Um
amigo já com grande experiência de vida e muita sabedoria costuma dizer-me com
alguma frequência que já tem idade suficiente para ser verdadeiramente
intolerante com determinadas coisas. Lembrei-me deste seu dito ao ver um
anúncio de um Seminário que ocorrerá na próxima quinta-feira.
Na
verdade, sempre pensei que com o avançar da idade eu acumularia tolerância para
situações que eventualmente me irritassem. Nada mais falso.
Após
mais de 15 anos a refletir e a atuar no domínio das mulheres no desporto, ou
melhor, a identificar e a combater as discriminações a que estão sujeitas,
assim como acerca das parcas oportunidades que lhes são concedidas, já sou
pouca tolerante para as ações que espelham ser apenas mais do mesmo e que pouca
progressão cunham à luta que se deve travar neste âmbito.
Dito
por outras palavras, admito que há uns bons anos a esta parte a reflexão e
discussão desta problemática eram o primeiro passo para a sua
consciencialização crítica e consequentemente para ulterior intervenção dos
diversos responsáveis políticos, associativos e empresariais. Sendo bem verdade
que deste exercício esteve sempre afastado o poder público e os sucessivos
governos, assim como as principais organizações da cúpula e do mercado
desportivo, o mesmo já não se pode dizer da Associação Portuguesa Mulheres e Desporto, basta consultar as conclusões dos seus seminários, dos seus congressos
e da diversa obra publicada.
Consequentemente,
um Seminário promovido pela tutela do desporto nacional – Secretaria de Estado
do Desporto e da Juventude – e apoiado por três entidades de grande relevo
nacional, quais sejam, o Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P., o
Comité Olímpico de Portugal e a Comissão para a Cidadania e Igualdade de
Género, teria de ser um acontecimento estratégico e de claros sinais de
profundas mudanças no estado empobrecedor da participação das raparigas e
mulheres em todos os níveis e esferas de intervenção desportiva. Teria de ser
diferenciador das múltiplas ações de diagnóstico, de reflexão e de discussão
realizadas até ao momento, teria de ter subjacente uma estratégia e um objetivo
que denunciasse um querer transformador da realidade em causa. Nada disto se
torna evidente através dos objetivos e do cardápio anunciado. Não desmerecendo a
competência e o conhecimento dos/as intervenientes, em nada se distinguirá de
idênticos realizados anteriormente. Pelo
contrário, sem intervenções de palestrantes estrangeiros/as, com painéis que
concedem pouco mais de 10 minutos a cada um/a dos/as participantes e com a
abordagem de temas recorrentes será uma ação que certamente ficará aquém de
anteriores e cujas consequências não farão história.
Oxalá
esteja equivocada e sejam clarividentes os propósitos do governo com esta
iniciativa, intitulada “Um Compromisso com a Igualdade no Desporto”, mesmo ao
arrepio do seu programa que nem uma linha dedicou a objetivos estratégicos e a
medidas no tocante às mulheres e ao desporto. Oxalá mobilize para esta causa
esforços idênticos aos dedicados, por exemplo, para a criação do Tribunal Arbitral do Desporto ou ao Plano Nacional de Ética no Desporto. Afinal, a
dignificação da participação das raparigas e mulheres portuguesas na atividade
desportiva não é mais do que uma questão ética, de justiça e de salvaguarda de direitos
humanos. Haja um efetivo compromisso!
23 comentários:
Parece-me Cara Professora que está a dar um 'sopapo' na mesa e face a questões como a imparidade da prática desportiva de 3 homens para 1 mulher felicito-a por alcançar este estado de espírito superior que muita gente procura evitar a todo o custo até para não parecer mal a Deus e ao Espírito Santo. Obviamente para estes personagens as mulheres e os seus problemas estão bem em casa para tratar das crianças e dos idosos. Ainda por cima não há empresárias para premiar...
Ouvi dizer que a mulher do João Lagos é que devia ser condecorada pelo percurso de vida coerente do princípio até ao fim?
Só o tema "Um Compromisso com a Igualdade no Desporto" já é suficientemente demagógico à partida.
