Os governos quando iniciam funções gozam, durante algum tempo, do chamado estado de graça. Algo em que aquilo que fazem é tolerado, mesmo quando não é apreciado. Sabe-se como esse estado é volátil e rapidamente se esgota. Não dou por adquirido que, face à crise que assola o País e à recomposição por que passa o principal partido da oposição, esse período não possa ser mais longo que o natural num regime democrático. Mas convém que o governo não abuse. E não transforme o estado de graça, na graça de um Estado que sobrevive à custa dos erros de quem o antecedeu e não pelos méritos do que faz.
Este estado de amolecimento funciona muitas vezes como um mecanismo defensivo. É a defesa, por antecipação, à acusação de que “só sabem criticar e dizer mal” .O problema é que a realidade e a vida estão para além dos floreados retóricos. Sejam por defeito ou por excesso. Porque, costuma dizer-se, não há uma segunda oportunidade de criar uma primeira boa impressão. E os sinais para essa primeira boa impressão escasseiam. O governo está longe de poder ser entendido como coeso. Há escolhas difíceis de entender. A perspectiva minimalista de um governo pequeno sem reformulação das funções do Estado um evidente risco. A atribuição de pastas a pessoas que invocam o desconhecimento das matérias porque são responsáveis, seria uma opção incompatível numa democracia com um mínimo de exigência cívica. Invocar a frescura de gente jovem como critério de mérito uma perfeita patetice. Constituir uma equipa, com as mais altas responsabilidades governativas, num contexto de crise, com pessoas que mal se conhecem é uma aventura. Uma coisa é pensar bem, outra diferente, é saber agir bem. Para mandar é preciso saber governar. E governar é diferente de escrever um livro, dar umas aulas ou proferir umas conferências. E o mundo está cheia de exemplos de quem governa e não sabe mandar.
O que se passa para os lados do desporto tem um pouco de tudo isto. O que se sabe e o que se não sabe. Bem sei que a vontade dos homens é, muitas vezes, o que as circunstâncias permitem. E a circunstâncias não abonam. Durante os anos em que esteve fora do governo o PSD remeteu-se à clandestinidade em matéria de governação desportiva. Pensamento critico onde está? Animou-se (e anima-se) quando se procura saber como se distribui o poder e quem vai para onde. Num circulo restrito de candidatos. Onde há de tudo: gente capaz e gente pouco recomendável. Em que os capazes se não conseguem ver livres das más companhias.
A constituição do gabinete de apoio ao novo homem do leme é um sinal. E um péssimo sinal. A recuperação de um ex - vice-presidente do IDP, de má memória (para todos quantos com ele trabalharam) em termos humanos e profissionais, revela a deriva e o descontrolo a que se chegou. Há uma razão política ou profissional para esta escolha? Não pode haver. É uma opção humilhante para muitos. Como alguém escreveu foi “premiado pelo partido que mais foi castigado por ele próprio”. Muitos foram os que se recusaram acreditar ser isso possível. Mas foi. E, por vezes, já é tarde para se emendar a mão. E ainda a procissão não saiu do adro.
Admito que tudo isto seja por culpa do meu pessimismo quanto à governabilidade do país. E do meu total cepticismo quanto à valorização do mérito e da competência para o exercício das mais elevadas responsabilidades públicas. E que, por isso, esteja enganado. E que, a realidade, seja bem mais promissora que o modo como a analiso. Oxalá esteja enganado. Mas cá por mim, a coisa não vai correr bem. Aguardemos.
Este estado de amolecimento funciona muitas vezes como um mecanismo defensivo. É a defesa, por antecipação, à acusação de que “só sabem criticar e dizer mal” .O problema é que a realidade e a vida estão para além dos floreados retóricos. Sejam por defeito ou por excesso. Porque, costuma dizer-se, não há uma segunda oportunidade de criar uma primeira boa impressão. E os sinais para essa primeira boa impressão escasseiam. O governo está longe de poder ser entendido como coeso. Há escolhas difíceis de entender. A perspectiva minimalista de um governo pequeno sem reformulação das funções do Estado um evidente risco. A atribuição de pastas a pessoas que invocam o desconhecimento das matérias porque são responsáveis, seria uma opção incompatível numa democracia com um mínimo de exigência cívica. Invocar a frescura de gente jovem como critério de mérito uma perfeita patetice. Constituir uma equipa, com as mais altas responsabilidades governativas, num contexto de crise, com pessoas que mal se conhecem é uma aventura. Uma coisa é pensar bem, outra diferente, é saber agir bem. Para mandar é preciso saber governar. E governar é diferente de escrever um livro, dar umas aulas ou proferir umas conferências. E o mundo está cheia de exemplos de quem governa e não sabe mandar.
O que se passa para os lados do desporto tem um pouco de tudo isto. O que se sabe e o que se não sabe. Bem sei que a vontade dos homens é, muitas vezes, o que as circunstâncias permitem. E a circunstâncias não abonam. Durante os anos em que esteve fora do governo o PSD remeteu-se à clandestinidade em matéria de governação desportiva. Pensamento critico onde está? Animou-se (e anima-se) quando se procura saber como se distribui o poder e quem vai para onde. Num circulo restrito de candidatos. Onde há de tudo: gente capaz e gente pouco recomendável. Em que os capazes se não conseguem ver livres das más companhias.
A constituição do gabinete de apoio ao novo homem do leme é um sinal. E um péssimo sinal. A recuperação de um ex - vice-presidente do IDP, de má memória (para todos quantos com ele trabalharam) em termos humanos e profissionais, revela a deriva e o descontrolo a que se chegou. Há uma razão política ou profissional para esta escolha? Não pode haver. É uma opção humilhante para muitos. Como alguém escreveu foi “premiado pelo partido que mais foi castigado por ele próprio”. Muitos foram os que se recusaram acreditar ser isso possível. Mas foi. E, por vezes, já é tarde para se emendar a mão. E ainda a procissão não saiu do adro.
Admito que tudo isto seja por culpa do meu pessimismo quanto à governabilidade do país. E do meu total cepticismo quanto à valorização do mérito e da competência para o exercício das mais elevadas responsabilidades públicas. E que, por isso, esteja enganado. E que, a realidade, seja bem mais promissora que o modo como a analiso. Oxalá esteja enganado. Mas cá por mim, a coisa não vai correr bem. Aguardemos.
45 comentários:
Como governar desportivamente um país que, já bem dentro do séc. XXI, praticamente só dá importância aos "reforços futebolísticos" estrangeiros, ao Futsal e ao Futebol de Praia, modalidades estas quase completamente desconhecidas no resto do mundo?
