terça-feira, 27 de novembro de 2012

Separar o trigo do joio




O Conselho de Ministros aprovou uma alteração à composição do Conselho Nacional Desporto com a agregação de novos membros, nomeadamente representantes de entidades do setor empresarial. A alteração, em abstrato, não suscita qualquer reserva quanto à sua pertinência. No sistema desportivo existe um conjunto de operadores privados organizados sobre a forma empresarial que prestam serviços e produzem bens para o sistema desportivo. Alguns cuja ação empresarial se circunscreve ao território nacional, outros que operam também em mercados externos. É positivo para a economia, para o País e para o desporto. É natural que esse setor esteja representado num órgão de aconselhamento do governo em matéria de política desportiva.
No desconhecimento do critério de escolha/designação dos representantes do setor importa, no entanto, acrescentar algo mais. Existe também uma espécie de operadores privados, sobretudo ligados á organização de eventos, que de “privados” têm pouco e que vivem sobretudo na orbita da dependência dos favores e dos dinheiros públicos traficando influências e apoios políticos diversos. As eleições nacionais e locais são de resto um excelente observatório para estudar o modo como se alinham e distribuem os apoios aos candidatos numa lógica aberta de troca de favores. Por razões que a razão ignora são este tipo de empreendedores que o poder político normalmente escolhe para valorizar o empresariado desportivo.
Importa separar o trigo do joio. E fazê-lo com a coragem de denunciar uma narrativa governamental, que não é de hoje- e que infelizmente é acompanhada por entidades que deveriam pautar a sua ação por um outro distanciamento- que faz a promoção do empreendedorismo empresarial no desporto, com o recurso a exemplos de quem faz o que faz parasitando os dinheiros públicos, mesmo em casos em que o panorama fiscal dos visados justificaria outras cautelas. E este alerta vale também para cenários em que se admite a concessão de significativas parcelas de património público, sem qualquer procedimento concursal, a empresários da área do desporto.
Um sistema desportivo forte e desenvolvido é também um sistema com uma economia do desporto onde exista um setor empresarial dinâmico e ativo. Onde as políticas publicas estimulem o seu crescimento e incentivem a iniciativa, a criatividade e o empreendedorismo. E naturalmente onde ocorram eventos e outras iniciativas desportivas. E em todas elas não se defende que os poderes públicos desertem, virem as costas ou ignorem o serviço que é prestado à comunidade. Mas os poderes públicos têm a obrigação de ser isentos, rigorosos e transparentes nos apoios que prestam e não o fazerem em clara desigualdade de oportunidades concorrenciais ou favorecendo quem vive sistematicamente de mão estendida ao Estado.
A captura das elites, mediáticas e políticas, para genufletirem a certos interesses instalados prejudica em primeiro lugar o País. Mas prejudica também um sector empresarial privado que arrisca, que investe e que, muitas vezes, a única coisa que pede ao Estado é que não atrapalhe, que não burocratize e que facilite a vida das empresas. Não é isso contudo o que tem acontecido. E mudam os governos mas mantém-se um certo mimetismo procedimental, acrítico e obediente, que no fundo revela uma enorme falta de respeito por quem, vivendo com riscos próprios e não beneficiando das prebendas públicas, sofre a concorrência desleal de quem sistematicamente se abriga na órbita e com a proteção do poder.
Numa economia de mercado o que se espera do Estado é a exaltação e proteção da livre concorrência. Não é a cobertura aos empresários do regime.

2 comentários:

Anónimo disse...

A coerência liberal do actual PSD não estranha, antes o PS na pessoa do seu SED gozou cinicamente com os ginásios quando lhes aumentou o IVA, será razoável penar sobre o leite entornado, qualquer que seja a sua origem?

Anónimo disse...

"Nós somos um país com grandes potencialidades no sector agrícola, pela nossa diversidade cultural, geográfica, gastronómica e climatérica, pelo que os jovens têm de investir nesta área", frisou, à margem da inauguração do seminário europeu ‘A Participação Juvenil nos Agrupamentos Transfronteiriços’, na sede da Eurocidade Chaves - Verín, em Feces de Abaixo, Espanha.
O investimento das novas gerações na área, referiu o dirigente, deve ser feito de forma sustentada, baseado no conhecimento e na tecnologia actual com vista à sua modernização.
"O regresso dos jovens à agricultura não pode ser feito nos moldes antigos, embora mantenha raízes e conhecimentos, mas tem de ser capaz de diversificar e produzir produtos de qualidade que funcionem como alavanque da economia", explicou.
O dirigente declarou que a agricultura tem de ser entendida como uma área de investimento e economia como outra qualquer.
Manuel Dias de Barros relembrou que o sector agrícola não é o único polo de oportunidades para as novas gerações, uma das mais qualificadas e preparadas, devendo focar-se nas novas tecnologias, indústrias criativas e na "reindustrialização" que "tanto" se fala na Europa.
As sociedades europeias têm de equilibrar o seu modelo de desenvolvimento, não podendo continuar a apostar apenas nos serviços e em determinados sectores, têm de "dar força" ao sector primário que tem valor acrescentado e incorpora muita tecnologia.
A proximidade entre Portugal e Espanha, nomeadamente entre a região Norte e a Galiza, que partilham problemas como a baixa densidade populacional, fuga de jovens e dificuldade no acesso aos grandes centros poderá ser um "ponto positivo" na criação de emprego e novos negócios.
Este novo "ecossistema" de geração, segundo o responsável do IPDJ, tem de ter uma postura mais proactiva porque, actualmente, os desafios são diferentes e mais exigentes.
"Todas as mudanças, perda ou criação de emprego, criam fricções e traumatismos, mas devem ser encaradas pela juventude de forma positiva, como uma janela de oportunidades e um grito de cidadania", disse.
Segundo Manuel Dias de Barros, os jovens têm de "usar da cidadania", participando nos destinos dos seus concelhos, regiões ou países, têm de ser mais solidários e menos "alienados" da política e das questões da sociedade.
No seminário, que termina no sábado, participam jovens europeus de cidades transfronteiriças com o objectivo de dar visibilidade à realidade da juventude residente em localidades de fronteira, fomentar a participação juvenil e a empregabilidade e promover um espaço de intercâmbio de experiências".
Palavras do sr diretor regional do norte do IPDJ. O director regional do Norte do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), Manuel Dias de Barros, afirmou esta terça-feira à agência Lusa que a agricultura é uma janela de oportunidades para os jovens darem a volta à crise.
Posto isto, é urgente o divórcio entre o IDP e o IPJ, ou seja o desmembramento do IPDJ em IDP e IPJ. Individuos destes, a pensar assim,vão matar o que resta do desporto em Portugal.