Um comentário anónimo ao texto sobre o aumento do IVA, sem qualquer apreciação ao conteúdo do texto, mimoseava-me com alguns qualificativos. Desde o de fomentar um registo “intelectualmente desonesto”, de criticar por criticar o “homem do leme” e de ter servido a administração pública e não ter obra para apresentar. E de caminho aproveitava para julgar algumas das pessoas que aqui escrevem ou comentam. Sobre mim não há problema. Sobre os outros em texto da minha responsabilidade não. E foi esse facto, e apenas esse, que levou a que o comentário não fosse colocado. Lamento. E aproveito a embalagem.
Um dos modos de matar uma discussão é não falar sobre as ideias mas sobre as pessoas que defendem esta ou aquela ideia. Procurando desqualificar as pessoas para deste modo fragilizar as ideias que defendem. A história está repleta de exemplos. E sobretudo nas ditaduras. Mas num contexto como o que estamos a viver, de penoso fim de ciclo, de degenerescência democrática, de instabilidade e insegurança relativa à continuidade no poder o debate é propício a não estar centrado nas ideias para se transformar numa oposição entre pessoas. A campanha presidencial em curso é, de resto, um fiel e infeliz exemplo.
Nunca aqui se escreveu o que os actores sociais e políticos fazem com as suas vidas. Nem o que das suas vidas é feito á custa do emprego público. Nem o que das suas vidas privadas é conflito de interesses com o serviço público. Apresentam-se ideias, comentam-se decisões, defendem-se teses. Umas vezes bem, outras assim – assim e outras porventura erradas. E depois assina-se. Tudo aqui tem um nome. Porventura apreciamos mais a concordância que a discordância. Mas não é possível estarmos todos de acordo. Resta-nos ser capaz de viver e crescer com opiniões divergentes. E de apreciar as razões dos outros para, se for caso disso, corrigirmos ou mudarmos as nossas.
O estado desportivo em que estamos também se explica, em parte, por aquilo que somos, e pela incapacidade em sermos melhores. No interior de cada democrata habita muitas vezes o espírito despótico. E é sempre possível destruir uma tese, descobrindo no autor, alguém que em tempos andou a roubar figos, não respeitou uma fila, agrediu um animal ou copiou nos bancos da escola. Os exemplos são intencionalmente banais. A artilharia pesada é a mais comum.
A ingenuidade paga-se com juros altos. Afinal a história da humanidade demonstra que o debate de ideias é também um debate entre pessoas. E que esse debate não é apenas sobre o valor das ideias. Mas o que elas podem representar em termos de poder, estatuto, visibilidade, segurança ou até emprego. E por isso, volta e meia, vive-se uma espécie de retrocesso histórico. Parece que andamos para trás. Que certos tipos de conquistas civilizacionais assentam em bases tão frágeis que não são conquistas mas apenas estados situacionais que ao menor abalo podem ser reversíveis. A própria democracia. Que é um bem perecível. Costuma dizer-se que as plantas, tanto podem morrer por agua a mais, como por agua a menos. A liberdade e o sentido de responsabilidade são o oxigénio da democracia. Na dose certa. Ou então corrermos o risco de sossobrar. De forma lenta. Mas passando cada dia que passa com menos vitalidade. Até ficar a forma. Mas desabitada de qualquer conteúdo. É um risco e pode ser evitado. Se, não abdicando das ideias, respeitarmos as pessoas. E sempre assumindo a responsabilidade do que dizemos ou escrevemos. É simples e fácil de o dizer. Bem diferente de o cumprir.
Um dos modos de matar uma discussão é não falar sobre as ideias mas sobre as pessoas que defendem esta ou aquela ideia. Procurando desqualificar as pessoas para deste modo fragilizar as ideias que defendem. A história está repleta de exemplos. E sobretudo nas ditaduras. Mas num contexto como o que estamos a viver, de penoso fim de ciclo, de degenerescência democrática, de instabilidade e insegurança relativa à continuidade no poder o debate é propício a não estar centrado nas ideias para se transformar numa oposição entre pessoas. A campanha presidencial em curso é, de resto, um fiel e infeliz exemplo.
Nunca aqui se escreveu o que os actores sociais e políticos fazem com as suas vidas. Nem o que das suas vidas é feito á custa do emprego público. Nem o que das suas vidas privadas é conflito de interesses com o serviço público. Apresentam-se ideias, comentam-se decisões, defendem-se teses. Umas vezes bem, outras assim – assim e outras porventura erradas. E depois assina-se. Tudo aqui tem um nome. Porventura apreciamos mais a concordância que a discordância. Mas não é possível estarmos todos de acordo. Resta-nos ser capaz de viver e crescer com opiniões divergentes. E de apreciar as razões dos outros para, se for caso disso, corrigirmos ou mudarmos as nossas.
O estado desportivo em que estamos também se explica, em parte, por aquilo que somos, e pela incapacidade em sermos melhores. No interior de cada democrata habita muitas vezes o espírito despótico. E é sempre possível destruir uma tese, descobrindo no autor, alguém que em tempos andou a roubar figos, não respeitou uma fila, agrediu um animal ou copiou nos bancos da escola. Os exemplos são intencionalmente banais. A artilharia pesada é a mais comum.