Como governar um país em que é possível ser campeão nacional de Futebol jogando só com estrangeiros?
Como governar um país em que os principais clubes profissionais/SAD só conseguem sobreviver através da exportação de jogadores e de sucessivos aumentos de capital ou ofertas de subscrição de acções ou obrigações que na prática, além de serem ruinosas, se destinam a comprar mais e mais futebolistas estrangeiros?
Como governar um país em que os resultados olímpicos não interessam grande coisa?
Como governar um país em que as "modalidades" (tudo o que não é Futebol) são apenas "curiosidades"?
Como governar um país dominado pela hipocrisia dos números manipulados do "mexa-se", das "corridas de (algo, tudo)" que afinal são caminhadas eventuais com direito a medalhas para todos, seguidas de almoçarada?
Como governar um país que despreza o mérito desportivo nacional e prefere e promove a clubite, os reforços estrangeiros, as claques animalescas e as negociatas corruptas?
Siceramente não sei!...
O João Bibe nunca prejudicou o PSD e atirar meias frases é um hábito que não ajuda nada o nosso desporto. Há funcionários do PCP que foram corridos para o Estádio Nacional por decisão do João Bibe mas não foi nenhum do PSD ou do CDS, nunca.
Correr com funcionários do PCP para o Estádio Nacional não faz mal; mau seria se fossem do PSD ou do CDS. Chegámos a isto!
o anónimo das 11,48 acha normal correr com funcionários do PCP para o Estádio Nacional
Em síntese: Bibe, volta. Estás perdoado.
Só encontro uma explicação:falta de vergonha!
o que é que o João Bibe fez que prejudicou o PSD?
Conclusão dos últimos 6 comentários:
O que importa mesmo são os partidos políticos e quem os serve ou não.
O resto é conversa...
Exmos senhor, a sua frase deveria ser mais do género "Admito que tudo isto seja por culpa da minha inveja, todos lá chegam e eu ainda ando por aqui, e da minha vontade de apenas criticar negativamente sem ter qualquer solução construtiva para o que penso serem problemas".
É preciso é saber porque é que o senhor LD, ex-SE correu com ele. Isso é que era bom saber!!!
Este último comentário é revelador do nível médio do anónimo típico.
Divertem-me especialmente os termos utilizados "inveja", "lá" e "aqui".
Quem já leu os meus comentários sabe que defendo o modelo desportivo americano, baseado na Escola Secundária (High School) e na Universidade (NCAA).
Uma política desportiva completamente diferente.
Em que se ensina o desporto a sério na escola e nas instalações municipais, com as lógicas adaptações às características regionais e locais; e se faz a indispensável captação de talentos em todas as modalidades de forma tendencialmente igual, sem privilégios para o Futebol.
Enquanto o desporto escolar e universitário forem o que são, não passaremos disto.
E quanto aos dirigentes, deverão ter formação universitária específica, nos lugares chave da Administração Pública, das Federações e dos Clubes.
Depois, é só deixar o mercado funcionar, limitando porém a importação de estrangeiros no desporto profissional.
Sem uma mudança radical das mentalidades e um aumento da cultura desportiva não passaremos da cauda da Europa.
Uma perfeita incompetência, um disparate do tamanho da ignorância. Um arquitecto de pistas mondo já feitas a falar de desporto? Só pode dar nisto. O modelo americano na europa, e em Portugal? Com a organização da sociedade e do ensino que existe na europa ficavam milhões de jovens fora do acesso à prática desportiva. Será que este arquitecto nem sequer percebe a triste figura que faz em público?
Uma das conferências proferidas no Casino Lisbonense, em 27 de Maio de 1871, a de Antero de Quental, que tinha o título de Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos, poderia com alguma magnanimidade mudar o tempo para cinco séculos, ou, atrevidamente, para “Causas vitalícias da decadência dos povos peninsulares”, porque se hoje as causas não são as mesmas apontadas pelo autor, haverá uma infinidade de elementos a justificar o nosso inalterável e decadente retrato.
Este estado de espírito está patente na postagem de Constantino, e será aplicável a todos os governos que iniciam o seu mandato, quaisquer que sejam as novas figuras, os novos actores, com os seus caracteres, adequados uns e desadequados outros, aos novos magistérios políticos, colocados todos perante o condicionalismo do tempo olímpico de quatro anos, cuja analogia permite capitular o início da XIX.ª Politíada.
Conquanto nos Jogos Olímpicos da XXX Olimpíada, a realizar em 2012, em Londres, os atletas se vão apresentar depois de um treino iniciado na XXIX Olimpíada, e ainda mantido nos quatro anos da actual Olimpíada, para poderem melhorar os resultados até à comemoração do fim do ciclo olímpico; nos Jogos Políticos, os ministros não foram contemplados por nenhum treino, para nenhum ministério, e, se deputado, é um mero observador e actor circunstancial no Estádio Parlamentar.
Decorre deste quadro comparativo em campos sociais díspares, que os ministeriais correm em desvantagem porque, omissas as preparações para os respectivos cargos, defrontam-se com horizontes desconhecidos, onde nunca actuaram nem foram avaliados para os respectivos desempenhos, o que nos leva a concluir que as escolhas foram aleatórias, e porque aleatórias, sem princípio nem fim definidos. Entram para o desconhecido.
Apesar da diferença, de preparação de uns, e impreparação de outros, ambos cenários configuram idênticos resultados, o da incerteza. Como explica André Gide, “há aquilo que se sabe e há aquilo que se ignora. Entre uma coisa e outra está aquilo que se supõe”.
Ou como assevera André Malraux, “o futuro é um presente que nos faz o passado”.
1º comentário deste anónimo, que não é nenhum dos anónimos anteriores nem é o anónimo funcionário público (logo, é um anónimo anónimo!):
Será que só mudaram as moscas?
Anónimo das 21.07h:
As pistas Mondo, tal como todas as outras, não estão "já" feitas.
A Mondo fornece e aplica apenas o pavimento sintético em rolo.
O resto é executado através de uma muito complexa obra de construção civil.
Não sou arquitecto de pistas.
Sou um Arquitecto (título profissional) que (também) percebe de pistas de atletismo.
É um facto.
Quanto ao resto, não merece comentários, tal a falta de nível da argumentação.
