesmos. Que já todos conhecemos. Com as mesmas ideias estafadas e improdutivas. Instalados nos mesmos lugares e poleiros de sempre. Que no passado contribuíram com o que se sabe, e que a realidade não desmente. Verdade ou mentira?
É o gira o disco e toca o mesmo.
Ou será à anunciarem-se para um lugarzito laranginha?
Aposto que nem uma ideia nova, diferente das que já deles conhecemos, conseguem dar.
Uma apenas.
Vá lá, não tenham vergonha.

Anónimo

Anónimo disse...

Tudo é tão cansativo, porque repetitivo.

É a persistente procura do protagonismo pela palavra. O eterno debate de ideias. O incessante esforço que se faz para vingar a opinião pessoal. As palavras ditas com a convicção de que, com elas, e apenas com elas, se pode mudar as coisas.

De trabalho, de obra feita, pouco se vê. De inovação nada consta, de empreendedorismo pouco se relata.

É o triunfo e o mérito pela palavra em detrimento do triunfo pela acção. Uma espécie de Corrida de 100m na Playstation 3, onde uma qualquer criança pode ganhar ao “Usain Bolt”.

Só erra, quem faz. Dá trabalho. Exige esforço. Exige Persistência. Exige determinação. Exige coragem, porque nem sempre as nossas mais profundas convicções encontram correspondência na prática. Diz-se, quando isso acontece, que erramos.

Os erros são naturais e úteis, se deles retirarmos uma ilação pessoal honesta. Mas quem é que quer fazer passar a certeza das suas convicções e depois correr o risco de, na prática, estar errado?? É daí que vem a comodidade de se ficar apenas pelas palavras...

P.s. - Com o devido respeito por todos, pela força das suas ideias e contributos...mas isso só não chega.

ftenreiro disse...

é bom que haja muitas intervenções e muito intervenientes nas coisas do desporto

as oportunidades são escassas e estão esmagadas nesta legislatura



tenho de discordar dos amáveis anónimos

o mercado competitivo e a democracia são a existência de uma actuação livre dos agentes de acordo com os seus interesses

tenho sido livre de expressar os meus interesses em inteira liberdade e isso basta-me

o mercado português faz um aproveitamento ineficiente do seu capital humano no desporto e não produz mais capital humano que também era necessário e mais conhecimento

outros elementos existem e os donos da bola também devem ser livres para poderem fazer o que é melhor para si

o que falta como referi anteriormente e que aqui deixo como proposta para o próximo ciclo legislativo é a necessidade da intervenção do Estado, nesta falha de mercado, investindo no capital humano do desporto e no seu conhecimento



quanto a anónimo que diz que sou importante para o PSD, devo afrmar-lhe que caso a históra se repita e o PSD ganhe as eleições rapidamente serei considerado do PS


Mas deixo-lhe outro aspecto de maior interesse
Há políticas de direita e de esquerda

Por exemplo as posições gerais do José Manuel Constantino têm um pendor liberal embora a sua posição seja mais à esquerda da do actual governo PS nas suas consequências

Este era o debate que era útil ter tido, procurando compreender e fixar posições e soluções de política eficientes para o nosso desporto



o esforço realizado na produção livro deve ser valorizado, os tempos que vivemos tornaram-se complicados com a falha de Pequim, e a cabalhotas da liderança desportiva, a não classificação para a África do Sul à primeira, com os salários em atraso no profissional e no amador, com a crise que levou a venda da Lapa para acertar o Orçamento do Estado, com a incapacidade do CSD de ajudar o Governo a fazer uma melhor Lei de Bases, e tantas outras coisas que não estão a correr bem

deitemos fora apenas a água do banho

venha o livro!

joão boaventura disse...

Ao Anónimo da 1:11, pergunto:

Está a referir-se aos comentadores anteriores ou aos colaboradores do livro ?

Anónimo disse...

Bom....
Eu lembro-me de uns livrinhos sobre tudo e mais alguma coisa de desporto...de grandes cabeças da altura do Prof. Melo de Carvalho.
Mas...que me lembre o "desporto" não aqueceu nem arrefeceu...que me lembre. Ou se alterou alguma coisa foi apenas enquanto durou o PREC.
Aliás....vê-se até onde chegaram essas grandes cabeças...
Se calhar vamos assistir a mais do mesmo, grandes filosofias, grandes ideias, grandes projectos mas pouca uva.

ft disse...

Paul Krugman é o economista mais lido em todo o mundo, ainda antes de se tornar Prémio Nobel e reclama-se como liberal

faço esta nota para dizer que não estou a chamar nomes a ninguém quando refiro a costela liberal de alguém

hoje ser liberal é também uma responsabilidade, porque é em seu nome que muitos comportamentos como os que levgaram à crise financeira mundial tiveram pressupostos liberais extremos

no nosso cantinho, fazer uma lei para ilibar o Estado de actuar dando largas ao mercado para se desfazer e depois não actuar poderá estar ao nível da ausência de responsabilidade e menos dos princípios liberais e liberdade de actuação dos agentes privados

também defendo que o mercado necessita de liberdade, e acompanhada de responsabilização e de instrumentos públicos finos e afinados

considero que na fase actual do desporto português ter pressupostos liberais é uma forma rápida de levar o mercado privado à falência e à subsidio-dependencia e servir mal a população

mas é melhor ir discutindo isto a pouco e pouco

Anónimo disse...

