Numa semana em que domina a negociação mundial tendo em vista um acordo climático global, é curioso ter disparado entre nós a discussão em torno da disputa de um evento que tanta poluição ambiental produz.
Abstraindo-nos, por ora, deste problema ecológico, e reportando-nos ao campeonato internacional da Red Bull Air Race é sabido que nos últimos três anos, a prova portuguesa decorreu no Porto, sobre o rio Douro, entre a Ponte da Arrábida e a Ponte Luís I.
Embora nunca me tenha deslocado para assistir in loco a tal prova, é público que se tratou de um evento que mobilizou a cidade e atraiu na última edição um milhão de espectadores, mas em concreto pouco mais se pode invocar quanto aos impactos turísticos, sociais, económicos produzidos, pois não são conhecidos estudos que os certifiquem.
Para a edição de 2010 a organização da “Fórmula 1 dos Céus” terá procurado outras paragens:
“Estávamos seguros de poder manter Portugal no calendário e Lisboa conseguiu preencher todos os requisitos necessários para receber a corrida, levando a Red Bull Air Race World Championship para o próximo nível. Nós estamos ansiosos por esta parceria com a Capital portuguesa e por poder ter uma corrida numa nova e espectacular localização,” (Bernd Loidl, o CEO da Red Bull Air Race)
E logo várias vozes portuenses, quais milhafres feridos nas asas ecoaram pelos media:
- "As coisas foram feitas com um tal secretismo extraordinário que até parece que tinham alguma coisa para esconder"... "é uma falta de respeito atroz com a região Norte e com as instituições que, ao longo de três anos, assumiram a projecção do evento (Melchior Moreira, presidente da Entidade de Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal);
- "Será paga com as ajudas dos compadres do costume, como é o caso do Instituto de Turismo de Portugal e das empresas públicas e parapúblicas sedeadas em Lisboa" (Filipe Menezes, Presidente da Câmara de Gaia);
- “É mais um factor negativo” do caminho trilhado por um país “que não tem juízo” por “tudo acontecer na capital” (Rui Rio, Presidente da Câmara do Porto).
Mas ainda existem dúvidas quanto ao macrocefalismo e à atractividade financeira das entidades sediadas na capital (leia-se multinacionais, empresas e organismos públicos) e quanto ao carácter centralizador do nosso Estado?
Para os menos atentos à realidade do Porto, recordemos a recente campanha eleitoral autárquica e a posição de Teixeira dos Santos (na qualidade de cabeça de lista à Assembleia Municipal do Porto na lista de Elisa Ferreira) “o Porto não pode continuar a ser uma cidade que se esvazia, que perde importância, que não tem capacidade de atrair investimento, actividade económica, emprego, …, é por isso que nós cá estamos”.
O que têm a dizer agora este portuense, na veste de ministro das finanças, e demais responsáveis políticos?
Abstraindo-nos, por ora, deste problema ecológico, e reportando-nos ao campeonato internacional da Red Bull Air Race é sabido que nos últimos três anos, a prova portuguesa decorreu no Porto, sobre o rio Douro, entre a Ponte da Arrábida e a Ponte Luís I.
Embora nunca me tenha deslocado para assistir in loco a tal prova, é público que se tratou de um evento que mobilizou a cidade e atraiu na última edição um milhão de espectadores, mas em concreto pouco mais se pode invocar quanto aos impactos turísticos, sociais, económicos produzidos, pois não são conhecidos estudos que os certifiquem.
Para a edição de 2010 a organização da “Fórmula 1 dos Céus” terá procurado outras paragens:
“Estávamos seguros de poder manter Portugal no calendário e Lisboa conseguiu preencher todos os requisitos necessários para receber a corrida, levando a Red Bull Air Race World Championship para o próximo nível. Nós estamos ansiosos por esta parceria com a Capital portuguesa e por poder ter uma corrida numa nova e espectacular localização,” (Bernd Loidl, o CEO da Red Bull Air Race)
E logo várias vozes portuenses, quais milhafres feridos nas asas ecoaram pelos media:
- "As coisas foram feitas com um tal secretismo extraordinário que até parece que tinham alguma coisa para esconder"... "é uma falta de respeito atroz com a região Norte e com as instituições que, ao longo de três anos, assumiram a projecção do evento (Melchior Moreira, presidente da Entidade de Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal);
- "Será paga com as ajudas dos compadres do costume, como é o caso do Instituto de Turismo de Portugal e das empresas públicas e parapúblicas sedeadas em Lisboa" (Filipe Menezes, Presidente da Câmara de Gaia);
- “É mais um factor negativo” do caminho trilhado por um país “que não tem juízo” por “tudo acontecer na capital” (Rui Rio, Presidente da Câmara do Porto).