Outra vez? É demais! Mais um comentário de perfeita incompetência que, sem pudor, diz um disparate do tamanho da ignorância. Mas este é ainda pior do que o anterior. Porque, vindo mascarado de literatura, acaba por arrastar o autor que cita para uma mediocridade que o ofende. Faz um uso do autor que violenta imerecidamente o seu valor. Antes tinha sido um arquitecto a falar mal do que não sabe, agora foi o tal Senhor JBoaventura. São comentários como estes que revelam, com uma evidência atroz e triste, a enorme impreparação e a falta de competência técnica e científica de quem comenta o Desporto na actualidade. Então os ministros que estão neste XIX Governo não “treinaram” os seus ofícios? Não foram escrutinados na sua área profissional? Não foram examinados pelos melhores nas melhores universidades, algumas até estrangeiras? Não receberam até prémios nacionais e internacionais? Alguns não foram escolhidos pelas melhores empresas? O Senhor JBoaventura ousa falar de pessoas que têm um curriculum profissional e académico que o Senhor nunca foi certamente capaz de sequer se lhe comparar e, mesmo assim, vem para aqui enxovalhar quem foi a esse escrutínio público, e teve certamente mais mérito profissional do que o Senhor? Por favor Senhor JBoaventura, seja pelo menos honesto consigo próprio. Não queira fazer a mesma figura triste que o arquitecto aqui fez. Umas quantas citações literárias não servem para governar o desporto, nem para geri-lo do ponto de vista técnico e científico. Já experimentou fazer um exame de mera licenciatura numa das actuais faculdades de desporto? Experimente, e depois diga-nos que nota teve. Já treinou algum atleta para uns Jogos Olímpicos? Experimente, antes de falar. Tem competência financeira ou em gestão comprovadas por um curriculum profissional de mérito para lhe ser dada a responsabilidade pela gestão dos dinheiros públicos do desporto. Aposto que, em termos do mérito que JMConstantino aqui reclamava neste texto, o Senhor fica muito aquém de todos os ministros que enxovalhou. Ora, ora Senhor JBoaventura… palavras, mais palavras… palavras leva-as o vento.
João Boaventura, pelo ímpar gabarito intelectual que manifesta não precisa da minha solidariedade.
Mas eu dou-lha na mesma.
Sinto-me do seu lado.
Esta gente não merece qualquer atenção.
O João Boaventura é um intelectual brilhante pertença de uma geração de profissionais de educação física de que restam poucos. É uma vida inteira dedicada à causa pública e ao estudo e investigação do desporto.Com uma obra extensíssima e meritória.Um curriculo brilhante. Há dias dizia-me uma colega bem mais nova, o privilégio que teria sido conhecê-lo mais cedo e poder partilhar os seus conhecimentos e experiências. Fui testemunha do rasgado elogio que no ano passado no Maputo as autoridades moçambicanas fizeram do seu legado( e do Noronha, do Teotónio, do Mirandela, do Vilela, do Carlos Abreu) A vida nunca foi fácil para ele. E por isso foi sempre um lutador.A sua idade, a sua formação e o seu valor mereciam ,no mínimo, respeito. Coisa que, para ignorantes, é difícil de garantir.
Abraço amigo, João!
Todos contra o Anónimo que ousou… Mas ele tem uma certa razão nas críticas emotivas que fez a “Arquitecto” e a “Senhor JBoaventura”. Ou então, o texto de JMConstantino veicula um erro lógico.
Se o critério é “mérito”, então é necessário aceitar que o “mérito” de hoje tem novas exigências científicas, técnicas, éticas e humanas. Pela simples razão de que o Contexto mudou muito no Desporto, e as exigências que a Sociedade hoje coloca aos profissionais de Educação Física e/ou Desporto são muito diferentes daquelas do tempo heróico do pré-INEF.
Todos compreendemos que custe a aceitar, sobretudo no plano das relações de amizade inter-pessoal que aqui a este propósito deflagraram, porque, como vimos, alguns são sempre os mesmos e conhecem-se há muitos anos. Percebe-se que não se querem auto-melindrar e pretendem continuar, em sentido metafórico, «a ir beber o cafezinho com o ‘amigo’ ali à esquina com paz e sossego». Mas o tal Anónimo talvez tenha expressado, com esses comentários, apenas uma opinião diferente dos daquela «corporação amical» e que foi tomada por essa facção como um ataque pessoal. Não me parece ilegítima uma opinião diferente, até porque é num Blog público convidado pelo jornal Público…
O que é curioso constatar em termos lógicos é que, esses camaradas de amizade (e ainda bem que é assim), no belo acto de solidariedade a rebate que construíram em defesa do Amigo, caíram no mesmo erro que criticaram ao Anónimo.
Coisas da Vida.
Funcionário do Estado
Caro Anónimo de 16 de Julho de 2011 01:45
Respeito as suas observações e interrogações, as suas críticas, por uma simples razão, a de que, quem escreve, sujeita~se a elas, e só tem que tomar uma das duas atitudes: ou responde ou silencia.
Prefiro a primeira posição porque faltaria ao respeito da sua crítica se, sobre ela, silenciasse em vez de esclarecer.
Quando o Caro Anónimo observa:
"Então os ministros que estão neste XIX Governo não “treinaram” os seus ofícios? Não foram escrutinados na sua área profissional? Não foram examinados pelos melhores nas melhores universidades, algumas até estrangeiras? Não receberam até prémios nacionais e internacionais? Alguns não foram escolhidos pelas melhores empresas?"
Sem a menor dúvida que só posso responder que sim que todos eles preencheram todos os requisitos para ocupar os diferentes lugares para que foram preparados, nas empresas ou empreendimentos que a bagagem académica encaminhava, os advogados, os economistas, os engenheiros, os arquitectos.
A Empresa maior, chamada Estado, não é, de nenhuma forma, comparável com as empresas criadas pela sociedade civil, onde os diversos actores profissionais se inserem.
Nem foi intento meu denegrir ou menosprezar as pessoas que presentemente ocupam lugares de responsabilidade, mas apenas observar que, se presentemente, existem cursos de gestão desportiva, é porque engenheiros, arquitectos, advogados, médicos, que queiram ocupar lugares de chefias no desporto, deles necessitam para que o desempenho possa decorrer com benefício para o desporto.
O conhecimento de uma área é muito importante, mas é necessário que a pessoa disponha de ferramentas apropriadas para que o processo se desenrole com eficiência.
Retorno aqui ao caso paradigmático já aqui focado do caso do Ministro da Economia ter aceite a pasta do Desporto, rejeitada por todas as outras pastas, porque o mesmo já tinha sido praticante assíduo e estivera à frente de clubes e associações. Estava inscrito no espírito do desporto.
Parece, salvo melhor opinião, que nenhum dos actuais proprietários das pastas governativas, com excepção do dos Negócios estrangeiros que já os sobraçou, nenhum dos actuais proprietários, repito, está inscrito num mundo que desconhece, a não ser pelos livros já que, curso adequado, não existe.
