A recolha, o tratamento e a análise da informação são processos difíceis, onerosos e consumidores de recursos. Quando mais complexo é o contexto social, e maiores são as suas carências organizacionais, mais se acentuam as dificuldades.
Por isso merece ser assinalado e incentivado o esforço realizado nos últimos tempos para consolidar os dados primários e as bases estatísticas relativas à situação desportiva do país. Não só actualizando recenseamentos com mais de uma década, como dando a conhecer indicadores importantes da realidade desportiva do país. Indo ao encontro, aliás, de um objectivo expresso nas várias leis de bases do desporto e nunca concretizado na sua plenitude: Construir uma base de dados relativos à situação desportiva nacional.
Tal objectivo é fundamental para o diagnóstico rigoroso da realidade desportiva e para avaliação do impacto das políticas, estratégias e instrumentos de regulação desenhados para corrigir as assimetrias e criar valor desportivo na nossa sociedade.
É inerente ao processo político a análise e interpretação dos dados em função dos interesses das diversas partes que se confrontam em debate. É aqui que se demarcam as diversas concepções e ideias sobre a estrutura e dinâmica de um dado sector. É também aqui que se procuram justificar e contestar as opções políticas. Os dados estatísticos primários são elementos estruturantes para o processo político democrático, e elementos que permitem aprofundar o estudo da realidade social.
É assim com os indicadores do trabalho, da participação cívica e política, da economia, da habitação, e supostamente também deveria ser com o desporto. Em alguns destes sectores existem requisitos legais e técnicos para a sua construção e apresentação.
Faz parte da gestão da agenda política, quando a recolha e tratamento dos dados não está a cargo de organismos independentes ou condicionada por aqueles requisitos, a gestão dos timings e dos meios utilizados para a sua divulgação.
Daí que seja natural a apresentação, neste período, das estatísticas relativas ao desporto federado e à aptidão física dos portugueses, e normal que os responsáveis governativos olhem para os aspectos mais positivos, aproximando-os das opções politicas tomadas.
O que constitui algo de novo, pelo menos para mim, é a apresentação pública destes dados sem a edição dos respectivos estudos, análises estatísticas e relatórios em livro, ou qualquer outro tipo de suporte, para o público em geral, tratando-se de dados primários e informação elementar.
Nem se pode aqui alegar, como em outras ocasiões, que tenha ocorrido um problema com a pen. A notícia do jornal Público encarrega-se de nos esclarecer que: “Todos estes dados vão ser editados em livro em Setembro, incluindo também as estatísticas dos praticantes por modalidades”.
Compreende-se que em Setembro seja uma ocasião mais oportuna. Compreende-se também o afã de apresentar os dados rapidamente. Mas quando tal acontece normalmente publica-se um relatório preliminar, com a ficha técnica e metodológica para se atestar, no mínimo, da validade e profundidade da recolha, remetendo para depois a versão final.
Não acontecendo nada disto, trata-se de uma mera noticia de duas páginas de jornal. Face a essa realidade concreta - uma apresentação pública noticiada pelos media - que análise, que debate democrático, que estudo, que escrutínio os cidadãos, investigadores, técnicos e dirigentes podem fazer dos dados apresentados? Que avaliação se pode fazer dos números divulgados?
Esse “pormenor”, que marca um estilo de fazer política, ficará para uma ocasião mais oportuna.
32 comentários:
Foi hábil esta tentativa de desviar a atenção dos estudos divulgados (sobre a Actividade Física e a Aptidão Física) para a eventual discussão da credibilidade dos números apresentados.
A maçada é que aqueles estudos foram realizados, por iniciativa da Administração Desportiva, pelas Universidades de Vila Real, Porto, Coimbra, Lisboa e Évora. E não dá jeito nenhum pôr em causa cinco universidades públicas...
Por outro lado, e como se refere no PÚBLICO de 6 de Agosto "a parte do estudo sobre a actividade física baseou-se na monitorização de 5231 pessoas, que durante três a quatro dias utilizaram um acelerómetro, um aparelho colocado à cintura e que mede os impulsos. O estudo relativo à aptidão física implicou testes físicos a 34.488 pessoas. As conclusões serão publicadas em livro ainda este ano".
Se se tratasse de uma sondagem, chamava-se a isto "ficha técnica"...
Que maçada!
Aconselho o Doutor Professor José Correia a ler os comentários à mensagem do Professor J.M. Constantino, «estatisticamente falando». Para aprender o que lhe falta.
Anónimo
O problema reside na estruturação da recolha de dados (recolher o quê, como e para quê).
O INE também faz a recolha de dados de âmbito estrito desportivo mas, como Portugal está pejado de minifúndios, nunca quis submeter-se à estruturação proposta pela DGD (ignoro se da INDESP ou do IDP houve alguma tentativa).
Por outro lado, o instituto orientador do desporto (DGD, INDESP e IND), na pressa de publicar dados estatísticos para mostrar trabalho, acabam por não ter tempo, nem disposição para programarem uma base de dados permanente, com um gabinete vocacionado para o feito.
E compreende-se porque cada governo vive obcecado em mediatizar as pequeninas coisas que vai semeando, mesmo que não tenha futuro, porque o tempo de legislatura não dá para amadurecer ideias.
Desta forma a DGD, e o INDESP, e agora o IND, apresentaram as suas estatísticas, cada um à sua maneira, de acordo com o que lhes pareceu adequado, não havendo uma linha orientadora consequente, o que não permite delinear qual o andamento positivo ou negativo do desporto. A linha é feita de saltos desconexos.
