Dar um pão a quem tem fome resolve um problema. Dar dois ou três, melhor. Mas dar um pão a quem não tem fome é desperdício. E dar dois ou três é um desperdício ainda maior. Nas políticas de desenvolvimento passa-se o mesmo. Uma solução aumenta resultados num quadro de certo tipo de carências. Mas resolvidas essas carências manter a mesma solução não apenas deixa de produzir os resultados anteriores, como se pode tornar contraproducente.
As políticas locais de apoio ao desporto tiveram resultados significativos na elevação e melhoria das condições desportivas. Num processo que não foi isento de dificuldades e de contradições. Mas que operou num quadro de enormes carências. Hoje, a situação é bem diferente de há três décadas.
Em muitas autarquias, actualmente, o problema que se coloca não é o de falta de equipamentos desportivos. É a falta de praticantes. É a existência de equipamentos mal dimensionados ou sem adequado uso desportivo. E com custos de manutenção elevados. Em outras não é o abandono dos clubes e colectividades locais. Mas de uma relação sem critérios com o associativismo com transferências financeiras para projectos de duvidosa sustentabilidade. Em outras, não é o alheamento aos eventos desportivos. É a delapidação de recursos com a despesa em iniciativas sem qualquer efeito útil no desenvolvimento desportivo local. Em outras, não é aposta nos apoios à formação. Mas a utilização do chavão para transferir recursos para a dimensão profissional do desporto. Em outras, não é a desejável utilização de infra-estruturas pelos organismos federativos. Mas a sua inaceitável utilização sem quaisquer pagamentos ou taxas. Em algumas autarquias já não é a intervenção no apoio à educação física no 1º ciclo do ensino básico. São as actividades de enriquecimento curricular com a educação física transformada numa espécie de “ateliers de tempos livres” ou de “recreios animados”. Os problemas são, por isso, hoje, muito diferentes do que o eram no passado. As respostas políticas não podem continuar a ser as mesmas.
De uma situação de quase ausência das autarquias nas políticas locais, passou-se para um presença indispensável. Mas o impasse está aí. Muitas das autarquias estão financeiramente exauridas Que poucos admitem. De resto, reagem mal quando confrontados com opiniões críticas. Preferem coisas banais (a importância do associativismo, das infraestruturais, da formação, etc.) de que se pode sempre falar sem dizer nada. O sinal mais evidente do autismo com que muitos autarcas encaram a realidade desportiva das suas comunidades é ouvi-los. O que escutamos é, invariavelmente, o mundo maravilhoso do desporto local. Se o todo, o país, fosse a soma das partes, bem se poderia construir o desporto nacional a partir da visão que cada autarca tem da sua parcela.
Sempre me fez confusão que, em pequenas comunidades, sem vida desportiva significativa e com um tecido associativo frágil, se tenham construído, em poucos anos, grandes equipamentos municipais que ostentam orgulhosamente o título de “capital do desporto” ou de “cidade do desporto”. Ou outras que se entregam nos braços dos centros de alto rendimento. E a confusão deriva apenas de uma singela pergunta: quem paga? Onde há recursos financeiros para sustentar essas instalações? Que solução encontraram?
Os autarcas despertaram tarde para a importância do desporto nas políticas locais. Receio bem que, também, só tarde, despertem para a insustentabilidade de um modelo que crescentemente requisita mais despesa pública sem necessariamente oferecer mais benefícios aos cidadãos e à comunidade. Talvez começar precisamente por aqui fosse um bom princípio. Em que é que as politicas públicas locais trazem mais benefícios às comunidades a que se dirigem. Não por retórica. Mas por indicadores mensuráveis e avaliáveis da situação desportiva local (nº de praticantes, nº de modalidades, indicadores de frequência, horas de utilização dos equipamentos, etc ).Depois íamos ao resto.
As políticas locais de apoio ao desporto tiveram resultados significativos na elevação e melhoria das condições desportivas. Num processo que não foi isento de dificuldades e de contradições. Mas que operou num quadro de enormes carências. Hoje, a situação é bem diferente de há três décadas.
Em muitas autarquias, actualmente, o problema que se coloca não é o de falta de equipamentos desportivos. É a falta de praticantes. É a existência de equipamentos mal dimensionados ou sem adequado uso desportivo. E com custos de manutenção elevados. Em outras não é o abandono dos clubes e colectividades locais. Mas de uma relação sem critérios com o associativismo com transferências financeiras para projectos de duvidosa sustentabilidade. Em outras, não é o alheamento aos eventos desportivos. É a delapidação de recursos com a despesa em iniciativas sem qualquer efeito útil no desenvolvimento desportivo local. Em outras, não é aposta nos apoios à formação. Mas a utilização do chavão para transferir recursos para a dimensão profissional do desporto. Em outras, não é a desejável utilização de infra-estruturas pelos organismos federativos. Mas a sua inaceitável utilização sem quaisquer pagamentos ou taxas. Em algumas autarquias já não é a intervenção no apoio à educação física no 1º ciclo do ensino básico. São as actividades de enriquecimento curricular com a educação física transformada numa espécie de “ateliers de tempos livres” ou de “recreios animados”. Os problemas são, por isso, hoje, muito diferentes do que o eram no passado. As respostas políticas não podem continuar a ser as mesmas.
