A compra de dois campos de futebol por parte de uma autarquia (Matosinhos) retoma uma tendência, nunca ultrapassada, de usar dinheiro público para procurar resolver problemas de clubes desportivos com processos de falência associados ao futebol.
O problema do descalabro financeiro destes clubes e o papel que neles assume o futebol como depredador de recursos é uma matéria que não vale a pena perder muito tempo. Está estudada, é conhecida e sabe-se, de há muito, que quem gere o futebol está pouco disponível para mudar. Federação, Liga e Sindicato não têm problemas de salários em atraso, remuneram bem e convivem com a crise dos outros. Cá dentro e lá fora. Pois que passem bem.
O problema merece ser abordado, não para discorrer sobre a indústria do futebol, mas porque, uma vez mais, se colocam recursos públicos para resolver desmandos privados. E aqui, o caso, para além de socialmente censurável é chocante num momento em que o país pede emprestado para conseguir pagar o que não consegue gerar cá dentro.
A operação financeira que a comunicação social divulgou, a ser verdade, carece de aprovação das autoridades de controlo financeiro das finanças públicas, que vão ter de explicar em nome de que interesse público se afectam vários milhões de euros para comprar equipamentos antiquados que escapam à função e missão da entidade pública compradora. E que beneficio retirarão os respectivos munícipes de parte do seus recursos serem utilizados no destino anunciado. E como se torna possível com o enquadramento legislativo existente uma entidade pública operar um negócio comercial com uma entidade privada com vários processos de solvência pendentes. A criatividade jurídica opera milagres. E estamos em Maio que é um mês propenso a esse tipo de manifestações.
Mas o tema vale também para uma outra reflexão: o que se aprendeu com experiências anteriores de colocar dinheiros públicos para resolver negócios do futebol. Em que se perdeu o dinheiro. E não se resolveu o problema. A resposta é que nada se aprendeu. Se acaso se pedir uma explicação politica para esta operação ela virá com um facilidade espantosa. Sempre a mesma: a defesa do interesse público. E embora o mais comum dos mortais saiba que esse é o argumento que serve para todas as tropelias não há qualquer limite em, uma vez mais, o usar. Registe-se a persistência, mas censure-se a falta de vergonha.
Na operação financeira o município alienará acções que possui na SAD de um dos clubes. Dinheiros públicos colocados onde nunca o deveriam ter sido e agora utilizados para pagamento de um dos imóveis. Não é dinheiro que pertença a quem decide do seu destino. É dinheiro dos outros. Colocado e utilizado sem mandato dos representados. A que disposição da lei das competências das autarquias está acomodada a possibilidade de colocar recursos públicos em sociedades anónimas desportivas? Tanta inspecção, tanto tribunal de contas, tanta auditoria, tanta comissão disto e daquilo e ninguém tem coragem de colocar um ponto final neste regabofe.
Insistentemente se diz que precisamos de mudar de vida. De poupar mais e gastar menos. Mas o propósito entra por um ouvido e sai por outro. Diariamente se anunciam novos projectos públicos, novas despesas. Ou o que andam a dizer não passa de retórica, ou muitos decisores políticos ensandeceram. Resta a possibilidade, sempre provável, de considerarem que há mais vida para além do FMI! O que é verdade. Mas em regime de vida assistida. De hemodiálise. Se desligam a máquina,puff…o país para! Por vezes ficamos com a sensação que já faltou mais!!!!
O problema do descalabro financeiro destes clubes e o papel que neles assume o futebol como depredador de recursos é uma matéria que não vale a pena perder muito tempo. Está estudada, é conhecida e sabe-se, de há muito, que quem gere o futebol está pouco disponível para mudar. Federação, Liga e Sindicato não têm problemas de salários em atraso, remuneram bem e convivem com a crise dos outros. Cá dentro e lá fora. Pois que passem bem.
O problema merece ser abordado, não para discorrer sobre a indústria do futebol, mas porque, uma vez mais, se colocam recursos públicos para resolver desmandos privados. E aqui, o caso, para além de socialmente censurável é chocante num momento em que o país pede emprestado para conseguir pagar o que não consegue gerar cá dentro.
