Novo texto de Luís Leite, que se agradece.
Junho e Julho, desportivamente, neste país, são os meses dos “reforços”. Tudo o resto passa a segundo plano. É uma questão de fé e com a fé não se brinca.
Entende-se por “reforço” a aquisição de um jogador de futebol por uma SAD portuguesa, sendo que na maioria dos casos o craque, normalmente sul-americano, é completamente desconhecido do público que compra jornais desportivos. Exceptuam-se a esta regra as transferências de jogadores portugueses.
Trata-se de uma actividade com um conjunto de particularidades:
1) É um bom negócio para o clube que o vende;
2) É um bom negócio para o próprio jogador;
3) É um óptimo negócio para o empresário que trata do negócio;
4) É um óptimo negócio para os jornais desportivos;
5) É um péssimo negócio para o País.
Já alguém se deu ao trabalho de fazer as contas de quanto é que sai por ano em divisas de Portugal para o estrangeiro? Eu confesso que não sei fazer estas contas, porque não disponho dos dados, mas julgo que a importação de jogadores de futebol estrangeiros é certamente, senão a primeira, pelo menos a segunda actividade económica que mais contribui para o desequilíbrio na balança comercial entre Portugal e os países sul-americanos, com particular realce para o Brasil, logo a seguir ao turismo (?).
É que deste lado compram-se muitas centenas todos os anos (mais os respectivos muitos milhões de euros em vencimentos) e do lado de lá não tenho conhecimento de uma única compra!
Seria interessante perceber como é que clubes/SADs tecnicamente falidos que têm dívidas de bem mais de 500 milhões de euros que não param de crescer todos os anos, conseguem obter o crédito (dinheiro não têm) para comprar mais do que vendem, gastando invariavelmente mais do que recebem. E os saldos negativos são de muitos milhões de euros!...
Como é que isto é possível? De onde vem o dinheiro? De direitos de transmissão televisiva hipotecados para 8/12 anos? E mesmo assim com o prejuízo sempre a aumentar?
Será que a crise não passa pelo Futebol?
2 comentários:
Já que ninguém comenta, parto do princípio de que nada há a acrescentar. Mas, além de fazer afirmações, eu também faço perguntas, para que alguém me esclareça.
Será que ninguém sabe explicar-me como é que o sistema funciona?
De onde vem o dinheiro?
Como são aprovados relatórios e contas de SAD' com défices monumentais que sempre vão crescendo? Com falências óbvias.
Como reage a CNVM a tudo isto? E os accionistas?
O 'pessoal' sabe que se não comentar 'alguém' o fará...
Teima em fazer de conta que 'não entende' o porquê...
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