Declaração prévia: não sou uma pessoa isenta na avaliação e nos comentários seguintes. Mas procuro não trazer mais achas para a fogueira. E sobretudo não prejudicar uma análise fria da situação com problemas e apreciações de índole pessoal. Limito-me, ou pelo menos tento, apreciar o que foi dito por um dirigente desportivo a propósito de um governante.
Pinto da Costa referiu-se ao homem do leme do nosso desporto em termos que são conhecidos. Aparentemente porque o governante terá publicamente referido que sendo do distrito de um dos competidores na final de Dublin preferiria que esse fosse o vencedor. O que disse é normal, razoável e a não justificar uma réplica à medida que recebeu. O facto de ser governante em nada belisca o poder exprimir uma simpatia pessoal por este ou aquele clube. E essa simpatia em nada prejudica a equidistância que no exercício das funções públicas deve ter para com todos os clubes. O da sua simpatia e os outros. É preferível que o assuma a que invoque uma falsa neutralidade. O que ouviu, e que o país conhece, só pode ser entendido à luz de um efeito conjugado de outros factores. Uns imagino quais sejam. Outros não. Nem é importante. O problema é outro.
Um governante deve dispor de uma dignidade institucional acima de apreciações que ferem elementares patamares de respeito pelas funções públicas que exerce. A pessoa e o político podem merecer a nossa desaprovação. A tendência para dar expressão pública a essa desaprovação pode ser grande. Mas a um dirigente de uma instituição de utilidade pública pede-se contenção e sentido de responsabilidade. Mesmo quando o criticado se coloca a jeito, não tanto pelo que é invocado, mas por um magistério de ausência de elementares regras de prudência, isenção e humildade no exercício das funções públicas. O caso “Carlos Queiroz”demonstra-o. Quando quem governa perde muitas vezes a noção do limite, os governados perdem-lhes o respeito.
As minudências do caso ficarão para os protagonistas. O que virá a seguir para os adeptos das telenovelas. Para já fica uma lamentável ocorrência. Alguém dizia, perante o caso, que quem semeia ventos colhe tempestades. Não sei se é assim. Há tempestade que aparecem sem ventos. E há muito vento semeado que não desencadeia tempestades. E não é primeira vez que alguém é censurado pelo mal que não fez. E inocentado pelo muito que tramou.
Para quem acompanha a vida desportiva nacional, porventura, o facto nem merece grande perda de tempo. Os adversários de hoje afinal foram os companheiros de ontem. E bem podem ser os aliados de amanhã. É a vida. E dela só receio que se perca a memória. De que amanhã nos esqueçamos do que hoje acontece. Que no futuro a historia seja reescrita. Não a partir dos factos. Mas de uma revisão e selecção de apenas alguns deles. É que, perante o futuro, poderemos sempre corrigir comportamentos e trajectórias. Mas não podemos mudar o passado. Ele persegue-nos sempre no presente. Mesmo quando aparentemente está ausente. E por isso se diz que levamos uma vida inteira para nos desfazer da criança que habita em nós. O que se passou naquela tarde na cidade do Porto confirma que mais importante do que querer dar nas vistas é saber dar ouvidos. Nunca é tarde para aprender. Mas por vezes já é demasiado tarde para se demonstrar que se aprendeu.
Pinto da Costa referiu-se ao homem do leme do nosso desporto em termos que são conhecidos. Aparentemente porque o governante terá publicamente referido que sendo do distrito de um dos competidores na final de Dublin preferiria que esse fosse o vencedor. O que disse é normal, razoável e a não justificar uma réplica à medida que recebeu. O facto de ser governante em nada belisca o poder exprimir uma simpatia pessoal por este ou aquele clube. E essa simpatia em nada prejudica a equidistância que no exercício das funções públicas deve ter para com todos os clubes. O da sua simpatia e os outros. É preferível que o assuma a que invoque uma falsa neutralidade. O que ouviu, e que o país conhece, só pode ser entendido à luz de um efeito conjugado de outros factores. Uns imagino quais sejam. Outros não. Nem é importante. O problema é outro.
