Artigo publicado no Público de 27 de Novembro de 2011.
1. Abordar o tema do doping é tarefa sempre delicada por se encontrar em causa a carreira desportiva e a dignidade de uma pessoa. Porém, tal não pode ser impeditivo da análise e do comentário, pois estamos diante tema de interesse público. Por isso, nos atrevemos a formular algumas considerações a respeito do “Caso Sara Moreira”, a partir dos elementos que são veiculados pela imprensa. O que, bem o sabemos, é um risco.
2. A atleta «acusou positivo» num controlo realizado nos Mundiais de Atletismo.
Quando começou a ser noticiado tal facto (21 de Outubro) – já realizada a contra-análise –, a atleta afirmou estar de “consciência tranquila”, suspeitando que o resultado da análise se devia à “contaminação num suplemento vitamínico que nunca tinha tomado até então”. Pediu a atleta para que ninguém fizesse “juízos de valor”.
3. No passado dia 9, realizou-se uma conferência de imprensa, na sede da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), para «aclarar» o caso.
Na mesa, o Presidente da FPA, a atleta, o Secretário-Geral da FPA – e relator do processo disciplinar –, o médico da FPA e o nutricionista.
O presidente da FPA revelou que um laboratório de bioquímica estrangeiro confirmou a contaminação do suplemento alimentar. “Sara Moreira está inocente. Confirma-se a contaminação. É uma atleta sem mácula, não houve dolo intencional”, afirmou Fernando Mota, aproveitando para elogiar a “firmeza de convicções, a atitude, postura e valores” da atleta. O presidente disse ainda que os resultados foram encaminhados pelo relator do processo para a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e para ADoP e que espera que o Conselho de Disciplina da FPA tome uma decisão sobre o processo, “dentro de uma semana”.
4. O relator do processo, todavia, a 14, veio esclarecer publicamente que podemos não estar perante "um caso de contaminação" do suplemento alimentar.”
"A verdade é que a substância não está indicada no
rótulo. Do ponto de vista técnico não se pode falar de um caso de contaminação, mas a IAAF tem aceite esse tipo de justificação como se de contaminação se tratasse".
O secretário-geral da FPA sublinhou que o organismo continua “acreditar na inocência da atleta”.
5. Convenhamos que o “Caso” merece algumas observações, independentemente de se saber – cabe a outras instâncias – se a atleta violou uma norma antidopagem e, em caso afirmativo, que sanção lhe deve ser aplicada.
Na verdade, em nome de um conjunto de princípios que devem nortear a actividade de uma federação desportiva, nesta como em outras matérias – como o da independência dos seus órgãos e, no caso, o do segredo do processo –, a conferência de imprensa, as afirmações aí proferidas e as presenças na mesa, não podem deixar de colocar sérias dúvidas quanto ao acerto da FPA neste caso.
6. Por exemplo, como deve ser interpretado pelo Conselho de Disciplina, este “julgamento prévio” – e público – realizado pelo presidente da FPA e pelo próprio relator do processo disciplinar?
Bem sabemos como se passam as coisas, e os vínculos que se estabelecem, por via de regra, entre os presidentes e direcções das federações desportivas e os titulares dos seus órgãos «jurisdicionais». Existe, há muito, uma espécie de direito natural: tudo a bem da modalidade, sua paz e prestígio.
7. Mais. Todo o empenhamento revelado na demanda da inocência de Sara Moreira – a cargo, naturalmente, da defesa da atleta e que não incumbe, sejamos claros, necessariamente à Direcção de uma federação –, sempre pode ser interpretado, por alguns, como algo que lhe era devido em virtude do erro administrativo que teve lugar na inscrição da atleta nos Europeus e que levou o presidente da FPA a um simulacro de renúncia do cargo.
8. Não, a coisa não correu nada bem. Veremos que silêncio a ADoP revelará neste caso.
2. A atleta «acusou positivo» num controlo realizado nos Mundiais de Atletismo.
Quando começou a ser noticiado tal facto (21 de Outubro) – já realizada a contra-análise –, a atleta afirmou estar de “consciência tranquila”, suspeitando que o resultado da análise se devia à “contaminação num suplemento vitamínico que nunca tinha tomado até então”. Pediu a atleta para que ninguém fizesse “juízos de valor”.
3. No passado dia 9, realizou-se uma conferência de imprensa, na sede da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), para «aclarar» o caso.
Na mesa, o Presidente da FPA, a atleta, o Secretário-Geral da FPA – e relator do processo disciplinar –, o médico da FPA e o nutricionista.
