A Escola Superior de Desporto de Rio Maior assinalou no passado dia 7 de Dezembro o 13º aniversário. E aproveitou a cerimónia evocativa para atribuir o prémio de investigação sobre gestão desportiva designado Prémio Albino Maria. Uma iniciativa a que se juntaram as Câmaras Municipais de Santarém e Rio Maior e a família. O júri distinguiu o trabalho apresentado por Carlos Januário que estuda as linhas orientadoras das políticas desportivas dos municípios da área metropolitana do Porto.
Homenageou-se alguém que a vida prematuramente levou e que marcou de modo indelével aqueles que com ele tiveram oportunidade de privar ao longo de uma vida profissional dedicada ao desporto e à causa pública.
O Albino Maria foi um exemplo pouco vulgar nos tempos que correm. Um homem simples mas de elevada probidade intelectual, de honestidade profissional e de integridade moral. Apesar de nascidos na mesma terra e termos idênticos percursos académicos a diferença de idades fez com que só o conhecesse por motivos profissionais. E apesar de nos tratarmos por tu, ele fazia questão de se me dirigir de um modo excessivamente formal sempre que estávamos fora do circulo de amigos. Julgo que o fazia por um questão de formação e de respeito. Acompanhei à distância a sua vida como atleta, como dirigente desportivo e como autarca. Soube da importância que teve para Silvino Sequeira no trabalho de infra-estruturação desportiva de Rio Maior e na Associação Nacional de Municípios. Mas foi quando tive oportunidade de com ele trabalhar directamente que avaliei a sua dimensão humana e o sentido de missão de serviço pública que praticava. A forma, por vezes febril, como se envolvia nos projectos e como procurava ultrapassar as dificuldades fazia dele um resistente. E um trabalhador incansável. Discreto, mas eficaz. O modo como se entregou à gestão e direcção do Complexo Desportivo do Jamor, o legado que recebeu, as condições em que teve de trabalhar e a insuficiência de recursos que com que foi confrontado nunca o esmoreceram. Testemunhei-o em muitos momentos e lamentei, mais tarde, as condições em que o levaram a renunciar ao seu labor e a regressar à actividade em Rio Maior. A cidade ficou a ganhar. Receio bem que administração pública desportiva não possa dizer o mesmo. Gente como o Albino Maria que servia sem se servir; que dava sem nada esperar para além do reconhecimento do trabalho realizado; que vivia com enorme intensidade, profissionalismo e dedicação as suas obrigações públicas não são muitos comuns. E o que é um bem escasso deve ser aproveitado. Infelizmente as curvas da vida nem sempre permitem reconhecer e valorizar em vida o mérito de quem dele é merecedor.
Mesmo perante a doença galopante não deitou a toalha ao chão. Ia sabendo notícias através do Alfredo Silva. Imaginava-o débil. Mas foi um Albino Maria confiante que reencontrei num almoço em Santarém e que juntou vários amigos dos tempos do IDP. Soube tempos depois que a doença lhe não dava tranquilidade. E que fazia constantes deslocações à Alemanha. E sempre temi um reencontro. Sobretudo a partir do momento em que os nossos percursos já não eram só profissionais. Avaliava o drama dele através da minha própria situação de vida. Mas reencontrei-o. Em Tavira apoiado na sua companheira e mãe dos seus filhos.Com o mesmo entusiasmo de sempre. Embora o corpo, ele que sempre foi um homem bonito e elegante, já desse sinal de fraqueza. Mas não desistia. Mais tarde em Ansião, onde então o corpo da doença já não era apenas a doença escondida algures numa parte do corpo, lá estava ele, de canadianas, com um braço quebrado, amparado, pelo Manuel Mendes, única forma de se poder deslocar. E aí chorámos os dois. Mas a esperança ainda o não tinha abandonado. Tinha medo. Mas uma vez mais resistia. E contava-me que se iria deslocar novamente à Alemanha para fazer análises. Ele fez a sua comunicação. Eu não consegui assistir. Meti-me no carro e regressei a casa. Nesse dia a imagem que dele retive nunca mais me abandonou. E as suas palavras não mais as vou esquecer.
Um grande profissional mas acima de tudo um bom homem. De quem tenho imensa saudade. Da sua fraternidade. Da sua amizade. Do seu companheirismo. Da sua simplicidade. E de quem sou devedor de inúmeras manifestações de estima. E de apoio. Se amigos são aqueles que ficam quando todos os outros se vão embora o Albino Maria foi um dos que sempre ficou.
Um morto amado nunca acaba por morrer, escreveu um dia Mia Couto. E é bem certo. Sobretudo enquanto houver alguém vivo que se lembre. A sua memória e o seu exemplo continuarão entre nós. Até um dia, Albino!
Homenageou-se alguém que a vida prematuramente levou e que marcou de modo indelével aqueles que com ele tiveram oportunidade de privar ao longo de uma vida profissional dedicada ao desporto e à causa pública.
