É sabido que os resultados dos atletas espanhóis em Londres
não corresponderam a algumas expectativas, particularmente tendo em atenção a proliferação
de resultados relevantes nos últimos anos, ao mais alto nível, num conjunto
amplo de modalidades que ajudaram a consolidar a “Marca Espanha”.
Perante esta realidade, à qual por certo não será alheia a
crise económica e financeira que o país vizinho também atravessa, o Governo
espanhol vem agora propor o seu “pacote de ajustamento” para o desporto
nacional, seguindo, aliás, em alguma linha, um conjunto de medidas já implementadas noutras
potências do desporto mundial, como o Reino Unido, ou a Austrália no seguimento
de um amplo debate reformista após a apresentação do Relatório Crawford em
2009.
Sem mais delongas, vejam-se as principais propostas de
Miguel Cardenal, presidente do Conselho Superior do Desporto, órgão máximo da administração publica desportiva em Espanha:
- Corte de 40 a 50 % das subvenções públicas destinadas às federações;
- Diferenciação do financiamento público às federações através da elaboração de uma lista de modalidades de interesse estatal, na qual se procede a uma avaliação em função dos seguintes critérios, (i) resultados alcançados, privilegiando as modalidades olímpicas; (ii) boa gestão das federações e (iii) participação feminina em cargos técnicos e de gestão (seguindo, aliás, uma recomendação do COI de há longos anos);
- Possibilidade de fusão de federações, após análise de plano de viabilidade e sustentabilidade financeira solicitado a cada uma das 66 federações espanholas durante o mês de Outubro;
- “Para 2013 não se contempla gastar nem um euro em infraestruturas, instalações, nem organização de eventos”.
Estas orientações, apresentadas ao Senado espanhol, são acompanhadas com a redução do orçamento do Consejo Superior de Deportes para 111,37 milhões de euros, estando ainda em cima da mesa um corte nas receitas do futebol provenientes da Quiniela, enquanto se aguarda o impacto da recente Lei do Jogo.
Perante tudo isto Cardenal, não tem escapado a um coro de críticas
por este pacote polémico, assumindo inclusive, sem assombro, em recente entrevista, uma previsível queda dos resultados no desporto de elite e de
massas, dando a cara por um conjunto de medidas que se impõe tomar num
quadro de austeridade.
Muito haveria por dizer sobre isto, no entanto, não tendo
ilusões sobre o aprofundamento de tal exercício pelo indigenato pátrio,
aguarda-se tão-somente aquilo que, neste capítulo, o próximo Orçamento de
Estado nos reserva para depois se dar inicio ao folclore habitual…
17 comentários:
Ao contrário dos espanhóis, os nossos governantes falam e decidem sem explicar porquê.
Habituados a uma partidocracia em que os instrumentos políticos, sempre "politicamente corretos", eram e são virados para as promessas vãs (agora impossíveis) e o eleitoralismo.
E houve quem aqui gozou com a Folha A4, e com a Mudança Organizacional que ela propôs...
A mudança que proponho vai além dos meros «cortes» como a espanhola faz. E era capaz de colocar Portugal num caminho mais competitivo. Porque dava ao «atual sistema» a possibilidade de gradualmente se auto-orgnizar e de se adaptar. Não através de atos administrativos unilaterais vindos verticalmente do Estado, mas outrossim consertados no seu seio através da ADD.
O que andaram a fazer estes anos todos a maior parte dos decisores que se mantiveram teimosamente nos lugares de chefia intermédia e de topo? Que propostas escritas apresentaram aos presidentes dos institutos e aos governantes?
Não venham agora criticar a situação atual, para a qual são os principais responsáveis.
Talvez
Estou completamente de acordo com o Dr. Luís Leite.
Portugal vive num regime partidocrático absolutamente inadmissível. O melhor é acabarmos já com os partidos. Eles são o mal do desporto e do país.
Deviamos instituir um Estado Corporativo à semelhança daquele que Oliveira Salazar nos deixou.
