Um texto anterior sobre os programas partidários às eleições legislativas suscitou um número inusitado de comentários. A maior parte não para comentar o texto. Mas para “ajustar contas” com esta ou aquela pessoa de que se não gosta. Á socapa. Atirando a pedra e escondendo a mão. Lamento não opinar relativamente a algumas das poucas opiniões expressas sobre questões substantivas. Mas em ditadura não me escondi para dizer o que pensava. Não é agora, em democracia, que aceito como regra do debate comentários sem rosto e sem assinatura. Respeito quem assim não pensa - as próprias regras do blogue o permitem – e a quem a isso está “obrigado” pelas funções que exerça. Mas não entro nesse campeonato.
As propostas políticas para o desporto contidas nos programas eleitorais não configuram alternativas. Uma linha de afirmação e continuidade para quem governa. Uma ausência de prospectiva para quem pretende governar ou condicionar quem governe. Uma interpretação a este “estado de coisas” pode incidir na crítica aos “partidos” e aos “políticos”. E a falta de qualidade dos programas partidários vistas como uma extensão da falta de qualidade dos que os sustentam. Esta opção pode explicar alguma coisa. Duvido que seja a única explicação.
Os partidos políticos são organizações da “nossa”sociedade. E reflectem o que somos. É nula a pressão para que apurem as suas qualidades. Tudo os empurra para que se movimentem basicamente para a conquista do poder. Ou para a resistência a quem o conquista. O que se lhes exige é pouco. E quando se exige pouco não se pode esperar muito. Por outro lado, no desporto como em outras áreas sociais, não cabe aos partidos, e a quem governa, ter resposta para tudo. Os partidos reflectem a fragilidade da própria sociedade. Um efeito que conduz a que se espere deles o que é a sua obrigação e ainda o que é da nossa obrigação cívica. E nestas coisas é sempre mais fácil criticar as autoridades porque não limpam adequadamente as ruas do que chamar a atenção do vizinho que teima em deitar lixo onde não deve.
Nas organizações e nos movimentos da sociedade civil que debate existe e que propostas surgem para outras politicas no desporto? Que capacidade existe para avaliar as actuais? A opinião sobre politica desportiva que ainda é feita não vai para além de pequenos círculos sem repercussão na sociedade e nos movimentos e organizações ligadas ao desporto.
A universidade, com vocação para o estudo e o debate sobre a dimensão politica do desporto, está num processo de crescente dependência financeira, remetendo-a para uma agenda de “investigação” onde não entram os temas incómodos. Prefere-se legitimar conhecimento na área da ciências da saúde ou da educação do que nas do desporto. E investe-se mais dinheiro público a estudar a ”prega adiposa” que o abandono desportivo precoce.
Neste blogue, como é fácil de constatar, não existe debate. Mas muita energia gasta em ressentimento, muito queixume e muitas contas por acertar. Só um país cansado e uma democracia exangue podem explicar que a diferença de opinião seja submetida à banalidade de quem vê a realidade a duas cores: nós e eles.
O problema é que a qualidade das pessoas e das ideias não tem como linha demarcadora quem está e quem esteve. Quem é deste ou daquele partido. Quem opta por ser capaz de pensar e viver sem esse “seguro de vida” ou por quem escolhe uma igreja ou uma loja como protecção para a vida. Manter esta lógica só empobrece o empobrecido ambiente de análise e de debate.
Há uma elevada incerteza para próximas eleições legislativas. Excepto a improbabilidade de uma maioria absoluta. O que pode não alterar a situação em termos de representatividade. Mas seguramente que vai ter mudanças em matéria de governabilidade. O governo está num labirinto. Que em parte ajudou a construir. O exercício musculado, arrogante e pouco dialogante da actual maioria, o seu progressismo em matéria de costumes, mas a sua inflexão ao centro em matéria económica, à direita no plano laboral e a crise internacional penaliza quem governa.
Qualquer governo, este ou outro, só tem a ganhar se souber aproveitar o debate público. Mas para que ele exista, é preciso um ambiente de distensão e de respeito. Sem exclusão de ninguém. Sem clubismos. Partidários ou outros. E com elevação, transparência e sentido de responsabilidade. Esse será o melhor contributo que se pode dar ao desporto. Mas também às organizações políticas e partidárias que têm a responsabilidade de “pensar a governação “ do “pais desportivo”.
