domingo, 3 de agosto de 2008

“Changer la vie”, cultivemos “Las ganas”…

Espanha está em grande, desportivamente falando!
Acaba de ganhar o 5.º campeonato consecutivo da Europa de Hóquei em Patins, ganhou novamente o Tour de França, “pelos pedais e sobretudo com las ganas” de Carlos Sastre, que orgulhosamente passeou a bandeira e o brio espanhóis por Paris. Rafael Nadal “dá cartas” pelo mundo como se viu vencendo o Masters de Toronto e como se verá nos Jogos Olímpicos que se avizinham. E assim poderíamos continuar referindo muitos outros atletas, não olvidando naturalmente os paralímpicos, e muitas outras modalidades desportivas como o basquetebol, o atletismo ou, claro está, o futebol.

Uns dias em Espanha, junto ao mar e com passagem por Madrid, permitiram-me, como já há uns anos a esta parte, aperceber-me mais conscienciosamente do pouco que nos aproxima e sobretudo do muito que já nos distancia de nuestros hermanos
Velhos tempos, os da minha infância, nos quais a viagem rotineira ao norte da Espanha para as compras era tristonha e nos fazia sentir poderosos…
À chegada fomos logo convidados para a festa, neste caso para a visita à Exposição Internacional de Zaragosa. Do aliciante para estes eventuais 93 dias de festa contínua, passamos para o contínuo viver festivo dos nossos vizinhos. Como eles sabem VIVER…e como eles VIVEM e AMAM o Desporto, com prazer, com competência, com sucesso, com orgulho, acarinhando os campeões e os não campeões, mas lutando…sempre…sempre e com as “ganas” que caracterizam aquele povo.

Mesmo a banhos não prescindi das leituras informativas diárias. Ainda que em leitura fugaz, apenas com o intuito de estarmos ao corrente da realidade, íamos folheando os diários desportivos e não desportivos espanhóis. Deles retirávamos prazer, algum tédio também e sobretudo o que nos admirava nos domínios sociais, culturais, económicos e desportivos. Numa breve pincelada pelo desporto, da "Ronaldomania" já nem será preciso escrever, dos problemas do incumprimento salarial de muitos clubes de futebol muito menos, da pouca importância em termos de espaço disponível nos jornais para as outras modalidades idem aspas (o mal como é consabido não é apenas nacional)…!!

Interessante para relatar, mas que provavelmente os/as leitores/as já constataram há muito, seria a percepção que reiterei in loco - no plano desportivo, praticamente em todos os domínios, a Espanha já está "anos luz" à frente da realidade desportiva nacional. Como isto me entristece, não por eles crescerem, mas por nós não os termos acompanhado e até em muitos sectores estagnado e retrocedido.

À crise espanhola, não me reportarei, é evidente que não é apenas Portugal (nem sequer apenas a Europa...) que aperta o cinto e não vê resultados, Espanha debate-se igualmente com graves problemas sociais e económicos. A grande diferença é que nestes dias não senti a população preocupada, triste, decepcionada, tão pouco revoltada ou anestesiada… A crise não perpassa o VIVER QUOTIDIANO. Na cara das pessoas, nas conversas de rua e de café, quer sejam elas na praia, quer sejam no centro de Madrid, sentimos optimismo e vontade de seguir vitoriosamente em frente, sempre a superar as adversidades.

De facto, os espanhóis e as espanholas são valentes, guerreiros, bem dispostos, solícitos, bem cheirosos e apresentados, carinhosos, sorridentes, etc…etc.. mas como não há bela sem senão, são e estão MUITO GORDOS! E este foi o meu maior ESPANTO destes dias.

Bem sabemos que o grave problema da obesidade abrange muitos países e continentes. No mês passado informava-nos o jornal Público: aos 11 anos, as crianças portuguesas são "significativamente mais baixas" do que a maior parte das suas congéneres da União Europeia e também mais pesadas do que o padrão de referência para a idade. Deste cruzamento resulta que, em conjunto com as crianças espanholas, as portuguesas são aquelas que têm um Índice de Massa Corporal mais acima da norma para a idade, segundo revela o estudo europeu Pro Children, financiado pela UE e concluído em 2007.
Por isso, tendo observado parte da população do país vizinho durante uns dias atentamente, não insistamos nos mesmos erros que são nossos, deles e de muitos mais, mas tenhamos a noção clara que temos de mudar de vida. Eles já o estão a fazer, o desporto infiltra-se por todos os poros da sociedade. Na praia todos os dias assisti a actividades desportivas e físicas promovidas pela entidade política local, nas televisões os apelos e a informção a este nível são constantes. Entre nós fazem-se uns esforços...

Aproveitemos bem o mês de Agosto (pensando que é o mês tendencialmente de férias). Parafrasenado Luiz Pacheco é necessário "CHANGER LA VIE". Relaxar, descansar não deverá ser apenas dormir, comer e deliciarmo-nos com os Jogos Olímpicos. E mesmo que apenas queiramos descansar, nos intervalos podemos e devemos ser activos, por isso mexam-se, por favor.

