Aproveitando alguns dos últimos posts e das suas temáticas da Colectividade, na última semana houve uma afirmação que passou despercebida (talvez ainda no enfoque do fim-de-semana que tinha passado ou o que se aproxima).
Manuel Pinho, presidente da organização do Ryder Cup 2018, lembra que, para a prova de golfe se realizar em Portugal, não poderá haver Mundial de Futebol, organizado em conjunto por Portugal e Espanha: "Uma inviabiliza a outra e vice-versa", considerou o ex-Ministro da Economia.
Interessante verificar que numa pesquisa rápida no motor de busca google e constata-se que poucos ou nenhuns sítios mais relacionados com o futebol focam essa afirmação, de alguém que deve estar - digamos - bem informado. Uma afirmação que é pouca ou nada política, pelo menos, de forma social.
Sabermos se a afirmação é fundamentada em relatórios financeiros e económicos seria fundamental para perceber se esta opinião se inclui em muitos dos comentários que vão se lendo no blog:
- falta de capacidade financeira do país para dois eventos desta dimensão;
- timings;
- distorção do que é um evento de desporto e/ou turismo;
- política na tomada de decisão da Comporta e não do Algarve;
- etc.
O que nos parece verificar é que nenhuma destas hipóteses se encaixa na vertente de política ou índices de prática desportiva, que tanta falta nos faz.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Desporto, Turismo e Incompatibilidades
publicado por Rui Lança às 23:38 Labels: Gestão desportiva, Modalidades desportivas, Prática desportiva
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13 comentários:
Bem visto Rui Lança
A matéria do Turismo e do desporto tem relações com o desenvolvimento desportivo.
Na base dos mega-eventos está o desenvolvimento da actividade desportiva de base.
Os países mais desenvolvidos fazem mega-projectos como os Jogos Olímpicos e os Mundiais porque têm consumo desportivo desportivo bastante e é importtante para os governos mostrar os seus atletas à sua população e justificar porque investem no desporto.
Países com um menor desenvolvimento como foi o caso da Espanha e que o Reino Unido também fez/fizeram/fazem os megaeventos e investem na base e em toda a estrutura de produção desportiva moderna.
Portugal está atrasado e investe demasiado em grandes projectos de desporto sem investir racionalmente e em proporções devidas na totalidade da estrutura desde a base ao topo.
O custo do projecto de Sangalhos deveria ter a acrescentar o custo da criação de uma selecção nacional de alto rendimento e olímpica no ciclismo. Alguém ouviu algum dirigente público ou privado a falar disto?
O investimento nacional feito no topo é frágil. Não se percebe porque é que se investiu 14 milhões para Londres. É muito, é pouco, para se alterar o quê, de fundamental em relação a Pequim? Porque não 28 milhões ou 42 milhões? Porque não sete?
O que parece é que nada se sabe porque nada há e os 14 milhões são um desperdício? Se quisermos ver pelo pior prisma|
O que andam a fazer o COP e as federações? Ninguém sabe no sentido de haver e se conhecer estudos, análises, conferências, textos.
Para haver alguma coisa deveria haver uma avaliação externa independente. Externa com especialistas estrangeiros como o Porter quando veio fazer a análise da indústria portuguesa.
Se a Universidade portuguesa não tem competências, nem apetência, nem presença social e política para fazer um estudo independente a solução internacional é a second best.
Dado que o alto rendimento em Portugal é um bem público, o Estado deveria promover este projecto para além da Ryders Cup e do Mundial de Futebol.
Dirão alguns que a Universidade vai fazer uma borrada e os políticos centrais e locais vão continuar tudo como antes.
As coisas que o Turismo já faz, retiram mais valias ao desporto e impedem o desenvolvimento e a acumulação de mais-valias nos agentes desportivos.
Esta externalização de benefícios deveria ser tratada.
