A história organizativa do associativismo desportivo, como é do conhecimento generalizado, teve na data longínqua de 1856 o seu marco referencial com a fundação do seu primeiro clube desportivo, a Real Associação Naval. Seguiram-se cerca de vinte anos depois outros clubes em Lisboa e no Porto, mas foi sobretudo a partir dos anos de 1920 que se começaram a formar clubes em número significativo, e até a chegada do Estado Novo se tornou impotente para travar tal crescimento apesar de ter engendrado diversos mecanismos de controlo do movimento associativo.
Assim, surgiram no desporto as primeiras associações regionais de modalidade e as primeiras federações desportivas como resposta organizativa institucional a partir das células primárias do desporto, os clubes desportivos. E foi esta estrutura hierárquica organizativa que durante o século XX caracterizou na generalidade as diversas modalidades desportivas, quer individuais, quer colectivas.
Diga-se, contudo, que já há alguns anos a esta parte em diversas modalidades se começou a questionar o papel das associações regionais, a tentar reestruturar e reagrupar algumas destas entidades em âmbitos geográficos mais alargados e a extinguir outras, apesar de no artigo 14.º da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto continuar a referência expressa que as federações são constituídas por associações de âmbito territorial.
Quando se começou a aventar um novo regime jurídico das federações desportivas logo se ouviram ecos de medidas de menorização para as associações regionais, e o certo, apesar de movimentos e acções resistentes de muitas destas organizações, é que neste novo regime a sua representatividade baixou significativamente na assembleia geral federativa.
Aguardava-se, por conseguinte, as primeiras alterações estatutárias federativas e eis que em estatutos recentemente aprovados se consigna o seguinte: as associações regionais dessa modalidade são associados extraordinários, com direito de assistir às assembleias gerais sem direito a voto e aos quais é exigido o pagamento de uma quota anual.
Se novos tempos podem impor na hierarquia associativa uma nova era organizativa, estou contudo, céptica quanto a tais resultados traduzirem mais praticantes, mais treinadores e mais árbitros em todas as regiões do país, assim como mais recursos para os clubes desportivos. A ver vamos!
2 comentários:
Não há nada como esperar, para ver.
Dizia um pedagogo francês que para saber se era fiável um sistema de ensino aplicado à juventude, teríamos que esperar pelos jovens no último ano do secundário, para o aferir.
È como uma fábrica. Para ver se a peça sai perfeita temos que aguardar que os operários e as máquinas funcionem segundo os cânones, e esperar que chegue às nossas mãos para verificar as incorrecções a atalhá-las, ou nas máquinas ou nos homens.
Roma e Pavia...
No século XVIII já se sabia como as coisas funcionavam ao nível das normatividades:
"Alvará de 01.12.1767 – As leis não se podem fazer logo no principio tão completas, que evitem todos os abusos, e prevejão todos os casos."
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