O presidente da FPA revelou que um laboratório de bioquímica estrangeiro confirmou a contaminação do suplemento alimentar. “Sara Moreira está inocente. Confirma-se a contaminação. É uma atleta sem mácula, não houve dolo intencional”, afirmou Fernando Mota, aproveitando para elogiar a “firmeza de convicções, a atitude, postura e valores” da atleta. O presidente disse ainda que os resultados foram encaminhados pelo relator do processo para a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e para ADoP e que espera que o Conselho de Disciplina da FPA tome uma decisão sobre o processo, “dentro de uma semana”.
4. O relator do processo, todavia, a 14, veio esclarecer publicamente que podemos não estar perante "um caso de contaminação" do suplemento alimentar.”
"A verdade é que a substância não está indicada no
rótulo. Do ponto de vista técnico não se pode falar de um caso de contaminação, mas a IAAF tem aceite esse tipo de justificação como se de contaminação se tratasse".
O secretário-geral da FPA sublinhou que o organismo continua “acreditar na inocência da atleta”.
5. Convenhamos que o “Caso” merece algumas observações, independentemente de se saber – cabe a outras instâncias – se a atleta violou uma norma antidopagem e, em caso afirmativo, que sanção lhe deve ser aplicada.
Na verdade, em nome de um conjunto de princípios que devem nortear a actividade de uma federação desportiva, nesta como em outras matérias – como o da independência dos seus órgãos e, no caso, o do segredo do processo –, a conferência de imprensa, as afirmações aí proferidas e as presenças na mesa, não podem deixar de colocar sérias dúvidas quanto ao acerto da FPA neste caso.
6. Por exemplo, como deve ser interpretado pelo Conselho de Disciplina, este “julgamento prévio” – e público – realizado pelo presidente da FPA e pelo próprio relator do processo disciplinar?
Bem sabemos como se passam as coisas, e os vínculos que se estabelecem, por via de regra, entre os presidentes e direcções das federações desportivas e os titulares dos seus órgãos «jurisdicionais». Existe, há muito, uma espécie de direito natural: tudo a bem da modalidade, sua paz e prestígio.
7. Mais. Todo o empenhamento revelado na demanda da inocência de Sara Moreira – a cargo, naturalmente, da defesa da atleta e que não incumbe, sejamos claros, necessariamente à Direcção de uma federação –, sempre pode ser interpretado, por alguns, como algo que lhe era devido em virtude do erro administrativo que teve lugar na inscrição da atleta nos Europeus e que levou o presidente da FPA a um simulacro de renúncia do cargo.
8. Não, a coisa não correu nada bem. Veremos que silêncio a ADoP revelará neste caso.
15 comentários:
O assunto é tratado por JM Meirim com isenção exemplar.
É importante acrescentar, para quem não saiba, que a FPA é, há 28 anos, comandada por alguém que domina completamente a estrutura federativa.
Em 1983, quando era Director Técnico Nacional, ocupou o gabinete do presidente Engº Correia da Cunha, que se demitiu do cargo.
Depois, designou sucessivamente 2 presidentes, embora fosse ele a dirigir as reuniões das sucessivas Direcções, sem ter direito sequer a estar presente nas reuniões por delas não fazer parte.
Em 1992, finalmente, candidatou-se a presidente e obteve uma vitória esmagadora contra António Campos.
Foi a única vez, desde então que teve opositor em eleições.
De então para cá, a FPA não é mais do que uma extensão da sua casa.
E nem precisou nunca de apresentar qualquer programa eleitoral para ser eleito com votações sempre acima dos 80%.
O país da Associações ordinárias e extraordinárias é a sua quinta.
F. Mota dispõe a seu bel-prazer de tudo e de todos aqueles que por ele são integrados na estrutura.
A pretexto das medalhas alcançadas pelo Atletismo português, em parte da sua responsabilidade, mas sobretudo conquistadas por atletas e treinadores com a ajuda fundamental dos clubes, criou uma teia de interesses e uma aura de intocabilidade, que lhe facilitam muito o unanimismo medroso da Assembleia Geral.
Ultimamente, alguns dos muitos erros graves de gestão, anteriormente escondidos, têm vindo a público e sido denunciados.
Este caso é apenas mais um.
Os disparates e o desnorte de quem, como Fidel Castro, Hosni Mubarak ou Muhammar Khaddafi, há muito está fora do prazo de validade, sucedem-se.
Desde 1994 que não atribui as distinções honoríficas estatutárias.