Confunde-se "Igualdade no Desporto", algo que nunca haverá, porque há melhores e piores desportistas e por razões biológicas de género, com "Igualdade de Oportunidades no Desporto".
É de igualdade de oportunidades que se trata.
O igualitarismo é idiota, porque sendo "politicamente correto" é contra-natura.
Fique claro que num domínio tão esquecido e relegado como é a participação das raparigas e mulheres a todos os níveis, desde a prática desportiva, ao seu treino ou à sua gestão/liderança, qualquer ação que dê visibilidade, que promova a reflexão e discussão e que congregue organizações e pessoas em seu torno é de louvar.
O que eu lamento é que por parte de entidades políticas com tantas responsabilidades nesta causa não resulte algo mais sustentável, duradouro e transformador do que a realização de um seminário e nos moldes em que o planeou.
O que se reclama deste governo é o que já muitos países fizeram há muito tempo, designadamente os nossos vizinhos espanhóis e franceses, face ao diagnóstico feito, delinearam uma estratégia, um plano de ação, constituíram uma rede humana e afetaram recursos para a médio prazo melhorarem significativamente os indicadores de participação feminina no desporto. E os resultados estão à vista. Mas quem sabe, agora que já se fala num planeamento desportivo para três ciclos olímpicos, se tudo isto já estará em marcha, se assim for, aplaudiremos com certeza!
Concordo consigo Luís Leite, grata pelo seu comentário.
De vez em quando há a necessidade de se fomentar um determinado evento a fim de se mostrar que se faz algo ou de projetar alguns interesses e/ou algumas pessoas...
Não há condições de igualdade no desporto e muito menos "igualdade no desporto"...
O que se concluirá deste Seminário?
(Nota: já aprendi a comentar como anónimo!!!)
Ao anónimo de 29/11/12 às 23:15.
Concluir-se-à no seminário, que o melhor a fazer, é seguir as orientações do sr. Diretor do IPDJ do Norte.
Dedicarem-se à agricultura, uma vez que esta é, uma opotunidade de futuro. O desporto é um passatempo, uma distração, um ócio do homem. O desporto só traz desigualdade de oportunidades e despesa aos contibuintes. Abaixo o desporto, vivam os carros de luxo no estado.
Parece não haver dúvidas sobre o trabalho meritório que tem sido desenvolvido pela Associação Portuguesa Mulheres e Desporto ao longo dos tempos...
Também não duvido que há-de haver conclusões sobre o discutido neste Seminário...
Mas se algo de prático e frutuoso sairá dele para haver menos condições de desigualdade entre géneros no desporto ou para haver mais oportunidades de acesso... isso já não sei!
Cara Amiga:
Infelizmente não se equivocou. Um déjà vu.
O Seminário deve permitir que se acrescente uma linha a um qualquer relatório do IV Plano para a Igualdade. Se a intenção era esta, tarefa cumprida!
A CIG (e antes desta denominação todas as outras desde 1970) tem trabalhado e produzido muitos documentos, livros, manuais , nomeadamente na educação e no desporto. Os tempos não são fartos, não permitem grandes realizações e foguetório condizente? Aproveite-se a experiência, os materiais produzidos pela CIG e trabalhe-se no terreno, em parceria com escolas de formação de professores, clubes desportivos, faça-se formação a treinadores e a outras entidades do desporto. Grande parte da formação até poderia concretizar-se online.
Tanto curso de comunicação visual, digital, de cinema, e por aí fora, com estudantes a necessitar de estagiar e de apresentar trabalhos ….
Enfim…
Obrigada pelo link http://femmes.gouv.fr/stereotypes-sexistes-dans-la-societe-la-video-presentee-au-comite-interministeriel; pode ser que inspire alguém.
O Seminário realizou-se. Talvez isso provoque algum desconforto. Fez-se. Fazer é sempre mais potente do que Dizer.
Os comentários aqui escritos dizem que as conclusões serão irrelevantes. Talvez sim, talvez não.
Mas o que é interessante é que também não conseguem escapar das conclusões que se podem tirar daquilo que disseram. Quem os lê verifica que usaram tantas palavras contra a Igualdade que quase dava um Seminário sobre «Um compromisso a favor da Desigualdade».