Então, como o dr. Luís Leite diz, acabavam-se as promessas vãs.
a competição para quem diz a maior enormidade mantém-se
Em Portugal a coisa fia mais fino. O Governo não decide sobre o joelho. E através do IPDJ, irá proceder à avaliação do impacte do financiamento público dos Ciclos Olímpicos 2001-2012 nos programas de desenvolvimento desportivos que asseguraram a preparação dos praticantes desportivos nacionais de elite nas últimas 3 olimpíadas e paralimpíadas(Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012.E para tanto encomendou o trabalho à PwC – PricewaterhouseCoopers uma presença que começa ser habitual em certos momentos da história da administração pública desportiva.
Caro anónimo das 12.35h:
Entre a corrupção generalizada que encontramos nesta pseudo-democracia podre em que mandam organizações secretas e gente sem moral e um regime corporativo (saberá você o que é corporativismo?) prefiro claramente o segundo.
E repare bem: eu não me escondo atrás do anonimato.
Porque não tenho nada a ganhar com esta pouca-vergonha...
Neste Portugal imoral de paredes riscadas, licenciaturas oferecidas e bulliyng permitido nas escolas,só tenho perdido.
Porque não sou alinhado nem devo favores a ninguém.
Até a dignidade me vão tirando ano após ano.
E não é só a mim, como se viu na manifestação do dia 15 de Setembro.
Espero ansiosamente pelo dia 29 de Setembro, já com os militares e as forças de segurança.
Pegando na «deixa» de J,M.Constantino (25Set2012 15:29) relembro o que o Talvez aqui disse há um mês.
Disse: “Muito antes de, pomposamente, se enunciarem os desejos de Mudança e de Poder há que fazer o trabalho-de-casa. i) Já alguém reparou que ninguém sabe quanto o Estado gasta com o Desporto em Portugal? Que se fazem sucessivas «estatísticas» e estudos «económicos» em cima desse desconhecimento, alguns até publicados com o dinheiro do próprio Estado? Como é possível fazer a Gestão de qualquer coisa sem se saber quantificar o custo, nem as parcelas que é necessário somar para fazer essa conta básica? A Folha A4 permite de imediato fazer essa conta (ver Quadro da Folha A4 em que se refere a % do PIB, e as parcelas da responsabilidade do Estado). Como é possível falar de Modelos, e da situação atual, sem conhecer esse elemento básico? Esse começo que ela exige é já uma consequência prática, imediata, e absolutamente exequível. A Mudança Organizacional que a Folha A4 propõe não apenas resolveria esse problema no curto prazo, como daria sustentabilidade à regulação, controlo, e fiscalização dessa «conta-básica» que, despudoradamente, todos desconhecem. Como é e foi possível este erro? ii) Já alguém reparou que esse desconhecimento advém, e é consequência, do «modelo disperso» que os sucessivos Governos e responsáveis permitiram? (As Federações, e algumas figuras mediáticas ao seu serviço, vão bater à porta dos vários departamentos do Estado, sem que uns saibam quanto os outros deram e para quê!). Isso causa um desperdício de recursos financeiros estimado em 60%? Ora a Folha A4 resolveria de imediato essa falta de controlo e conhecimento. Pois ao adotar o «modelo concentrado» permitia devolver ao Estado (através dos seus legítimos representantes, eleitos) essa responsabilidade perdida, dando-lhe a possibilidade, ainda, de prestar boas-contas aos Cidadãos/ãs. Deixando de estar refém da manipulação que por causa desse desconhecimento as várias entidades do sistema desportivo lhe têm feito.” (Talvez, 3Set2012, 18:38, Colectividade Desportiva)
Isto para dizer que o Governo fez bem ao começar por fazer as contas que a Folha A4 propôs, e que ninguém ainda tinha feito.
Estou curioso em saber se os «60% de eficiência» a que cheguei se confirmam com o estudo da PwC.