O que se não pode fazer é futurologia sujeita aos seguintes condicionalismos expostos por François Le Lionnais:
1.º Se o terreno onde se pretende aplicar o método é apenas parcialmente determinista, é evidente que as previsões enfermarão de incertezas, na mesma proporção;
2.º Mesmo que se considere haver, hipoteticamente, um determinismo total, a validade do inquérito prospectivo permaneceria suspeita: seria necessário que apreendesse todos os dados de todos os fenómenos - pelo menos os principais - dos quais dependessem o futuro; e seria ainda necessário verificar se de facto só se puseram de lado os factores secundárias;
3.º É necessário que o futurologista conheça, se não todas as leis que regem os fenómenos - pelo menos as principais - e assegurar-se que descurou apenas as leis secundárias.
Em contraponto Josué de Castro considera que a Prospecção ou Futurologia não depende do determinismo mas da descontinuidade, tão característica do mundo actual mas dessa noção muito complexa, mas matematica e rigorosamente científica, que é a noção do indeterminismo.
Caro Anónimo, verifique que afinal a minha exposição foi orientada para as incertezas do mundo nacional e actual com que o actual governo de vai defrontar, com o sobrepeso de não haver cursos para conhecimento e exploração do mundo governativo.
Espero ter esclarecido o meu ponto de vista. Se não o consegui, as minhas desculpas.
Cordialmente
Funcionário do Estado:
Falo por mim.
Não sou camarada de amizade nem de José Manuel Constantino nem de João Boaventura.
Quanto a este último nem o conheço pessoalmente.
A enorme consideração que tenho por ambos baseia-se no facto de ter o privilégio de ler o que escrevem.
Fico espantado com o desplante inqualificável.
Como é óbvio, para perceber de Desporto, não é condição necessária, nem suficiente, ser licenciado em Educação Física.
Tal como para perceber de Jazz, como é o meu caso, não é necessário ter o Conservatório, ou para perceber de pintura portuguesa do séc. XX ou contemporânea não é preciso der licenciado em Pintura.
Alguns dos maiores críticos do mundo são autodidactas.
No Atletismo, por exemplo, os mais famosos críticos e comentadores têm profissões completamente distintas.
Estou farto de ler cretinices.
Basta! Pum!
Ao Luís Leite e ao José, ficaria mal comigo se não agradecesse os excessivos encómios que só devem pronunciar-se à hora do morto.
Como diz o provérbio, "se queres seres bom, ou morre ou ausenta-te", mas, como não estou morto nem ausente, Caros Luís Leite e José: ou querem que eu morra ou que me ausente, porque já recebi os encómios consentidos nas duas situações.
À natureza e ao acaso entrego a escolha, sem pesar nem rancor.
Cordialmente
Caro Funcionário de Estado, de 16 de Julho de 2011 17:02
Desconheço, mesmo metaforicamente, que mal tenha que as pessoas referidas pretendam “continuar, em sentido metafórico, «a ir beber o cafezinho com o ‘amigo’ ali à esquina com paz e sossego», que até nem o caso é. E por que razões, mesmo metaforicamente, deprecia o que, afinal, George Steiner, na palestra proferida nos encontros do “Nexus Institute”, durante a Presidência Holandesa da União Europeia, em 2004, titulada a “Ideia de Europa” (Gradiva, Lisboa, 4.ª edição, Abril 2007), nos comunica, a pp 26-27, que :
«A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo (…). Não há cafés antigos ou definidores em Moscovo, que é já um subúrbio da Ásia. Poucos em Inglaterra, após um breve período em que estiveram nba moda, no século XVIII. Nenhum na América do Norte, para lá do posto avançado galicano de Nova Orleães. Desenhe-se o mapa das cafetarias e obter-se-á um dos marcadores essenciais da ‘ideia de Europa’»
… … …
«Uma chávena de café, um copo de vinho, um chá com rum assegura um local onde trabalhar, sonhar, jogar xadrez ou simplesmente permanecer aquecido durante todo o dia. É o clube dos espirituosos e a posta restante dos sem abrigo. No Milão de Stendhal, na Veneza de Casanova, na Paris de Baudelaire, o café albergava o que existia de oposição política, de liberalismo clandestino. Três cafés principais da Viena imperial e entre as guerras forneceram a ‘agora, o locus’ da eloquência e da rivalidade, a escolas adversárias de estética e economia política, de psicanálise e filosofia. Quem desejasse conhecer Freud ou Karl Kraus, Musil ou Carnap, sabia precisamente em que café procurar, a que ‘Stammtisch\ tomar lugar. Danton e Robespierre encontraram-se uma última vez no ‘Procope’. Quando as luzes se apagaram na Europa, em Agosto de 1914, Jaurès foi assassinado num café. Num café de Genebra, Lenine escreveu o seu tratado sobre empiriocriticismo e jogou xadrez com Trotsky.»
Como o Caro Funcionário Público poderá verificar o café não tem de ser vilipendiado como um antro onde os malfeitores congeminam maldades e travessuras. Que tenha outra concepção do que seja o café admito a sua exploração.
De qualquer forma, não me leve a mal, proporia que lesse a palestra de Steiner, a menos que já a tenha lido, o que me obriga a pedir desculpas pelo aconselhamento tardio, ou por não solicitado.
Cordialmente
Caro João Boaventura
Repare que no meu comentário de 16 de Julho às 11.26h apenas utilizo o presente como tempo verbal. Não uso o passado.
Obviamente o que desejo, ao contrário do que proverbialmente infere, é que continue a deliciar-nos com os seus maravilhosos comentários.
Prezados Colegas de Blog, Exmos. LLeite e JBoaventura, longe de mim beliscar a vossa douta sabedoria, aqui defendida por outros Colegas, e portanto aqui confirmada. Nada disso. Eu sigo sempre as orientações do autor que coloca o texto, neste caso o texto de JMConstantino. E nesse texto uma das questões era o «mérito» e o que dele advém como critério para decidir. Portanto, a questão não tem nada a ver com o «futuro» mas com o «presente» (no sentido Hindu do “sempre presente”). Os Prezados Colegas caem ambos nos mesmos dois «erros de principiante». E foi para esses «erros» que chamei a atenção.