As propostas políticas para o desporto contidas nos programas eleitorais não configuram alternativas. Uma linha de afirmação e continuidade para quem governa. Uma ausência de prospectiva para quem pretende governar ou condicionar quem governe. Uma interpretação a este “estado de coisas” pode incidir na crítica aos “partidos” e aos “políticos”. E a falta de qualidade dos programas partidários vistas como uma extensão da falta de qualidade dos que os sustentam. Esta opção pode explicar alguma coisa. Duvido que seja a única explicação.
Os partidos políticos são organizações da “nossa”sociedade. E reflectem o que somos. É nula a pressão para que apurem as suas qualidades. Tudo os empurra para que se movimentem basicamente para a conquista do poder. Ou para a resistência a quem o conquista. O que se lhes exige é pouco. E quando se exige pouco não se pode esperar muito. Por outro lado, no desporto como em outras áreas sociais, não cabe aos partidos, e a quem governa, ter resposta para tudo. Os partidos reflectem a fragilidade da própria sociedade. Um efeito que conduz a que se espere deles o que é a sua obrigação e ainda o que é da nossa obrigação cívica. E nestas coisas é sempre mais fácil criticar as autoridades porque não limpam adequadamente as ruas do que chamar a atenção do vizinho que teima em deitar lixo onde não deve.
Nas organizações e nos movimentos da sociedade civil que debate existe e que propostas surgem para outras politicas no desporto? Que capacidade existe para avaliar as actuais? A opinião sobre politica desportiva que ainda é feita não vai para além de pequenos círculos sem repercussão na sociedade e nos movimentos e organizações ligadas ao desporto.
A universidade, com vocação para o estudo e o debate sobre a dimensão politica do desporto, está num processo de crescente dependência financeira, remetendo-a para uma agenda de “investigação” onde não entram os temas incómodos. Prefere-se legitimar conhecimento na área da ciências da saúde ou da educação do que nas do desporto. E investe-se mais dinheiro público a estudar a ”prega adiposa” que o abandono desportivo precoce.
Neste blogue, como é fácil de constatar, não existe debate. Mas muita energia gasta em ressentimento, muito queixume e muitas contas por acertar. Só um país cansado e uma democracia exangue podem explicar que a diferença de opinião seja submetida à banalidade de quem vê a realidade a duas cores: nós e eles.
O problema é que a qualidade das pessoas e das ideias não tem como linha demarcadora quem está e quem esteve. Quem é deste ou daquele partido. Quem opta por ser capaz de pensar e viver sem esse “seguro de vida” ou por quem escolhe uma igreja ou uma loja como protecção para a vida. Manter esta lógica só empobrece o empobrecido ambiente de análise e de debate.
Há uma elevada incerteza para próximas eleições legislativas. Excepto a improbabilidade de uma maioria absoluta. O que pode não alterar a situação em termos de representatividade. Mas seguramente que vai ter mudanças em matéria de governabilidade. O governo está num labirinto. Que em parte ajudou a construir. O exercício musculado, arrogante e pouco dialogante da actual maioria, o seu progressismo em matéria de costumes, mas a sua inflexão ao centro em matéria económica, à direita no plano laboral e a crise internacional penaliza quem governa.
Qualquer governo, este ou outro, só tem a ganhar se souber aproveitar o debate público. Mas para que ele exista, é preciso um ambiente de distensão e de respeito. Sem exclusão de ninguém. Sem clubismos. Partidários ou outros. E com elevação, transparência e sentido de responsabilidade. Esse será o melhor contributo que se pode dar ao desporto. Mas também às organizações políticas e partidárias que têm a responsabilidade de “pensar a governação “ do “pais desportivo”.
4 comentários:
O J.M.Constantino deixa neste post o essencial, a meu ver, do que deve e pode ser este blogue. Um local de confronto de ideias com apenas uma regra simples. O respeito pelos outros. Há uma regra de discussão na gestão que obriga a que não se diga mal das ideias dos outros, apenas que se agarre nelas e se lhes acrescente o nosso contributo. Se assim for estou disponível para dar a minha modesta contribuição, caso contrário já dei para esse peditório e não continuo interessado. A questão do anonimato é compreensível, pois a maioria tem que se esconder atrás dele para esconder a tristeza e a falta de coerência do que para ali atira.A. J. Serôdio
As regras, neste blog, estão agora mais clarificadas.
Há dois pesos e duas medidas: aos autores dos posts (com excepção, reconheça-se, do JM Constantino)é lícito referirem-se, de forma sistematicamente chocarreira, ao Governo, ao titular da pasta do desporto, ao trabalho desenvolvido pelo Governo, aos eventuais colaboradores governamentais (os quais, no mínimo, são apelidados de serventuários ou, até, de operários...); os anónimos, quando retorquem na mesma moeda, entende-se que beliscam o insuportável!