Um governante deve dispor de uma dignidade institucional acima de apreciações que ferem elementares patamares de respeito pelas funções públicas que exerce. A pessoa e o político podem merecer a nossa desaprovação. A tendência para dar expressão pública a essa desaprovação pode ser grande. Mas a um dirigente de uma instituição de utilidade pública pede-se contenção e sentido de responsabilidade. Mesmo quando o criticado se coloca a jeito, não tanto pelo que é invocado, mas por um magistério de ausência de elementares regras de prudência, isenção e humildade no exercício das funções públicas. O caso “Carlos Queiroz”demonstra-o. Quando quem governa perde muitas vezes a noção do limite, os governados perdem-lhes o respeito.
As minudências do caso ficarão para os protagonistas. O que virá a seguir para os adeptos das telenovelas. Para já fica uma lamentável ocorrência. Alguém dizia, perante o caso, que quem semeia ventos colhe tempestades. Não sei se é assim. Há tempestade que aparecem sem ventos. E há muito vento semeado que não desencadeia tempestades. E não é primeira vez que alguém é censurado pelo mal que não fez. E inocentado pelo muito que tramou.
Para quem acompanha a vida desportiva nacional, porventura, o facto nem merece grande perda de tempo. Os adversários de hoje afinal foram os companheiros de ontem. E bem podem ser os aliados de amanhã. É a vida. E dela só receio que se perca a memória. De que amanhã nos esqueçamos do que hoje acontece. Que no futuro a historia seja reescrita. Não a partir dos factos. Mas de uma revisão e selecção de apenas alguns deles. É que, perante o futuro, poderemos sempre corrigir comportamentos e trajectórias. Mas não podemos mudar o passado. Ele persegue-nos sempre no presente. Mesmo quando aparentemente está ausente. E por isso se diz que levamos uma vida inteira para nos desfazer da criança que habita em nós. O que se passou naquela tarde na cidade do Porto confirma que mais importante do que querer dar nas vistas é saber dar ouvidos. Nunca é tarde para aprender. Mas por vezes já é demasiado tarde para se demonstrar que se aprendeu.
2 comentários:
Caro JM Constantino:
Os meus parabéns por este texto que estava a ser necessário.
Concordo em pleno, mas se me permite acrescentaria uma pequena coisa: "Que no futuro a historia seja reescrita. Não a partir dos factos." Mas a partir da interpretação desses factos - como diria Nietzsche, "não há factos, apenas interpretações", mas interpretações iguais à do início do seu post - sabermos que não somos isentos mas que temos essa noção!
E essas interpretações estão precisamente em "Não a partir dos factos. Mas de uma revisão e selecção de apenas alguns deles. É que, perante o futuro, poderemos sempre corrigir comportamentos e trajectórias. Mas não podemos mudar o passado."
Bravo pela sua coerência e pela sua postura.
Um abraço.
Este secretário de estado é doloroso para os 4 sentidos (talvez para os 5 mas como nunca lhe toquei - uma felicidade que espero se mantenha - não sei).
Não tenho nada contra ele ser do Braga ou não gostar do Queiroz, todos temos preferências e ascos pessoais, o que me incomoda é a postura de pequeno César.
Ninguém lhe leva a mal ser do Braga (pelo menos, eu não levo) mas assume as cores depois da meia-final - também contra uma equipa de cá - o que me parece mais despropositado do que estranho.
Quanto ao caso Queiroz, é um exemplo acabado de incompetência e défice de QI; conseguiu que uma coisa pretendida por muitos (pela maioria?) se virasse contra ele: a saída do Seleccionador.
Este pequeno César desconhece o ditado que o inclui indirectamente sobre a seriedade mas talvez tenha mais culpa quem o pôs e mantém por lá (o Ministro da Administração Interna talvez fosse, também, um assunto interessante...tanto este como o do DVD).
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