Comentando o texto de Rui Lança:
Portugal é uma insignificância desportiva a nível mundial , tanto ao nível de índices de prática federada e não federada, como ao nível do Alto Rendimento.
Os mega-eventos já organizados em Portugal não trouxeram nunca mais valias para o desenvolvimento da prática desportiva.
Trouxeram sim enormes prejuízos financeiros.
Comentando o comentário de F. Tenreiro:
Os países (exceptuando as grandes potências desportivas)que organizaram mega-mega eventos (sobretudo Jogos Olímpicos)atravessaram de facto um período de grande desenvolvimento que culminou com a obtenção de um número anormal de medalhas nesses Jogos. Tal deveu-se à multiplicação exponencial do investimento público durante a década que os antecedeu.
Apesar de ficar sempre alguma coisa de positivo, esses países (estou a lembrar-me da Espanha e da Grécia) acabam por descobrir mais tarde que criaram elefantes brancos insustentáveis em infraestruturas, que a médio prazo essas organizações foram geradoras de enormes prejuízos financeiros e que a diminuição radical do investimento público no Desporto acabou por ter como consequência uma significativa recessão tanto nos índices de prática desportiva como nos resultados no Alto Rendimento.
Em síntese:
Os Mega-eventos são para mega-países mega-ricos.
Portugal candidatar-se a organizar mega-eventos é ridículo e só gera prejuízos.
Mas interessa e muito à classe política dirigente, pelo ptotagonismo/visibilidade e pelos interesses financeiros levianos e negociatas para amigos que estão escondidos com o rabo de fora.
Também servem para distrair a atenção do que é verdadeiramente importante em política.
Os Mega-eventos não interessam a Portugal. É tão óbvio que são desnecessários estudos de viabilidade, venham eles de onde vierem. E os estudos de viabilidade também se compram.
Os políticos portugueses, de braço dado com os dirigentes das federações, vêm sempre falar dos benefícios para o turismo do país quando querem justificar um mega-projecto. Que benefícios?
Primeiro, dizer que o famoso mega-projecto Euro 2004 deu, dá e dará prejuízo de largos milhões ao Estado, seja ele a nível central seja a local.
Não contribuem, salvo raras excepções, para o desenvolvimento desportivo do país pelo contrário, porque absorvem verbas que dariam para muitos projectos esses sim importantes para a população em geral, para o acesso a uma prática desportiva generalizada e condigna.
Depois para o Turismo esses eventos não são o mais importante. Precisamos isso sim de qualificar a oferta, promover melhor o país nos canais de distribuição que chegam aos mercados que nos interessam, assim como incrementar a percepção dos nossos atributos, da diversidade cultural, e de variedade de oferta concentrada num país de pequena dimensão. Para termos volume, ganharmos dimensão e aumentarmos as receitas fruto do aumento da estada, dos preços praticados, dos serviços oferecidos.
Mas isso fica sempre para trás porque é mais fácil fazer um mega-evento para dar a ganhar dinheiro a algumas empresas, distribuir dinheiro pelos clubes de futebol(que mesmo assim estão falidos), alimentar o ego de algum político e/ou dirigente por ter o seu nome associado ao evento e ganhar quiça uns votos do português comum que infelizmente é pouco instruído e padece de uma tremenda falta de noção de cidadania.
O desporto português necessita de estudos, debates e transparência.
Tanto o Luís Leite como o Tiago Viana dizem-se certos sobre os efeitos dos mega-eventos.
Eu não fui a nenhum jogo do Euro2004, não sei se na Direcção de outras modalidades tiveram direito aos jogos do inimigo nos estádios.
Mas o Euro2004 foi extraordinário em que a presença dos jogadores e o saber fazer se equivale à do campeonato de pista coberta em Lisboa e em ambos o eventos Portugal terá saído engrandecido.
Por isso é necessário estudar as situações e ter a capacidade política de negociar com as federações internacionais nas melhores condições tendo a par a federação e o governo portugueses para obter resultados duráveis desportivamente e económicos dentro das possibilidades nacionais.