E se se levasse a sério o que dizem era o Desporto que seria posto em causa. Porque seria impossível quantificar os resultados e as marcas desportivas nesse nível de Igualdade que atacam. Pelo simples facto de nenhum indivíduo humano ser igual a outro. Só num nível categorial de «Igualdade» (que não corresponde à realidade dos factos, como é óbvio) é possível «comparar resultados» e «construir rankings». Se esse nível ideal de Igualdade desaparecesse qualquer «resultado» ou «ranking» desportivo seria um imenso erro, e até um disparate. Porque não é possível comparar coisas diferentes, e todos os indivíduos são, obviamente, «Diferentes». Esquecem que só uma imposição ideológica (cultural) permite que se coloquem corpos e pessoas humanas num mesmo ranking ou num quadro comparativo de marcas e resultados desportivos. Foi por isso que, para compreender este dado fundamental do Desporto, quem lá foi pode ler as quatro frases que pus nas paredes de cor amarela do sítio onde se realizou o Seminário:
i) “Gestus est motus et figuratio membrorum corporis, ad omnem agendi et habendi modum” (Hugues Saint-Victor, 1140).
ii) “O corpo é o primeiro e o mais natural instrumento do ser humano” (Marcel Mauss, 1934/36).
iii) “O objecto [incluindo o corpo] só existe realmente no gesto que o torna tecnicamente eficaz” (André Leroi-Gourhan, 1965).
iv) “Toda a motricidade é uma etno-motricidade e as práticas lúdico-desportivas práticas culturais” (Pierre Parlebas, 1981).
O que talvez falte a estes comentários seja ponderação e consistência. Mas no entretanto, sem se darem conta, atiram pedras aos outros talvez sendo ainda mais malfeitores do que aqueles que apedrejam. Ou não?
Talvez
Pergunta-se ao Talvez onde leu ele que as conclusões serão irrelevantes? O sr. anda ou é confuso? Quem falou em comparar resultados ou construir rankings? E parabéns para as suas frases, mas o que é que tinham a ver com o seminário?
O Talvez, é um exibicionista. Grandes frases, grandes palavras.
O Talvez é um presunçoso, A4 para a frente, A5 para trás. Quem é que lhe disse que fazer é sempre mais potente do que dizer. Há inumeros casos em que dizer tem mais poder do que fazer. Então se é mal feito nem vale a pena falar. Agora vamos rapar da erudição, Como referiam Langshaw Austin (1911-1960), seguido por John Searle a linguagem é uma forma de ação ("todo o dizer é um fazer"). São os chamados enunciados performativos, são enunciados que não descrevem, não relatam, nem constatam absolutamente nada, e, portanto, não se submetem ao critério de verificabilidade (não são falsos nem verdadeiros). Mais precisamente, são enunciados que, quando proferidos na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, na forma afirmativa e na voz ativa, realizam uma ação (daí o termo performativo: o verbo inglês to perform significa realizar). Eis alguns exemplos: Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; Eu te condeno a dez meses de trabalho comunitário; Declaro aberta a sessão; Ordeno-te que saias; . Tais enunciados, no exato momento em que são proferidos, realizam a ação denotada pelo verbo. Como vê senhor talvez é muito fácil colocar em causa tudo o que os outros dizem, se quisermos, basta ler uma qualquer folha A5. A Professora Maria José Carvalho tem direito à opinião, dá a cara e já agora tem um percurso de vida que fala por ela, nesta matéria. Por isso deixe-se de pseudoerudições e não nos agrida mais com o seu ego. Queremos lá saber das frases que escreveu no quadro amarelo. Leve-o para casa e durma com ele.
Mas esse dizer performativo não corre os 100 metros, não faz nascer bébés, nem concretizar seja o que for... senão o dizer que disse.
A questão é outra.
Praticar Desporto não dá aos praticantes a capacidade de compreender o Desporto, e o significado daquilo que fazem. Um nabo existe sem saber porquê; não tem necessidade disso para existir.