Globalmente está-se nas tintas para os estatutos da FPA, com a complacência do presidente da Assembleia Geral e da Direcção.
Em Dezembro de 2012 não poderá mais candidatar-se à presidência.
Mas vai continuar a mandar, como sempre e sentado no mesmo gabinete.
Temido por todos.
Um caso a estudar...
E porque não te ... candidatas tu anónimo das 12.30? (antes Luís Leite o "anti-anónimos")
Ao anónimo das 12:30
Quem tão bem conhece uma modalidade, a sua natureza, os seus "pontos fortes" e "pontos fracos", quem tão intimamente conhece o "grande lider", quem tão bem conhece a assembleia geral e as suas generalizadas fraquezas e dependências e, até mesmo, incompetências, isto é, quem tão intimamente conhece a quinta que o "grande lider" tem dominado a seu bel-prazer, quem, ainda mais, prevê com total clarividência que o "grande lider" vai sair mas vai continuar a dominar, julgo que só tem dois caminhos possíveis, a saber: candidata-se ao lugar do "grande lider", tarefa, certamente fácil pelo conhecimento que demonstra possuir sobre a organização e os incompetentes que por lá grassam ou retrai-se e "apequena-se" na sua "zona de conforto", não dando aquele "big step" pelo qual eu, e certamente muitos outros,esperamos.Seriam favas contadas para si, tarefa mais de Dalila do que de Sansão e um grandioso e estrondoso passo para o desporto português. Teriamos, finalmente alguém no firmamento desportivo nacional que cortaria cerce com essa cambada de incompetentes que habitam os COP's CDP's IDP's e a própria federação. Se eu votasse poderia, desde já,contar com o meu papelucho, lá depositadinho na caixinha do veredicto. Medalhas então passariam a cair a peso, não à unidade. E como medalha traz medalha o contágio a outras modalidades estaria assegurado. Pena é que as outras modalidades não possam votar na eleições da FPAtletismo. Aliás deviam poder, porque "o grande lider" pelo que se sabe também tem dominado o firmamento desportivo doutras modalidades. Você, de mão beijada, receberia um legado que lhe permitiria virar o desporto português do avesso. Finalmente está encontrada a solução para toda esta "bodega desportiva" que nos atormenta.
Grito em alto e bom som: o anónimo das 12:30 ao poder!
Tem medo dos 'rabos de palha' que deixou...
Manobras de diversão face ao essencial, que é a opinião de José Manuel Meirim e o "case study" referido no primeiro comentário.
Você fala em Fidel Castro, Hosni Mubarak ou Muhammar Khaddafi, fala em quintas, prazos de validade e agora quer dar um tom de seriedade à conversa apelando para a opinião de JMMeirim e para a necessidade de realizar um "case study". Muito bem.Curiosamente foi você que desviou a conversa do tema levantado por JMMeirim.
Os peritos da gestão que estudem este caso. Refiro-me ao seu. Você´é que, pelos vistos merece passar de "case study" a "studied case". Não me refiro, obviamente, a si como pessoa. Isso não interessa. As questões que levanta e as suas obsessões, essas sim merecem ser estudadas. Mais um questionário e umas entrevistas e avançamos para o futuro com o respaldo da "ciência".Porém, estou comvencido, tudo isto são "fait divers". As suas preocupações e revoltas, repetidamente enunciadas, sobre o estilo liderança, comando, gestão etc. do presidente da FPA, estão escarrapachadas em qualquer manual de liderança.Personalidades como esta que você abomina existem em qualquer organização. Se é a personalidade que é forte ou se é a organização que é fraca venha o diabo e escolha. Parece-me bem que você não escolhe nem uma nem outra. A personalidade é terrível - semelhante às "personalidades" acima referidas - e a organização é medrosa e manipulada.Você vive noutro mundo, recheado de fantasmas. Você já não vive no pré-25 de Abril. Hoje se quizer mudar o mundo tem que se mexer. Se quizer afastar estes sujeitos medonhos vá-se a eles. Mostre que é mais forte. Entese-se contra estes ditadores. Lamentavelmente o próprio Estado, facilitou-lhe a vida, partindo do princípio de que o seu povo é fraco.Resolveu contrariar a democracia, removendo, com a força da lei, os dirigentes/políticos que aquele povo lerdo, apático, amante de ditadores e, "qui ça" masoquista, pretendia perpetuar no poder.Você vai ter agora o caminho livre para mostrar como se gere a "coisa" a preceito. Não haveria mais nenhum caso Sara Moreira, pelos vistos vitima inocente de distracções alheias. Mais nenhum atleta, médico, nutricionista, massagista, familiar, amigo ou namorado se distrairia com as substâncias que dão para ingerir, cheirar, provar ou degustar. A sua pedagogia evitaria todo e qualquer caso passível de chegar a conferência de imprensa. JMMeirim não teria mais assunto para elaborar parecer. Sob a sua direcção acabavam-se as notícias de casos ou escândalos. Só haveria notícias das medalhas conquistadas sob a sua batuta.