A operação financeira que a comunicação social divulgou, a ser verdade, carece de aprovação das autoridades de controlo financeiro das finanças públicas, que vão ter de explicar em nome de que interesse público se afectam vários milhões de euros para comprar equipamentos antiquados que escapam à função e missão da entidade pública compradora. E que beneficio retirarão os respectivos munícipes de parte do seus recursos serem utilizados no destino anunciado. E como se torna possível com o enquadramento legislativo existente uma entidade pública operar um negócio comercial com uma entidade privada com vários processos de solvência pendentes. A criatividade jurídica opera milagres. E estamos em Maio que é um mês propenso a esse tipo de manifestações.
Mas o tema vale também para uma outra reflexão: o que se aprendeu com experiências anteriores de colocar dinheiros públicos para resolver negócios do futebol. Em que se perdeu o dinheiro. E não se resolveu o problema. A resposta é que nada se aprendeu. Se acaso se pedir uma explicação politica para esta operação ela virá com um facilidade espantosa. Sempre a mesma: a defesa do interesse público. E embora o mais comum dos mortais saiba que esse é o argumento que serve para todas as tropelias não há qualquer limite em, uma vez mais, o usar. Registe-se a persistência, mas censure-se a falta de vergonha.
Na operação financeira o município alienará acções que possui na SAD de um dos clubes. Dinheiros públicos colocados onde nunca o deveriam ter sido e agora utilizados para pagamento de um dos imóveis. Não é dinheiro que pertença a quem decide do seu destino. É dinheiro dos outros. Colocado e utilizado sem mandato dos representados. A que disposição da lei das competências das autarquias está acomodada a possibilidade de colocar recursos públicos em sociedades anónimas desportivas? Tanta inspecção, tanto tribunal de contas, tanta auditoria, tanta comissão disto e daquilo e ninguém tem coragem de colocar um ponto final neste regabofe.
Insistentemente se diz que precisamos de mudar de vida. De poupar mais e gastar menos. Mas o propósito entra por um ouvido e sai por outro. Diariamente se anunciam novos projectos públicos, novas despesas. Ou o que andam a dizer não passa de retórica, ou muitos decisores políticos ensandeceram. Resta a possibilidade, sempre provável, de considerarem que há mais vida para além do FMI! O que é verdade. Mas em regime de vida assistida. De hemodiálise. Se desligam a máquina,puff…o país para! Por vezes ficamos com a sensação que já faltou mais!!!!
4 comentários:
O "jogo da bola", em Portugal, está claramente acima da Lei e a administração pública, por razões eleitoralistas e de satisfação de clientelas, tem sustentado, de todas as maneiras possíveis e imaginárias os clubes, todos tecnicamente falidos.
No fundo, acontece com o "jogo da bola" o que acontece com quase tudo o que são dinheiros dos nossos impostos: é sacar para os privilégios pessoais e gastar com os amigos dos partidos, para manter os tachos e, em consequência, subir na hierarquia partidária.
Um regabofe sem fim...
Caro Zé
Como as políticas camarárias, como aliás todas as políticas em geral, vivem de dissimulações, resta saber se a autarquia,sob a capa de salvar os clubes, não pretenderá vender os respectivos terrenos por bom dinheiro, na primeira oportunidade.
O que está por detrás do que parece, escapa à nossa percepção.
Um abraço
Caro Luís Leite
Infelizmente não é só o "jogo da bola".Atente no que se passa com a Prakalgar...
Caro João
Não conheço o PDM de Matosinhos e ignoro se no local pode haver outro tipo de construção.Mas mesmo que isso seja possível uma entidade pública não é um promotor imobiliário que deve operar no mercado na busca de mais valias dos bens transaccionáveis.E se assim fosse e os terrenos em causa tinham valor transaccionável os seus proprietários que os alienassem
Caro José Manuel Constantino:
Tudo isto é futebol, tudo isto é fado... "é a nossa sina!"
Usa-se dinheiro público para resolver problemas privados! (O futebol acima da lei, de Luís Leite!)
Os problemas privados ficam resolvidos! (Quais são os clubes? pagarão os salários "em atraso" aos jogadores, aos treinadores e aos funcionários?)
A questão que coloco é a seguinte: irá o investimento público ter retorno? Parece ser a resposta de João Boaventura - mais uma selva de betão naqueles lugares?
Um abraço
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