É isso que faz serem divagações e assuntos fora-do-contexto. Tanto o relativismo de LLeite, ao achar que é suficiente gostar de um assunto para ter competência profissional para nele exercer responsabilidades técnicas, científicas, humanas e éticas; como JBoaventura, ao achar que a questão é “cafés” ou “futurologia” e não o presente daquilo que poderá acontecer ao Desporto quando JMConstantino afirma “estado de graça”. Em suma, os Prezados Colegas infringiram uma regra básica que os principiantes costumam infringir: saíram do Contexto (do que JMConstantino nos propôs). O Dan Sperber e a Dierde Wilson têm um livro de referência sobre esse problema do «Contexto e da Cognição», felizmente traduzido em 2001 pela Fundação C. Gulbenkian. E foi para esse erro que vos chamei a atenção. O que mostra que não compreenderam nem Ricouer nem Rawls.
O segundo «erro de principiante» resulta do primeiro. No primeiro, ao saírem do Contexto, perderam o critério para validarem a Verdade das vossas asserções. No segundo, esqueceram-se do «receptor» … apenas se lembraram de V.Exas. próprias, enquanto «emissoras» de opinião. Um português ilustre, na página 216 do livro que publicou em 1995, o qual ganhou vários prémios da crítica nacional e internacional, chamou a esse erro o “problema dos limites estacionários”, no qual caem todos os que ao falarem esquecem o destinatário.
Para quem não nos está a ler, e não tem paciência para este pseudo-debate intelectual, simplifico a questão dizendo que tanto LLeite como JBoaventura esqueceram-se do Atleta e daquele que pratica Desporto. Púnhamos as coisas na Prática, e façamos a seguinte pergunta: um Atleta, na situação de se estar a preparar no presente para os JO de Londres 2012, preferirá ir para um café ouvir discursos filosófico-literários, ou preferirá falar com quem saiba de fisiologia, de biomecânica, de experiência competitiva em provas internacionais? Um Atleta preferirá aconselhar-se com um curioso amante da coisa desportiva mesmo que seja amante de jazz e arquitecto, ou preferirá um treinador profissional com provas dadas em Desporto? Os Prezados Colegas de Blog caíram nestes dois erros de principiantes, esqueceram-se do Contexto e do Quem (do «quem» no sentido que Heidegger lhe deu na histórica conferência de Marburg em 1924, que aqui é simultaneamente o Atleta e o Desporto). Aqui «quem refere» é o destinatário, ou seja o Atleta e o Desporto, e não os emissores tão ridiculamente doutos «como Nós». É essa preferência que rompe com o impasse e o jogo-sem-fim do «ora digo eu, ora dizes tu».
Eu sei que andam enganados com os Europeus do Norte, aqueles que nos chamam hoje “PIGS”, e que o JBoaventura até cita, e a quem os do Sul no antanho já chamaram de “Bárbaros”. Mas Prezados LLeite e JBoaventura, para esta questão de «quem prefere não ser tido em conta» remeto-vos, para o Livro III da Ética a Nicómaco do agora “lixo” que se chamou Aristóteles… talvez seja por lá que, hoje, se deva iniciar essa aprendizagem.
Funcionário do Estado
Sou anónimo e vou continuar a ser anónimo. As razões para manter esse estatuto não interessam a mais ninguém a não ser a mim próprio. Fiz as minhas primeiras intervenções no post anterior. Lamentavelmente deixei-me envolver numa trocas de palavras e de observações menos próprias com o Sr.Arq.to Luis Leite. Tive também o gosto e o privilégio de ver a insignificância de uma das minhas intervenções, acerca das citações de Rawls e de Ricoeur,, comentadas pelo Sr.JBV. Resolvo, agora, voltar ao vosso convívio motivado pelas últimas opiniões anónimas sobre JBV. O próprio JBV já respondeu da forma mais esperada e JMC também já lhe fez o merecido elogio.Confesso, agora,que de todos os intervenientes deste fórum JBV é aquele que melhor conheço.Conheci-o nos já longínquos anos 70, trabalhava ele no sector de documentação da DGD.Nessa altura este sector realizava um trabalho de referência numa área paupérrima no nosso país e no nosso desporto. Quando se queria alguma referência bibliográfica e o respectivo acesso era a JBV que nos dirigíamos. Lembro-me dele atrás de uma secretária, escrevendo em cima de sucessivas camadas de papéis. Sempre amável e com uma imensa e memorável predisposição para ajudar. Embora todos sejamos únicos, como ele não conheci mais ninguém na minha vida. Antes da revolução já ele tinha revolucionado o mesmo sector de documentação em Lourenço Marques. Através de permutas recebiam os melhores e mais actuais periódicos do mundo do desporto. Os treinadores em Moçambique, pela sua mão, tinham acesso a documentação que os seus congéneres na "capital do império" nem sonhavam que existia. (contiinua)
Passados alguns anos mudou fisicamente para o, então chamado, Instituto Nacional dos Desportos (IND).Mudou apenas de sítio. O JBV continuou o mesmo. Quantos professores, também universitários, foram ali buscar as fontes do seu conhecimento. A quem o devem? Não é necessário responder. Mais tarde sei que enveredou pelos estudos da Sociologia.Poucas vezes mais o vi. O mais extraordinário de tudo o que aqui referi sobre este homem, um dos mais invulgares no nosso Desporto e na nossa Educação Física, é que tudo aquilo que ele construiu foi pura e simplesmente destruído pelos brilhantes e invulgares dirigentes que se foram sucedendo à frente da DGD e dos institutos que se lhe seguiram. Lamentavelmente, parece-me ser maldição que caiu sobre o nosso país, poucos dirigentes ou políticos acrescentam algo de novo ao nosso desporto, pelo contrário quase todos se esforçam em não perder tempo na delapidação das heranças que recebem dos seus antecessores. Tantos doutoramentos honoris causa que já foram atribuídos no nosso país. Esquecer este Senhor é esquecer o essencial. Esta falha só pode colher justificação no facto do Professor JBV ser quem é como pessoa. Lamentavelmente, os diferentes responsáveis que se foram sucedendo à frente do desporto nacional deitaram a sua obra para o lixo, ignorando, olimpicamente, o seu autor. É neste relembrar de momentos ou épocas mais recentes do nosso desporto que sinto arrepios. A direcção do nosso desporto tem demonstrado uma ignorância e uma pequenez tão monumental que só pode explicar-se pelo estatuto frágil que o desporto tem na nossa sociedade. Sucedem-se juristas, virão engenheiros, chegarão economistas, talvez um médico porque a coisa também lhes diz respeito. Aqueles que são do desporto (e não me refiro apenas aos professores de educação física) ou não mostram ou não têm qualidade suficiente, ou não se movem nos sítios certos.Talvez por tudo isto é que não têm reparado que o nosso maior problema está no conhecimento e no processo de formação que a ele poderá levar. Tantos anos desperdiçados neste campo. Muito teria para dizer sobre e ao professor JBV. Sempre o admirei, sempre gostei de si e tenho saudades do contacto consigo.Desculpe as piadas (sem piada) em comentários anteriores. Continuarei a seguir com atenção os seus comentários neste blog.