O processo político tem sido errado com todas as instituições a quererem obter valias que não conseguem nas suas actividades normais.
Mistura-se tudo, ou posto de outra forma, não se distingue o que é o desenvolvimento desportivo nacional e qual a sua relação com o evento a criar.
Há pesos e medidas a ponderar antes de decidir.
Não tenho dados que me permitam dizer que isso não foi feito assim como não tenho dados de que o melhor caminho e os melhores resultados tenham sido alcançados.
Não se 'exalterem' com os mega-eventos.
Eu gostaria de ter o Mundial de Futebol em Portugal e a Ryders Cup porque num caso e noutro existe capacidade para o fazer e os benefícios parecem atraentes.
Tenho pena por desconhecer o que está a ser feito pelo desenvolvimento desportivo nacional e de que forma estão os interesses nacionais a ser defendidos e maximizados ou se é tudo uma questão de 'business as usual'.
O que tentei destacar com esta afirmação do ex-Ministro foi o seguinte:
- apesar de não saber onde ele se baseia para afirmar tal frase, é raro, para não dizer quase único, alguém com o seu espaço social, ex-ministro e empresário, afirmar que este País apenas tem espaço para dois mega-eventos nas mesmas datas, mesmo que em locais distintos ou com metodologias de organização diferentes.
Isso é de destacar. Agora...já não tenho qualquer pretensão em ver políticos a discutir índice de prática desportiva, estratégia nacional para o desporto, eventos ou mega-eventos, formação, etc.
Para completar o meu comentário, venho apenas declarar que estou totalmente de acordo com Tiago Viana e totalmente em desacordo com Fernando Tenreiro.
Bem, eu também não tenho os números do impacto do Euro na nossa economia e sobretudo do seu contributo para o Turismo. Até porque isso não é facilmente mensurável.
Sei que se fizeram investimentos que não eram necessários e que criaram elefantes brancos que nos custaram e custam milhões. Isto é um facto!
Esse dinheiro podia e devia ter sido empregue para qualificar a nossa oferta turística até para essas mais-valias do país serem divulgadas aproveitando o evento.
Porque nós não queremos um país onde são precisos mega-eventos para ter um fluxo de turistas e divisas num curto período de tempo e onde os custos são tremendos e quiçá inferiores às receitas.
Queremos continuidade para nos ajudar a equilibrar a balança financeira do país que é deficitária.
Obviamente o Turismo está lá!
Estou muito preocupado com a hipótese do governo deitar para o 'lixo' 300 leis, segundo assegura o Diário de Notícias.
Sempre que há destas notícias acontecem coisas como foi o caso da reforma das instituições e em que a Lapa e parte da cultura do desporto português foram para o 'lixo' como diz o Diário de Notícias, o que é que isso signifique.
Depois vem a criação de um fundo para salvar os países afectados pelos mercados especulativos de 750 mil milhões de euros.
Falta ao desporto ambição de dizer e afirmar o que quer.
Não temer o futuro e o que tem de ser feito.
Dizer o que é o desporto moderno e onde falha Portugal nos vectores A, B, C, ...
Nas leis e nos dinheiros há horizontes amplos e nichos de esperança que o desporto português ignora e teme.
Primeiro dizer o que quer e depois negociar. Está a perder-se nova legislatura em reformas visando a competitividade desportiva e económica e em financiamentos.
Não sei se devia ficar ainda mais preocupado porque nas instituições que ajudaram o Governo a definir as leis ineficazes não se encontrava nenhuma desportiva: AEP - Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria; AIP - Associação Industrial Portuguesa; ANJAP - Associação Nacional de Jovens Advogados Portugueses; ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários; CCP - Confederação do Comércio; CAP; CIP; CGTP; UGT; Deco; CTP - Confederação do Turismo Português; Ordem dos Advogados; OTOC - Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas; e OROC - Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.
