Michael Phelps foi apanhado a fumar marijuana. Pediu perdão pelo acto. E o Comité Olímpico Internacional aceitou o pedido de desculpas. E enfatizou, não fosse alguém esquecê-lo, que Phelps é um grande campeão olímpico. Tudo está bem quando acaba bem. E a estória podia acabar aqui. Mas se puxarmos um pouco o fio à meada algumas perguntas ficam por fazer: o que tem o COI a ver com o facto do atleta fumar ou não marijuana? E se tem qual seria a sua reacção caso o interveniente não fosse “um grande campeão olímpico”? Podemos especular. Não mais do que isso. Mas o “incidente da passa” vale mais algumas reflexões.
Uma primeira tem a ver com a medicalização do rendimento desportivo, a prescrição farmacológica e os limites legais ao que é permitido, ao que é possível de ocultar e às técnicas de despistagem e controle da dopagem. É como a fruta. Tem a sua época. Tão depressa está na agenda mediática e política como de repente sem darmos por isso hiberna como se deixasse de existir. Um qualquer caso positivo ou escândalo lá o acorda. A tendência para “adormecer” é no entanto tão grande que a letargia prevalece sobre acção. E até, a circunspecta e severa “asae” da dopagem, a Agência Mundial Anti-doping, não se pronunciou sobre a cachimbada do Michael.
Uma segunda tem a ver com a dimensão e responsabilidade social do “campeão”uma construção ideológica que tem muito de alvorada do fascínio pelo homem/mulher sobredotados e que as diferentes ideologias políticas, mesmo as de sinal oposto (fascismo/comunismo), incorporaram à sua maneira. A crescente comercialização do desporto e a politização do rendimento desportivo remetem essa responsabilidade social, salvo honrosas e poucas excepções, para o domínio das lógicas comerciais dos patrocinadores travestidos de “acções de responsabilidade social”.Observo com a maior das reservas e dúvidas a genuinidade das “desinteressadas” visitas dos “nossos campeões”,a hospitais e instituições que acolhem crianças com doenças graves e outras patologias sempre a coberto da presença da comunicação social.
Uma terceira reflexão tem a ver com o facto de o “grande campeão”, não é por ser talentoso que deixa de ser uma pessoa. Há vida para além do desporto. O atleta porventura gosta- mas não pode tudo quanto gostaria- de beber uns copos, em alguns casos de fumar uns “charritos”e provavelmente de participar numas “raves”( de acordo com algumas noticias Michael Phelps aos 19 anos teria sido condenado por conduzir sobre o efeito do álcool).
Ser tão igual, quanto a sua vida desportiva o permite -e não permite muito – aos da sua geração parece normal. Sobre esta matéria poderemos fazer juízos de valor e em defesa dos bons princípios avançar com a condenação moral. Mas vida é o que é. E não será por a negarmos ou a escondermos que ela se altera. Uma perspectiva ou explicação monista do comportamento dos campeões é um reducionismo. E entre o ascetismo e o hedonismo cada um que escolha.
Tudo para dizer que os heróis do Olimpo afinal não são deuses. Mas herois mitificados.São seres humanos.Cujos comportamentos merecem o cuidado de os não categorizar com precipitação.Para não nos perdermos.Afinal pertencemos a uma geração que à esquerda lutou contra o modelo burguês de casamento.E hoje se tornou “progressista” ao alargar,o que antes se criticava,aos homossexuais e às lésbicas.Não sabemos o que nos espera daqui a uns anos quanto ao consumo de substâncias hoje catalogadas como “drogas”.Para já ,nós por cá,vamos sancionando.Desta feita um saltador à vara.
Maradona,Comaneci,Ronaldo e tantos outros, cada um à sua maneira, viveram os prazeres da vida.Não deixaram de ser grandes campeões.Tinham também de ser bons exemplos sociais?
Um bom poeta é apenas uma pessoa que escreve bem poesia.E por escrever bem poesia não tem que ser uma boa pessoa.Pelo menos um exemplo a seguir pelos outros.Por que razão com os desportistas terá de ser diferente ?
Uma primeira tem a ver com a medicalização do rendimento desportivo, a prescrição farmacológica e os limites legais ao que é permitido, ao que é possível de ocultar e às técnicas de despistagem e controle da dopagem. É como a fruta. Tem a sua época. Tão depressa está na agenda mediática e política como de repente sem darmos por isso hiberna como se deixasse de existir. Um qualquer caso positivo ou escândalo lá o acorda. A tendência para “adormecer” é no entanto tão grande que a letargia prevalece sobre acção. E até, a circunspecta e severa “asae” da dopagem, a Agência Mundial Anti-doping, não se pronunciou sobre a cachimbada do Michael.
Uma segunda tem a ver com a dimensão e responsabilidade social do “campeão”uma construção ideológica que tem muito de alvorada do fascínio pelo homem/mulher sobredotados e que as diferentes ideologias políticas, mesmo as de sinal oposto (fascismo/comunismo), incorporaram à sua maneira. A crescente comercialização do desporto e a politização do rendimento desportivo remetem essa responsabilidade social, salvo honrosas e poucas excepções, para o domínio das lógicas comerciais dos patrocinadores travestidos de “acções de responsabilidade social”.Observo com a maior das reservas e dúvidas a genuinidade das “desinteressadas” visitas dos “nossos campeões”,a hospitais e instituições que acolhem crianças com doenças graves e outras patologias sempre a coberto da presença da comunicação social.
