A decisão de fundir o Instituto do Desporto de Portugal e o Instituto Português da Juventude num organismo único, dissolver a Movijovem e extinguir a Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação é, à partida, um enorme desafio. Num quadro de enormes constrangimentos financeiros acaba-se com o que bem pode ser feito, com economias de escala, por outras estruturas da administração pública e juntam-se duas entidades. Como todas as decisões não é isenta de riscos. Ela pode traduzir-se num elevar do grau de eficiência da administração pública desportiva. Ou numa solução que coloca ainda maiores dificuldades ao seu exercício. É preciso conhecer as competências, a formulação orgânica e os meios colocados á disposição do novo organismo. Para no final se poder concluir que a solução encontrada é preferível a outras soluções.Com uma salvaguarda: qualquer modelo organizacional de administração pública desportiva, justificada por razões financeiras, tem um limite. Aquele a partir do qual se torna impossível à organização responder às tarefas que normativamente está encarregue. A menos que a um novo modelo orgânico corresponda também uma nova delimitação de competências. Resta aguardar para se perceber o alcance da medida.
Entretanto alguma coisa se deve adiantar sobre o acto de fusão. O que se pretende fundir são coisas muito distintas. Do lado do desporto uma instituição, que com designações distintas,”nasceu” ainda no anterior regime. Tem um património, uma história e uma identidade próprias. E correspondeu sempre no essencial à administração pública do desporto. A “juventude” é o resultado de um processo com história curta e com distintas competências. Em alguns casos metendo o Estado onde nunca devia ter entrado. E respondendo às tendências sociológicas dos novos direitos dos jovens. Nada obstaria a que se extinguisse o seu organismo e as suas competências migrassem para os seus habitats naturais: as políticas sociais. Optou-se de modo diferente. Juntar ao desporto. Neste sentido o que se vai juntar são realidades muito diversas, com histórias, culturas, públicos e direcções políticas distintas. A dificuldade não vai estar no acto administrativo de fundir. E no que se poupa. Está em garantir que se não baixam os níveis de eficácia do serviço público que prestam em “políticas” substantivamente distintas. Está em dar coerência ao que, no acto de fusão, a não tem. Não vai ser tarefa fácil. Nem no papel, nem no terreno.
Mas as instituições não são apenas nomenclaturas orgânicas. São feitas por pessoas, muitas delas com as suas histórias de vida profissional intimamente ligadas às instituições que servem. Os políticos e os dirigentes passam. Mas os funcionários ficam. E são eles, em parte, que moldam as instituições. Quando se lhes anuncia que vão pertencer a uma nova família e que, alguns, nem serão aceites nessa nova família é bom que se pense que as pessoas não são números, não são lixo e que o Estado tem a obrigação de as tratar com consideração e respeito.
Mas se as instituições também são pessoas, as políticas também não se encontram desligadas de quem as protagoniza. Quem as executa. Quem por elas dá a cara. Quem as lidera. Quem por elas responde. O governo deve ter estudado o problema que anunciou. Deve-o conhecer e tem preparado o respectivo modelo alternativo. E escolheu livremente a equipa que o vai executar. Resta aguardar. Esperando que em nome de uma poupança de custos -o que é de saudar – se não malbarate o já insuficiente modelo de governação pública do desporto – o que seria um erro colossal.
Entretanto alguma coisa se deve adiantar sobre o acto de fusão. O que se pretende fundir são coisas muito distintas. Do lado do desporto uma instituição, que com designações distintas,”nasceu” ainda no anterior regime. Tem um património, uma história e uma identidade próprias. E correspondeu sempre no essencial à administração pública do desporto. A “juventude” é o resultado de um processo com história curta e com distintas competências. Em alguns casos metendo o Estado onde nunca devia ter entrado. E respondendo às tendências sociológicas dos novos direitos dos jovens. Nada obstaria a que se extinguisse o seu organismo e as suas competências migrassem para os seus habitats naturais: as políticas sociais. Optou-se de modo diferente. Juntar ao desporto. Neste sentido o que se vai juntar são realidades muito diversas, com histórias, culturas, públicos e direcções políticas distintas. A dificuldade não vai estar no acto administrativo de fundir. E no que se poupa. Está em garantir que se não baixam os níveis de eficácia do serviço público que prestam em “políticas” substantivamente distintas. Está em dar coerência ao que, no acto de fusão, a não tem. Não vai ser tarefa fácil. Nem no papel, nem no terreno.
Mas as instituições não são apenas nomenclaturas orgânicas. São feitas por pessoas, muitas delas com as suas histórias de vida profissional intimamente ligadas às instituições que servem. Os políticos e os dirigentes passam. Mas os funcionários ficam. E são eles, em parte, que moldam as instituições. Quando se lhes anuncia que vão pertencer a uma nova família e que, alguns, nem serão aceites nessa nova família é bom que se pense que as pessoas não são números, não são lixo e que o Estado tem a obrigação de as tratar com consideração e respeito.