Andamos de Herodes para Pilatos e de Pilatos para Herodes, porque os governos passam a vida a mudar coisas, a mudar os nomes das coisas, a inventar gabinetes, a eliminar gabinetes, logicamente, porque são estruturas de pouca duração, a duração de uma legislatura.
Fazem-se gabinetes de ética, gabinetes de doping, gabinetes de combate à violência, mas não se fez ainda um gabinete de bases de dados que persiga permanentemente uma mesma linha per secula seculorum.
Se uma estatística significa o estado das coisas, temos assistido ao estado das coisas nas DGD de cada governo, nos INDESP de cada governo, e agora nos IND de cada governo.
Resultado:
Políticas desportivas dissonantes porque dissonantes são as estatísticas, porque impossível trabalhar sobre dados fiáveis e duradouros.
O desporto vive, sem os fundamentos de suporte, aos soluços e aos saltos.
Desta vez não foi assim, Professor Boaventura. Enganou-se.
Desta vez foi um trabalho de 3 anos e meio, com 5 universidades das mais prestigiadas que Portugal tem, com investigadores com obra publicada, envolvendo no terreno mais de 30 mil pessoas em todo o País.
Sem haver qualquer ganho para este governo, porque os resultados não lhe puderam servir. Mas vão servir aos que vierem. Não sendo por isso que não investiu no que era importante para o benefício Público de Todos.
Um trabalho que nenhum «instituto do Poder Central» tem capacidade para fazer. Portanto, também, o caminho que indica para o futuro está errado.
Porque a partir desta estratégia, a orientação científica e metodológica para o futuro, na produção de futuras estatísticas, fica onde deve ficar. Não num «instituto do Poder Central», mas no sítio do conhecimento e da investigação.
Também por isso este trabalho estatístico marca um novo rumo e uma inovação em relação ao passado.
Mas não só. É uma solução para o futuro diferente da do passado que o Professor Boaventura preconiza na sua mensagem.
Sabe Senhor Professor, entre 2005 e 2009 foram aumentados em 545 mil m2 a área para fazer desporto em Portugal. Mais do que a área de todo o Concelho de Oeiras. Foram fechadas 2500 escolas que tinham apenas 1 a 10 alunos. Foram construídos 273 centros educativos onde cabe lá um campo de jogos, e requalificadas 100 grandes escolas secundárias.
Isto para dizer, no que se refere à má acusação de mediatismo, que com este aumento de área para fazer desporto as estatísticas do futuro vão aumentar. O governo da altura vai dizer que foi pela sua acção. E vai esquecer que há mais praticantes e actividade desportiva porque há mais área para fazer desporto do que havia entre 2005 e 2009.
Portanto, mais uma vez, trabalhou-se não para o «mediatismo» mas para o futuro de Portugal, de que este governo não vai beneficiar. Essa «mentira do anunciam» foi passada para esconder o que mais temem: A «obra feita» que não fora capazes de fazer.
Mas a mentira é como o azeite, mais tarde ou mais cedo, vem ao de cima.
Anónimo
Sábias palavras do Professor João Boaventura
O anónimo ignora a situação medíocre do desporto português e brinca com o desporto
É inacreditável que qualquer governo ou partido nacional português use trauliteiros que dizem falar em seu nome, do seu primeiro-ministro e do presidente do seu partido nos termos que vimos assistindo
Esta gente é perigosa
Quando quero fazer investigação sobre o nosso desporto tenho dados internacionais e não tenho nacionais
encontro dados doutros sectores nacionais no INE e não encontro a mesma quantidade de desporto
O Professor João Boaventura tem razão, o anónimo atira com factos que não são uma política porque não tem estatísticas e investigação que demonstrem o que fazer e porque deve ser feito
É um círculo vicioso e uma armadilha em que nos encontramos
Ter memória e conhecimento histórico da administração pública desportiva e do seu funcionamento, habilita-nos a comentários lúcidos e isentos como o do Prof. J.Boaventura. O que referiu a propósito da estatística e da sua importância poderemos estender para muitos outros domínios governativos. Dissonância na política desportiva tem sido uma constante das legislaturas mesmo quando se sucedem governos da mesma linha partidária, basta analisar os sucessivos programas governativos e as consequentes acções para constatarmos que cada governo vive obcecado pelo mediatismo.
O João Boaventura tem naturalmente razão mas isso em nada deslustra o esforço que administração pública desportiva tem feito para ultrapassar essa situação. O mesmo não se pode dizer quando para defender um trabalho a melhor forma que se encontra é o de afirmar que 545 mil m2 é uma área superior a 46 km2. Alguma repentismo emocional não é boa companhia para pensar, no caso, para fazer contas.E acaba por prejudicar o que se pretende defender.
Caro Anónimo das 17:26
O trabalho de 3 anos e meio de 6 universidades são respeitáveis, como foram os da DGD, INDESP e IND.
Mas repare que trabalhamos em minifúndios, cada um para seu lado, trabalhos individuais de um lado, trabalhos de grupo de outro.
Vivemos sob o signo do desporto, debaixo do mesmo chapéu, mas divorciados uns dos outros, cada um ou cada grupo preocupado mais em fazer um trabalho isolado, em vez da colaboração mútua.
Evidentemente que não tenho dúvida nenhuma em enaltecer esse trabalho, mas peca por ser mais um isolado, não encaixado numa estruturada base de dados, a exigir permanente actualização.
Todos os trabalhos estatísticos executados, desde a fundação da DGEFDSE (porque os há) até o recente das 6 universidades, que suponho serão os mais recentes, terão a utilidade que se confere ao conhecimento nas sucessivas e determinadas conjunturas.