Quando se faz um Seminário sobre Desporto, qualquer que seja o tema, é dessa auto-compreensão que se trata. Ninguém é obrigado a ir aos Seminários e aos museus para continuar a fazer o desporto que faz. Não lhe aumenta as marcas ou os resultados.
A compreensão é prescindível aos records e às medalhas. Quem prescinde da compreensão daquilo que faz não perde senão isso.
Praticar Desporto não dá aos praticantes a capacidade de compreender o Desporto, e o significado daquilo que fazem. Um nabo existe sem saber porquê; não tem necessidade disso para existir.
Para comparar coisas diferentes é necessário anular a diferença. O desejo ideológico de Igualdade é que dá ao Desporto a possibilidade de dizer que um venceu e outro perdeu. Como quem pratica desporto é irredutivelmente Diferente (porque os indivíduos são efetivamente diferentes), tem que haver uma operação ideológica (subjetiva, abstrata) que os coloque nesse plano de Igualdade para que a comparação ocorra. Só assim podem ser validados os designados «quadros competitivos», isto é, seja possível comparar e hierarquizar os resultados. Se não fosse possível comparar, a competição desportiva seria inútil e despicienda.
Um corpo geneticamente dotado e bem treinado (seja de que género for) pode alcançar vitórias e marcas, sem ter necessidade de saber ou compreender o que é o Desporto, e para que serve às sociedades humanas esse comportamento desportivo. É para isso que servem os museus e os seminários, independentemente das doutas conclusões que se possam tirar dessa auto-compreensão. Ninguém é obrigado a ir aos Seminários e aos museus para continuar a fazer o desporto que faz. Não lhe aumenta as marcas ou os resultados. A compreensão é prescindível aos records e às medalhas. Quem prescinde da compreensão daquilo que faz não perde senão isso.
Mas compreender não se alcança pela prática; ser campeão de desporto não dá esse conhecimento. Ou como alguém muito bem disse, isso “não se alcança pela multiplicidade sucessiva, mas pela interioridade unitiva”.
Talvez
Estava a contar que o talvez atacasse mais. O problema é que o Talvez sabe de mais. Vê mais longe do que os outros e isto coloca-o fora do homem comum. O Talvez vai tão à frente que parece pequenino por causa da distância. Para finalizar (não haverá mais respostas diga o que disser)Deixo-lhe uma pergunta fenomenológica: Qual é a relação entre a estupidez alheia e a consciência da nossa?
"O desejo ideológico de Igualdade é que dá ao Desporto a possibilidade de dizer que um venceu e outro perdeu."
Talvez
Sr. Talvez
(Algures na Via Láctea)
O que dá ao Desporto a possibilidade de dizer que um venceu e outro perdeu é a vontade de ganhar e a capacidade, demonstrada, de conseguir superar o outro, cumprindo regras.
Você confunde isso com a igualdade de oportunidades (uma utopia) e de condições regulamentares (regras iguais para todos).
A IGUALDADE nem sequer é uma utopia, tal a aberração contra-natura do próprio conceito.
Que grande confusão no seu pensamento.
Sem ser especialista, parece-me grave.
Aconselho, com todo o respeito, uma consulta de psiquiatria urgente.
Não atacam o Conhecimento, atacam o portador do conhecimento.
Se o fazem ao Talvez é porque estão predispostos a fazerem-no a Outros, e a todas/os que organizarem todos os Seminários em que não sejam convidadas/os.
Eliminar as/os portadores de conhecimento ressoa a um déja vu … Porque tem acontecido infelizmente vezes demais na história humana. Foi o que a Inquisição e a Pidaria fizeram em todos os países em todos os tempos. De um lado os que transportam e disseminam o conhecimento, do outro lado os ávidos pela obtenção por meios ilícitos daquilo que não são capazes. Usam a força, o insulto, e a intriga. Não para acrescentarem e partilharem Conhecimento, mas para destruírem os que fazem esse trabalho. Impotentes e incapazes de argumentarem através do Conhecimento escolhem o caminho do facilitismo, dos perdedores, e dos falhados. O desespero da incapacidade e a falta de energia cognitiva leva-os ao caminho da mediocridade. Não percebem que mesmo matando e vilipendiando os portadores do conhecimento continuarão ignorantes. Apenas conseguem plagiar e aparentar aquilo que não são, infelizmente para esses usurpadores, quase sempre por muito menos tempo do que pretendiam.