Mas ainda existem dúvidas quanto ao macrocefalismo e à atractividade financeira das entidades sediadas na capital (leia-se multinacionais, empresas e organismos públicos) e quanto ao carácter centralizador do nosso Estado?
Para os menos atentos à realidade do Porto, recordemos a recente campanha eleitoral autárquica e a posição de Teixeira dos Santos (na qualidade de cabeça de lista à Assembleia Municipal do Porto na lista de Elisa Ferreira) “o Porto não pode continuar a ser uma cidade que se esvazia, que perde importância, que não tem capacidade de atrair investimento, actividade económica, emprego, …, é por isso que nós cá estamos”.
O que têm a dizer agora este portuense, na veste de ministro das finanças, e demais responsáveis políticos?
Oh Porto como estás distante…
8 comentários:
Lisboa já teve o Formula Um dos barcos e a poluição sonora durante dias seguidos é semelhante ao da fórmula do céu ou da terra.
Para além da poluição que os promotores destes mega-eventos em Portugal não avaliam, o Porto tem razão quando diz a Lisboa para usar outros activos sem canibalizar o país.
As externalidades deste consumismo extravagante são úteis para o turismo e para os políticos como a Maria José Carvalho tão bem elucida.
O desporto como produtor de conteúdos por excelência tem de competir com o incentivo a estas actividades de internalização financeira instantânea que os poderes públicos satisfazem.
Feito no Porto e em Lisboa alguém deveria avaliar o custo e o benefício económicos destas regiões para compreender bem quem perde e quem ganha coom as distintas ocupações do tempo de lazer dos portugueses.
Excelente poste, professora
Finalmente consigo encontrar um blogue onde se comenta mais um acto de macrocefalia e prepotência da ex-capital do ex-império, ciosa de glórias passadas, sobre os seus súbditos. Bem-haja Professora!
Confesso que não sou fã de Rio, nem de Menezes, nem tão pouco destas corridas algo barulhentas e poluentes, mas, c’os diabos, sou do Porto! E quando estes nossos centralistas da capital vêm assim tão descaradamente esvaziar-nos de algo que nos traz importância, valor e projecção, isto mexe comigo. Porque não tenhamos dúvidas de que foi a capital (e com ela a triste entidade que nos (des)governa e que dá pelo nome de Governo português) que desviou a Red Bull Air Race (RBAR) do Porto para Lisboa! E se não o fizeram directamente fizeram-no por omissão, não tomando posição nem intervindo. A RBAR tem todo o direito de fazer valer a sua marca, de procurar maximizar o retorno da sua visibilidade. Já Lisboa e o nosso triste (des)governo não têm o direito de, à má fila e pela calada, darem um golpe (mais um) na redução dos desequilíbrios a que há mais de 30 anos vimos assistindo neste pobre país. Se a RBAR pretendia (será que pretendia mesmo? É que o Porto proporcionou das mais belas imagens que se podem ver em www.redbullairrace.com) mudar de cidade, cabia ao nosso pobre (des)governo vir a terreiro e procurar manter o cliente. No Público de hoje, um blogue referia que a diferença seria de 800 mil para 3,5 milhões de euros. Será que Lisboa já conseguiu sanear a sua situação financeira para abrir assim os cordões à bolsa? Em meio mandato?? Ou vai ser Oeiras a pagar o grosso da factura??? Ou será que alguém lhes agasalha as costas???? Quanto às afirmações do ministro/candidato autárquico Teixeira do Santos, valem o que vale o autor: nada! A intenção única é sacar votos, e se para isso for preciso vender a alma ao diabo ou afirmar de manhã uma coisa e de tarde o seu contrário… pois venda-se e afirme-se. Vamos então aguardar serena e tranquilamente para ver quem vão ser os patrocinadores. E qual o próximo bocado do Porto é que ex-capital do ex-império cá vem buscar.
Os tripeiros que façam pela vida em vez de se lamentarem, é como diz o Pinto da Costa o Rui Rio e o resto da cambada não tem prestigio.
Sou lisboeta, mas tenho pena que a corrida saia do Porto, embora ambas tivessem um bom enquadramento paisagístico, o que não é de menor importância. Isto apesar de não apreciar minimamente este tipo de corridas.
Acredito que a pressão do patrocinador tenha sido forte, porque sei como funcionam estas negociações e na minha opinião o financiamento estatal (seja ele autárquico ou central através do ITP) deve ser mínimo para este tipo de eventos.
Acho que a solução apresentada por Rui Rio, de alternância entre as duas cidades era a melhor.