Julgo que com a ajuda da NATO e da CIA, alguém, um dia, já não nesta década, poderá conquistar a FPA.
Assim, não há interessados...
Mas cuidado, NATO.
O terreno está todo minado...
Insisto no "case study".
E na reflexão sobre as palavras isentas de JM Meirim.
A tal atleta suspensa por doping e inocentada pelo Presidente da FPA encontra-se integrada no estágio de preparação da Selecção Nacional para o Campeonato da Europa de Corta-Mato.
E esta, hein?
Ao anónimo das 23:11
Insiste que este assunto é sério e que merece ser estudado e, agora, vem com a NATO e com a CIA.
Você, que, pelos vistos, conhece bem o assunto, o cenário e os seus principais actores poderia esclarecer-me algumas dúvidas que decorrem das opiniões que expressou:
O que é que impede que alguém com boas ideias, um projecto e um programa de qualidade possa concorrer e ganhar as eleições para a federação de atletismo? Ainda para mais agora que o actual presidente não pode voltar a concorrer.
O que é que quer dizer com aquela de ele continuar a mandar, sentado no mesmo gabinete?
A modalidade é assim tão pobre que não existe ninguém que possa substituir o actual presidente?
Os votantes da modalidade estão todos comprados? O que é que se passa de tão misterioso que impede as pessoas de votar de livre vontade?
Se vovê, por exemplo, decidir concorrer o que é que o impede de divulgar as suas ideias e projectos para a modalidade? Não o ouvem? Fecham-lhe as portas quando se aproximar? Correm consigo? Enxotam-no?
Que raio de democracia é que existe lá por esses lados?
Será que não há nenhum corajoso que ofereça o peito às balas?
Ou será que você não quer mesmo é ir à luta e, entretanto,desde já, vai desacreditando qualquer potencial candidato apelidando-o de "moço de fretes" ou "testa de ferro" do actual presidente?
Sugiro-lhe que se candidate. Caso não se candidate, não desempenhe o papel ridículo de "empata candidatura" de ninguém. Conhece, certamente, aquela história do sujeito que não copulava mas, também, não deixava ninguém mais copular, ou, pior ainda, desvalorizava a qualidade das cópulas dos outros.
Não caia nesse ridículo.
Anónimo das 23.25:
Você ou está completamente de fora desta realidade ou então está a gozar comigo...
Por que razão não houve, não há nem haverá ninguém verdadeiramente interessado em concorrer às eleições, excluindo alguém eventualmente proposto pelo actual presidente?
Quando falo em "case study", é mesmo porque o caso merecia ser objecto de uma investigação independente, com contributos de várias áreas do conhecimento universitário de nível superior.
Em Espanha, passa-se uma situação com algumas (bastantes) semelhanças, que poderia servir de referência comparativa.
A democracia, quando manipulada e não controlada, pode, por vezes, não passar de uma mera e triste ilusão...
Evitando fazer comentários a essa história de cópulas (rasca), é de sublinhar, para que não restem dúvidas, o seguinte:
O que "impede que alguém, com boas ideias, um projecto e um programa de qualidade possa concorrer e ganhar as eleições para a Federação de Atletismo" são os simples factos de que:
desde 1992 (19 anos) nunca mais ninguém ousou enfrentar o presidente, porque é completamente inútil, dadas as circunstâncias de manipulação totalitária;
O actual presidente nunca mais precisou de apresentar um programa eleitoral, nem sequer uma ideia de Atletismo para o futuro.
Limitou-se sempre a navegar à vista, irritando-se e eliminando da estrutura directiva ou técnica qualquer pessoa que cometesse o crime de ao menos pedir um organigrama da Federação minimamente explicativo de como aquilo (não) funciona.
Pois, é que a Federação confunde-se com a sua própria pessoa, razão pela qual nunca se afastará (mesmo descredibilizado por sucessivos erros) e continuará a mandar sozinho, seja quem for o candidato único que ele apresente ou, nada discretamente, apoie.