A ingenuidade paga-se com juros altos. Afinal a história da humanidade demonstra que o debate de ideias é também um debate entre pessoas. E que esse debate não é apenas sobre o valor das ideias. Mas o que elas podem representar em termos de poder, estatuto, visibilidade, segurança ou até emprego. E por isso, volta e meia, vive-se uma espécie de retrocesso histórico. Parece que andamos para trás. Que certos tipos de conquistas civilizacionais assentam em bases tão frágeis que não são conquistas mas apenas estados situacionais que ao menor abalo podem ser reversíveis. A própria democracia. Que é um bem perecível. Costuma dizer-se que as plantas, tanto podem morrer por agua a mais, como por agua a menos. A liberdade e o sentido de responsabilidade são o oxigénio da democracia. Na dose certa. Ou então corrermos o risco de sossobrar. De forma lenta. Mas passando cada dia que passa com menos vitalidade. Até ficar a forma. Mas desabitada de qualquer conteúdo. É um risco e pode ser evitado. Se, não abdicando das ideias, respeitarmos as pessoas. E sempre assumindo a responsabilidade do que dizemos ou escrevemos. É simples e fácil de o dizer. Bem diferente de o cumprir.
5 comentários:
O senhor Professor está completamente enganado neste post. Ponto um, as críticas que lhe fiz não eram pessoais e apenas políticas. O Sr Prof., ao contrário do que pensa, até me merece respeito pela sua inteligência e conhecimento. Agora a verdade é que, ao contrário do que apregoa, também tem uma história de serviço público. Critica o homem do leme, do alto da sua cátedra, mas esquece-se completamente de que teve a oportunidade de fazer muitas coisas, enquanto cá esteve, e não as fez. Pode confrontar mas não pode ser confrontado? Enfim, essa raiz de pensamento cavaquista não colhe comigo por uma única razão: porque o senhor professor sabe que foi feito mais nesta e na anterior legislatura do que na sua e nas outras todas anteriores. Posso falar, para não o maçar, porque sabe isso muito bem, apenas de alguns aspectos: refinanciamento do movimento desportivo através das leis do jogo; execução de fundos comunitários em infraestruturas de topo (e não escolhidas a dedo perante os autarcas da cor política de ocasião); alterações da legislação fiscal que enquadra os atletas, financiamento do desporto escolar a níveis incomparáveis, requalificação do Jamor; redução extraordinária do quadro de funcionários do IDP e redução da dependência do dinheiro dos contribuintes; alteração do regime jurídico das federações desportivas; financiamento estável do movimento federativo e dos eventos internacionais; aumento do número de praticantes informais de desporto ou até a alteração do IVA nos ginásios. Quanto a esta última medida, o Dr. Constantino não quis, e isso, uma vez que o sabia, apenas posso assacar a desonestidade intelectual, referir que foi o homem do leme que decidiu baixar a taxa do IVA nos ginásios e que depois foi apunhalado pelos próprios ginásios que nunca fizeram sentir essa descida dos impostos na conta final dos utentes. Lágrimas pelo aumento di IVA agora, depois de se ver que os ginásios nunca estiveram de boa fé este processo, não passam de lágrimas de crocodilo......[eliminado pelo moderador por comnter observações a outros elementos do blogue …………………………Também aproveito para lhe explicar o que já expliquei a outros: nunca trabalhei para o Estado antes do anterior mandato; ganhava mais no meu anterior emprego do que ganho agora e não corro, acredite, o risco de ser exilado numa câmara qualquer próxima de si depois de terminar as funções que me obrigam ao anonimato. Nem todos podem dizer o mesmo. Ou talvez não... Finalmente, gostava que me explicasse em que é que lhe faltei ao respeito. Até prova em contrário, apenas tiro a conclusão que posso tirar: o Senhor Porfessor José Manuel Constantino gosta muito da crítica mordaz e irónica mas só quando ela é aplicada, por si mesmo, aos outros.
Adepto do SCP
Com diz o Bernardo, sportinguista, socialista e socrático!!!!
Caro Prof,
Quanto mais leio os seus posts mais o felicito. Lucidez, independência e razão muita falta fazem a este país de boys e seguidores.
As criticas sao sp bem vindas mas qd revestidas de recados, de anonimos compulsivos e ferozes destruidores do investimento privado nem vale a pena perder tempo.
O tempo destes está a esgotar-se e o tapete começa a fugir-lhes.
Continue com a sua critica perspicaz mas acima de tudo com a sua independência !
Armando Moreira
adepto da actividade física, da iniciativa privada, do empreendedorismo mas acima de tudo da verdade, da coerência e da integridade!
Caro J.M. Constantino,
Como sabe, tenho grande admiração por si e pelo que tem pensado e publicado sobre o Desporto português e não só.
Estou convencido de que nunca me censuraria porque, sendo um livre pensador, nunca passei das marcas.
Sabe bem que digo e escrevo o que penso e sempre assinei por baixo. Por isso, sempre fui contra o anonimato.
Nunca fui incorrecto e sempre me limitei a esgrimir argumentos.
E gostava bastante de estar no "Colectividade Desportiva".
Infelizmente, um comentário meu sem qualquer conteúdo incorrecto foi censurado pela pessoa que me convidou e por quem tenho respeito e consideração intelectual.
Por esse motivo desliguei-me do CD.
A Liberdade de expressão é um bem perecível. Pois é.
Cumprimentos,
LL
J.M. Constantino:
Concordo integralmente com o conteúdo da sua entevista ao Público de hoje. Eu diria rigorosamente o mesmo.
LL
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