Porque todos eles pensados no momento, para e dentro de um dado momento, e porque não enquadrados num sistema de bases de dados de longa duração, permanecem isolados.
Repare que desde a fundação da DGEFDSE (1942)até hoje (2009), temos e dispomos de muitos dados, os possíveis, colhidos ao longo de 67 anos. Há muita matéria, mas não é possível colher ou extrair conclusões sobre a evolução do desporto nacional, porque cada uma representava apenas o retrato do momento. Não é possível ter uma visão panorâmica.
Se fôssemos águias viríamos lá do alto os tais minifúndios, dispersos, diferenciados, cada um com a sua estrutura, mas não o latifúndio (base de dados) para termos uma visão abrangente das tendências de cada sector preciso e determinado do desporto.
Não vejo, no momento presente, e pela minimização do IND, com capacidades cada vez mais reduzidas, qualquer viabilização para se abalançar à criação da base de dados.
E já que falou no papel das universidades, só nelas vejo, e por inerência, as únicas capazes de a criarem, porque constituiria uma ferramenta utilíssima para percepcionarem que desporto temos, qual o rumo que está a tomar, e o que há a fazer para corrigir o seu percurso.
A instituição de uma base de dados constituiria o boletim meteorológico do desporto, o prospector das suas anomias, o escrutinador do futuro.
Isto foi o que quis dizer, e por ventura mal.
Professor João Boaventura a sua mensagem das 22:05 fez-me refrear a que tinha escrito há momentos para enviar. Porque vem num teor diferente da primeira.
Como é uma pessoa inteligente vou enviar a que já tinha escrito, apenas com um objectivo. A de fazer perceber a muita gente que escreve nos blogues o que do outro lado se sente quando o teor é o primeiro.
E depois para responder mais ao Professor J.M. Constantino do que a si.
Mas no conjunto serve de contributo para uma aprendizagem recíproca do bom uso da liberdade de blogar.
Primeiro vai esta. E depois vai a outra escrita antes.
Anónimo
Deslustra. Deslustra e muito.
Deslustra começar, logo à partida, por insultar e chamar nomes aos «governos» e às «políticas que fazem», como se não fossem feitas por Pessoas. Como se essa liberdade de insultar fosse um direito ganho pelo «uso campeão». Como se essa liberdade de insultar «quem governa» não fosse a expressão dos minifúndios instalados há décadas nos «institutos públicos», sem vergonha. Que, a coberto da Democracia, cresceu com a democracia. Como crescem as ervas daninhas. Que por não ter as consequências do «passado», daquele a quem chamam de «fascista», portanto, vai de fazer. Mesmo por «funcionários desses institutos» de modo despudorado, em tudo o que é sítio e oportunidade pública.
Ou seja, era só malhar e rir. Que o Estado aguenta tudo. E os governantes não seriam «ninguém».
Mas quando a porca torce o rabo, e os predadores são predados, ai jesus que me estão a ir á dignidade.
Todos vieram a correr mostrar solidariedade ao Prof. João Boaventura. O que foi bonito de ver. Como se precisasse dessa ajuda para escrever e falar. Mas, de facto, ao ler o que escreveu é só isso que disse. E naquele teor de malhar. Podia tê-lo escrito doutro modo. Mas escolheu a via do «dizer mal» (“pressa”, “mediatismo”, “pejado de minifúndios”, “andamos de Herodes para Pilatos”, etc. até á “conclusão”). Aliás em 2005 eram 18 minifúndios distritais, e agora passaram a ser 5 regiões. Até nisso se diminuiu como nunca se fizera no passado.
Outro aspecto tem a ver com o “imediatismo”. Se fosse de outra pessoa era natural, mas de quem foi … não está mal o efeito que está a ter.
Ora, para tolher essa/esta multidão de «usos campeões» e de «malhantes nos governos e no Estado» tem que se fazer uma gestão planeada e cuidadosa das palavras. Se houvesse “imediatismo” morria-se na praia num instante.
As palavras num trabalho desta índole não podem ser apenas palavras e frases para construir mensagens dentro de um léxico, na perspectiva de bem ou mal escritas. Têm que ser utilizadas doutro modo. Têm que ser algo que não vou dizer para não ensinar tudo de uma vez, sem exigir o esforço que a aprendizagem deve sempre exigir.
Por exemplo «o concelho de Oeiras». O objectivo foi irem fazer contas. Fá-lo-iam de outro modo? Claro que não. Só assim se obteria o tempo interior necessário para «sentirem». Depois, como a maioria dos que escrevem na «Colectividade» estão sedeados em Oeiras, o termo para sentirem a dimensão era a referência a esse território. Razão pela qual pregnaram, como estava planeado que pregnassem.
E lá foram. E durante o tempo desse acto o tempo já foi suficiente para não passar instantâneamente. Enquanto faziam as contas não se aperceberam que estavam a repetir a área de desporto feita de 2005 a 2009. E depois, de que bastava essa mudança para mudar o valor das estatísticas tornando-as impossíveis de comparar. Que era o argumento que colocámos ao debate no “estatisticamente falando”.
Em suma, com menos leis para fazer, e com os estudos feitos, isto com mais uma legislatura, e vamos chegar a esses milhões de m2 que faltam.
Vai uma aposta?
Anónimo
Estudos, obviamente sim, mas muitos e permanentemente (como as estatísticas)
Partamos então do bom princípio e da boa fé de que os estudos agora finalmente chegados são valiosos, mesmo muito valiosos como aqui vêm defender os seus óbvios interessados e também possivelmente neles parte.
Se é assim, se tal é o seu valor e relevância para a política desportiva, então como esteve a ser orientada a respectiva estratégia até aqui sem que fossem feitos tais estudos?
