Em anterior texto de João Almeida deu-se conta da tomada de posição do Parlamento Europeu, no seguimento, aliás, de comunicação anterior provinda da Comissão Europeia, sobre as renovadas intenções do futebol internacional em recuperar cláusulas de nacionalidade.
A imprensa escrita de hoje dá-nos agora informação - melhor dizendo confirmação - da aprovação, pela Federação Internacional de Voleibol, de normas regulamentares limitadoras da utilização de praticantes estrangeiros.
Em contraponto, noticiou-se a intenção - veremos se por aí nos quedamos - da Federação Portuguesa de Futebol, de seguir outro caminho: o do apoio à formação do jovem jogador nacional, ciente da impossibilidade da via discriminatória:
“Queremos que Portugal continue a formar grandes talentos. O aumento de estrangeiros nas camadas jovens quase triplicou nas últimas duas temporadas e é necessário modificar esta situação. Por isso, não vamos poupar esforços nem dinheiro”, disse.
O Presidente da FPF assumiu que o organismo que dirige vai “premiar os clubes que apostem em jogadores que possam representar, no futuro, as selecções portuguesas” e salvaguardou não ser sua intenção estar a “discriminar atletas estrangeiros”.
Não esteve mal nas palavras o presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Vamos esperar pelos actos e pelos comandos da FIFA.
1 comentário:
Sublinho o momento oportuno deste texto de José Manuel Meirim. Um tema que está na ordem do dia do desporto europeu, e, por certo, irá fazer correr muita tinta.
Aproveito para colocar algum enfâse em torno do possivel impacto destes condicionalismos aos jogadores internacionais na formação de jovens praticantes, nomeadamente em idades precoces e em países subdesenvolvidos, como ocorre em Africa, continente que constitui um alfobre de futebolistas para a Europa, os quais são "sondados" e, de certa forma, "recrutados" por clubes europeus, em centros de formação ali instalados.
No voleibol esta situação ocorre com os países do leste europeu, onde as grandes potências da modalidade vão desde cedo recrutar jovens particantes para posteriormente os naturalizarem, contornando assim as limitações de nacionalidade.
É importante ter aqui em atenção não apenas uma análise entre o equilibrio das competições e a formação de jovens praticantes nacionais face aos principios de não discriminação consagrados no direito comunitário, mas também a protecção da comercialização de jovens praticantes.
Oxalá estas regras, ao tentarem proteger a identidade nacional e valorizarem a formação desportiva dos clubes, não ponham em causa os direitos da crianças e alimentem os cofres de intermediários que gravitam neste mercado.
É bom não esquecer situações recentes ocorridas em França com praticantes menores oriundos de Africa.
Por maior "engenharia" regulamentar que as autoridades desportivas levem a cabo para limitar o dominio dos clubes mais poderosos e reforçar a importância da formação, o leque de recursos disponível para contornar essas regras é enorme, como já foi provado, por exemplo, pelo Arsenal, clube que inscreve para a Liga dos Campeões mais jogadores formados localmente (homegrown players), sem a nacionalidade britânica, do que aqueles que a têm. E relembre-se que a regra dos homegrown players, dado o seu escopo de maior equilibrio das competições desportivas, até é bem vista pela Comissão...
Para informação complementar sobre o caso do voleibol ver:
www.fivb.org/en/Infomedia/PressReleaseDB.asp?No=1653
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