Das milhares de cidades e de locais onde o evento se poderia efectuar a concorrência entre Lisboa e o Porto faz-se porque não existe um objecto central para a ocupação do tempo livre dos portugueses na perspectiva do seu bem-estar e do menor custo para o promover.
Os políticos portugueses sabem que a sua população remunera o que lhe enche o olho.
Quem não se recorda dos ralis e da fórmula um no 25 de abril, os quais passavam por Portugal porque alguém lhes pagava mais do que os outros países europeus faziam.
As formulas uns pagam-se bem e Portugal financia este consumo de notoriedade ou megalomania.
Seja a administraçáo local seja a central gostam mais de financiar um evento de formula um que sorve recursos públicos como se queima um fósforo do que criar um desporto direccionado para o bem-estar da população.
A concorrência entre Lisboa e o Porto foi explorada pelo promotor internacional, a que os políticos portugueses não tiveram dúvidas em aceitar, aumentando o défice da balança de transacções correntes.
Pouco interesse tem discutir quem fez o quê
A sustentabilidade do país passa pelo conhecimento do custo e do benefício económicos deste tipo de eventos.
Só desta forma teremos a certeza de estarmos ou não a pagar para a riqueza do promotor e a ser agentes do nosso empobrecimento pelos indicadores de bem-estar europeus, independentemente de aceitarmos o Porto ou Lisboa como palco destes mega-eventos motorizados.
Sou pouco dado a estas coisas de réplicas, tréplicas e outras polémicas mas como me parece entrever no comentário das 18:11 alguma sobranceirice e não menos veneno (exacerbado pelo carácter anónimo da pouca prosa) acho que a coisa merece resposta.
Na imprensa de hoje (Jornal de Notícias, 20/12) vem noticiado que dos 70 milhões de euros atribuídos pelo Turismo de Portugal (TdeP) em 2008, o distrito de Lisboa ficou com 70% (49 milhões). Os outros 30% foram distribuídos muito equitativamente pelo “resto” do país: 4,8 milhões para Leiria (6,8%), 4,2 milhões para a Madeira (5,9%) e assim por aí fora. Ah! É verdade o distrito do Porto recebeu 2,2 milhões (3,1%). Além disso, a comparticipação do TdeP nos investimentos elegíveis para incentivos foi também “muito justa e equitativa”: em Lisboa comparticipou com 54% e no resto do país andou perto deste valor (5% no Porto, 4,5% em Faro…). A RBAR também entra neste contexto. Os investimentos relativos a esta iniciativa elegíveis para incentivos foram de 14 e 17,6 milhões de euros para 2007 e 2008, respectivamente. Comparticipações do TdeP? 300 mil e 500 mil euros para cada ano (2,1% e 2,8%).
E tudo isto é um círculo vicioso, porque o dinheiro vai para onde há projectos, que vão para onde há visibilidade, que é onde está o dinheiro, sem nunca sairmos desta espiral. A ex-capital do ex-império, nestes últimos anos, tem esvaziado o Porto daquilo que ele tem de melhor e mais positivo, dentro do lema “Ai! Queres virar-te contra nós? Então vem até nós!” Os exemplos abundam nestes últimos 34 anos, tanto em termos de pessoas como de empresas. Colocados perante a inutilidade de combater estes monstros centralistas (que não são moinhos de vento, são bem reais) optam por descer até à ex-capital do ex-império para tratar das suas vidinhas. E é assim que para 2010, dentro da “equitativa” comparticipação nos investimentos elegíveis, o TdeP dará para a RBAR 1,9 (vá lá, arredondemos, 2) milhõezitos de euros. A ex-capital do ex-império comporta-se como um eucalipto que seca tudo à volta. O que quer que o Porto consiga arranjar de novo para o futuro, a ex-capital do ex-império se encarregará de lhe dar o devido encaminhamento na senda do que fez com a RBAR. Refira-se a propósito que, de acordo com um estudo do IPAM citado pelo JN, esta iniciativa produziu um impacto de cerca de 20 milhões de euros! Mas sejamos claros e não percamos de vista a floresta: isto não é mais do que um pequeno fait-divers no meio dos regabofes desvairados e despesistas a que as ex-capitais dos ex-impérios gostam de se entregar em períodos de crise e decadência, na ilusão de que tudo vai bem e o pior já passou. E agora mesmo para acabar, para a próxima não se esconda atrás do anonimato, creio que o tema não o justifica.
o senhor que é presidente da câmara do Porto, apenas vai colhendo do que semeia. Quanto ao resto, é olhar para o que se passa na Galiza e copiar.
Lisboa subjuga-se pelo dinheiro. O resto é conversa.
Peço ao anónimo das 00:12 que diga o que se passa na Galiza para podermos saber todos saber o mesmo
muito obrigado
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