Que eu saiba não foi nunca conhecido qualquer documento estratégico produzido pela Secretaria de Estado ou pelo IDP.
Obviamente a estatística é uma técnica fundamental para ser utilizada a benefício da concepção e implementação de políticas e estratégias de desenvolvimento.
Mas a estatística, tal como a aprendi no ISCTE (na licenciatura de Gestão de Empresas quando frequentei as respectivas cadeiras de Estatística Descritiva e Analítica lá nos idos anos de setenta do século passado), é apenas isso mesmo, uma técnica e um instrumento que, por permitir evidenciar a realidade, deve ser usada para as decisões essenciais que são sempre as de carácter político e estratégico.
As estratégias de desenvolvimento desportivo e os planos estratégicos institucionais, como as que por exemplo foram publicadas no Reino Unido em 2002 pelo Departamento que tutela o desporto ou pelo Sport England que corresponde ao nosso IDP, é que moldam o nível desportivo de um país e o grau de importância e de profundidade com que o desporto é encarado, desde logo, e em primeira instância, pelo Estado/Governo e a Administração Desportiva. Mas essas estratégias têm de ser conhecidas, publicadas, discutidas e realmente implementadas.
Construir novas instalações desportivas só para dizer que se faz obra? E muito metros quadrados? É pouco!
O desenvolvimento do desporto exige mais. Que se façam chegar muitas mais pessoas à prática regular do desporto, em todas as idades, locais, e estratos sociais. Que se aumentem os níveis de prática federada em muitas modalidades desportivas. Que se tenham meios e programas específicos que evitem o abandono do desporto nas idades de transição da escola para a vida activa. Que se criem estruturas que mobilizem os jovens para a prática do desporto e para o voluntariado. Que se façam acções de promoção de líderes desportivos nas escolas secundárias de todo o país. Que se seleccionem professores da área do desporto para serem agentes de desenvolvimento desportivo. Que se escolham escolas secundárias, se apelidem de escolas desportivas, bem apetrechadas para dinamizarem redes desportivas com escolas de outros ciclos incluindo as primárias. Que se crie um verdadeira Fundação do Desporto Juvenil que mobilize asa energias da juventude para a prática do desporto. Que existam programas públicos de apoio a estas acções de promoção da prática desportiva. E que o Governo possa comprometer-se não apenas em construir instalações mas, sobretudo, em fazer chegar mais duzentos, trezentos mil jovens ao desporto numa legislatura.
E também que as estatísticas, se possível realizadas por uma instituição permanente com académicos que se dedique a realizar os estudos necessários para projectar todo aquele desenvolvimento do desporto, que essas estatísticas possam depois confirmar que a estratégia e os objectivos previamente estabelecidos e conhecidos publicamente foram efectivamente conseguidos.
P. S. : É pena que nas recentes discussões na União Europeia sobre a criação das bases estatísticas uniformes para o desporto europeu não tenha estado presente nenhum representante português. As actas das reuniões demonstram-no. E é muita pena tanto mais que essa é uma missão que resulta do Livro Branco sobre Desporto da UE que também infelizmente quase não é discutido em Portugal (excepto nos oportunos posts neste BLOG do João Almeida que aqui saúdo por tal empenho e perseverança).
José Pinto Correia, Mestre em Gestão do Desporto
Os Programas que os governos colocam ao sufrágio dos eleitores não deveriam ter e conter esse anúncio antecipado da visão, estratégia e objectivos principais? Tal como, e bem, o mestre J.P. Correia refere.
Siga-se o conselho do mestre J.P. Correia. Compare-se então esses documentos onde devia vir anunciado antecipadamente o que cada «partido» se propõe oferecer como futuro ao Desporto.
E no final respondam-se às perguntas: «qual é a estratégia proposta por cada um que está escrita em cada Programa?», «qual é a visão e o modelo de desenvolvimento proposto?», «quais são os objectivos principais?».
Seria um exercício interessante para verificar.
Anónimo
No século passado, fazia-se assim, para matar no desporto o que de novo se tentava produzir:
1 quanto a artigos
O tenreiro publicava um artigo e um jornalista do jornal ou o director eram instados a mudar de direcção, ou pagava-se publicidade ao jornal, ou era enviado material sobre política desportiva para contradizer. Ou como aconteceu com Pequim2008 foi colocado na semana seguinte um artigo por um articulista a soldo, a despachar a matéria e a matá-la, não foi o Estado, mas os maus exemplos fazem escola e permanecem.
2 quanto a estudos económicos europeus
Enviavam-se outras profissões para reuniões de economistas.
Escondiam-se os resultados económicos produzidos.
Técnicos portugueses criticavam o tenreiro para descontinuar os projectos e diminuir resultados.
Enquanto outros países a partir dos exemplos internacionais incentivavam os estudos e as equipas nacionais isso não acontecia em Portugal.
Isto tudo porque a economia do desporto nem sempre batia certo com a política do mesmo desporto.
3 quanto a estudos nacionais
Algumas pessoas conseguiam fundos. Em determinada altura com o fundo social europeu recebi um apoio que passou pelo indesp para o pagamento do mestrado, mas isto foi a excepção. A política deveria ser como o Correia diz em quantidade e aberta a quem demonstrasse ter qualidade e todo o processo ser transparente. Creio que mais tarde o CEFD fez isso com o José Manuel Chabert. Os estudos nacionais deveriam ser promovidos em concorrência entre as universidades para obter os melhores protagonistas.
4 estatísticas
O artigo do prof. João Boaventura descreve o processo
Outras histórias de outras pessoas devem existir. Este é o primado da baixa política desportiva.