Uma terceira reflexão tem a ver com o facto de o “grande campeão”, não é por ser talentoso que deixa de ser uma pessoa. Há vida para além do desporto. O atleta porventura gosta- mas não pode tudo quanto gostaria- de beber uns copos, em alguns casos de fumar uns “charritos”e provavelmente de participar numas “raves”( de acordo com algumas noticias Michael Phelps aos 19 anos teria sido condenado por conduzir sobre o efeito do álcool).
Ser tão igual, quanto a sua vida desportiva o permite -e não permite muito – aos da sua geração parece normal. Sobre esta matéria poderemos fazer juízos de valor e em defesa dos bons princípios avançar com a condenação moral. Mas vida é o que é. E não será por a negarmos ou a escondermos que ela se altera. Uma perspectiva ou explicação monista do comportamento dos campeões é um reducionismo. E entre o ascetismo e o hedonismo cada um que escolha.
Tudo para dizer que os heróis do Olimpo afinal não são deuses. Mas herois mitificados.São seres humanos.Cujos comportamentos merecem o cuidado de os não categorizar com precipitação.Para não nos perdermos.Afinal pertencemos a uma geração que à esquerda lutou contra o modelo burguês de casamento.E hoje se tornou “progressista” ao alargar,o que antes se criticava,aos homossexuais e às lésbicas.Não sabemos o que nos espera daqui a uns anos quanto ao consumo de substâncias hoje catalogadas como “drogas”.Para já ,nós por cá,vamos sancionando.Desta feita um saltador à vara.
Maradona,Comaneci,Ronaldo e tantos outros, cada um à sua maneira, viveram os prazeres da vida.Não deixaram de ser grandes campeões.Tinham também de ser bons exemplos sociais?
Um bom poeta é apenas uma pessoa que escreve bem poesia.E por escrever bem poesia não tem que ser uma boa pessoa.Pelo menos um exemplo a seguir pelos outros.Por que razão com os desportistas terá de ser diferente ?
3 comentários:
À pergunta:
"Por que razão com os desportistas terá de ser diferente ?"
Respondi com correcção as razões justificativas. Não publicou.
E isso diz tudo...
Por norma não respondo a anónimos.Mas esta situação justifica-o.Não apaguei qualquer comentário.Agradeço o favor de repetir o que escreveu.Asseguro a sua publicação como sempre tenho feito.
Um dia alguém escreveu:
"A Lei serve para perseguir os inimigos, favorecer os amigos e ser cumprida pelos outros."
Também no desporto e particularmente nas questões do anti-doping isso se verififca. Não é minha intensão crucuficar os atletas, mas apenas constatar a disparidade dos critérios.
1 - Podemos reportar-nos aos JO 1984 de Los Angeles os quais não tiveram a participação dos atletas do antigo Bloco de Leste. Foram tantos os casos e que ao que parece esses controlos desapareceram misteriosamente, sendo que a maior parte das medalhas foram para atletas dos Estados Unidos. Depois e nos JO de 1988 de Seul foi o caso de Ben Johnson a quem retiraram a medalha. Claro que este atleta não era americano nem tão pouco era canadiano de origem, tinha dupla nacionalidade. Também sabemos que a medalha retirada foi atribuída a um atleta americano Carl Louis repondo assim a fama e o "bom nome" dos velocistas americanos. Para quem não tem memória curta lembrar-se-á por certo que Carl Louis pregava aos "4 ventos" pela verdade desportiva, chegando mesmo a acusar o atleta inglês Linford Christ, um seu forte opositor, de utilização de substâncias dopantes. Claro que volvidos estes anos todos esse moralismo se desmoronou porque alguém "deu com a língua nos dentes" e se veio a descobrir que afinal também Carl Louis defraudou a verdade desportiva com a utilização de substâncias proibidas. Onde estavam nessa altura os poderosos e "inquisidores" da Agência Internacional do Anti-Doping?
2 - Claro que esta matéria também se verifica no nosso País, como o foi o caso que o Professor referiu do saltador 'com' vara. Mas também aqui importa reflectir sobre os critérios da estrutura de anti-doping nacional.
Por um lado seria bom referir que a modalidade de atletismo é das que mais faz controlos anti-doping. Por outro seria bom interrogarmo-nos como é nas outras modalidades. Também aqui seria bom saber quais os critérios que regem a "luta" ao Doping. Para além dos atletas que tem morrido em situações duvidosas, e outros apanhados no controlo anti-doping alguns deles orientados e/ou treinados por médicos, médicos esses que curiosamente continuam a exercer as suas actividades quer de médico quer de treinadores, dou como exemplo um caso concreto, o do futebolista Jardel:
É sabido que os futebolistas dos clubes chamados grandes, como é o caso do Sporting, são regularmente submetidos aos controlos anti-doping. A ser assim e baseando-nos em declarações recentes deste jogador que assumiu publicamente a utilização de substâncias proibidas, como é que nunca foi apanhado? Por Sorte?Ou será que outros factores interviram no processo? Já agora onde estava o Dr. Luís Horta????
3 - Sabe-se também que o Doping move enormes interesses monetários.
E o controlo anti-doping? Não terá por detrás elevados interesses financeiros, como os laboratórios, para não falar de interesses directos dos seus agentes, quer económicos, quer de influências?
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