quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Desenvolvimento do desporto e financiamento das federações

Um texto de José Pinto Correia.
O Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, foi ao “Dia Seguinte” da SIC há poucos dias. Para falar de desporto o “homem do leme” vai a um programa de televisão dedicado ao futebol. E durante mais de uma hora falou longamente sobre o seu desporto de eleição e dedicação, o futebol. Falou e falou de que existem/subsistem os tais problemas de poder de muitos anos na dita Federação Portuguesa de Futebol do Dr. Madaíl, razão para a mesma estar fora da lei e incapaz de dar a volta estatutária que a confirme como entidade de utilidade pública e merecedora das boas graças da FIFA e do Governo.

Mas lá bem quase ao fim de tanta peroração sobre os magníficos meandros, encantos e recantos do nosso futebol, o nosso Secretário de Estado soltou um anúncio luminoso. Qual seja o de que vai agora, ao fim de seis anos de governação, pensar e remediar o desenvolvimento desportivo nacional por via de um novo quadro de financiamento das federações desportivas.

Portanto, para que se resuma o que ali ficou dito pelo nosso governante do desporto:

1. O desenvolvimento do desporto tem a ver sobremaneira com o financiamento das federações sob um quadro de orientação novo a emergir proximamente;
2. O financiamento das federações feito até à data presente foi feito sem esse enquadramento estratégico;
3. O desenvolvimento desportivo em Portugal é sinónimo e medido através dos apoios financeiros às federações;
4. O Conselho Nacional do Desporto, entidade indispensável e valiosa, vai debruçar-se agora sobre esse desenvolvimento desportivo que o Governo lhe enviará.

Para nós nada disto é novidade. Numa Secretaria de Estado que durante seis anos foi incapaz de produzir um documento estratégico sobre o desporto; que se dedicou a legislar e a gerir os meandros do poder do sistema dirigente das federações; que aproveitou o QREN para realizar obras e obras para ficarem como apanágio de uma governação; mas que sobretudo foi incapaz de pensar o desporto para além do seu subsistema competitivo e de lhe dar um envolvimento interdepartamental que reunisse a educação, as autarquias e os movimentos locais de promoção das praticas desportivas.

Uma Secretaria de Estado do Desporto que agora, mais uma vez com este anúncio opíparo, limita o desenvolvimento desportivo nacional ao movimento federado e ao fim de seis anos, sem que tenha produzido qualquer enquadramento e visão global do desporto para o país, vai tentar arquitectar um qualquer algoritmo financeiro para repartir os parcos recursos disponíveis pelas federações, pensando que desta forma simplista e limitada pode originar um qualquer nível indefinido de desenvolvimento desportivo em Portugal.

Quem pode continuar a acreditar nesta fraude, que limita o desporto e o seu desenvolvimento ao que se passa nas federações desportivas? Quando chega aqui o conhecimento e os modelos de desenvolvimento desportivo que estão em vigor nos países do Norte da Europa ou no Reino Unido? Se ainda hoje são desconhecidos na Secretaria de Estado, então que esta os estude com a necessária profundidade e empenho para que possamos ter modelos de desenvolvimento desportivo comparáveis com os desses países europeus!

1 comentário:

Luís Leite disse...

Eu já andava a estranhar que o Legislador de Algés (LA) andasse tão sossegado...
Estou certo que esse magnífico órgão consultivo que dá pelas iniciais CSD vai analisar com todo o cuidado os projectos do LA e do LD.
Bastar olhar para a composição do referido órgão para podermos dormir descansados à sombra de tanta competência.
A propósito, julgo que deviam meter lá mais uma dúzia de comentadores desportivos do dia seguinte, daqueles que percebem à brava de "bola", porque aqueles que lá estão ainda são poucos.
Obrigadinho.