De uma situação de quase ausência das autarquias nas políticas locais, passou-se para um presença indispensável. Mas o impasse está aí. Muitas das autarquias estão financeiramente exauridas Que poucos admitem. De resto, reagem mal quando confrontados com opiniões críticas. Preferem coisas banais (a importância do associativismo, das infraestruturais, da formação, etc.) de que se pode sempre falar sem dizer nada. O sinal mais evidente do autismo com que muitos autarcas encaram a realidade desportiva das suas comunidades é ouvi-los. O que escutamos é, invariavelmente, o mundo maravilhoso do desporto local. Se o todo, o país, fosse a soma das partes, bem se poderia construir o desporto nacional a partir da visão que cada autarca tem da sua parcela.
Sempre me fez confusão que, em pequenas comunidades, sem vida desportiva significativa e com um tecido associativo frágil, se tenham construído, em poucos anos, grandes equipamentos municipais que ostentam orgulhosamente o título de “capital do desporto” ou de “cidade do desporto”. Ou outras que se entregam nos braços dos centros de alto rendimento. E a confusão deriva apenas de uma singela pergunta: quem paga? Onde há recursos financeiros para sustentar essas instalações? Que solução encontraram?
Os autarcas despertaram tarde para a importância do desporto nas políticas locais. Receio bem que, também, só tarde, despertem para a insustentabilidade de um modelo que crescentemente requisita mais despesa pública sem necessariamente oferecer mais benefícios aos cidadãos e à comunidade. Talvez começar precisamente por aqui fosse um bom princípio. Em que é que as politicas públicas locais trazem mais benefícios às comunidades a que se dirigem. Não por retórica. Mas por indicadores mensuráveis e avaliáveis da situação desportiva local (nº de praticantes, nº de modalidades, indicadores de frequência, horas de utilização dos equipamentos, etc ).Depois íamos ao resto.
6 comentários:
Concordo integralmente com José Manuel Constantino.
A minha experiência confirma totalmente as suas afirmações.
Apenas dois pontos não foram directamente aflorados:
1) A falta de capacidade financeira das autarquias para a manutenção dos equipamentos construídos, sem a qual entram mais ou menos rapidamente em degradação.
Mas tais despesas nunca foram ou são ponderadas no momento da decisão de construir.
2) A falta de apetrechamento adequado para o treino e para a competição, tornando inúteis muitos desses equipamentos.
No caso do Atletismo isto são evidências que sempre tentei mostrar a quem de direito, sem quaisquer resultados.
Basicamente constrói-se para a inauguração e para mostrar obra.
Depois logo se vê...
Nunca lhe disse isto mas há colegas nossos que o criticam porque você deveria era estar calado porque você sabe o que se passa e como se fazem as coisas.
Estes colegas também não entram em pormenores mas parece que as coisas que se sabem fazer não são para ser discutidas, o que se pode aceitar com limites.
Os 750 mil milhões que a Europa acaba de negociar terá variáveis que o tempo trará à luz e não parece que a revisão dos grandes projectos e a necessidade de baixar desde 2010 a temperatura da dívida portuguesa e espanhola sejam de iniciativa exclusiva dos seus governantes.
Entre aqueles que sabem e se calam e aqueles que sabem e debatem os desafios e o futuro você encontra-se no segundo grupo e este poste é disso sinal.
Muitas vezes faço afirmações que não tenho a certeza mas que o raciocínio económico, que me enforma, me sugerem que as coisas se passam de certa forma.
O seu poste é rico ao levantar o pano do que se passa a nível local e do enviesamento dos processos de desenvolvimento desportivo local.
De facto as estatísticas são a fotografia, o instantâneo, que mostra a realidade de forma independente dos desejos dos parceiros envolvidos na sua produção.
A questão principal é que falta a matriz de leitura nacional e europeia que o desporto português deveria ter que feche a compreensão nacional, o bom trabalho que algumas autarquias já fazem nas estatísticas, como a sua de Oeiras segundo me dizem os alunos quando lhes digo para consultarem estatísticas desportivas das autarquias.
