Novo texto de Luís Leite.
Para se ter uma noção da pobreza relativa do nosso desempenho olímpico (considerando apenas os Jogos de Verão) e de que a situação praticamente não evoluiu com os regimes políticos, ou seja, pouco ou nada dependeu das políticas ou da falta delas, meditemos no seguinte e depois comparemos com o caso espanhol.
Portugal
Medalhas obtidas antes do Estado Novo:
(Jogos de 1924 e 1928)
Total: 2
Média: 1 medalha
Medalhas obtidas durante o Estado Novo:
(Jogos de 1936, 1948, 1952, 1964, 1968 e 1972)
Total: 5
Média: 0,83 medalhas
Medalhas obtidas após o 25 de Abril:
(Jogos de 1976, 1980, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008)
Total: 15
Média: 1,67 medalhas
Sendo as probabilidades de obter uma medalha muito semelhantes, independentemente de ser ouro, prata ou bronze, pode concluir-se que o acréscimo de sucesso conseguido com a democracia é muito reduzido. Apesar de a média ter duplicado dos tempos da Ditadura para os da Democracia, o número médio de medalhas continua a ser muito escasso para uma nação com mais de 10 milhões de habitantes.
A verdade é que Portugal nunca conseguiu mais que 3 medalhas nuns Jogos Olímpicos e em apenas duas ocasiões: Los Angeles (1984) e Atenas (2004), sendo a média geral das participações olímpicas 1,29 medalhas por cada edição.
Espanha:
Medalhas obtidas antes da Ditadura:
(Jogos de 1900, 1920, 1924, 1928 e 1932)
Total: 5
Média: 1 medalha
Durante a Ditadura:
(Jogos de 1948, 1952, 1960, 1964, 1968, 1972 e 1976)
Total: 6
Média: 0,86 medalhas
Medalhas obtidas em Democracia:
(Jogos de 1980, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008)
Total: 102
Média: 12,75 medalhas
Mesmo dando desconto de a Espanha ter organizado os Jogos de 1992 (Barcelona), onde fez enormes investimentos e ganhou 22 medalhas, veja-se as semelhanças entre os dois países (antes da implantação do regime democrático vigente) e as diferenças brutais (após a implantação do mesmo regime democrático): 1,67 para 12,75 medalhas de média por cada edição.
Conclui-se:
1) Julgo ser legítimo responsabilizar os sucessivos Governos democráticos portugueses no que respeita às deficientes condições oferecidas para a obtenção de medalhas em Jogos Olímpicos;
2) Não se pode esperar em 2012 mais do que 0 (versão pessimista) a 3 medalhas (versão optimista), sendo mais do que isso criar ilusões sem grande sentido.
3) O Desporto olímpico português não evoluiu grande coisa com este Regime e com os apoios comunitários, ao contrário do espanhol.
Honra excepcional aos atletas nacionais (não esquecendo os seus treinadores e diversas estruturas federativas) que, com apoios estatais relativamente reduzidos, conseguiram a rara proeza da obtenção de uma medalha olímpica, sobretudo aqueles que obtiveram duas: Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro.
Para se ter uma noção da pobreza relativa do nosso desempenho olímpico (considerando apenas os Jogos de Verão) e de que a situação praticamente não evoluiu com os regimes políticos, ou seja, pouco ou nada dependeu das políticas ou da falta delas, meditemos no seguinte e depois comparemos com o caso espanhol.
Portugal
Medalhas obtidas antes do Estado Novo:
(Jogos de 1924 e 1928)
Total: 2
Média: 1 medalha
Medalhas obtidas durante o Estado Novo:
(Jogos de 1936, 1948, 1952, 1964, 1968 e 1972)
Total: 5
Média: 0,83 medalhas
Medalhas obtidas após o 25 de Abril:
(Jogos de 1976, 1980, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008)
Total: 15
Média: 1,67 medalhas
Sendo as probabilidades de obter uma medalha muito semelhantes, independentemente de ser ouro, prata ou bronze, pode concluir-se que o acréscimo de sucesso conseguido com a democracia é muito reduzido. Apesar de a média ter duplicado dos tempos da Ditadura para os da Democracia, o número médio de medalhas continua a ser muito escasso para uma nação com mais de 10 milhões de habitantes.
