As “escutas” ao sistema desportivo são importantes. Não para devassar a sua privacidade, mas para perceber o seu conteúdo. E ensaiar as vias de transformação e de desenvolvimento.
Nos sistemas desportivos operam uma multiplicidade de agentes e de entidades. Em contextos públicos, privados e associativos. Uns com controlo directo no produto desportivo, outros parte interessada e envolvida. São os nossos shareholders e stakeholders. Concorrem para actividade desportiva ainda que com diversos funções e níveis de intervenção.
Quando se isola um destes protagonistas (ex. os dirigentes, ou os técnicos, ou os atletas, ou os clubes) e se lhes atribui a responsabilidade pelo progresso de todo o sistema (ou pelo seu atraso) está a cometer-se um erro de simplificação. Está a atribuir-se a uma das partes um poder de influência e de configuração de todo sistema desportivo que ele realmente não tem. O mesmo se passa com os decisores políticos.
Um decisor político pode tomar iniciativas que influenciam o resultado de todo o sistema desportivo. Na forma como exerce as respectivas funções reguladoras e de fiscalização. No modo como estrutura o ordenamento legislativo. Nas medidas de apoio e incentivo ao desenvolvimento da prática desportiva. Mas não pode por decreto fazer aparecer dirigentes desportivos qualificados, empresários empreendedores, técnicos cultos e competentes ou atletas com elevado potencial desportivo. O decisor político é importante, mas não é suficiente.
Não é despiciendo lembrá-lo num tempo em que o aumento do grau de exigência aos políticos não pode viver a par de um menor esforço de exigência em relação aos restantes actores e intervenientes. O que obriga a que se avalie por onde se distribuem os eventuais factores de constrangimento ao sistema desportivo e evite cair na atitude fácil, mas ilusória, de tudo colocar no âmbito da responsabilidade política.
Os tempos que se avizinham vão ser duros. Parte das justificações do passado deixam de ter sentido. O país disporá, pelo menos por dois ciclos olímpicos, de uma estabilidade politica e de uma continuidade governativa que são um bem precioso .E de uma infra-estrutração e condições de trabalho bastante boas. Os dirigentes máximos das duas organizações desportivas (COP e CDP) não regateiam encómios às políticas do sector. Existe uma clara sinergia política (e partidária) entre as orientações estratégicas de politica desportiva e as lideranças do movimento associativo. Podem discutir-se uns trocos que paguem algumas das aventuras associativas, mas no plano substantivo não existem linhas de divergência. Á partida estão reunidas as condições para o sucesso. E não se justifica, a não ser por preguiça intelectual ou desculpa esfarrapada, culpar o desporto escolar, cujas costas largas estão sempre à mão, para ser elevado a factor crítico essencial ao eventual insucesso da nau desportiva.
Não creio por isso que seja ao nível da instância politica que devam incidir as preocupações pela elevação da qualidade do nível desportivo. Mas sobre a base de construção das decisões que alimentam todo o sistema desportivo. Os tópicos da formação do praticante, da formação do técnico,da preparaçãoe treino desportivos, do enquadramento competitivo e da vitalização do sistema associativo carecem de ser visitados. Que por serem mais simples e mais lineares talvez ajudem a uma outra progressão. E são decisivos.
Quando se isola um destes protagonistas (ex. os dirigentes, ou os técnicos, ou os atletas, ou os clubes) e se lhes atribui a responsabilidade pelo progresso de todo o sistema (ou pelo seu atraso) está a cometer-se um erro de simplificação. Está a atribuir-se a uma das partes um poder de influência e de configuração de todo sistema desportivo que ele realmente não tem. O mesmo se passa com os decisores políticos.
Um decisor político pode tomar iniciativas que influenciam o resultado de todo o sistema desportivo. Na forma como exerce as respectivas funções reguladoras e de fiscalização. No modo como estrutura o ordenamento legislativo. Nas medidas de apoio e incentivo ao desenvolvimento da prática desportiva. Mas não pode por decreto fazer aparecer dirigentes desportivos qualificados, empresários empreendedores, técnicos cultos e competentes ou atletas com elevado potencial desportivo. O decisor político é importante, mas não é suficiente.
Não é despiciendo lembrá-lo num tempo em que o aumento do grau de exigência aos políticos não pode viver a par de um menor esforço de exigência em relação aos restantes actores e intervenientes. O que obriga a que se avalie por onde se distribuem os eventuais factores de constrangimento ao sistema desportivo e evite cair na atitude fácil, mas ilusória, de tudo colocar no âmbito da responsabilidade política.
Os tempos que se avizinham vão ser duros. Parte das justificações do passado deixam de ter sentido. O país disporá, pelo menos por dois ciclos olímpicos, de uma estabilidade politica e de uma continuidade governativa que são um bem precioso .E de uma infra-estrutração e condições de trabalho bastante boas. Os dirigentes máximos das duas organizações desportivas (COP e CDP) não regateiam encómios às políticas do sector. Existe uma clara sinergia política (e partidária) entre as orientações estratégicas de politica desportiva e as lideranças do movimento associativo. Podem discutir-se uns trocos que paguem algumas das aventuras associativas, mas no plano substantivo não existem linhas de divergência. Á partida estão reunidas as condições para o sucesso. E não se justifica, a não ser por preguiça intelectual ou desculpa esfarrapada, culpar o desporto escolar, cujas costas largas estão sempre à mão, para ser elevado a factor crítico essencial ao eventual insucesso da nau desportiva.
Não creio por isso que seja ao nível da instância politica que devam incidir as preocupações pela elevação da qualidade do nível desportivo. Mas sobre a base de construção das decisões que alimentam todo o sistema desportivo. Os tópicos da formação do praticante, da formação do técnico,da preparaçãoe treino desportivos, do enquadramento competitivo e da vitalização do sistema associativo carecem de ser visitados. Que por serem mais simples e mais lineares talvez ajudem a uma outra progressão. E são decisivos.
Existem avaliações feitas? Tudo corre bem? Não há alterações que a experiência acumulada justifique? As respostas, quaisquer que elas sejam são um bom meio de prova sobre o caminho que seguimos. E como meio de prova devem ser avaliadas e valoradas.O pior que poderia suceder seria destruí-las.
2 comentários:
Aconselhável ver Cientistas de pé em Oeiras
A propósito das escutas que correm no mercado das audições recordo esta anedota para atestar que as escutas já constituem uma tradição lusitana:
Andava D. João II de Portugal espairecendo pelas ribeiras do Tejo, e disse a alguns Ministros de Justiça que o acompanhavam a cavalo, que corressem.
Respondeu um, em nome de todos:
"- Nós não sabemos correr, senão atrás de ladrões".
Tornou o El-Rei gracejando:
"- Pois correi uns atrás dos outros".
(In "O Velho Liberal do Douro", n.º 42, 1834, pág. 399).
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