terça-feira, 14 de outubro de 2008

Caldos de galinha

Seria interessante conhecer o quadro desagregado da despesa com o funcionamento da administração pública desportiva. E avaliar entre 2005/2008 as “economias” ganhas com a “reforma “ da administração pública desportiva. E perceber até que ponto o esforço de consolidação orçamental que o actual governo empreendeu, teve, naquele sector da administração pública, o respectivo acolhimento. Esse conhecimento permitiria interpretar os números e chegar às políticas. E comparar o que se orçamentou, o que se recebeu e o que se gastou.
Num momento em que se aguarda a apresentação do orçamento para 2009 importa também verificar se a tendência de sobreavaliação das receitas próprias com origem nas apostas mútuas se vai manter. A engenharia financeira que no ano anterior permitiu apresentar um crescimento, contrariando as próprias previsões da entidade gestora das apostas mútuas, resultou de um empolamento das receitas próprias, que a realidade, como era previsível, veio a demonstrar como insustentáveis. As dificuldades de tesouraria com atrasos significativos nos pagamentos quer a fornecedores, quer a organismos desportivos atestam-no. Os compromissos sem adequada cabimentação orçamental uma natural consequência. Os pedidos de adiantamento por conta deixaram de ser um acto normal de gestão para se transformarem num exercício de descontrolo orçamental. A venda de património (Complexo Desportivo da Lapa) um exercício perigoso - nos termos acordados ,no valor da alienação, na desafectação ao património desportivo de um activo significativo e na busca de um encaixe financeiro que permita encontrar liquidez para outras frentes - cujo exacto alcance o futuro ajudará a esclarecer face à opacidade e ao silêncio com que toda esta operação tem sido conduzida.
A criação de expectativas e de compromissos têm uma factura alta cujo incumprimento não pode ser explicado pela importação da crise externa. O que é facto é que roda livre da despesa corrente, parte da qual em actos de mero conforto e representação institucional contrariando as próprias directivas do governo, vai exigir um encarar sério dos problemas do financiamento do sector e ultrapassar a fase da despesa descontrolada. E os sinais de incomodidade, em alguns sectores governamentais, perante esta situação são iniludíveis.
Qualquer cenário que pretenda iludir as dificuldades ou que as não iludindo pretenda responsabilizar a situação do próximo orçamento para o desporto com a crise internacional não é um exercício sério. Mesmo contando com um pensamento dominante “incriticado”, quer à direita, quer à esquerda e um movimento desportivo mais dado à genuflexão que à reflexão. O que é facto é que o actual governo resolveu o impasse orçamental que herdou em 2005 e quando seria de esperar que consolidasse os exercícios orçamentais seguintes fascinou-se pelo aumento rápido de receitas e desprezou a necessária disciplina orçamental. E depois prometeu, prometeu e prometeu. Fez do verbo fácil um modo de governar.E governou gastando e endividando. As facturas foram chegando.Os pagamentos esperando. Quando se destapar a situação concluir-se-á que os resultados não são meritórios. Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Mas parece que o aforismo não foi recordado.

18 comentários:

Anónimo disse...

De facto caldos de galinha, não há.

Mas há queijinhos (que a fome sopra de Oeste) , frigorificos (pois o calor assim obriga, vai uma geladinha?), plasmas (há que cuidar das vistas, mesmo no meio do fumo), alta-fidelidade (música para disfarçar as conversas), nespresso (o café do bar não serve às elites), quadros (que os que existem no museu do desporto não têm dignidade), charutos (que no edificio a ASAE não entra), lambrins do canadá (uma sala de reuniões sem madeira do Canadá, não condiz com o bloco amarelo dos estates), telefones de última geração (pois a geração anterior não tem jogos tão bons),contratação de mestrandos e doutorandos para dar servidão às máquinas do Jamor (alguém tem de usar as máquinas) e uns dinheiritos à FMH (que tanto precisa, pois a compra dos CD - Programa Peso não chega).

Para os mais distraídos, alguém devia perguntar qual é o modelo de gestão dos Centros de Alto Rendimento.

Que se cuidem os municipios parceiros(???), pois os dinheiros do QREN são só para a construção e depois quem paga a conta da gestão diária?

Caldos de galinha não há, mas há a destruição de todo um grupo de técnicos e funcionários dedicados e que sabem como se trabalha.

Há os juristas e assessores, há "nodies" e "barbies", há de tudo um pouco, na ponte aérea entre Algés e a minha morada, onde "Bob o construtor" tudo controla, com esquemas e com planos devidamente arquitectados.

Só não há caldos de galinha... valem-nos os doces da Dona Zezinha.