Caro Funcionário do Estado de 17 de Julho de 2011 20:42
Como as minhas divagações são oblíquas e descontextualizadas, e de principiante, o que concedo de boa vontade, e vencido pela sua argumentação, recolho-me à minha insignificância, vencido pela sua sabedoria na matéria em discussão, pelo que me sinto incapaz de prosseguir este diálogo.
Mas foi um prazer ler as suas doutas observações que interpretei como Séneca nas Cartas a Lucílio, e me vão obrigar a reler os clássicos gregos, para melhor o entender.
Cordialmente
Funcionário do Estado:
Você desloca o cerne da questão (de todas as questões, já que as mistura constantemente) para a Semiologia e para hipotéticos autismos de hipotéticos emissores (eu e João Boaventura?) que não nos interessamos verdadeiramente por aquilo que o receptor (um hipotético atleta em preparação olímpica)quer ouvir.
Depois, renega a possibilidade de se poder saber "mesmo" de uma determinada matéria ou assunto para exercer determinadas competências profissionais (ou, digo eu) emitir opiniões abalizadas e fundamentadas, sem ter possuir conhecimentos técnicos, científicos, humanos e éticos e muito menos se for frequentador de cafés e eventualmente futurólogo...
Muito menos se esse desgraçado também souber de outros assuntos para além daquele muito específico que o espera em lugar de tamanha responsabilidade.
O que tenho para lhe dizer é o seguinte:
Você esquece-se que as pessoas "são o que são" e ao "serem o que são" resultam de um processo de maturação vivencial, resultado da aquisição de muitos e variados "skills" que fazem toda a diferença... E também técnicos, científicos, humanos e éticos!
A diferença entre uma pessoa culta e outra inculta não é nem desprovida de importância e significado, nem resultado apenas da acumulação de passagens por seminários ou acções de formação.
É muito mais do que isso: é o resultado da capacidade de produzir sínteses de conhecimento, baseadas (também) na experiência de vida e num conjunto de opções que se vão e foram fazendo ao longo do tempo. De todo o tempo.
Eu falo por mim:
É você (seja lá quem for) que me vem dizer a mim o que é que um atleta em preparação olímpica prefere ouvir?
Será que você tem mais experiência e conhecimento que eu sobre como lidar com atletas olímpicos e quer ensinar-me algo que eu não sabia, não aprendi ou não consta do meu relatório como Chefe da Equipa Olímpica de Atletismo dos Jogos Olímpicos de Pequim?
Será que liderar selecções nacionais em (não tenho tempo para contar quantos) Campeonatos do Mundo e da Europa, Taças da Europa, etc. e coordenar toda a preparação desses atletas no regime de alta competição durante cinco anos é algo que cai do céu aos trambolhões e não conta para nada?
É você que domina e me vai explicar o que é o síndroma pré-competitivo nas grandes competições internacionais?
É você que me vem dizer a mim ("curioso amante da coisa desportiva"), também amante de outras "coisas", mas também antigo atleta internacional e recordista nacional que também há a fisiologia, a biomecânica e a experiência internacional? Então e tudo o resto de que você se esqueceu?
Olhe: vá chamar principiante(s) a outro(s) e veja se tem juízo!...
Não fossem os anónimos... e quem lhes anda permanentemente a chamar nomes não se sentia tão feliz....mesmo sem trazer nada de interessante à discussão!
Quem disse que são anónimos quer dizer que não conhece os anónimos. Mais importante, contudo, é o que se diz não é quem o diz. Olhar ao que se diz é olhar aos princípios.
O receio de assinar as suas próprias afirmações antes do 25 de Abril era um acto libertador porque o regime não permitia que se ousasse pensar contrariamente ao pensamento de Sua Santidade. Hoje ser anónimo é próximo de um regime que não ousa afirmar democraticamente as suas convicções. Antes era porque estavam no poder e não podiam comprometer a secretaria de estado, o governo e o primeiro-ministro. Hoje não o fazem e permanecem anónimos porque constatam a marginalidade do seu pensamento e a iniquidade dos seus propósitos. O PSD mantém o afastamento do debate público, antes, durante e depois de José Sócrates.
Medo, apenas medo...
Ao anónimo de 15/Jul. 11H48
Meu caro amigo… A sua frase e magnifica de ingenuidade….
João Bibe é chefe de equipa de inspectores de finanças…. Aqueles que andam a “policiar” o que os colegas funcionários públicos fazem….
João Bibe foi assessor de Pina Moura…… por acaso Ministro das Finanças de GOVERNO SOCIALISTA
João Bibe foi administrador da PORTUGAL 2004 na altura de José Lello Ministro do Desporto de GOVERNO SOCIALISTA
João Bibe foi Vice Presidente do IDP no GOVERNIO SOCILAISTA de maioria absoluta de José Sócrates…… Dificilmente me convencem que João Bibe não teve como padrinho o Partido Socialista
Enquanto dirigente do IDP, e entendo como dirigente , aquele que dirige, conduz, forma, esclarece, tira duvidas, organiza……..na pratica, nada fez…. A sua experiencia como inspector de finanças, não se fez senti….. apenas criou inimizades, e grupelhos de auto sustentação.
Na auditoria do Tribunal de contas ao IDP nos anos de 2005 a 2007, anos da sua vigência como dirigente do IDP ,sai incólume do caso de Tiago Monteiro…. Terá aqui existido espírito corporativo ou solidariedade institucional !!!!!
Será que João Bibe deixou a cor de rosa ou a cor da rosa.. (já nem sei como se diz) para abraçar fielmente a cor laranja!!!!!
João Bibe está igual a si próprio……. Luís Sardinha que se cuide……
Ingenuidade? Confesso que em tão alargada resposta fiquei à espera que alguém me dissesse porque é que ele foi "corrido"? O que teria feito?
É apenas isso que gostaria de saber. Ninguém investigou? Ou isso vai ficar no segredo dos deuses?
Caro Anónimo de 17 de Julho de 2011 22:16
Agradeço a sua posição relativamente à minha pessoa, mas peço que repare que não é a minha pessoa que está em causa.
Se tomar atenção à postagem de Constantino, verificará que o tema incide sobre a governabilidade do actual governo que foge dos padrões habituais.
Neste país a norma aglutinadora dos governos pautava-se por:
1 - Aparelho de um partido
2 - Aparelhos de dois partidos
E agora assistimos a um terceiro padrão:
3 - Aparelhos de dois partidos + 7 independentes.