Terá sido de propósito ou não importa?
Obviamente o Turismo estava lá, provavelmente também para representar e defender o desporto!
Das grandes anedotas do desporto português existe uma em particular do Major Valentim Loureiro, entre muitas outras, quando dizia no início dos anos noventa que se havia alguém que defendia os jogadores profissionais era ele enquanto presidente do Boavista e da Liga e não era necessário o Sindicato dos Jogadores!
O Turismo está lá e os parceiros desportivos devem sossegar porque a raposa está como sempre esteve dentro do quintal.
O Luís Leite dirigente defende a realização da Super-Liga de Atletismo com unhas e dentes. O Luís Leite comentador rebela-se contra a realização deste tipo de eventos. A coerência habitual...
Coerência não é.....
Como já sabem, não respondo a anónimos, mas não posso deixar de esclarecer o seguinte:
Apesar de ter sido o responsável do Comité Organizador pela área das instalações da Super-Liga Europeia em 2009, nunca achei boa ideia que a nossa Federação se oferecesse para resolver um problema complicado da Associação Europeia, o de não haver candidatos à 1ª organização deste evento.
A responsabilidade de insistir em Leiria só pode ser assacada ao Presidente da FPA. A Direcção nunca teve voto na matéria, até porque o monarca nunca toleraria ideias opostas às dele.
Naquele contexto muito específico, manifestei radicalmente a minha oposição, em sede própria, às novas regras, completamente idiotas, impostas pela EA.
Depois, limitei-me, apesar de não ver nenhuma vantagem no evento, conhecendo as dificuldades e adivinhando o inevitável prejuízo financeiro, a ser solidário com uma equipa (de que fazia parte por não ter alternativa).
Posto perante um facto consumado em que Portugal não podia ficar mal na fotografia, sacrifiquei a habitual liderança das Selecções Nacionais (uma paixão) e aguentei firme até ao fim na mais indesejável das funções.
Só Deus sabe o que passei naqueles últimos dias dificílimos (para alguns, não para outros).
Não há incoerência nenhuma, senhores "Anónimo" e F. Ribeiro (?).
Já agora, se forem do Atletismo, perguntem ao monarca e à Assembleia-Geral por que razão não são entregues os galardões estatutários da FPA desde 1994 (há 16 anos). Eu desisti de insistir.
Uma vergonha.
Insisto:o maior contributo do desporto ao turismo são as viagens ao estrangeiro do Dr.Fanha Vieira e do Prof.Sardinha.Com a vantagem de nunca terem incompatibilidades.
Ao tempo do Mirandela da Costa havia um responsável das relações internacionais, Boa de Jesus, e técnicos das diferentes áreas: sociologia, engenharia, arquitectura, direito, economia, história, ética e mais pessoas que iam lá fora.
Havia as reuniões das relações internacionais, propriamente ditas, e as dos directores gerais.
Dava para muito.
Hoje os critérios europeus serão diferentes!?
Seria necessário aferir os resultados.
Foi com base nessas reuniões que a ex-Direcção-Geral dos Desportos explodiu em publicações e projectos de investigação nas áreas atrás referidas e que professores universitários de hoje tiveram o benefício de participar nessas acções europeias.
Tanto a Universidade como o Direito do Desporto têm aspectos críticos actuais no seu comportamento que olhando para o passado deveriam ser diferentes porque não lhes tiram as ilações devidas.
O projecto Mirandela da Costa na sua acepção universalista não avançou até aonde devia e os protagonistas remanescentes não carreiam esse espírito que eventualmente terá começado depois de 1974 com Melo de Carvalho.
Esse o desafio actual de ir buscar ao passado os exemplos que permitiram as primeiras medalhas mundiais e olímpicas nos anos oitenta o salto sustentado no início dos noventa e a lenta transformação no fim de noventa e século XXI.
A questão relvante quanto ao Turismo é se ele se faz com Desporto ou sem Desporto!
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