Outro assunto diferente é a aplicação dos resultados do estudo. E isto também vem a propósito da situação difícil criada ao Governo com a dita «crise». Para abreviar coloco a questão no modo de interrogação: Poderá Portugal andar à mesma velocidade do que a Alemanha, a França, e os países mais desenvolvidos do mundo que são seus credores? A realidade social, económica, cultural, de qualificações, etc. é comparável à desses países? Então talvez se devesse perguntar: Será sensato tentar resolver num ano, ou em três, um problema com 30 anos de erros?
De quem é a culpa desta insensatez, apesar de não ter culpa da outra?
Será que não nos mandam a «tranche»? Ou é apenas uma ameaça?
Qual será o limite entre a perda do credor e a recusa do devedor?
Se a catástrofe social chegasse, com as consequências trágicas que acarretariam, outra vez com senhas de racionamento e filas para os alimentos básicos, para além do descontrolo na segurança, o que aconteceria à relação devedor/credor? Não se inverteriam os papéis? O antigo credor não perdia automaticamente a sua condição de quem tem alguma coisa a receber para ser um devedor, face ao que provocou?
Repito: Quem são os autores da insensatez de tentar resolver num ano, ou em três, um problema com 30 anos de erros?
A culpa desta insensatez desculpará a culpa da outra?
Não deveria ser neste espaço-negocial que um «Contrato para a Soberania» se deveria firmar?
Em vez de nos atacarmos uns aos outros… Também na aplicação da Folha A4 ou dos «resultados do estudo PwC»?
Talvez
O Talvez que trabalhou em secretarias de estado e está por dentro do que faz um dos partidos do arco da governação deveria dar resposta à sua propria pergunta sobre como é possivel decidir sem estudos e com supostos estudos.
não se conhecem outros estudos da PWC, o JMC está a meter água
Caro «Anónimo 25Set2012 17:30» o Talvez já respondeu ao que solicita.
O Talvez respondeu, para o Desporto, com o contributo da Folha A4.
E para o resto com a seguinte solução: «Um Contrato para a Soberania».
Isto é: Em vez da luta fratricida, um «consenso sobre as prioridades». Simultaneamente para o curto e para o longo prazo. Com uma duração mínima de uma «geração» (50 anos). Aprovado por 2/3 da Assembleia da República. Eventualmente vertido, em termos gerais, na Constituição. Com sanções por incumprimento, concretamente a demissão imediata (max. 3 meses após verificação objetiva) dos governos que não cumprissem as metas estipuladas para cada legislatura.
Concretamente:
I. Prioridade principal de curto-prazo: Controlo da Despesa.
Isto é, «controlar implacavelmente a despesa-corrente, ajustada em função do ciclo económico, e obrigatoriamente coberta pelas receitas-correntes».
II. Prioridade de longo-prazo: Investir na Economia.
Isto é, «fazer um investimento na economia, financiado por dívida de longo prazo». Não utilizar o financiamento externo (o dinheiro que nos emprestam) para outro fim. Com o objetivo principal de repor a capacidade de Portugal na agricultura, pesca e produtos do mar, industria, transporte marítimo e espacial (meta de 80% de autonomia). Definindo como metas: a exploração geológica e biológica dos recursos existentes (ZEE); a especialização em construção de infraestruturas necessárias a essa exploração (inshore e offshore); a exportação de produtos e serviços; e o turismo.
O que o Talvez ainda não viu foi a solução que o prezado «Anónimo 25Set2012 17:30» propõe. Nem a de muitos que não fazem mais do que comentar «telegraficamente».
Alguns chamam (aqui) cobardia ao «anonimato». Mas quase todos esquecem que a cobardia é quem pela frente do nome não é capaz de tornar os seus contributos visíveis. Isto não é a caça às bruxas, nem a bufaria inquisitória de perseguição pessoal. Aqui valem «os contributos» sem a rede de proteção do «estatuto». O que é muito mais difícil. Porque mostra que muitos que têm nome e estatuto andaram toda a vida empoleirados no Poder, em cargos, sem mérito nem valia. A «prova-cega dos contributos», como em muitas outras competições noutras áreas, é essencial à Competitividade. Quem tem unhas toca a música, quem tem apenas carantonha fica a ouvir.
