O tempo foi excessivo. Mas o governo acabou por reconhecer que os efeitos da bolha especulativa e que a recessão económica se iriam fazer sentir no nosso país a ponto de pôr em causa alguns dos objectivos estratégicos da política económica e financeira. O aumento do desemprego, o aumento da dívida pública e a recessão da economia interna são dados adquiridos. Pode-se discutir o que ”importámos” e o que é da nossa responsabilidade. Mas o facto é que a”crise” está aí e não sabemos quanto tempo veio para ficar. Em 2008 o défice externo ultrapassou 10% do PIB o valor mais alto desde 1982! O governador do Banco de Portugal admite já que a previsão deste ano para a economia poderá ser pior que o previsto .Mesmo descontando que como economista está, muitas vezes, mais perto dos meteorologistas, que nem sempre acertam nas previsões, os seus receios são inquietantes.
Um dos efeitos desta situação no âmbito das organizações desportivas irá ser o da progressiva depauperização e emagrecimento dos seus orçamentos no que concerne às transferências públicas. Bem sei que se anunciaram aumentos das dotações para o corrente ano. Mas basta consultar a execução orçamental do IDP em finais de 2008 para se constatar o que em tempo previmos: sobreavaliação da receita, cabimentação em linha e crise de tesouraria porque os valores arrecadados ficaram aquém dos estimados. Custa reconhecer que assim é para quem anunciou mundos e fundos. Mas todas as engenharias financeiras têm limites. E o silêncio sobre o resultados financeiros alcançados também. E com eles sofrem um forte abalo a probidade e o valor da palavra.
Perante a crise da economia privada e a quebra do poder aquisitivo das famílias, que tradicionalmente libertam alguns meios para apoio ao desporto, a tendência é para se acentuar uma ainda maior dependência do financiamento público. Mas as políticas públicas não têm por onde se esticar.
O modo de enfrentar a situação e o posicionamento das organizações desportivas perante esta realidade ditará muito do seu futuro. O momento pode ser aproveitado para realinhar lógicas e prioridade de despesas, deixando cair o que é supérfluo ou dispensável. Ou manter a mesma lógica e o vírus da crise infectará tudo: o que é essencial e o que é acessório.
Percebe-se a inquietação que se vive nos meios federativos. Em 2006 a chegada à administração pública desportiva de mais recursos financeiros com origem na nova distribuição dos jogos sociais fez disparar a despesa em todas as direcções. As dificuldades de tesouraria em 2007 e 2008 reflexo das quebras nas receitas das transferências dos jogos sociais deveriam ter alertado para o que aí vinha. Fez-se o contrário: insistiu-se na mesma lógica e tentou blindar-se a informação para que não chegasse cá fora o conhecimento da realidade.
Em ano de eleições resta anunciar o anunciado como grandes projectos, gerir a comunicação como agenda de eventos e governar o financiamento associativo sem agenda e com critérios apertados que escondam as dificuldades que a tesouraria vai sofrer para manter os níveis de financiamento anteriores.
O silêncio é o preço a pagar pelas organizações desportivas expectantes sobre o modo como a que a”crise”lhes vai bater à porta e perante uma administração pública desportiva cansada, mansa e mole. É perigoso e não recompensador discordar. Para já resta viver das boas recordações governamentais amplamente anunciadas: em 2009 o orçamento de Estado contempla um aumento no orçamento público para o desporto. Aguardemos então!
Um dos efeitos desta situação no âmbito das organizações desportivas irá ser o da progressiva depauperização e emagrecimento dos seus orçamentos no que concerne às transferências públicas. Bem sei que se anunciaram aumentos das dotações para o corrente ano. Mas basta consultar a execução orçamental do IDP em finais de 2008 para se constatar o que em tempo previmos: sobreavaliação da receita, cabimentação em linha e crise de tesouraria porque os valores arrecadados ficaram aquém dos estimados. Custa reconhecer que assim é para quem anunciou mundos e fundos. Mas todas as engenharias financeiras têm limites. E o silêncio sobre o resultados financeiros alcançados também. E com eles sofrem um forte abalo a probidade e o valor da palavra.
Perante a crise da economia privada e a quebra do poder aquisitivo das famílias, que tradicionalmente libertam alguns meios para apoio ao desporto, a tendência é para se acentuar uma ainda maior dependência do financiamento público. Mas as políticas públicas não têm por onde se esticar.
O modo de enfrentar a situação e o posicionamento das organizações desportivas perante esta realidade ditará muito do seu futuro. O momento pode ser aproveitado para realinhar lógicas e prioridade de despesas, deixando cair o que é supérfluo ou dispensável. Ou manter a mesma lógica e o vírus da crise infectará tudo: o que é essencial e o que é acessório.