Sobre Searle e Austin é preciso não esquecer que são apenas um lado da moeda. Por isso é que «correr 100 metros» não equivale a «dizer que vou correr 100 metros», e por aí adiante. Eles representam apenas um lado da questão. Não se pode esquecer a outra perspetiva. Devemos olhar para o outro percurso, que vai de C. S. Pierce, à Pragmática da Comunicação, e ao atual Cognitivismo. E que é uma tradição não wittgensteineana nem neo- wittgensteineana. Esse foi o caminho que nos levou ao Relativismo Radical e ao inócuo Pós-Modernismo. Searle e Austin têm por tese a asserção ¶6.5 de Wittgenstein no Tractatus (1921 Annalen der Naturphilosophie/1961 Routledge and Paul Kegan/1987 FCG), de que todo o Conhecimento se esgota na palavra e na significação (que através dela conseguíssemos extrair). Essa é a tese que esteve muito na moda nos «anos 1960/70», e nos condenou a que o Ser e o Pensar ficassem irremediavelmente presos à alternativa de “Dizer ou ficar em silêncio” (Wittgenstein). O que não é o mesmo que Charles Sanders Peirce diz (Peirce, 1960, I: ¶46). Isto é, que Comunicar não se esgota no Dizer. Nem Comunicar é apenas Dizer. Há sempre um acto que precede o sentido e o significado, para o qual as palavras nada servem.
Portanto, para obtermos Conhecimento sobre a questão que a crítica fez ao Talvez, ele dirá que devemos olhar para as duas perspetivas do pensamento humano e não apenas para as de Searle ou Austin. A realidade não é só o seu verso, tem também o reverso.
Talvez
(cont.)
Sobre a outra crítica, que curiosamente veio tanto do Anónimo masculino como do feminino (a escrita desnuda o género, mais facilmente do que o anonimato é capaz), e para não ferir-lhes a susceptibilidade por ser o Talvez a dizer, usarei em resposta as palavras de outra pessoa: “Graças a que poder uma proposição, um ritual, uma profecia, certas instituições do direito arcaico afirmam, sem mais preocupações de prova, a sua verdade? (…) O discurso da Evidência constitui um corpus que, de Ockham a Husserl, revela uma unidade. A questão «cartesiana» do signo o index sui et veri e a questão «husserliana» do preenchimento, procedem de um fundo comum. Tentou-se uma dedução da Evidência a partir da experiência sensorial e da língua que a descreve. A Evidência remete para uma esfera arcaica da representação, o seu operador é uma «alucinação» que tem mais a ver com o registo simbólico do que com a figura clínica. (…) a alucinação originária está em consonância com um pensamento da Evidência que tem por modelo «o existente absoluto». Uma epistemologia da evidência deverá mostrar de que modo ela joga nos saberes científicos” (F. Gil, 1986).
É por esta razão que os resultados desportivos e as medalhas olímpicas são a alucinação de Luís Leite, que os julga «marcadores de uma diferença» entre os praticantes de desporto. Não entende o jogo social e cultural de que o Desporto e a Prática Desportiva fazem parte. Mas com mais uns textos, devagarinho, talvez lá chegue: à meta do conhecimento daquilo que fez enquanto «atleta».
Talvez
Da minha parte não há nenhum comentário em relação aos comentários do "portador do conhecimento"...
Por um motivo muito simples: eu identifico-me, ele não!
Parabéns Maria José pelo seu post. Mais uma vez deu origem a um excelente (ou não!) debate.
Um abraço amigo!
Já agora, cara Maria José, gostaria de lhe dizer que os japoneses têm o seguinte provérbio:
Bun Bu Ichi (文武一)
O seu significado, ou a sua tradução, é: "tanto a teoria como a prática devem ser feitas de forma única".
Em termos de Karate-do, Judo, Aikido e similares, o treino da teoria e o treino da prática têm a mesma importância.