No século passado as coisas eram assim e não sei se o presidente da república Cavaco Silva vai ficar chateado por eu sugerir que isto se passaria no seu tempo.
Os anónimos deveriam escrever o que o Correia e o Boaventura escreveram, e que fizeram o Almeida, a Carvalho e o Constantino,
E não só
Os anónimos deveriam fazer o que o director-geral do Porto diz que faz:
'Temos que ser inovadores e, se possível, usar melhores processos, métodos e estratégias do que os adversários' ver último expresso.
'As simple as that'
Boa essa do "uso campeão"!!!!O debate sobe sempre de nível!!!!
Falemos de coerência política.
Os governos do Prof. Cavaco Silva, dois dos quais em maioria absoluta, representam um autêntico case study em matéria de política desportiva.
Para quem não se recorda exactamente, lembremos que entre o X Governo (1985-87) e o XII Governo (1991-95) se sucederam 4 diferentes equipas ministeriais para tutelar o desporto: Deus Pinheiro; Roberto Carneiro; Couto dos Santos/Briosa e Gala; Manuela Ferreira Leite/Castro de Almeida.
Todos com o mesmo Primeiro-Ministro, como é bem de ver. Mas, não poderiam ser mais diferentes do que a água e o azeite!
Tomemos, por exemplo, o caso do desporto escolar.
Em 1986, Deus Pinheiro, entre duas tacadas de golfe, fazia publicar o Dec-Lei nº 150/86, de 18 de Junho, no qual se distinguia entre a educação física curricular (cuja tutela se distribuía pelas diferentes direcções-gerais pedagógicas) e o desporto escolar que, enquanto actividade desportiva extra-curricular passava para a alçada da Direcção-Geral dos Desportos, recomendando-se, como modelo de desenvolvimento deste subsistema, o inacreditável "livre associativismo juvenil".
Cinco anos volvidos, já com o Ministro Couto dos Santos, vem a ser publicado o Decreto-Lei nº 95/91, de 26 de Fevereiro, o qual vem estabelecer que o desporto escolar deve, ao invés, estar totalmente integrado no sistema educativo. Em consequência, revoga-se o Dec-Lei nº 150/86 e extinguem-se as competências da Direcção-Geral dos Desportos sobre esta matéria.
Duas políticas contraditórias; a mesma maioria absoluta; o mesmo Primeiro-Ministro.
Isto sim: isto é que era governança científica!
E se formos bem a ver, seguramente assente em estudos, análises e, sobretudo, bastas estatísticas!!!!
Ao anónimo das 15:09
Coerência, não é isso. Coerência é isto:
Estabelecia o artº24º da Lei 1/90, de 13 de Janeiro (redacção originária:
No seio de cada federação unidesportiva cujas modalidades incluam praticantes profissionais deve existir um organismo encarregado de dirigir especificamente as actividades desportivas de carácter profissional, o qual tem de titular autonomia administrativa, técnica e financeira.
Três anos volvidos, o artº 34º, 1, do Dec-Lei nº 144/93, de 26 de Abril veio "regulamentar" esta norma da seguinte forma:
Nas federações desportivas em cuja modalidade se disputem competições de carácter profissional deve ser constituído um organismo dotado de autonomia administrativa, técnica e financeira, integrado, obrigatória e exclusivamente, pelos clubes ou sociedades com fins desportivos federados que participem em tais competições.
A maioria absoluta também era a mesma; o Primeiro-Ministro também era o mesmo (Cavaco Silva).
Mas tal não impediu que a Lei de Bases dissesse uma coisa, e o Regime Jurídico dissesse outra bem diferente.
Com a vantagem de que, nesse tempo, Meirim ainda não escrevia no PÚBLICO - andava entretido a elaborar aquele Regime Jurídico - e portanto não poderia zurzir no jurista que o elaborou - ou seja, nele próprio...
Caro José Manuel Constantino
Não se trata de lustrar ou deslustrar os esforços das administrações públicas desportivas para ultrapassar essa situação, mas apenas referir que os referidos esforços se perdem pela falta de continuidade de uma estrutura sólida, de uma matriz só, onde se enquadrem e encaixem todos os dados, colhidos cíclica e regularmente.
Desde 1946 até hoje todos os dados publicados inseriam-se numa matriz criada em cada momento, para a sua recolha, e sem a preocupação metodológica de continuidade.
Temos, sem dúvida, muitas dados estatísticos, mas cada grupo de recolhas com a sua matriz, com indicadores desiguais de matriz para matriz, com métodos diferenciados de matriz para matriz, o que dificulta qualquer estudo, análise e interpretação do caminho do desporto.
Por exemplo, se se observar a matriz criada pelas 5 universidades, e a compararmos com as matrizes produzidas desde 1946, verificamos que aquela diz respeito à avaliação da aptidão física, enquanto as anteriores dizem respeito ao número de instalações desportivas, n.º de federações, de atletas, de clubes, numerários, etc.
A Professora Salomé, para um estudo dos hábitos desportivos portugueses, quais as procuras, e quais as práticas, elaborou uma matriz.
Temos assim três tipos de matrizes (do passado, da Salomé, das 5 universidades), e outras haverá.
O que importa, num hipotético Gabinete de Base de Dados, é congregar as mesmas, estudar a hipótese de outras, programá-las e manter o Gabinete em permanente actividade, para que desses esforços permanentes resulte alguma utilidade.
