Seja pela globalização dos mercados e consequente aumento concorrencial, seja pela maior consciencialização e exigência de qualidade dos serviços e produtos por parte dos consumidores/utentes, a realidade da certificação da qualidade de organizações, instalações e serviços está hoje de pedra e cal e com grande margem de progressão.
Para quem trabalha nos domínios da gestão não será novidade a referência ou a adopção de modelos ou sistemas de gestão de qualidade, tais como os da European Foundation for Quality Management - EFQM - ou da International Organization for Standardization - ISO - , assim como a utilização de diversas ferramentas de gestão aplicadas à qualidade e à estratégia como a análise SWOT ou o Balanced Scorecard (BSC).
Para quem trabalha nos domínios da gestão não será novidade a referência ou a adopção de modelos ou sistemas de gestão de qualidade, tais como os da European Foundation for Quality Management - EFQM - ou da International Organization for Standardization - ISO - , assim como a utilização de diversas ferramentas de gestão aplicadas à qualidade e à estratégia como a análise SWOT ou o Balanced Scorecard (BSC).
Entre nós, surpresa ou novidade, será equacionar a aplicação daqueles modelos às organizações desportivas, ou então a criação de outros, para a respectiva certificação de qualidade.
Há dias, em solo catalão, assisti a uma palestra onde foi explanada a implementação de um programa de qualidade da gestão das entidades desportivas da Catalunha criado ex novo pela Generalitat de Catalunya e com aplicação apenas nesta região. Tal acção foi da iniciativa do Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha (INEFC), instituição que merece destaque não apenas pelas suas magníficas instalações decorrentes dos Jogos Olímpicos de 1992, mas por representar o último resistente, tal qual os “irredutíveis gauleses”, do ensino superior da área da educação física que permanece na dependência do Governo Autonómico e não da Universidade neste caso a de Barcelona, apesar de parcerias com ela estabelecidas. Como tal, o INEFC é um cooperante activo da política do Governo da Catalunha e um exemplo muito interessante de conhecer e seguir para os portugueses que normalmente advogam a independência entre a Universidade e o poder político, ainda que a actuação de algumas destas instituições represente, por vezes, a continuidade e a ramificação desse mesmo poder político.
Voltemos às políticas do Governo da Catalunha para a melhoria da qualidade das entidades desportivas da região e ao respectivo modelo de certificação de qualidade de gestão. Ainda que a intencionalidade política seja a de abranger as entidades desportivas, as infra-estruturas e equipamentos desportivos e os produtos e serviços, nesta fase apenas se encontra em implementação a que respeita às federações desportivas. Processo este que no nas palavras de Anna Pruna, Secretária-Geral do Desporto visa incentivar o conjunto de Federações a adoptarem sistemas de gestão baseados em critérios de excelência organizativa e de qualidade e que se centrem principalmente nas acções que realizam para definir, planificar e dirigir as estruturas de trabalho e sistemas organizativos. Para tal, os requisitos básicos que as federações têm de cumprir para obter a certificação nada têm de transcendente: implementação de mecanismos que permitam a melhoria contínua da gestão da organização, o estabelecimento de resultados mensuráveis com base em dados objectivos, e dispor de um plano de futuro da federação inovador e liderado pela respectiva direcção.
O que mais me impressionou foi a tentativa de desburocratizar, a cooperação na preparação de todo o processo entre a administração pública e as federações desportivas e o consequente financiamento para um período de 3 anos, findo o qual voltam a rever tudo. Desde o início do processo efectuam reuniões conjuntas com protagonistas de diferentes funções e níveis hierárquicos para efectuar o diagnóstico e planear os programas e acções a desenvolver (ver o guia para a certificação de qualidade das federações desportivas). Não se cinge a uma relação administrativista, como a que transparece da realidade portuguesa, tantas vezes relatada pelos nossos dirigentes e bem demonstrativa para quem consulta o Diário da Republica (são às dezenas e dezenas os contratos-programa de desenvolvimento desportivo que se repetem sucessivamente, seja para os cumprimento dos duodécimos, seja para a publicitação do contrato anual. Quantos recursos dispendidos todos os anos em prol de uma administrativização pouco promotora da qualidade dos processos gestionários internos federativos).
Em suma, as federações desportivas catalãs que queiram obter a acreditação de qualidade de gestão desportiva apresentam a solicitação ao Conselho Catalão de Desporto, juntando documentação de uma entidade de avaliação que certifique o cumprimento dos requisitos e parâmetros de qualidade estabelecidos na norma de aplicação e aguardará a avaliação por uma comissão especializada e a ulterior deliberação do Conselho acima referido.
Transpondo para a nossa realidade, será exigir muito que as nossas organizações desportivas, designadamente as de maior dimensão e complexidade organizativa como as federações desportivas, comecem a trabalhar respeitando e cumprindo critérios de qualidade da sua organização e dos seus serviços, e não apenas respeitando a estrita execução burocrática de relatórios e mais relatórios, de contratualizações e mais contratualizações tipo?
2 comentários:
É bom sabermos do que se vai passando noutros países para melhorarmos as nossas organizações. Agora acreditar que o governo ou o IDP estão interessados em cooperar com as federações para elas melhorarem os seus processos de qualidade é utopia, fundamentalmente porque não têm sabedoria para o fazer. Quanto às federações elas o que pretendem é receber o dinheiro público para sobreviverem e trabalharem o quanto baste.
Obrigado.
Até que enfim que concordo com um anónimo. Só é pena que o seja.
É exactamente isso que se passa: nem o IDP quer cooperar com as Federações (porque não entende dos assuntos) nem estas querem que o IDP se meta no que estatutariamente não lhe diz respeito.
A verdade é que as Federações são autónomas na vontade e dependentes (umas mais, outras menos), no dinheiro, o que as obriga a assinar de cruz os contratos-programa. Para sobreviverem.
E não se sai disto.
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