O futuro apresenta-se pouco risonho no que respeita a futuras medalhas e, sem pistas em condições para treino e competição em quase todo o país, sem atletismo no interior do país, com os rankings em continuada recessão, e sem qualquer renovação estrutural, a FPA, isolada, acabará, infelizmente, por cair de podre, afogada em dívidas impagáveis.
Depois de tudo o que você já disse sobre este assunto só vejo uma hipótese no horizonte para resolver esta situação que tanto o perturba e escandaliza: o próprio Estado deve arrancar à força estes ditadores que por aí andam a impedir que pessoas válidas tenham a oportunidade de por as suas ideias em acção. O Estado tudo deve fazer para que os "mais válidos" ocupem o poder. Só pode ser o Estado, à força, a recuperar o regime democrático que você refere ser deficitário. Que paradoxo!
Você, certamente por fortes razões afectivas que só a si dizem respeito, não consegue perceber que este é um problema social que não diz respeito apenas à sua modalidade, diz respeito ao país. Acha que os níveis crescentes de abstenção registados nos últimos actos eleitorais não têm nenhum ponto de contacto com esta situação mais específica que refere?
De qualquer modo o que eu sinto é que quem escreve as suas linhas é alguém que não é capaz de olhar para o assunto com coerência e serenidade. Só vê como obstáculo a um bom candidato e um bom projecto o facto do presidente actual já lá estar há muito tempo, ser ditador, correr com alguns desalinhados, não apresentar programas eleitorais etc.
Meu caro, creio que isto é a democracia em acção.
Quem não gosta vai à luta.
O que você quer mesmo é que alguém resolva este problema fora do regime democrático. O próprio Estado já lhe deu uma ajudinha significativa. Limitou os mandatos aos ditadores. Puxa, se isto não é ajuda... O que é interessante é que nem isto lhe chega. Os fantasmas continuam à solta. Rodeiam-no implacavelmente. Só chamando os "gostbusters".
Se estes não tiverem poderes ou tecnologias suficientes para atacar o "grande mal", vá você directamente à bruxa. Elas andam aí, desejosas de ajudar os mais fracos.
O anónimo das 22:37 mostra à saciedade o que é o discurso dos perdedores. Em vez de apresentar alternativas e ir à luta apresenta-se como perdedor antes de chegar à linha de partida. Tudo é argumento válido para afirmar, a si próprio e aos outros, que não vale a pena lutar. Se concorresse e lutasse e, eventualmente, perdesse, viria imediatamente com a ladainha do "jogo viciado". A nossa sociedade está cheia deste tipo de candidatos: os que não chegam a concorrer, perdem antes de competir, os que concorrem sob protesto, e os que denunciam o "jogo viciado" logo que os resultados são anunciados. Todos eles são vítimas, coitadinhos, tristes, sempre à espera duma palmadinha amiga nas costas que lhes reconheça o valor, se possível, sem competir.Quer parecer-me que é neste tipo de atitudes que a democracia se enfraquece e se esboroa. Continuam, assim, a bramar contra os "ditadores" mesmo numa sociedade onde impera a liberdade e todos os seus excessos.
Os fortes, os verdadeiros lideres, não têm este discurso. Lutam por aquilo que querem. Não desistem. Dão tudo o que têm em campo. Não dizem, no fim do jogo, que não deram todo o seu esforço ou que as regras estavam viciadas, para protegerem o que restava da sua parca auto-estima.
Ah pois para finalizar, vem o fatal:
-Eu avisei-os: as medalhas estão a acabar.
Grande "case study"...
Anónimos das 17.36h e das 19.18h:
Eu apenas relatei a minha perspectiva de uma situação.
O objectivo era pôr as pessoas a pensar.
Acho que o Estado não tem nada que se meter nestes casos.
Concordo que existe um enorme défice democrático e de participação democrática em Portugal, que certamente é uma das causas deste tipo de situações.
Não tenho de facto solução para o problema.
Apenas constato que os dados estão há muito viciados.
Por alguma razão não há interessados em concorrer nestas condições...
E constato que, assim, a democracia é virtual.
Qualquer acto eleitoral realizado nestes termos é virtual, embora legítimo do ponto de vista formal.
Se vocês insistem em achar tudo isto normal e muito democrático eu não acho.
Seja como for, reservo-me o direito de tomar as iniciativas e dar as opiniões que muito bem entendo, sem precisar do vosso apoio.
Anónimo das 22.37h
A inocentada pelo Presidente da Federação foi suspensa por 6 meses pelo Conselho Disciplinar.
Não haverá aqui uma contradição evidente?
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