O Albino Maria foi um exemplo pouco vulgar nos tempos que correm. Um homem simples mas de elevada probidade intelectual, de honestidade profissional e de integridade moral. Apesar de nascidos na mesma terra e termos idênticos percursos académicos a diferença de idades fez com que só o conhecesse por motivos profissionais. E apesar de nos tratarmos por tu, ele fazia questão de se me dirigir de um modo excessivamente formal sempre que estávamos fora do circulo de amigos. Julgo que o fazia por um questão de formação e de respeito. Acompanhei à distância a sua vida como atleta, como dirigente desportivo e como autarca. Soube da importância que teve para Silvino Sequeira no trabalho de infra-estruturação desportiva de Rio Maior e na Associação Nacional de Municípios. Mas foi quando tive oportunidade de com ele trabalhar directamente que avaliei a sua dimensão humana e o sentido de missão de serviço pública que praticava. A forma, por vezes febril, como se envolvia nos projectos e como procurava ultrapassar as dificuldades fazia dele um resistente. E um trabalhador incansável. Discreto, mas eficaz. O modo como se entregou à gestão e direcção do Complexo Desportivo do Jamor, o legado que recebeu, as condições em que teve de trabalhar e a insuficiência de recursos que com que foi confrontado nunca o esmoreceram. Testemunhei-o em muitos momentos e lamentei, mais tarde, as condições em que o levaram a renunciar ao seu labor e a regressar à actividade em Rio Maior. A cidade ficou a ganhar. Receio bem que administração pública desportiva não possa dizer o mesmo. Gente como o Albino Maria que servia sem se servir; que dava sem nada esperar para além do reconhecimento do trabalho realizado; que vivia com enorme intensidade, profissionalismo e dedicação as suas obrigações públicas não são muitos comuns. E o que é um bem escasso deve ser aproveitado. Infelizmente as curvas da vida nem sempre permitem reconhecer e valorizar em vida o mérito de quem dele é merecedor.
Mesmo perante a doença galopante não deitou a toalha ao chão. Ia sabendo notícias através do Alfredo Silva. Imaginava-o débil. Mas foi um Albino Maria confiante que reencontrei num almoço em Santarém e que juntou vários amigos dos tempos do IDP. Soube tempos depois que a doença lhe não dava tranquilidade. E que fazia constantes deslocações à Alemanha. E sempre temi um reencontro. Sobretudo a partir do momento em que os nossos percursos já não eram só profissionais. Avaliava o drama dele através da minha própria situação de vida. Mas reencontrei-o. Em Tavira apoiado na sua companheira e mãe dos seus filhos.Com o mesmo entusiasmo de sempre. Embora o corpo, ele que sempre foi um homem bonito e elegante, já desse sinal de fraqueza. Mas não desistia. Mais tarde em Ansião, onde então o corpo da doença já não era apenas a doença escondida algures numa parte do corpo, lá estava ele, de canadianas, com um braço quebrado, amparado, pelo Manuel Mendes, única forma de se poder deslocar. E aí chorámos os dois. Mas a esperança ainda o não tinha abandonado. Tinha medo. Mas uma vez mais resistia. E contava-me que se iria deslocar novamente à Alemanha para fazer análises. Ele fez a sua comunicação. Eu não consegui assistir. Meti-me no carro e regressei a casa. Nesse dia a imagem que dele retive nunca mais me abandonou. E as suas palavras não mais as vou esquecer.
Um grande profissional mas acima de tudo um bom homem. De quem tenho imensa saudade. Da sua fraternidade. Da sua amizade. Do seu companheirismo. Da sua simplicidade. E de quem sou devedor de inúmeras manifestações de estima. E de apoio. Se amigos são aqueles que ficam quando todos os outros se vão embora o Albino Maria foi um dos que sempre ficou.
Um morto amado nunca acaba por morrer, escreveu um dia Mia Couto. E é bem certo. Sobretudo enquanto houver alguém vivo que se lembre. A sua memória e o seu exemplo continuarão entre nós. Até um dia, Albino!
5 comentários:
Obrigado pela bela peça que conta quem foi Albino Maria e por partilhar os traços fortes da Vossa amizade.
Gostaria de me associar a esta homengaem do Zé Manel a um grande amigo amigo e companheiro de trabalho..... São poucas as palavras que podem definir quem era Albino Maria.... Para mim um grande amigo e colega e um GRANDE SENHOR DO DESPORTO PORTUGUÊS.... Fui um previligiado por com ele ter partilhado muitas horas de trabalho e de reflexão.
Francisco Baptista
Obrigado ao Fernando e ao Francisco.O Albino Maria bem o merece.
Abraço.
Agradeço ao José Manuel Constantino (meu brilhante companheiro do curso de professores de Educação Física do INEF), a homenagem escrita justa e sentida que fez ao Albino Maria. Também eu tive o privilégio de privar com ele e seus familiares, em determinada altura da vida e subscrevo por inteiro o seu texto. Como o Zé lembra, referindo-se a Mia Couto, “alguém que é amado nunca acaba por morrer”. Cabe-nos, a todos nós que o amámos, o dever de mantermos viva essa recordação, porque o Albino Maria merece-o por inteiro.
José Andrade
Meu caro José Andrade que é feito de ti?
Obrigado por aqui vires testemunhar por um amigo comum.
Um abraço.
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