quarta-feira, 9 de junho de 2010

A contra-dependência das entidades

(Interdependência é um conceito que rege as relações entre os indivíduos onde, um único indivíduo é capaz de, através de seus actos, causar efeitos positivos e/ou negativos, em toda a sociedade. Ao mesmo tempo, esse mesmo indivíduo, por sua vez, é influenciado pelo todo.

Ao pensar no imenso impacto que pequenos gestos podem causar, chega-se à conclusão de que cada pequeno acto é importante. Essa é a relação de interdependência: a consciência de que o todo depende de um único indivíduo. E cada indivíduo depende do todo para existir. Sendo assim podemos dizer: a interdependência pode ser compreendida em termos da mútua dependência que existe entre as partes e o todo. Sem as partes, não pode haver o todo e, sem o todo, o conceito de parte não tem sentido. A ideia de todo implica partes, mas cada uma dessas partes precisa ser considerada como um todo composto de suas próprias partes.)


O ciclo de dependência nas equipas e organizações apresenta teoricamente 4 fases: Inicia-se com a fase de sermos 'dependentes', passado algum tempo chegamos à fase da 'contra-dependência' e posteriormente, atingimos (?) à independência. A 4.ª fase e última fase e mais desejada, é a interdependência. Fase que muitas organizações não chegam (provocando grandes obstáculos aos seus elementos constituintes) a atingir, quer por factores intrínsecos quer por factores colectivos e extrínsecos.

O que se constata nos organismos, quer estejamos a falar de uma organização constituída por 50 elementos, quer estejamos a falar de um sistema que agrega 50 federações, empresas, organismos, é que a relação das entidades usualmente tem uma duração de estabilidade curta e que estranhamente estabiliza na 2.ª fase e fica por aí, salvo muitíssimas raras excepções.

Observar a forma como as diversas entidades, por exemplo, que compõem um organismo desportivo que congrega várias Federações. Ou uma Federação que congrega várias Associações ou Clubes, é perceber como funcionam as pessoas numa organização, numa primeira instância, a ‘luta’ pela sua identidade, pelo seu espaço, e após tudo isso, um possível alinhamento colectivo, quer com os outros parceiros quer com a entidade principal que concentra as Federações, Associações ou Clubes.

A incapacidade de um IDP ou outra entidade que de alguma forma deveria concentrar esforços, interesses e um alinhamento de uma grande maioria dos seus membros é uma das principais razões para a inexistência de uma estratégia em que os membros se identificam e estejam dispostos a embarcar nos seus desafios e objectivos.

A liderança de pessoas ou entidades, passa para além das fases do ciclo de dependência pelas fases de construção de uma equipa, e aqui, é notório, e diversas vezes assumido no blog, nos comentários, na imprensa, na bibliografia, como um factor a ultrapassar para que de uma vez por todas, se consiga ter uma linha orientadora, com o compromisso de (quase) todos e assumida como um objectivo desafiante, exequível e para embarcar no mesmo.

Iremos mais uma vez aguardar, tentando perceber quando e como é que as ‘umbrellas’ conseguirão alinhar um conjunto de membros, todos eles com os seus interesses, objectivos individuais, bússolas, faróis, valores estratégicos e operacionais, etc. Não é fácil, principalmente num País onde quase todas as pirâmides de prática desportiva, organizações e procedimentos estão subvertidos ou desproporcionados relativamente à realidade dos outros países europeus.

2 comentários:

Luís Leite disse...

Concordo na íntegra.
Mas aquilo que Rui Lança muito bem preconiza como solução organizacional e funcional é algo praticamente impossível, porque os diferentes parceiros (IDP, COP e Federações) não querem abdicar dos seus pequenos poderes, da sua autonomia.
Quanto à CDP, praticamente há muito não existe.

Rui Lança disse...

Caro Luís Leite,

Assino por baixo quanto à questão dos pequenos (aparentemente ou não?) poderes!

Cumprimentos