Claro que isso não se aplica ao ocidente!!! Daí as diferenças entre a nossa cultura (e se calhar a economia, a educação, e muito mais)e a cultura de um povo que renasceu de uma explosão atómica!
Mais um abraço!
O rpoblema do Talvez é o daquele elemento que quando abre a boca ele esmaga o Outro e não consegue usar com inteligência o conhecimento que é portador. essa lacuna estratégica, no dizer de Manuel Brito, impede-o de equacionar a melhor aplicação do seu conhecimento e uma infinita paciência de ir uma e outra vez atrás dos erros fundamentais com elegância e um sorriso e sem magoar. Tenho tentado mas confesso que é muito difícil. João Boaventura creio que neste domínio é o melhor de todos nós.
A masturbação intelectual é naturalmente interessante para o próprio.
Sendo inconsequente, não passa disso.
A mim interessam-me os resultados e a performance desportiva e como chegar ao sucesso.
Continuação de boa viagem por fora deste mundo (algures já fora da via Láctea?).
Estimada Maria José
É mais fácil fazer Seminários sobre Mulheres e Desporto, do que fazer um programa político para concretizar no terreno a verdadeira boa vontade da sua realização.
Desta forma o governo demonstra a sua incapacidade protelando ad longum a reposição de um desejo necessário e útil.
Os Seminários vão produzir textos inócuos desfasados no tempo e da realidade, e os participantes deveriam estar ausentes ou exigirem, em vez de Seminários que vão secundar e apoiar a incapacidade do Governo, as medidas imediatas para que o desporto e as mulheres se concretize, de facto e de direito.
Chega de enganos perenes sucessivos.
Cordialmente
Por cá andaram nas cadeiras do Poder. Tantos anos. E continuam a querer o palco do Poder com a mesma sofreguidão. E nesse entretanto, de mais de três décadas, fizeram o que fizeram a Portugal.
E nem sequer pedem desculpa.
Deixaram o País na miséria, enquanto enchiam os seus cofres e os das suas famílias, a quem distribuíam lugares sem escrutínio, à revelia do mérito. Acolitaram-se em seitas, escondidos anonimamente, para fugirem aos efeitos de qualquer votação democrática.
Enriqueceram o seu bem-estar com o suor de tantos que engaram com as utopias que proclamaram. Tantos anos, não foi? Quantos? Mais de 30, não foi? Quase tantos, ou mais, do que os da Ditadura.
E continuam conluiados, na calada das seitas, a congeminar virem outra vez para o Poder. Sem sequer pedirem desculpa às gerações que prejudicarão. Continuam a ganhar as chorudas pensões e rendas que arrebanharam sem piedade. Agora fazem-se de anjinhos, talvez na ilusão de que anonimamente passariam por entre a chuva, direitos ao éden de um tempo em que, saciados, contemplariam o sofrimento dos que cá deixaram. Enquanto recebiam certinho no multibanco todos os meses esse esbulho.
Escrevem e acusam com a Inocência dos armandos, como se nada tivessem vilipendiado.
Que moral e ética têm aqueles que por cá foram «chefes», e fizeram o que fizeram? Não têm vergonha na cara?
Já não chegaram as patranhas que andaram a distribuir impunemente durante estes anos dourados da «Democracia»? Nem na reforma deixam em paz a geração que vão prejudicar? Já vieram dar a esses, que toda a vida serão precários e sem garantias de futuro, aquilo que lhes tiraram?
Com os Talvez não têm sorte. Porque os soldos e as benesses que têm para distribuir são dinheiro sujo, que nada valem. Outra vez, por mais trinta anos?
Agora quem lhes diz são os Talvez. Pela simples razão de que as palavras não apagam os actos concretos e a competência que demonstraram aqui, no concreto, do que fizeram.
E ainda têm o desplante de insultar as iniciativas dos que iniciam agora o futuro de Portugal?
Talvez
Talvez.
Um anónimo cheio de coragem.
Não suficiente, porém, para assinar o que escreve.
Nem para apontar os nomes dos responsáveis que acusa.
Nada mais ridículo que ser ridículo.
Desta vez sou eu que concordo plenamente com Luís Leite!
Um abraço!
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