Por outro lado, à chamada de atenção para os sucessivos erros ortográficos, para os raciocínios delirantes, para as contradições de argumentação, para a falta de fundamentação das afirmações ou para o puro e simples desconhecimento de matérias sobre as quais escrevem, seguem-se normalmente apelos para o exercício da censura, para a necessidade de um moderador, para o silenciamento das discordâncias.
É tempo, pois, de abandonar este blog. Até porque a tarefa a que nos propusemos está cumprida.
Por isso, com este comentário, encerro a minha participação neste blog, deixando assim o campo aberto para que, os que cá ficam, possam estar todos de acordo e utilizar os comentários para aquilo que mais se desejava: aplaudir reverentemente quem escreve no blog.
So long.
Espaços de Debate sobre Desporto
Que espaços de discussão sobre as políticas desportivas existem em Portugal?
Nem no Estado, que tem predomínio legislativo, de financiamento e de regulação de todo o desporto nacional, nem na denominada sociedade civil onde se inscrevem as federações desportivas ou a academia, se oferecem esses espaços organizados de debate e formação, de pensamento estruturado, sobre o desporto na sociedade portuguesa.
É claro que o Estado/Governo tem especiais responsabilidades por não ter nem criado as condições nem favorecido o aparecimento desses “fora” de debate.
Também não são muitas as pessoas que em Portugal estarão habilitadas ou disponíveis para animar essas reflexões. Porque o debate e a formulação de propostas de políticas públicas desportivas têm de ter a perspectiva de que terão consequências e efeitos úteis.
Por isso, e como o Governo privilegiou na presente legislatura a actividade legislativa, o debate sobre a estratégia, a organização e o papel do desporto em Portugal é frágil ou praticamente inexistente. Apenas algumas pessoas vão dando opiniões em pequenos e circunscritos espaços como acontece nesta colectividade desportiva ou no “Fórum Olímpico de Portugal”.
Ainda há poucos dias na SIC Notícias, no Programa Tempo Extra, o não acomodado e avisado jornalista Rui Santos lamentava vivamente, e com argumentação bastante sólida, a prática inexistência de estudo e debate sobre o nosso desporto profissional e do futebol em particular relevo.
Por isso também dizia que o trabalho de preparação das futuras selecções nacionais de futebol tinha ficado praticamente sem ser feito nos últimos anos e que as mesmas pessoas estão nos mesmos lugares dirigentes há imensos anos. E agora estamos, disse, praticamente sem soluções evidentes para constituir a nossa selecção principal. Isto é, segundo a sua avisada e consequente opinião, nem a FPF nem o Estado/Governo prestaram o necessário serviço ao desporto profissional do futebol de organizarem os espaços de diálogo, debate e reflexão sobre o desenvolvimento das nossas selecções nacionais.
O que aliás também acontece, na nossa opinião, com a Liga Profissional quanto ao Campeonato. Para já não relembrar o fraquíssimo papel do recentemente criado Conselho Nacional do Desporto que parece actuar como simples caixa de ressonância das iniciativas legislativas do Governo e nem publica as actas dos seus trabalhos, discussões e decisões.
Não seria já a altura de o Estado/Governo pensar em criar em conjunto com as Universidades e as entidades associativas do desporto um Fórum de debate permanente em torno dos problemas de organização e desenvolvimento do desporto (ou das denominadas políticas públicas desportivas)? E isto ser feito á semelhança dos exemplos que existem em outros países europeus, servindo-nos de experiências bem sucedidas como a do Reino Unido?
José Pinto Correia, Mestre em Gestão do Desporto
Já agora, e uma vez que estamos em época de fim de festa, quero também deixar aqui o meu testemunho e dizer que, por mim, já chega.
Sou estudante, mas fiquei impressionada por se fazerem exigências para que os anónimos e anónimas esclarecessem qual a sua inclinação partidária, quando ninguém diz nada quanto ao facto do Dr. Pinto Correia afirmar que vai analisar os programas dos partidos e depois só analisar um - o do partido socialista! Gato escondido com rabo de fora...
Fiquei assim convencida que este blog é apenas para aqueles que querem malhar nos socialistas. Quem pensa de forma diferente, não é aqui bem-vindo.
Por isso, vou-me embora, que tenho mais que fazer.
Enviar um comentário