A verdade é que Portugal nunca conseguiu mais que 3 medalhas nuns Jogos Olímpicos e em apenas duas ocasiões: Los Angeles (1984) e Atenas (2004), sendo a média geral das participações olímpicas 1,29 medalhas por cada edição.
Espanha:
Medalhas obtidas antes da Ditadura:
(Jogos de 1900, 1920, 1924, 1928 e 1932)
Total: 5
Média: 1 medalha
Durante a Ditadura:
(Jogos de 1948, 1952, 1960, 1964, 1968, 1972 e 1976)
Total: 6
Média: 0,86 medalhas
Medalhas obtidas em Democracia:
(Jogos de 1980, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008)
Total: 102
Média: 12,75 medalhas
Mesmo dando desconto de a Espanha ter organizado os Jogos de 1992 (Barcelona), onde fez enormes investimentos e ganhou 22 medalhas, veja-se as semelhanças entre os dois países (antes da implantação do regime democrático vigente) e as diferenças brutais (após a implantação do mesmo regime democrático): 1,67 para 12,75 medalhas de média por cada edição.
Conclui-se:
1) Julgo ser legítimo responsabilizar os sucessivos Governos democráticos portugueses no que respeita às deficientes condições oferecidas para a obtenção de medalhas em Jogos Olímpicos;
2) Não se pode esperar em 2012 mais do que 0 (versão pessimista) a 3 medalhas (versão optimista), sendo mais do que isso criar ilusões sem grande sentido.
3) O Desporto olímpico português não evoluiu grande coisa com este Regime e com os apoios comunitários, ao contrário do espanhol.
Honra excepcional aos atletas nacionais (não esquecendo os seus treinadores e diversas estruturas federativas) que, com apoios estatais relativamente reduzidos, conseguiram a rara proeza da obtenção de uma medalha olímpica, sobretudo aqueles que obtiveram duas: Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro.
13 comentários:
Que profundo! Que finura de análise! Que intelectual!
P.S. - Por lapso, na contagem do número de Jogos Olímpicos durante o Estado Novo, foram esquecidos os de Los Angeles (1932), pelo que a média de medalhas baixa de 0,83 para 0,71, o que é irrelevante.
O critério de incluir 1928 no período anterior ao Estado Novo é do autor.
Portugal não ganha mais medalhas porque nesta terra os dirigentes e apaniguados querem arrebanhar as medalhas esquecendo-se que quem as ganha são os atletas!
Quanto foi investido neste regime Democrático na FPA para o alto rendimento(representa mais de 50% do desporto Olímpico português)e quanto desse dinheiro foi investido EFECTIVAMENTE na preparação dos atletas?
Já agora o exemplo espanhol não é exemplo, como se pode rever num estado que privilegia o Doping como caminho para o sucesso.
http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1460288
Faltou ao LL referir que na FPA se recebem mais de 250 mil euros/mês fora...aquilo que ele sabe...
Deixemos de fora os dinheiros recebidos mensalmente do COP, por ora!
Os governos têm tido culpa é de colocar estes dinheiros à gestão de quem dela percebe nicles...
Já não há pachorra para estes anónimos que, ou não apresentam argumentos (o 1º) ou só escrevem disparates (o 2º).
Este último, nos 3 parágrafos, não acerta uma:
O primeiro não tem ponta por onde se lhe pegue, tal o displante;
O segundo, só releva a relativa qualidade do trabalho do Atletismo, visível nos resultados e número de atletas que conseguem mínimos; quanto à aplicação do dinheiro da PREPOL, posso garantir que foi, pelo menos no meu tempo, gasto exclusivamente na preparação dos atletas;
O terceiro, é simplesmente irresponsável; dizer-se que o Estado espanhol privilegia o doping como caminho para o sucesso é simplesmente ridículo; atletas que se dopam há em todos os países; uns são apanhados; outros, não.