Infanto Santo

Anónimo disse...

Em 2005, no ano em que o actual Governo entrou em funções, a receita do OE para o Desporto tinha um peso total muito próximo dos 50 por cento. O orçamento de 2005, em dinheirinho vivo, era de 72 milhões de euros.
Passados quatro anos, está previsto um orçamento de 81 milhões de euros (mais dez milhões do que em 2005)e, mais significativo, o peso do OE nas receitas do IDP ficou reduzido a 20por cento.
Para entenderem melhor: o contribuinte pagava, em 2005, 34 milhões de euros ao IDP. Em 2009 vai pagar dezoito.
Passado à despesa que tanto preocupa o esquecido (esquecido porque se esqueceu do que foi toda a sua gestão) Dr. Constantino: o peso das Despesas de Pessoal e Despesa corrente do IDP era de 27 por cento da despesa total em 2005.
Está previsto que seja de 14 por cento em 2009.
Mais, o peso do financiamento do OE sobre a despesa total era de 50 por cento em 2005, prevendo-se que seja de 20 por cento em 2009. Assim se poupa (para grande desconcerto da Infanto Santo e grande alívio do contribuinte) um milhão de contos (não, não é um milhão de euros) em despesa.
Traduzindo: os cães ladram e a caravana passa.

Anónimo disse...

Quando fiz a tropa tinha um impedido às ordens, que é uma espécie de empregado, a quem um dia lhe deixei as botas para as engraxar.

No dia seguinte verifiquei que as botas não estavam engraxadas e perguntei ao impedido porquê? Que não sabia das razões pelo que lhe disse para pensar bem e dar-me a resposta justificativa da falta, ao que prometeu cumprir.

No dia seguinte tornei a questioná-lo, para tomar nota, e respondeu-me que, como era coerente, continuava a não saber, que de facto não era possível dar uma justificação justificadamente justa.

Mas tinhas prometido dar uma justificação. Que sim mas que estava atado à sua coerência de continuar a não saber das razões de não ter engraxado as botas, ao que acresce agora a falta de cumprimento da palavra dada, o que aumentava a sua angústia.

Como não gosto de ver gente angustiada, não insisti mais porque o impedido tinha acabdo a recruta e estava de abalada para a terra.

Devo informar que esta saga dialéctica durou um mês.

Mas, ainda hoje me pergunto por que razão o impedido me não engraxou as botas, e por que razão me prometia fazê-lo... em vão.

Assim está o Constantino com o Governo quando diz: "E depois prometeu, prometeu e prometeu."

Como vê, desde o soldado ao governo, a promessa é a dádiva da vida.

Qual é a admiração?
Oh Homem! Descontraia-se!

Anónimo disse...

Então mas o Constantino é que fazia os orçamentos de Estado para desporto?Pobres diabos!

Anónimo disse...

Atenção, o que o Constantino diz é o que se passa em Portugal, ou no Mundo?

É a antevisão do crash de 1929?

Não sei onde está a admiração de Constantino.

Anónimo disse...

Ao anónimo das 15.06
Não te esqueças de acrescentar às tuas contas a parte dos técnicos requisitados que agora já não são pagos pelas verbas de pessoal.Isto para que a tua comparação não possa ser considerada de demagogia barata.E faz bem as contas.Porque a parte que é suportada pelo OE não chega sequer para pagar os custos de pessoal e de funcionamento da casa.

Anónimo disse...

Ao anónimo das 15.06

Aqui na casa a malta tem saudades do rapaz.Deve ter algum cuidado quando fala dele até porque o que aqui puseram não lembra nem ao diabo.

ex-Complexo da Lapa

Anónimo disse...

O anónimo que está preocupado com a despesa do Estado deve voltar a fazer as contas.É que mistura despesas correntes com despesas de investimento.E dos 34 de que fala apenas 8 milhões e 700 do OE eram para pessoal.Só este ano em pessoal estão previstos 9 milhões e para o ano prevêem-se 9 milhões e 500 mil.E já agora o OE em 2005 não eram 72 mas 87milhões conforme acabo de consultar no site da DGO.Cuidado com a caravana!

Anónimo disse...

Em 2005, o Estado deu 14 milhões do OE e inscreveu mais 21 milhões em Pidac para o IDP.

Em 2009 estão inscritos 8,5 milhões vindos do OE mais 8 milhões de PIDAC.

Ou seja, vindo dos bolsos do contribuinte, em 2005, chegaram 35 milhões ao IDP (e não 34). Para 2009, estão previstos 17 milhões entre PIDAC e Receita do OE.