Caro João Boaventura
Estou de acordo com o que afirmas. Não conheço o trabalho do Observatório Nacional da Actividade Física e do Desporto, nem o trabalho de actualização das Estatísticas do Desporto Federado, salvo o que veio publicado na comunicação social .Mas em princípio parecem-me iniciativas louváveis e importantes. Esse facto em nada diminui a tua observação quanto à eventualidade de os referidos esforços se poderem perder “pela falta de continuidade de uma estrutura sólida, de uma matriz só, onde se enquadrem e encaixem todos os dados, colhidos cíclica e regularmente.”
Obrigado
Ao Anónimo das 22:59
Voltei hoje ao debate para esclarecimento de subjectivações.
Quando escrevi
“minifúndios”, “de Herodes para Pilatos”
mais não representei do que metáforas, tal como a metáfora que o Anónimo utilizou na expressão "uso campeão" (quando quis dizer usucapião, e que se aplica aos móveis e imóveis).
Relativamente aos outros termos como "imediatismo" ele é a expressão que retrata a execução das estatísticas como objectivo de momento, ou, utilizando a temporalidade histórica, estatística "ocasional", isto é, sem projecção para prosseguir ininterruptamente, em "curta duração" (que abarca alguns decénios) para se poder visionar, no futuro (hoje, por exemplo, ao fim de 67 anos) qual a evolução do desporto nacional.
Se ler com atenção o meu primeiro comentário, desapaixonadamente, verificará que me limitei a uma crítica não de hoje, mas de 67 anos desaproveitados para a criação de uma base de dados.
Quer um exemplo?
Diz que "há mais área para fazer desporto do que havia entre 2005 e 2009", mas não faz a mínima ideia da sua evolução desde 1946. Contenta-se com a evolução "ocasional" de 5 anos correntes, mas fica por saber quais as áreas antes de 2005, para ajuizar do ganho obtido.
A DGG elaborou uma matriz para a anotação das áreas desportivas implantadas em Portugal, a que deu o nome (bem ou mal) de Atlas das Instalações Desportivas, que se foi actualizando durante 7 anos, como Camões dizia "Sete anos de pastor Jacob servia".
Depois, mudam os governos, muda-se a DGD para INDESP, o INDESP para IND, mudam as pessoas, mudam-se as estruturas, mudam-se as orgânicas,e nestas mudanças e contra-danças, instala-se a ideia, como nas revoluções, de que é necessário criar o "homem novo", coisas novas, ideias novas, e perde-se uma linha de orientação, porque nenhum novo governo se arrisca a ser acusado de se ter aproveitado de uma base de dados criada pelo anterior governo.
Quer outro exemplo?
Na DGD criou-se um Gabinete de Sociologia, sem necessidade de figurar em despacho ou norma, onde pontuava uma socióloga, um arquitecto e um antropólogo, onde se elaboraram documentos que foram apresentados no Conselho da Europa.
Durou sete anos, como Camões dizia, "Sete anos de pastor Jacob servia."
Sou apologista da dinâmica mas, para que ela se instale é necessário que haja alguma coisa estática (base de dados), que permaneça, e que no seu estatismo nominal funcione dinamicamente como um Instituto Nacional de Meteorologia em permanente recolha de dados.
Quer outro exemplo?
O trabalho das 6 universidades, durante três anos e meio, terá maior utilidade se prosseguir o seu trabalho de recolha permanentemente, para que daqui a alguns anos podermos ter uma ideia panorâmica da evolução da juventude portuguesa.
Se não o fizerem, se foi só para o "ocasional", ficamos condenados a, daqui a 10 ou 20 anos, se efectuar o mesmo trabalho com indicadores e instrumentos outros, em zonas diferentes, dificultando o estudo evolutivo da aptidão física.
Enquanto não pensarmos a longo prazo, ao tempo de "longa duração",
ou de "curta duração", continuaremos em quintas separadas (minifúndios), sem ofensa a nenhum deles.
Nunca pus em causa o trabalho das pessoas, mas se acha que sim, então é favor incluir o meu nome nelas também.
E para que o mesmo anónimo verifique quanto tenho exemplificado, lembrei-me de mais um caso que nos revela que muitas vezes, nem são os governos que alteram tudo.
No tempo da DGD havia um Gabinete de Estudos, criado pelo Director-Geral, para recolha de dados e estudos, como o nome indica, e onde pontuaram o Dr. Baganha e o Doutor Gustavo Pires, que desenvolveram os tais trabalhos "ocasionais".
E sabe porquê?
Porque mudou o Governo e mudou também o Director-Geral. Mas enquanto o governo ficou sossegado no Ministério, o novo Director-Geral virou a direcção-geral de alto a baixo, e acabou com o Gabinete de Estudos, porque tinha campo aberto para orientar o Desporto.
Quis inovar e revolucionar. Fez grupos de trabalho encarregados de apresentarem ideias, distribuindo os temas por diversos técnicos.
Juntou os trabalhos todos num livro, e apresentou-o à imprensa como sendo da sua autoria.
Nada funcionou porque conseguiu paralisar todo o serviço.
Aqui tem mais um exemplo de como às vezes os directores-gerais conseguem ser piores que o próprio governo.
São estes sismos no percurso da administração pública desportiva que estragam o desporto.
Por isso, o desporto anda aos saltos.
Espero tê-lo esclarecido de vez.
Tem razão no que diz, Professor João Boaventura.
E fico deveras satisfeito por esclarecer que não pertence aos que usam o malhar nos governantes como um-modo-de-vida.
Os «campeões desse uso» são, infelizmente, cada vez mais. É verdade, que os tempos e os empregos também estão mais difíceis. Mesmo assim.
A «continuidade» é de facto essencial.
Sei, porque também assisti, no meu caso desde 1974, a esse quebrar da continuidade nos «Institutos» feita pela sucessão de governos.