F Oliveira:
Não me competindo defender a honra de quem é responsável pela FPA, tenho a obrigação de esclarecer, para que não restem quaisquer dúvidas, o seguinte:
1) A FPA é sujeita a auditorias permanentes pelo IDP;
2) A FPA presta contas, semestralmente, ao COP.
Acha você que o dinheiro que a FPA recebe do Estado tem sido mal gasto?
Você é exigente!
O que dizer então dos 16 milhões gastos no velódromo de Sangalhos, que não serve para nada, nem para a música pimba?
Cordialmente...
Comparada com as 70 e muitas pistas de atletismo é mais um elefante branco.....
Quanto ás contas porque será que as bolsas são pagas directamente aos atletas e não via Federação?
Temos muitas pistas de 400m?
Em Espanha há mais de 400 com 6 ou mais corredores e todas apetrechadas, homologadas e em bom estado, porque têm manutenção e são renovadas.
Em Portugal não há mais meia dúzia em condições para se fazerem provas oficiais.
Em França há mais de 600, na Alemanha há mais de 1000.
Quanto a bolsas olímpicas, a FPA transferiu sempre, mas sempre, o dinheiro para os atletas no dia seguinte a tê-lo recebido.
Se houve atrasos que motivaram a decisão de o COP pagar directamente, tal responsabilidade só pode ser de outra ou outras Federações.
A decisão SEJD/COP é idiota, já que todas as outras verbas envolvidas na preparação de atletas (bolsas de treinadores, estágios, acompanhamento médico e fisioterapêutico, etc.) e que envolvem quantias muitíssimo superiores, são pagas pela Federação.
Se em algum momento algum atleta de queixou (o que duvido), foi devido a atrasos na transferência do COP para a Federação.
Não percebem nada do assunto e mandam bocas...
Não há nada como comparar.
Medalhas obtidas em Jogos Olímpicos de Verão por alguns países europeus com população semelhante ou inferior a Portugal desde o 25 de Abril até à actualidade:
Hungria - 173
Suécia - 90
Dinamarca - 51
Grécia - 49
Noruega - 49
Suíça - 40 (+ 83 nos de Inverno)
Bélgica - 31
Portugal - 15
Palavras para quê?
(continuação):
Bulgária - 159
Holanda - 127
Finlândia - 49 (+82 nos JO Inv.)
Áustria - 27 (+127 nos JO Inv.)
Portugal - 15
Se quiserem, passo para alguns países do 3º Mundo...
Então, ninguém quer apresentar argumentos a favor do brilhante Desporto Olímpico Português?
Ah, estes números não interessam...
É que não conheço nenhum gabinete de estudos sobre a matéria nem na SEJD, nem no COP nem em lado nenhum em que, ao menos, se tome conhecimento interno da nossa realidade desportiva e estudos comparados deste tipo sejam divulgados.
Sobram os figurões do costume, nas fotografias ao lado do Carlos, da Rosa e do Nelson! A Fernanda sempre foi mais discreta.
LL:
Ninguém ataca a honra da FPA. É mencionada porque vc "usa e abusa" dela e de praticantes da modalidade como exemplo de suporte às suas pseudo teses...
1) Também todas as outras Federações que recebem apoios do Estado;
2) Também todas as outras Federações que estão nos projectos olímpicos;
Exigente é vc para com aquelas modalidades que recebem 15 e 20 mil euros por mês.
Se o Estado coloca mais de 65% (e não 50 %) na FPA e só se consegue obter os resultados que se sabe quer que as outras façam o quê?
FO:
O dinheiro que as Federações recebem do Estado, bem ou mal, é proporcional ao número de desportistas que conseguem atingir categoria internacional.
Para isso existem critérios, que se baseiam nos mínimos para as grandes competições e nos rankings mundiais.
Se o Atletismo recebe mais que as outras é porque, tendo muito mais atletas de nível internacional, precisa de mais dinheiro e toda a estrutura, por via disso, é mais pesada.
Você achava bem que todas as Federações recebessem o mesmo?
Mas o tema não é esse.
O tema é: nós valemos globalmente muito pouco no Desporto internacional, muito menos do que aquilo que seria normal esperar tendo em atenção que estamos na Europa e estamos, como se comprova, no fim da lista de mérito relativo.
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