Caro João Boaventura, aos autores dos artigos, pois claro. Não são os que ocupam os lugares e os ordenados há vários anos, alguns há décadas?
Há rastos inconfundíveis nos propósitos.
Repare no título do Livro.
Para saber as intenções basta sair á rua. Onde estão os vagabundos e os pobres sem-abrigo? Claro, de dia, circundam as portas dos supermercados, à noite os caixotes do lixo.
Onde estão os políticos em vésperas de eleições? Claro, de dia e de noite, à volta das sedes partidárias para fazerem parte das «listas».
E assim por diante.
Por mais palavras e malabarismos que façam, sabemos sempre quais as suas reais intenções.
Neste Livro acontece a mesma coisa.
Qual é a palavra que escolheram? “Estado”!
Pois claro, é aí que querem sorver os ordenados e as avenças, de dia e de noite.
Há quem diga que os melhores portugueses são aqueles que estão no estrangeiro.
Eu também acho que é preciso paciência para esta geração antiga que vive há décadas á conta do Estado, sem capacidade de iniciativa. Sem dar mais ao País do que aquilo que recebe,… como diria o F. Tenreiro, na sua costumada análise custo/benefício.
Há por aí uns pseudo-empresários, muito mediáticos. Mas bem vistas as coisas, só sobrevivem com os terrenos e com os subsídios do Estado. E sobretudo muitos «professores facultários», a ganhar balúrdios dos mesmos contribuintes.
É tudo Estado-dependente, caro João Boaventura.
Assim, por mais que digam e escrevam no Livro, já todos sabemos o que querem.
Não é verdade?

Anónimo

Anónimo disse...

“Tenho procurado uma razão científica para a existência do Desporto, quer na sua forma actual, quer em formas anteriores, e não a encontro. Nem vejo que o acto desportivo seja necessário à existência do Homem e da humanidade.” (Jorge Olímpio Bento, 1998).
Palavras? Palavras leva-as o vento.
Palavras para quê? É um «professor português»!

Anónimo

Anónimo disse...

No tempo do Eng. Roberto Carneiro era muita conversa, mas ficava tudo pela rama e pela superficialidade das grandes ideias genéricas.
No tempo do Dr. Hermínio? Sim, eram lautos livros uns atrás dos outros.
E o Desporto à espera, á espera… de mais um livro.
Haverá possibilidade de haver mudança em quem nasce assim?

Anónimo

ft disse...

queria dizer mais duas coisas

uma é que eu aqui neste blogue capturo as suas externalidades para colocar a análise que faço do que se escreve e da realidade do desporto
diz-se que ando à boleia, não pago nada e beneficio do trabalho dos donos do blogue

em segundo esta legislatura trouxe-nos alguma arrogância, espero que não me tomem a mal por dizê-lo,
é que essa arrogância pode voltar-se contra os donos do blogue e nesse caso isso é incorrecto ou pelo menos deselegante porque todos os que aqui andamos beneficiamos do seu labor

concordarão que podemos discordar mas não devemos matar a galinha

a 'tragédia dos comuns' é a figura económica que nos diz como as galinhas dos ovos de ouro são exploradas até à morte nos mercados onde não existe uma regulação económica eficiente

Anónimo disse...

É espantoso e ao mesmo tempo delirante como se podem dar tantas opiniões sobre um livro que se não conhece falando apeenas dos seus autores e das suas supostas intenções.Ou prosaicamente falando de um ou de outro dos seus autores que por qualquer razaão se não gosta ou não aprecia.Não sei se o livro é bom ou mau mas que incomoda isso já não tenho dúvidas.

Anónimo disse...

“Tenho procurado uma razão científica para a existência do Desporto, quer na sua forma actual, quer em formas anteriores, e não a encontro. Nem vejo que o acto desportivo seja necessário à existência do Homem e da humanidade.” (Jorge Olímpio Bento, 1998).

Nesse caso o autor pode explicar como mudou a designação da Faculdade de Educação Física e Desporto, do Porto, para "Faculdade do Desporto?"

Se o desporto não é necessário porque não simplificou para "Faculdade de Educação Física"?

Não seria mais coerente com o que pensa do desporto?

Anónimo disse...

“Tenho procurado uma razão científica para a existência do Desporto, quer na sua forma actual, quer em formas anteriores, e não a encontro. Nem vejo que o acto desportivo seja necessário à existência do Homem e da humanidade.” (Jorge Olímpio Bento, 1998).

Também poderia ter dito:

“Tenho procurado uma razão científica para a existência da Educação Física, quer na sua forma actual, quer em formas anteriores, e não a encontro. Nem vejo que o acto educo-físico seja necessário à existência do Homem e da humanidade.” (Jorge Olímpio Bento, 1998).

ou então:

“Tenho procurado uma razão científica para a minha existência, quer na sua forma actual, quer em formas anteriores, e não a encontro. Nem vejo que o acto do "eu existo" seja necessário à existência do Homem e da humanidade.” (Jorge Olímpio Bento, 1998).