Discordo, se me permite, em apenas duas pequenas questões pequeninas. Que não põem em causa o essencial do que disse.
São as seguintes:
--- No trabalho em que participei nestes 4 anos, relativo á produção de dados e indicadores estatísticos da «relação do desporto com o mar e os recursos hídricos», ocorreu o seguinte. Foi necessário haver uma «Comissão Interministerial» e uma «Estrutura de Missão» para ser possível congregar as pessoas e as instituições que tinham «dados e informações» relevantes. Mesmo assim foi difícil. Eram de «partidos diferentes», porque envolveu as regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, várias universidades, instituições e fundações de direito privado, empresas, instituições estrangeiras como a UE, ou a UNESCO, etc. Não estavam lá «governantes», eram as pessoas e as instituições que faziam por si essa dificuldade. Mas foi possível alcançarmos o resultado. Portanto, para conseguirmos essa “continuidade”, que muito bem refere, talvez seja útil seguir aquela proposta de inserir os resultados desses esforços no Sistema Estatístico Nacional, em parceria com o EuroStat.
--- A segunda questão é mais difícil. Eu assisti, também, á destruição de muitas pessoas de valor. Os amigos punham lá os amigos, que saltavam logo para «chefes». Isso destruiu a continuidade. Deu cabo do respeito pela hierarquia de valor, e também destruiu a continuidade do trabalho. E não foram só os governantes e os partidos. Esses minaram a continuidade por causa dessa sucessão de sucessões, que talvez seja um custo da Democracia, porque é o Povo que vota e revota.
Mas quem lhe disse que algumas das pessoas que referiu nos exemplos que referiu desistiram? Que esse trabalho que mencionou se perdeu?
Talvez sim, talvez não.
Talvez os «obstaculizadores» possam sofrer mais do que sofreram no passado para derrotarem os «resistentes». Talvez tenham pela frente, se o destino e a saúde quiserem, aqueles que nunca desistem, e não temem nenhum adversário.
Veremos…
Anónimo das 22:59
Há um desafio no Desporto que é de criar um IDP, vamos chamar-lhe apenas um nome, com uma cultura de administração pública central, equivalente aos outros sectores nacionais e que também se encontra no desporto de muitos países europeus.
Os políticos olham para os factos sonantes e o IDP não tem tido relações com o Benfica, Sporting e o Porto, nem ninguém morre porque há menos praticantes ou um novo clube de bairro fecha portas, ou um treinador tem salários em atraso, o orçamento foi encurtado sem razão, ou beneficiado B ou C, etc.
Veja-se o caso do doping, o doping tem notícias mortais e foi criado um departamento operacional e quando existe uma distracção lá existem notícias que acordam.
O desporto que beneficia a população nós sabemos que mói mas não ‘mata’.
Na história ao longo de 20 anos o IDP necessitava de ter desenvolvido valias para poder ter políticas eficazes nas seguintes áreas:
• recreação, do jovem ao idoso, passando pelos bairros de carenciados,
• competição, tratam-se dos aspectos legislativos, não se tratam das dinâmicas organizacionais, económicas e sociais
• profissional, não existe um sector, especialistas, estudos sobre esta área
• associativismo desportivo,
• ocupação / usufruto dos espaços de desporto, artificiais e naturais, pela população
• programação desportiva, estudos e procedimentos, estatísticas
As faculdades ilusoriamente costumam dizer que o IDP não devia fazer isto e aquilo.
É um erro, a faculdade é uma coisa e o IDP é outra. Sem um IDP competente as faculdades formam alunos para o sub e o desemprego, no mercado do desporto em todas as suas áreas, e em vez de beneficiarem da encomenda de 20 estudos, estarei a exagerar, durante a legislatura recebem um e devem ficar agradecidas.
Quanto ao INE. O INE é o produtor nacional de estatísticas reconhecido nacional e internacionalmente. Propus ao José Cordovil, ex-vice-presidente, e ao José Manuel Constantino, ex-presidente do IDP, uma estrutura de articulação desde o acto desportivo mais simples ao mais complexo, a produção de estatísticas do desporto o qual teve a concordância do INE, com quem foi estabelecido um protocolo. Ao contrário do sugerido aqui, actualmente, o INE aceita a liderança do IDP na produção de estatísticas desportivas.
A cultura de um IDP é um processo complexo que não se coaduna com a substituição de toda a massa crítica técnica que se assiste entre legislaturas. Encher a instituição de yes-men e women liderados por pessoas acabadas de aterrar tem resultados concretos que se poderiam observar se houvesse instituições e área dedicadas ao estudo do desporto para além do que se justifica cientificamente. Encher a administração de formados em direito é uma corporativização absurda em que nem os técnicos de desporto têm assento. Os concursos demonstram que o processo de liquidação do desporto está em curso e compreende-se a cabeça perdida dos seus autores perante a simples dúvida.
A cultura do desporto também tem de vir de fora do IDP, dos partidos, do associativismo e das faculdades.
Houve um líder de uma modalidade que me encomendou um estudo. O responsável político sem conhecer o estudo ou prometer vir a conhecê-lo disse que não se devia dar o passo maior do que a perna, que não se devia copiar os outros, etc. Matou o projecto na sua apresentação. Ao longo da legislatura a área a que se referia o estudo, deu mostras de ter sobre ela uma pressão externa muito grande, como o líder desportivo esperava e se tinha precavido. O relevante foi a miopia do líder político que rejeitou o acto do líder desportivo por ele ser da oposição e por ser um estudo económico. Nenhum acto de política atacou os problemas do sector com eficiência. Este é o exemplo de um acto de um líder de uma modalidade e que foi recusado por motivos políticos e assassinou um conjunto de medidas que poderiam ter beneficiado não só aquela modalidade mas outras, havendo a articulação de interesses transversais à produção desportiva. O líder político destruiu e não construiu.