Agora outra coisa é pôr os portugueses/as uns contra os outros numa hora difícil para todos. Talvez não se deva alardear a desonestidade de afirmar que a nossa culpa é menor do que a dos outros, porque feitas as contas é igual ou maior. Não é a troika, ou outra porcaria qualquer, que nos põe fracos. Derrotar os interesses alheios à Soberania é darmos contributos para os derrotar. Agora, e não daqui a um ano. Ou não?
Talvez
Ora aí esta uma boa questão para que se não meta água :conhecer o trabalho e para que serviu a aquisição por parte do IDP, salvo erro em 2007, de serviços à consultora PwC-PricewaterhouseCoopers de estudos sobre o modelo de financiamento ao movimento dseportivo federado..
Nem eu sabia d’esta!
O problema de muitos «estudos» está nas «perguntas e nas parcelas» que se escolhem. E nas «respostas» antecipadas, das quais depende o pagamento do serviço.
Desculpem se, Talvez, esteja a ser demasiado radical…
Talvez
Estou de acordo com o Talvez, muito embora também concorde com o Arquiteto porque, a ver bem, o Dr. Constantino confirma-o nas observações que, implicitamente, acerca dele faz. Relativamente ao anónimo das 17 e trinta o melhor era ver bem o que o anónimo das 9 e vinte e um disse porque, este, a priori, também alinha com aqueles que dizem que a solução está na PwC-PricewaterhouseCoopers uma solução que só podia vir de uma mente brilhante como a do Mestre Picanço. O desporto vai no bom caminho. Venha o estudo para podermos zurzir com aquele gostinho tão português. Esperamos que recomendem legislação, muita legislação, porque é aquilo que o desporto mais necessita.
Antes do milagroso estudo da PwC estar concluído... Teremos um novo secretário de estado e ipdj que não irão criar mais um grupo de trabalho(?) para recomendar a produção de mais legislação, preparada em sociedades de amigos com a promiscua participação de membros de gabinetes. Viva a "ética secreta" dos aprendizes! E se fossem pregar falsos moralismos para outra freguesia? Cresçam, falem verdade e tenham juizinho.
Presumir-se-á, de acordo com o «Anónimo 25Set2012 22:45», que a solução de «fazer as contas pela PwC» é má?
Sejam quais forem as dificuldades essa iniciativa é positiva. E o atual SEDJ tomou uma boa iniciativa, sejam quais forem as dificuldades de partida, e sejam quais forem as dificuldades de aplicação.
Aliás, ter-se delas consciência não é dar um contributo positivo para o seu sucesso?
Imagine-se que as perguntas de partida eram aquelas que forem feitas aqui para as medalhas olímpicas… O resultado ficaria imediatamente aprisionado às respostas que aqui foram dadas, por mais cálculos que se continuassem a fazer.
Se o objetivo do cálculo for uma avaliação da eficiência do atual sistema de relações entre as entidades que compõem o dito sistema desportivo, e se se considerarem as variáveis que a Folha A4 refere, não há nenhuma razão a priori para o estudo não ter utilidade.
Talvez fosse melhor, em vez de criticar por criticar, haver aqui mais contributos como o da Folha A4, para ajudar no concreto a discernir as perguntas-de-partida e as variáveis a considerar.
Talvez
O Talvez tem a iluminura de um Sócrates, sabe de tudo e da sua contrária furiosamente, tal como as máscaras coléricas alardeadas pelo filosofo parisiense nas suas longas e catastróficas legislaturas
Eu por mim prefiro um modelo tipo folha A5. É mais pequena e na crise que o País vive sempre representa alguma economia. Desde logo 50% de papel para não falar da verborreia.
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