Percebe-se a inquietação que se vive nos meios federativos. Em 2006 a chegada à administração pública desportiva de mais recursos financeiros com origem na nova distribuição dos jogos sociais fez disparar a despesa em todas as direcções. As dificuldades de tesouraria em 2007 e 2008 reflexo das quebras nas receitas das transferências dos jogos sociais deveriam ter alertado para o que aí vinha. Fez-se o contrário: insistiu-se na mesma lógica e tentou blindar-se a informação para que não chegasse cá fora o conhecimento da realidade.
Em ano de eleições resta anunciar o anunciado como grandes projectos, gerir a comunicação como agenda de eventos e governar o financiamento associativo sem agenda e com critérios apertados que escondam as dificuldades que a tesouraria vai sofrer para manter os níveis de financiamento anteriores.
O silêncio é o preço a pagar pelas organizações desportivas expectantes sobre o modo como a que a”crise”lhes vai bater à porta e perante uma administração pública desportiva cansada, mansa e mole. É perigoso e não recompensador discordar. Para já resta viver das boas recordações governamentais amplamente anunciadas: em 2009 o orçamento de Estado contempla um aumento no orçamento público para o desporto. Aguardemos então!
8 comentários:
Sem deixar de concordar com o que foi dito em relação à Administração Pública, a verdade é que as Federações Desportivas não ficam bem no retrato. Igualmente cansadas, mansas e moles, desorganizadas, displicentes, sem o mínimo de empreendedorismo e inovação, as Federações tornaram-se, cómodas na preguiça do presente já vencido, reféns do financiamento público. Com os perigos que daí advêm.
E dizer que o dinheiro, ou a falta dele, é o principal motivo da falência do “movimento” Associativo é uma falsa questão. O aumento do financiamento público não tem encontrado, salvo raras excepções, correspondência em matéria de desenvolvimento desportivo. O que esse aumento de financiamento trouxe foram chorudos vencimentos e regalias para os seus responsáveis e colaboradores mais próximos. A título de exemplo, mau exemplo, uma direcção recentemente empossada, de uma federação Olímpica financeiramente muito fragilizada, para não dizer outra coisa, tomou como primeira medida remunerar o seu presidente em 5.000 €, o Director Geral em 4.000 € e por aí adiante…
As Federações Desportivas, sempre subsidio-dependentes, género desempregos de longa duração, pagarão caro a sua indolência, irresponsabilidade e incompetência.
Mas, diz-me a experiência, que os responsáveis das Federações não deixarão de viver bem e vendo eles a casa a cair terão na ponta da língua uma verdade há muito envelhecida, dita com a língua já frouxa: “O culpado de todos os nossos males é o Estado”.
Luz Vaga
Enquanto a autonomia do associativismo não atingir o seu pleno nada é possível.
Os Estados e a UE, subscrevem a autonomia, apoiam a autonomia, aconselham a autonomia, incentivam a autonomia, proclamam a autonomia... no papel, nas leis e na voz, de facto, para que todo o mundo ouça e leia. No terreno tornam-na impraticável.
Aos Estados e à UE convém ter o associativismo debaixo de olho e dependente, para poder dominá-lo.
Conclusão: sem autonomia, o associativismo está acorrentado e bem preso. Não poderá nunca expandir-se.
Atado, o associativismo finge que vive, porque não tem outra opção.
Portanto, quando os Estados e a UE expande louvores à autonomia desportiva, é porque ela não existe.
Bem comparado é como o preâmbulo de uma lei.
No preâmbulo tecem-se louvores ao novo normativo para esconder o que não está lá... e devia estar.
E o que é que deveria estar no preâmbulo e não está? Será a "governança"????!!!! A "accountability"? Ou qualquer outra baboseira equivalente, mas bem sonante?!!!!
Resposta ao Anónimo da 01:03
Onde está:
"No preâmbulo tecem-se louvores ao novo normativo para esconder o que não está lá... e devia estar."
Para ser mais claro:
"No preâmbulo tecem-se louvores ao novo normativo para esconder na lei os melhoramentos que não estão lá... e deviam estar, como apregoado no preâmbulo."
Mas, a melhor imagem é esta:
O preâmbulo publicita o produto, e anuncia os benefícios para o cliente.
O articulado é o produto post "à venda", e o cliente veridica que o anunciado não corresponde às expectativas propaladas.
Já agora: não seria interessante concretizar, com exemplos específicos, as afirmações do anónimo anterior? Ou valerão apenas...por uma questão de fé?...
Ao Anónimo das 21:54
Enviei a resposta a semana passada e, uma vez mais, ela não apareceu.
É a segunda vez que este desencontro ocorre, não sei porquê.
Mas na minha mensagem anterior o que eu disse foi que acreditava na inteligência do Anónimo para verificar, por si mesmo, o que tenho opinado relativamente ao ponto em discussão.
E alvitrei a leitura dos últimos posts de Meirim, onde econtrará os "exemplos específicos".
Se mesmo assim não concordar, não tenho a menor dúvida em aceitar as que derrubem a minha teoria.
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