Sem administração do desporto que seja competente o poder político está desprovido de meios e fica prejudicado nos seus resultados políticos no final da legislatura ao sentir-se acossado pela incompreensão daqueles com quem não dialogou e hostilizou ao longo dos anos do seu mandato. Este comportamento prejudica o partido do governo e pode contribuir para a perda de eleições ou de uma maioria eleitoral onde todos os votos contam.
Vamos lá colocar as questões nos seus termos certos até porque a maioria dos partipantes neste debate é civilizada:
a)Que Governo é que fez pela primeira vez um levantamento estatístico dos indíces de prática de actividade física em Portugal em colaboração com as cinco universidades desta área?
b)Que Governo é que fez o levantamento estatistico sobre toda a actividade do desporto federado?
c) Que Governo é que está a levar a cabo o levantamento de todas as instalações desportivas em Portugal (a muito falada e nunca concretizada carta desportiva nacional)?
d) Que Governo é que reabilitou todo o compelxo desportivo do Jamor, apesar de os anteriores governos terem retirado ao Estado qualquer hipótese de obter comparticipação comunitária no finaciamento das dezenas (dezenas!) de novas estruturas?
e) Que Governo é que constriuiu mais de 80 campos relvados em 80 concelhos que não tinham um único campo relvado?
f) Que governo é que construiu mais de 200 mini-campos desportivos multiusos para a prática do desporto de proximidade?
e) Que Governo levou a cabo um programa de construção de centros de alto-rendimento que no espaço dos próximos dois anos já servirá cerca de 20 modalidades?
f)Que governo é que aumentou as bolsas da alta competição, garantiu descontos para a segurança social aos seus atletas e os isentou de pagamento de impostos sobre as bolsas?
e) Que governo é que aumentou o financiamento das federações durante quatro anos seguidos?
f) Que governo é que aliviou o contribuinte português e garantiu, ao mesmo tempo, uma situação desafogada ao desporto português através da renegociação das verbas do Jogo?
g) Que Governo é que sustentou durante quatro anos um programa de financiamento aos pequenos clubes?
h) Que governo é que garantiu, pela primeira vez, que haja verbas comunitárias dedicadas à área do Desporto?
i) Que governo é que legislou uma nova lei de bases? Que governo é que legislou um novo regime jurídico? Que governo legislou uma nova lei contra a violência e outra contra o doping? Que governo legislou o funcionamento dos ginásios? Que governou legislou um novo estatuto para a alta competição? Que governo legislou um novo regime para os treinadores e o novo regime de seguro obrigatório?
j) Que Governo levou a cabo um novo programa de modernização tecnológica das federações?
l) Que Governo cumpriu a tempo e horas um contrato olímpico e negociou, pacificando o cop, o novo contrato olímpico para LOndres 2012?
M) Que governo introduziu a obrigatoriedade do desporto no 1 ciclo e investiu mais de 30 milhões ano no desporto escolar?
n) Que Governo deixou preparado para os próximos anos a construção do maior museu europeu do Desporto?
Resposta: Foi o Governo que teve Laurentino Dias a liderar a área do desporto. Por puro acaso, o melhor SEJD da história da Democracia portuguesa. Como diria o outro, essa é que os morde....
Com os meus melhores cumprimentos de um anónimo que só é anónimo porque não confunde as suas opiniões com as funções que exerce profissionalmente.
E a Rainha descobriu o seu regaço e disse: 'São Rosas Senhor...' Com as pestanas a dar, a dar, a dar.
Para o anónimo das 18:12
E quem é que fazia de Rainha? O Paulinho das Feiras?!
O Anónimo das 12:33 deve estar a sonhar. Alguma vez podia ter lá feito isso tudo!
Talvez a única primeira vez tenha sido um Secretário de Estado de facto a mandar em vez dos vários chefes dos vários institutos. Isso sim. Talvez.
Anónimo
"O museu de desporto maior da Europa"? Qual museu, onde está? Aposto que esse "museu" estará feito no dia de São Nunca à Tarde? Vai uma aposta? É só propaganda!
Anónimo
Também acho. Essa do museu é um insulto ao coitado do autor, que bem arrependido deve estar, ao ver comentários desta índole.
Anónimo
Não posso acreditar naquilo que vi escrito. Não conheço este técnico F. Tenreiro. Mas está completamente desactualizado do que é hoje, em 2009, a realidade desportiva e o desporto. E como são estudados nas universidades a nível nacional e internacional.
Como é possível haver técnicos com estas lacunas num instituto público responsável pelo desporto em Portugal?
É absolutamente errado e desadequado dizer que, passo a citar, “Na história ao longo de 20 anos o IDP necessitava de ter desenvolvido valias para poder ter políticas eficazes nas seguintes áreas: • recreação • competição; • profissional • associativismo desportivo • ocupação / usufruto dos espaços de desporto • programação desportiva, estudos e procedimentos, estatísticas.”
Agora compreende-se muito bem outras coisas que neste Blog são ditas e que a maioria das pessoas não percebe.
Anónimo
Essa do museu do desporto ainda vai dar muito que falar. O Santana Lopes logo lhe trata da saúde.
Anónimo
ao anónimo de 24 de Agosto de 2009 22:17
Eu refiro-me às políticas públicas eficazes e você referir-se-á a outra coisa.
A primeira cabe à administração pública do desporto e a segunda você dirá.
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