Mas se as instituições também são pessoas, as políticas também não se encontram desligadas de quem as protagoniza. Quem as executa. Quem por elas dá a cara. Quem as lidera. Quem por elas responde. O governo deve ter estudado o problema que anunciou. Deve-o conhecer e tem preparado o respectivo modelo alternativo. E escolheu livremente a equipa que o vai executar. Resta aguardar. Esperando que em nome de uma poupança de custos -o que é de saudar – se não malbarate o já insuficiente modelo de governação pública do desporto – o que seria um erro colossal.
13 comentários:
Concordo uma vez mais com JM Constantino.
Nunca percebi o interesse de existir um departamento governamental dedicado à Juventude.
Porque tal preocupação levaria a criar, por uma questão de igualdade de direitos constitucionais, uma instituição governamental dedicada à Terceira Idade, ainda por cima em número de cidadãos muito superior.
Como também nunca percebi qual a razão de meter debaixo da mesma tutela o Desporto e a Juventude.
Mas agora a fusão do IDP com o IPJ brada aos céus!
O IDP de há muito não revelava capacidade para dar conta do recado na área do Desporto Federado e das Instalações Desportivas.
Por falta de quadros, por falta de conhecimentos actualizados que fundamentassem decisões acertadas no relacionamento com as Federações e Municípios, face a uma CDP virtual. E por falta de investimento na área da investigação/estatística, fundamental para a compreensão da realidade comparada do nosso Desporto.
Agora juntam-lhe a Juventude, que tem a ver, como diz JM Constantino com a promoção de direitos dos jovens (e os deveres?).
Será de esperar algo disto, para além da necessária e obrigatória poupança? Julgo que não.
Podíamos por o professor Baganha a gerir a Pousada da Juventude de Porto de Mòs e o João Bibe à frente dos Campos de Férias do IPJ. Juntamos o Mário Teixeira no Programa de prevenções de incêndios e a nova directora finceira do IDP a distribuir subsídios às associações juvenis. O cartão jovem pode ficar para o SEDJ himself.
E, já agora, para poupar os milhões e milhões que se recebe do OE (estou a ser irónico), fiquem com os antigos cartões da SEJD (não da SEDJ), pague-se o dobro aos muitos adjuntos e enfie-se a Avenida da Liberdade na Infante Santo...
É uma equipa de elevado gabarito,rara de encontrar na história da administração pública!Vai seguramente deixar obra!Pelo menos em cacos!
Que tristeza. Tão implacáveis que somos. Tão desejosos de culparmos e cobrarmos os outros. Tão vaidosos e cheios de razão nos achamos, sobretudo quando a responsabilidade não é nossa. Porquê? Será essa a única via para sermos colectivamente uma sociedade e um País melhores, hoje?
Se «os que vêm» querem fazer uma coisa nova irão certamente titubear, hesitar e cometer erros.
E nós, o que fazemos? Logo anunciamos que estaremos com a faca afiada, e o alguidar pronto, para degolarmos esses erros.
Porque terá que ser sempre assim? Porque não os ajudamos a construir o que propõem, mesmo que a ideia não tenha sido nossa, mesmo que quando lá estivemos não tenhamos feito aquilo que eles propõem?
Qual é o mal? Qual é o crime que cometemos em nos comportarmos deste modo alternativo ao status quo vigente neste País há séculos? Ò avaliadores encartados pensem lá um pouco, façam esse favor à colectividade a que todos pertencemos.
Se precisamos dos bons contributos, e ninguém individualmente os possui a todos não teremos que mudar de mentalidade? …Aliás, como uma Prezada Anónima, aqui muito bem escreveu.
Precisamos dos contributos dos nossos vizinhos, dos que competem para nos substituir pelo escrutínio democrático, dos colegas que trocam e partilham connosco. Sabemos isto, mas quantos o praticam?
Quem na Vida fez ou realizou alguma coisa de que se orgulha, e de que foi elogiado pelos outros, sabe quanto custa esta raiva implacável dos «cheios de razões abstractamente puras» e destes «espectadores da desgraça alheia». Quase sempre são pessoas ressabiadas consigo próprias, com o mundo e com os Outros.
Ajudemos «quem vem» a ultrapassar os erros e as hesitações, em vez de gastarmos a nossa energia e a nossa inteligência a destruir.
Aí é que veríamos os corajosos…
Funcionário do Estado
Ajudemos «quem vem» a ultrapassar os erros e as hesitações, em vez de gastarmos a nossa energia e a nossa inteligência a destruir diz o evangelico funcionario público.E para isso basta uma folha A4 cuja vida tem sido feita a dizer mal dos outros e a arranjar sarilhos.
O colega que te topa
IDP+IPJ+…=?
Aquilo que mais se deve esperar da parte de quem se preocupa e defende o papel ímpar do desporto em Portugal, da sua capacidade de se reorganizar estruturalmente, de ter capacidade de orientação estratégica e ambicionar conceber e concretizar um projecto de desenvolvimento, é que a fusão que vai ter lugar possa incluir e pôr no terreno no âmbito do desporto os recursos humanos que possam pensar em profundidade as políticas desportivas, fundamentar as correspondentes acções e programas com parceiros locais públicos e não-públicos, e definir comparativamente com outras experiências europeias de referência os respectivos quadros de evolução a médio prazo, incluindo nestes os de programação e sustentabilidade financeira.