A União Europeia tem em curso, com o apoio dos países europeus mais activos, inúmeros projectos que produzem estatísticas para o seu projecto de manter a Europa como o continente mais competitivo do mundo.
Outros países não acompanham como a Espanha e a Itália.
Da experiência que tive das reuniões do Conselho da Europa ao tempo de Mirandela da Costa os países de leste quando chegavam enviavam juristas e técnicos que nada percebiam do que se passava o que era ditado pela sua adesão recente ao mercado e à democracia.
Estes países ultrapassaram esta fase e participam actualmente nos novos projectos de produção de conhecimento económico e estatístico da União Europeia.
Há outros países que não sei o que fazem face à responsabilidade do que deveriam fazer.
Há duas hipóteses para o desporto português face às crises e às soluções.
Na hipótese corrente tudo está bem e não há necessidade de fazer diferente do passado: business as usual!
Na segunda hipótese, a da existência real de problemas sejam autárquicos ou associativos, existe um obstáculo de monta que em Portugal impede a tomada de decisões oportunas sobre os desafios surgidos.
A Europa e a Alemanha terão obrigado o Ministro das Finanças a tomar medidas decisivas para a correção rápida do défice orçamental.
A aterragem soft para os erros e exageros cometidos é regeitada. A infecção existe e o tratamento com antibióticos fortes é a solução.
De uma assentada o IVA irá ser aumentado e o 13.º mês está em perigo.
O que acontece é que havendo dificuldades no desporto português a Alemanha não tem preocupações com o nosso desporto.
No desporto estamos sozinhos, temos estado na cauda da Europa, A Europa disparou políticas de desporto que Portugal não compreende nem discute, nem acerta, vamos continuar isolados em último arredados de lugares cimeiros definitivamente, e a indefinição de metas desportivas que na Europa não se usa, aqui é corrente e passa por normal.
Normalidade insana mas que se quer e se aceita normal.
O desporto está sozinho entregue a situações orgulhosamente normais.
Vamos continuar no último lugar Europeu e ganhar o Mundial da África do Sul e as duas do Atletismo em Londres.
Não gastem o vossa cabeça a pensar como o desporto português pode sair da situação em que se encontra.Para isso existe o Dr.Laurentino e os seus rapazes que sabem isso e muito mais.
Sobretudo "muito mais".
Houve um economista ou aparentado que foi convidado para vice de uma instituição.
Depois deu-se mal, ou mudou de ideias, ou mudaram por ele e foi-se como tinha chegado sem o sector dar por ele.
A ideia a reter é que não havia uma função para servir o desporto a preencher mas uma pessoa a nomear e depois outra profissão foi para lá, das que há para aí às resmas, como os economistas mas não foi um economista. Por coincidência uma profissão que a lei é muito rigorosa na sua presença assídua.
Entretanto, as dores de barriga financeiras não deixam de apertar e a solução é: Olhe, meu caro amigo, vá bater a outra porta porque daqui não leva mais nada! São as finanças, está a ver? Umas palmadinhas nas costas e um sorriso de orelha a orelha acompanham a oração.
Entretanto a crise agrava-se e as finanças não deixam de o considerar um sector económico como os outros e vai daí exige o Carmo e a Trindade por causa do PEC, PIC, POC e PUC.
Também na Europa e seus países há finanças a pensar o mesmo e nesses lugares existe um político que reconhecido na opinião pública nacional como autoridade na matéria diz 'o sector é diferente dos outros sectores' e apresenta estudos e análises científicos publicados a suportarem a sua acção do líder reconhecido nacionalmente.
Onde? Reino Unido e França, por exemplo! Outros países seguem o paradigma porque a roda está inventada e os almoços para os amigos e correlegionários são uma saída fortemente desincentivada.
O aperto ainda nem começou!
Há sectores que não esperam e gritam que nem desmamados, infelizmente há outros a salvo destas problemáticas internacionais e nacionais.
Como diz o ditado uma andorinha não faz a primavera. É preciso mais do que um economista para fazer uma economia eficiente.
O que aconteceu com o economista ou aparentado do início da história é que não havia interesse em mudar nada. Ou de outra forma mudava o acessório, a nomeação do economista, e tudo continuava como continuou com o modelo de trinta anos.
Lá fora como é?
Leis eficazes, sistemas políticos atentos aos fracassos do mercado e aos do Estado, estudos abundantes, uma democracia activa e líderes associativos conhecedores e competitivos, políticos com a coragem de decidir e emendar a mão oportunamente são dos activos mais apreciados além-fronteiras.
As estatísticas europeias comprovam que as medalhas possuem fundamentos prosseguidos ao longo do século XX e as metas do século XXI da União Europeia prosseguem-no.
Poderemos também vir a trabalhar com estes ingredientes e propósitos?
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