segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Somos pequenos

A história ensina-nos que o homem não teria alcançado o possível se, muitas vezes, não tivesse tentado o impossível
Max Weber



Dos desmandos, lapsos, omissões, erros e falhas graves na relação com os atletas, antes, durante e após Pequim já muitos apontaram o seu dedo acusador.

Muitos reclamaram falta de orientação estratégica do COP, desrespeito pelos atletas, salvaguarda de interesses pessoais, esbanjamento de dinheiros públicos e sede de poder.

Alguns, inclusivé neste blogue, apontaram caminhos de mudança e janelas de oportunidade, esboçando uma perspectiva mais ampla sobre o que está em jogo para o desenvolvimento desportivo deste país com o planeamento e gestão de ciclos olímpicos. Uns mais cépticos, outros mais confiantes.

Destes, vários são aqueles que suspiram por uma lufada de ar fresco na cúpula do dirigismo desportivo deste país. Não fujo às minhas palavras e aqui me incluo.
Criticamos o status quo instalado, a paz podre, os compromissos de circunstância e jogos de cintura políticos, o tacticismo dos interesses omnipresentes no menor gesto, a falta de risco, a ausência de empreendorismo, a falta de transparência e de boa gestão.

Mas não estamos também nós, apenas ao vigiar e apontar o que pensamos serem passos atrás no desenvolvimento desportivo de Portugal, a ser coniventes com o que criticamos? A sermos vitimas dos nossos argumentos?

Nestas ocasiões já se falaram de inúmeros nomes para apresentar uma alternativa à actual direcção do COP. Os nomes vão surgindo à medida que aparecem novas críticas e novas posições contrárias à continuidade dos actuais membros.

Mesmo com a tomada de posição dos atletas olímpicos e da federação cuja modalidade foi aquela que mais títulos olímpicos obteve para Portugal, não surge um projecto, uma ideia mobilizadora, um grupo que se dinamize para apresentar uma alternativa concreta e por ela dar a cara.

Todos se escondem no tacticismo e aguardam o momentum politico para avançar, o qual pode nem vir a chegar. Alguns temem “queimar” o seu nome. Outros preferem estar de bem com Deus e com o Diabo. Outros, ainda, estão esgotados de serem vexados pelas personagens picarescas que pululam em gabinetes por aí.

Muitos criticam, mas ninguém arrisca. Mesmo que esse risco esteja condenado à partida pela natural conivência de muitas federações desportivas com o panorama instalado. Há ainda os que arriscam só para ganhar. E assim tudo perdem. Perdem eles e o modelo de desporto que defendem. E perdem porque são eles próprios vítimas do nosso fado. O fado da ausência de risco. O fado das ideias que não passam do papel. O fado do nepotismo político.

Nesta aridez sobram apenas as palavras. E essas são fáceis de proferir. Não fica um gesto para espalhar. E a caravana passa ufana e tranquila por entre vénias e hossanas. E assim somos dignos daqueles que nos dirigem no desporto, na política e não só. Tal como noutros momentos da nossa pátria lusa, a mudança só ocorre quando a essência da podridão cair de madura. Até lá entretamo-nos a criticar enquanto nos deixarem e as ideias não pagarem imposto!

1 comentário:

Anónimo disse...

É a Pax Romana em todo o seu esplendor a caminho da ruína.