José Pinto Correia, Economista
Tanto ou mais pertinente que alguns dos comentários suscitados pelo post de JMC, é a questão da avaliação, melhor, auditoria á herança deixada pelos dirigentes do IDP dos últimos 6 anos, com o professor Sardinha sempre ao leme - embora a nau tenha sido sempre capitaneada a partir de Algés. Já vimos "noutras eras" um presidente e varios dirigentes da administração pública desportiva a dormir atrás das grades e responder perante a lei por actos administrativos ditos irregulares considerados lesivos para o Estado. Será que o actual estado do Estado se perfila de modo mais compassivo perante os indícios de abuso de poder e descaso da lei e defesa do interesse público? A fusão do IDP com o IPJ, tão urgente, tão à vista, poderá ser um alívio para os responsáveis pelo descalabro nas contas e na gestão do património que constituem o balanço destes anos. Se a fusão se concretizar sem salvaguardas relativamente à apuração do regabofe montado para alimentar vaidades académicas e engordar curriculos de pretensas carreiras políticas, este governo arrisca-se a fazer uma operação de lavandaria que só tem paralelo com as que já se viram nn banca. Porém, como sou crente, espero ver luz, razão e justiça neste caso. A colectidade acompanhará os desenvolvimentos deste assunto, estou certo.
Anónimo
Li na diagonal.. porque hojé é sábado e apetece-me ir ... apanhar ar... Mas eu só leio na diagonal, quando não a escrita não me interessa. Foi o caso....Deu para perceber que estes comentários são de pessoas que não sabem do que estão a a falar. È que não sabem mesmo!
Então aquele que diz que o Desporto já vem do tempo do "António" e a Juventude é recente....está mesmo a precisar de ser reciclado!!!!
Há outro que reclama um organismo similar para a terceira idade..
Fabuloso...
Não façam a seara no tempo certo, e esperem que seja boa a colheita...
E... O Desporto, aqui tratado não é a BOLA... é o da Colectividade Desportiva
Pois é, ó Maria Vidigueira, você tem um problema.
Só lê na diagonal e esquece-se que ler na diagonal só consegue mesmo o Marcelo Rebelo de Sousa.
Experimente ler na horizontal, da esquerda para a direita e de cima para baixo. Devagarinho e com calma.
Vai ver que assim já poderá perceber o que está escrito.
A menos que você seja suficientemente nova para já ser vítima da iliteracia que foi tomando conta da maioria da população portuguesa através do crescente facilitismo escolar, a que relativamente poucos conseguem escapar.
Nesse caso, não há nada a fazer...
"Nunca percebi o interesse de existir um departamento governamental dedicado à Juventude."
Para Professor, não está mal! Podem os jovens continuar iletrados...
Até o Salazar percebeu....e dizem que o homem era tosco.
"O que se pretende fundir são coisas muito distintas. Do lado do desporto uma instituição, que com designações distintas,”nasceu” ainda no anterior regime. Tem um património, uma história e uma identidade próprias".
Olhe que não,..olhe que não...diria o Álvaro Cunhal se fosse vivo. O que nasceu no anterior regime, com designações distintas, história e património foi a Juventude... Criada em 1936, sob a desiganção de Mocidade Portuguesa! Como é óbvio,criada e organizada formalmente para estar controlada, á semelhança da restante Sociedade.
"A decisão de fundir o Instituto do Desporto de Portugal e o Instituto Português da Juventude num organismo único, dissolver a Movijovem e extinguir a Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação é, à partida, um enorme desafio. "
É sim senhor!!!!
E a fusão de que hoje falamos não só é possível como desejável.É dever de todos nós, neste momento difícil apoiar, quem ainda tem coragem de enfrentar desafios.
Quando há uma doença, procura-se a cura, não se mata o indivíduo.E a doença destes dois é tão curável como a do resto da sociedade.Será porventura o desafio menor deste Governo. Não terá sido de todo à toa que começou por aí...sendo certo que anunciou mais....
"A ver vamos"
A menina do IPJ deve continuar a ler em diagonal.....apesar do sábado já lá ir...
Então é uma menina do IPJ!
Está bem.
Então a menina da leitura na diagonal acha que:
1) Se não houver um departamento governamental dedicado à juventude (obviamente o IPJ in IDP), os jovens podem ficar iletrados (e eu a pensar que era na escola...);
2) O IPJ deu continuidade (salvo seja) à Mocidade Portuguesa;
3) "Dizem que Salazar era um tosco" (dizem mesmo?);
4) "Fundir" é um "enorme desafio"
(e já agora uma aventura, digo eu...).
Pois... Está tudo dito... Não precisa dizer mais nada.
Obrigado.
Um professor há mais de 30 anos, que percebe (poucochinho) de Desporto e de Juventude
Não sei o que sabe de desporto mas de Juventude não sabe nada. Até porque já passou a idade e as pessoas idosas ficam um pouco baralhadas. Não se preocupe o dinheiro para a "bola" vai continuar a existir.
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