As contas são claras e não há enganos: em 2005, o IDP teve de receita 73 milhões de euros. Para 2009 está inscrita uma receita 81.6milhões de euros.
Finalmente, em 2005, as despesas de pessoal do IDP foram de 11.3 milhões de euros. Este ano prevê-se uma despesa de 9.7

Pode continuar a ladrar( e acabou-se a conversa que eu não dou mais para este peditório).

Anónimo das 15 e não sei quantas.

Anónimo disse...

ao anónimo das 15,06
deve comparar maçãs com maçãs.
a única coisa a comparar neste momento é a proposta de orçamento do IDP por exemplo de 2005 a 2009:

2005 - 88 milhões de euros
2006 - 62 milhões de euros
2007 - 74 milhões de euros
2008 - 79 milhões de euros
2009 - 82 milhões de euros

o governo de 2005 tinha a intenção de gastar mais 6 milhões do que em 2009
o IDP perdeu dinheiro desde 2006 e vai continuar no futuro visivel

Anónimo disse...

Vem aqui um anónimo acusar os outros de ladrarem numa linguagem que revela puca elevação.Mas o mais curioso é que aplaude o cada vez menor esforço financeiro do Estado nas polticas desportivas publicas.Que socialismo é este? O que pensa o JMC da tese?
Luís Serpa

Anónimo disse...

Meu caro Luís Serpa

Isto não é para pensar, porque quanto mais se pensa menos se escrutina o que se passa nas reuniões secretas dos conselhos de Ministros.

O que sai cá para fora é o que a gente gosta de ouvir, e se não gosta não tem remédio senão ouvir.

Terá oportunidade de escolher outro governo em 2009, para ouvir as mesmas coisas e continuar a pensar.

Até à eternidade.
Bom fim de semana.

josé manuel constantino disse...

Luís Serpa
Não sei se o JMC sou eu , porque entretanto já alguém tomou a liberdade de lhe responder. Mas se acaso eu era o destinatário devo dizer-lhe que não lhe vou responder porque muitos dos comentários, inclusive o que cita ,são anónimos e por principio não comento. Não obstante alguma das coisas que aqui foram ditas a propósito deste meu post motivam-me a escrever numa próxima oportunidade sobre matéria que não estava nas minhas intenções abordar. Aguardarei os seus comentários.
Um abraço.

Anónimo disse...

Este último comentário do senhor que diz a previsão do orçamento de 2005 foi de 88 milhões dá vontade de rir. O que conta é o que se prevê gastar mesmo que isso não tenha nenhuma ligação à realidade? O que é bom é que o Estado controle financeiramente todo o movimento desportivo à custa dos contribuintes? A renegociação das receitas do jogo não foi a medida política desportiva de maior alcance da história da democracia portuguesa?
Já para não falar da obra. O Dr Constantino, com todo o respeito que me merece, e merece-o, fala muito sobre o movimento desportivo mas a única coisa que legou ao movimento desportivo foi uma factura de 16 milhões de euros do Mundial de Vela. Obra? Olhem para o Jamor (uma promessa de 25 anos que escandalosamente desperdiçou qualquer financiamento comunitário), Centros de Alto Rendimento, 100 Relvados, 200 minicampos; Modernização das Federações, aumento consecutivo das verbas ao dispor do movimento desportivo, cumprimento escrupuloso do maior contrato olímpico de sempre, reforma do IDP...

Aos habituais escribas deste blogue peço-lhes apenas um favor: escrevam honestamente que obra o anterior governo deixou no desporto português. É que eu ainda não percebi qual foi.

Melhores cumprimentos,

O anónimo do costume.

Anónimo disse...

Ao anónimo do costume.
Deixem o homem em paz.O mundial de Vela foi em 2007e o homem saiu daquilo em meados de 2005.E que se saiba não assinou antes qualquer compromisso com a organização.Critiquem-no pelo que fez e não inventem coisas para criticar.O problema é que ele sabe mais a dormir que muitos de vós acordados.

Ex-Complexo da Lapa

Anónimo disse...

Ao anónimo do costume

Você só deve comparar maçãs com maçãs
Neste momento para 2009 apenas existe a proposta de orçamento do governo
o valor de 2005 é de 88 milhões

No fim de 2009 quando houver a Conta Geral do Estado de 2009 veremos o que efectivamente foi gasto em cada ano

Se você quiser comparar coisas correctamente faz desta forma

Pode acontecer que você não esteja interessado em comparar bem

Anónimo disse...

Já tenho saudades do Infante Santo que é o único que vos topa...ele e os doces da Dona Zézinha

Anónimo disse...

E eu já tenho saudades do silêncio visual.