É esse o tema que o post proporciona para o desenvolvimento de opiniões ou considerandos dos potenciais comentadores, e que o queiram fazer.
Acontece que houve um acidente de percurso no desenvolvimento dos discursos. Alguns comentadores desviaram o tema da governabilidade para se ocuparem da minha pessoa, o que pode ter criado a sensação de que afinal o tema do post se centrava no ingovernável JB.
Os discursos desviantes por norma descarrilam, posto o que me levou a não debater, o que não estava em
debate, por uma questão de cortesia para com o blog e para o autor do post.
Dado que a liberdade de expressão o permite, sobre essa matéria optei pela liberdade do silêncio.
Caro Anónimo, devia dar-lhe esta explicação, o que não me impede agradecer a sua atenção.
Se quiser entender melhor os discursos desviantes, sugiro, se mo permite, que leia "O que é um autor?", de Michel Foucault (Ed. Vega, Lisboa, 2009) e ficará a saber o que está por detrás deles.
Cordialmente
Regressando ao tema inicial e concordando que os discursos desviantes, embora possam ter interesse relativo, são mesmo desviados.
No meu primeiro comentário ao post "Estado de Graça" começei logo por me desviar da questão agora reaberta por J Boaventura:
a governabilidade através de uma estrutura de Governo mista por um lado e comprometida por outro.
A razão de ser deste meu desvio para abordar sob a forma interrogada questões de natureza cultural foi, como é óbvio intencional.
Na minha opinião, os padrões comportamentais daqueles a quem compete interpretar as vontades do povo, governando em seu nome, são, antes de quaisquer outras considerações, absolutamente condicionantes do seu (futuro) desempenho.
Gostava de ver como responderia o actual Ministro da tutela (?) às questões que levantei e que, para mim, reflectem a cultura dominante.
É ISTO que me faz ser descrente e pessimista.
Caro Luís Leite
A minha interpretação não vai nesse sentido, mas sim nos desvios para pessoas, em vez de assuntos paralelos, sugestivos, e a propósito, como foi o seu caso.
Quando se pretende alvejar pessoas em vez de assuntos, ideias, opiniões, o tema principal oblitera-se, perde oportunidade, e traz à colação posições radicais, se não ideológicas.
Os discursos acabam por se assemelhar a um carro descontrolado num túnel batendo nas paredes, sem um rumo corregido.
Comparar um discurso a um carro não é depreciativo, aceitando a asserção de Roland Barthes, de que “o automóvel é hoje o equivalente bastante exacto das grandes catedrais góticas” (Mitologias, ed.70,Lisboa).
Um carro descontrolado será uma catedral a ruir, passe a imagem, ou a sua força.
Cordialmente
Meu caro anónimo de 19 de Julho de 2011 17:18
Sem qualquer ofensa, reitero o que disse talvez corrigindo agora para naïf. Você certamente não estava a espera que alguém aqui dissesse qual a razão do afastamento de João Bibe.
Talvez o seu comentário tenha algo de interessante que podemos reflectir. Você escreveu: Confesso que em tão alargada resposta fiquei à espera que alguém me dissesse porque é que ele foi "corrido"? O que teria feito?
É apenas isso que gostaria de saber. Ninguém investigou? Ou isso vai ficar no segredo dos deuses?
Comecemos pela palavra” corrido”….
Sabe que quem vê aqueles programas sobre animais, que normalmente passam na TV, facilmente poderemos pensar que o comportamento de alguns dos nossos dirigentes e/ou políticos, se assemelham ao comportamento de uma alcateia. Se não vejamos.
A alcateia é formada por um grupo de indivíduos da mesma espécie e da mesma família, que agem em consenso, com um determinado fim – a sobrevivência- sempre com regras hierárquicas estabelecidas entre eles e com um líder aceite por todos os elementos da família. Os políticos também são assim…. Lutam pela sobrevivência política e submetem-se ao líder.
Na alcateia, quando um dos membros sai fora dos padrões estabelecidos pelo grupo, logo todos os outros lhes mordem os tarsos, e rapidamente e excluído do grupo.
Triste a acabrunhado o animal excluído pela alcateia, anda uns tempos com desnorte, e, ou morre, ou se submete à aceitação de outro grupo, com um outro líder.
Acho que aqui há muita semelhança no percurso de João Bibe…. Ele foi aceite por outra família, sujeitando-se a nova regra do grupo, sujeitando-se a outro líder, defendendo assim a sua sobrevivência política.
Por outro lado também escreveu: Ninguém investigou? Ou isso vai ficar no segredo dos deuses?
Como sabe os Deuses não são investigados…. Serão mordomias de estatuto, e como estamos em regime democrático, e por extensão, os seus súbditos, seguidores e homens de confiança, não são investigados, porque a sua penalização só esta ao nível da alcateia onde estão inseridos, e aí, só tem de seguir o seu líder. Se se não investiga o líder, como investigar sues fieis seguidores
Conhece algum dirigente, político, que tenha sido e investigado e responsabilizado pelos seus actos?
Só são julgados só, e só, nos actos eleitorais pelos seus actos políticos. Os prejuízos causados, esses são “o alimento das alcateias”. Estamos a pagar um custo elevadíssimo pelo exercício primário da democracia.
Caro João Boaventura
Não posso deixar de concordar consigo quando defende que o que interessa aqui discutir são ideias e não pessoas.
Só que muitas vezes o problema está mesmo é nas pessoas e não tanto nas ideias.
Até porque não há ideias sem pessoas, embora existam pessoas sem ideias...
Quanto à asserção de Barthes, permito-me discordar (de Barthes e da ideia).
Comparar catedrais góticas a automóveis actuais não lembra ao diabo!...
Quando muito, aceitaria, numa perspectiva sociológica, devidamente contextualizada e não enquanto paradigma arquitectónico, a comparação das catedrais góticas com os grandes estádios (em Portugal de Futebol).
Com todo o respeito e admiração.
Caro Luís Leite
Quando em 1956 o semiólogo Roland BARTHES dizia que
"o automóvel é hoje o equivalente bastante exacto das grandes catedrais góticas: quer dizer, uma criação que faz a época, concebida com paixão por artistas desconhecidos, consumida na sua imagem, se não no seu uso, por um povo inteiro que, através dela ,se apropria de um objecto perfeitamente mágico.",
subentendeu que as concepções, e todo o movimento envolvente, da construção de catedrais, ou de carros, ou até, como sugeriu, de estádios, traz consigo o empenhamento de uma obra de arte, seja ela de ordem artística, económica ou utilitária.
