Os tempos sociais em que vivemos têm gerado e ‘obrigado’ algumas entidades a alterar os seus hábitos diários e operacionais. A forma como algumas organizações desportivas vivem ou viviam, foi-se alterando, umas de forma mais pacífica outras de forma quase abrupta. Para as organizações que tiveram a capacidade de observar e escutar o que estava a acontecer em seu redor, tiveram a perspicácia de conseguir antecipar algumas das alterações sociais, de prática desportiva, medidas governamentais, etc., e com isso, fazer com que a mudança fosse menos penosa e porque não, até criar uma possibilidade de melhorar alguns procedimentos e oferta dos seus serviços.
Estas alterações que individual e colectivamente vamos sentindo, independentemente da organização a que nos referimos, terá maior ou menor lógica consoante estas alterações sejam coerentes com a visão de existência que a organização propriamente dita tem e assume nas suas acções e atitudes diárias.
Uma visão – contextualizando nas organizações – é ter um horizonte de pensamento e estratégia temporal alargado, proporcionando um estado onde se pretende chegar. Permite antecipar, através do que já realizámos, porque o realizámos e onde isso nos pode conduzir. É um cenário que tem a particularidade construtiva e positiva de poder revelar o futuro ideal e desejável onde a organização e os elementos que a constituem pretendem estar.
Perante isto, alguns dos chamados ‘sectores desportivos’ como o desporto para trabalhadores, escolar, federado, etc. foram sofrendo alterações nos últimos anos, umas de forma propositada outras mais impostas.
Já em artigos anteriores defendi que perante algumas ‘questões’ sociais ou de mercado, a fuga para a frente de entidades relacionadas com o desporto como o IDP, INATEL, Autarquias ou Federações, teve como principal defeito o não proteger a visão da razão de existência que faz com que algumas dessas entidades existissem. Seria preferível parar, desconstruir as acções que diariamente regem essas entidades e pensar o que se poderia ou deveria fazer para que a visão se mantivesse exequível e aliciante em termos existenciais e motivacionais.
À resposta que a visão de organização a ou b não tem mais razão de existência, manter a 'fachada' e ir procurando outras formas de entretenimento é adiar a morte lenta das organizações. Tal desaparecimento apenas não acontece porque existem factores (diria) totalmente apoiados em razões não desportivas.
Não sendo apenas um erro das organizações desportivas, ao não investirmos tempo no que poderá ser o futuro a médio-longo prazo, mantêm-se a repetição de erros em detrimento de alguns caprichos. Pensarmos demasiado no futuro enquanto se perde o balão de oxigénio que durante tantos anos fez com que as organizações desportivas tivessem uma razão de existir é desequilibrar a balança estratégica. Até quando se conseguirá viver assim?
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Ter ou não ter visão
publicado por Rui Lança às 17:52 Labels: Administração Pública Desportiva, Dirigentes desportivos, Organizações desportivas
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7 comentários:
José M. Constantino não costuma ser tão confuso.
Este texto é demasiado genérico e pouco concreto.
Falta-lhe concretizar, dar exemplos.
Sinceramente, não compreendo onde pretende chegar.
O autor do comentário está confuso.Deve voltar a ler o texto e verificar que a autoria do mesmo é diferente daquela que atribui.
Tem toda a razão.
Não foi confusão mas sim distracção.
Peço as maiores desculpas a José Manuel Constantino pelo infeliz lapso.
Concordo quando diz que existem algumas entidades que pura e simplesmente deixaram de fazer algo por aquilo que as fez nascer e agora tentam ir fazendo algumas coisinhas para irem aparecendo esporadicamente, continuando no entanto a gastar verbas astronómicas.
Espera-se para ver onde irá este Governo cortar para lá do IDP, sabendo-se que o 'sector desportivo federado' que o Rui Lança fala, especialmente os de alta competição, serão sempre protegidos. Juntar IDP com o que quer que seja é um golpe duro.
Caro leitor 'Anónimo', obrigado pelo feedback. Onde se pretende chegar...é onde estamos no actual momento, entidades desportivas públicas que deixaram de fazer aquilo que lhes competia porque entendem que a razão para a qual nasceram deixou de fazer sentido. A pergunta que faço é: deverão continuar a existir e a preencher que espaço, pois são recursos que são gastos sem se perceber qual o objectivo das suas acções?
A definição da visão não é da minha autoria, é transversal. Desistir de uma visão que qualquer entidade tenha, tem de ser subsituída por outra ou então é dar um passo para mais tarde ou mais cedo deixar de existir realmente.
Caro leitor 'AM', a decisão de terminar ou juntar o IDP com outras 3 entidades deve ter algo de implícito que ainda não captei. Próximos epsiódios ajudar-me-ão provavelmente. Obrigado pelo comentário.
Se a informação está correcta, o autor do texto pertenceu ou ainda pertence ao INATEL, mencionado no texto e que durante muitos anos organizou e bem, o desporto mais para os trabalhadores. Hoje, não só o INATEL mas outros institutos misturam um pouco o não conseguir fazer já o que faziam com a vontade de continuarem a aparecer. Concordo com isso. Não esquecer que mesmo tendo alguma independecia, há sempre alguém que possibilita que isso aconteça em tudo o que pode ser considerado público. Já foi falado neste blog e em outros espaços a necessidade de coordenar melhor tudo o que é a oferta desportiva.
O conceito de "visão" não me parece o mais adequado.
Serão mais apropriados para a definição de objectivos e estratégias claros, tendo em atenção os recursos disponíveis, o conceito de "plano", "programa", ou outros sinónimos equivalentes.
A palavra "visão" tem evidentes conotações contemplativas e o ser visionário leva-nos para o campo de uma utopia, eventualmente virtual ou imaginária, contrária ao pragmatismo que o autor aparentemente defende para as organizações.
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