Há dias passou por Lisboa "um dos cantores da minha vida". Não pude ir ao seu concerto, mas amigos já me ofereceram parte deste no You Tube. Realmente é como nos canta"o velhinho" e não obeso Leonard Cohen (Closing time): todo o novo começo vem do fim de algum outro começo.
Por isso caros/as bloguistas alteremos os nossos hábitos quotidianos, ou persistamos neles se já forem bons, mas com muitas "ganas" para sermos mais felizes e mais saudáveis.
Se o fizermos também pelo e com o DESPORTO tanto melhor.
Boas férias! E espero que comece a divertir-se com a música que aqui lhe deixo, apenas e tão só com esse propósito e para não sair do cantor anteriormente invocado...


10 comentários:

Anónimo disse...

Será das férias, descanso a mais ou só a falta de concentração num tema, que deu origem a este texto que fala de tudo um pouco e em nada é específico?

Maria

Maria José Carvalho disse...

Boa tarde Maria,

É com certeza das férias e da tentativa de descanso (digo tentativa porque mesmo em férias oficiais ainda tenho tarefas profissionais para finalizar).
Contudo, sinto muito por não ter conseguido transmitir cabalmente duas ideias específicas que tinha em mente. Mesmo assim, sugiro à Maria nova leitura do texto para "ver se as encontra".
Continuação de bom domingo para si.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Professora gostei bastante da sua observação sobre o Desporto em Espanha…por acaso já á uns anos que constato que os meus vizinhos Espanhóis são acima de tudo muito apaixonados pelo desporto.

Quando era aluno de Licenciatura integrei um grupo de trabalho que teve como responsabilidade apoiar a Câmara Municipal de Bragança na Organização dos Jogos do Eixo Atlântico.

Essa experiência mostrou-me a que existe claramente um fosso, entre eles e nós, fiquei boquiaberto com os Espanhóis, não só pelas capacidades dos seus jovens atletas, mas porque existe neste povo uma PAIXÃO muito grande pelo DESPORTO.

Isto está claramente relacionado com questões sociais e culturais, pois verifiquei que durante essas competições as bancadas estavam apinhadas de famílias Espanholas…os Portugueses praticamente eram inexistentes.
Claramente 90% dos espectadores na bancada eram Espanhóis, e relembro-lhe que a competição era em Portugal (Bragança).

Ah, mas Bragança é perto de Espanha…acho que isso não justifica na totalidade o fenómeno, pois eu tive oportunidade de ver famílias inteiras que se deslocaram de Ferrol e da Corunha, somente para ver e apoiar os seus jovens atletas…Ferrol e a Corunha devem distar perto de 400 km de Bragança.

E o espírito…sempre a cantar, sempre a puxar pelos miúdos…incrível…


Paulo Jorge Araújo - MGD

Anónimo disse...

Cara
Maria José Carvalho
O Artigo tem muita pertinência e intencionalidade de chamar atenção que aqui ao lado, naquilo que é o Desporto e outras actividades é como atravessar o Atlântico, tudo novo, tudo melhor , muito melhor desde a Escuela até ás Ligas profissionais dos vários desportos e os resultados são fantasticos, mas há por cá uns responsaveis politicos que acham, que até somos melhores que os espanhois no desporto?
Nem parecidos!
Eu prefiro chamar o Desporto Ibérico, para não ter vergonha da nossa limitação cultural e provinciana, mas que temos Talentos desportivos com excelentes resultados temos, mas o resto, desporto escolar,desporto universitário e desporto federado etc...é melhor assobiar!
AC

Maria José Carvalho disse...

Filomeno2006,

Como gostaria de perceber melhor os comentários feitos. Contudo, obrigada pelo contributo e pela participação e aguardo por melhores oportunidades.

Maria José Carvalho disse...

Dr. Paulo Araújo,

Obrigada pelo seu interessante contributo. Na verdade, quando os agentes desportivos estão próximos da realidade desportiva concreta é mais fácil a comunicação...
Claro que o problema da disparidade entre "os mundos desportivos" de Espanha e Portugal é bem complexo, mas o Paulo tocou em aspectos fundamentais do mesmo. Parabéns também pelo seu blog (http://reflexoesdodesporto.blogspot.com/)

Maria José Carvalho disse...

Ao AC,

Agradeço o seu comentário e subscrevo parte das suas ideias. Quanto ao assobiar, tenho alguma pena de o não saber fazer, mas também já não me apetece aprender. Ademais, faz-me recordar triste figura das atitudes de certo ex-dirigente desportivo em reuniões importantes da sua modalidade...
Volte sempre.

Anónimo disse...

Máximo difusor del deporte en España: Don Alfredo di Stéfano, La Saeta Rubia, A Seta Loira, el Mejor Futbolista de todos los Tiempos