Há um encantamento natural quando visitamos uma catedral, uma exposição de modelos e marcas de carros, ou entramos num estádio, mas ninguém se lembra dos arquitectos, dos designers, dos engenheiros, dos técnicos, dos operários, que estiveram ocupados na sua realização, dos anos que foram necessários para concluir cada obra de arte – catedral, carro ou estádio -, das preocupações, das emendas, dos aperfeiçoamentos, dos problemas, a que foram submetidos para que a obra acabada facilmente nos chame a atenção.
Na construção do Estádio do Jamor, foi necessário o interesse do governo que se patenteou na nomeação de uma equipa para, numa visita de estudos, recolher elementos em Espanha, Itália, França, Inglaterra e Alemanha, para o efeito, e indagar de outros para velódromos e futuras piscinas, os anos de 1935-1936, conforme dá conta o Relatório da Missão Oficial de Estudo no Estrangeiro, elaborado pelo vogal da Comissão Administrativa das Obras do Estádio de Lisboa, José Godinho de Oliveira.
O percurso não foi fácil, como pode verificar no sítio O Estádio Nacional e a polémica que envolveu este projecto, onde poderá ler, num extracto do jornal O Século, de 14.09.1940, na segunda linha, este encantamento mágico “o Estádio Nacional, esse palácio dos desportos”. Sabe-se que não é, mas semioticamente, considera-se pelos trabalhos e canseiras de que foram objecto.
Quase como um objecto de arte o considerou o escritor, artista e crítico de arte Roberto Nobre, ao assinalar, na revista “Lusíada”, n.º 2 (Nov. 1952, Porto), as seguintes observações:
“Fizeram nos últimos vinte anos em Itália, na Alemanha, na Suécia, grandes estádios modernos, mas encheram-nos de estatuária. O de Roma, por exemplo, é todo em volta coroaddo de belas estátuas. Em Portugal escavaram-se vales entre ambas colinas, manipularam-se enormidades de tonelagens de cimento e de cantaria, arranjaram-se pistas de cinza, semearam-se qualidades especiais de relva às riscas, tudo cuidado, tudo moderno, tudo perfeito – mas sem estátuas decorativas. Até parece haver receio de que o físico dos nossos atletas se mostre mesquinho ante a plenitude física dos discóbolos e sagitários de antanho.”
Cordialmente
Perdoe a ironia: O exercício primário da Democracia é empurrar tudo para debaixo do tapete e colocar lá um carimbo: primeiro "ingénuo", depois "naif". Também existe o cinismo e para mim, numa democracia a sério, não há deuses. Agora estou de acordo consigo: Não há exercícios primários de democracia. Ou há democracia a sério ou não há. E em Portugal a democracia É mentira!
Caro João Boaventura
Do ponto de vista da Teoria e História da Arquitectura e do Design, não existe rigorosamente nenhuma semelhança entre uma catedral gótica e um automóvel.
A catedral gótica, evolução que renega o estilo Românico para conferir à Casa de Deus uma nova dimensão global que privilegia altura, utilizando o arco e a cúpula ogivais, mantém a importância de centralidade na grande cidade burguesa. A sua concepção e liderança de obra, a cargo do mestre-pedreiro (ainda não haviam arquitectos) era a antítese do processo industrial e baseava-se no trabalho manual, utilizando materiais e instrumentos ancestrais pré- medievais, realizado por mestres artesãos. Estas obras demoravam muitos anos, por vezes décadas a serem concluídas. Muitas nunca o foram.
O automóvel será o melhor exemplo do processo de concepção-construção iniciado na 1ª Revolução Industrial com a máquina a vapor e a carvão (o motor e os outros órgãos mecânicos essenciais) e definitivamente optimizado durante a 2ª Revolução Industrial através do Design, tendo sido Henry Ford o percursor da fabricação em larga série de um objecto essencialmente utilitário, que representa o expoente máximo da evolução do Design ao longo do século XX.
As cargas simbólicas da catedral e do automóvel são, não esquecendo a devida contextualização histórica, perfeitamente antagónicas.
A catedral pretendia-se única e irrepetível, eterna, apontando o Céu, sendo o lugar por excelência da oração, mas também da encenação metafísica (da Fé dos Cristãos).
O automóvel foi sempre um mero objecto utilitário em permanente evolução técnico-estética, resposta do mercado a diferentes tipos de procura, produzido em série e com tempo de vida limitado.
O entendimento de natureza semiológica (?) ou mágica (sem dúvida!) de Roland Barthes parece-me secundário, face ao valor intrínseco, simbólico e patrimonial de ambos os "objectos".
Duas realidades completamente diferentes.
Cordialmente
Caro Luís Leite
Repare o que escreveu Barthes:
"o automóvel é hoje o equivalente bastante exacto das grandes catedrais góticas: quer dizer, uma criação que faz a época, concebida com paixão por artistas desconhecidos, consumida na sua imagem, se não no seu uso, por um povo inteiro que, através dela ,se apropria de um objecto perfeitamente mágico."
Barthes conhece perfeitamente a simbologia espiritual das catedrais, e a simbologia material dos carros. Logo à partida reconhece os fundamentos que presidiram à construção do imóveis, e à dos móveis.
Nesta primeira parte reconhece assim a diferença.
Mas, reconhecendo-a, não esquece, na segunda parte, que umas e outros, constituem criações de épocas diferentes, com os valores inequívocos que as consagram, apesar de não se conhecerem os artistas concluíram as respectivas obras.
Quando se designa semioticamente, o Estádio de Benfica, como a Catedral do Desporto, ou a Catedral do Futebol, reconhece-se que ela sugere, na grandeza arquitectónica, a das verdadeiras catedrais, não o sendo na verdadeira acepção.
Cordialmente
Caro João Boaventura
Como sabe, a Semiologia consubstancia-se na eficácia da transmissão de mensagens eficazes dos transmissores aos receptores.
Neste processo, a significância (de ser capaz de descodificar o que é, conhecer o significado), materializa-se através de uma iconografia simbólica oral ou visual codificada (linguagem, imagem) em que a atribuição de uma conotação inequívoca é decisiva.
No caso da catedral versus automóvel, mesmo do ponto de vista semiótico, denotativo ou conotativo, sinceramente não vejo qualquer identidade, até porque uma é de uso colectivo e universal e o outro de uso individual ou privado, sendo que toda a iconografia associada a cada um é de natureza perfeitamente antagónica.
Aqui está mais um exemplo de comentários "desviantes".
Cordialmente
Caro Luís Leite
Quando eu falo em desviante é quando as pessoas atacam pessoas, e não aos diálogos consequentes cuja argumentação pretende esclarecer assuntos, temas ou dúvidas a propósito.
Cordialmente
Enviar um comentário