Caminhamos num sentido em que a política quase que se transformou num exclusivo acto de comunicação. O que é importante não é tanto a substância das decisões, mas o modo como se comunica. E o que passa na televisão. E, por vezes, esta obsessão pela comunicação leva ao limite de tudo se resumir ao modo como se comunica. E a responsabilizar a forma como se comunica pelo facto desta ou daquela decisão política ter sido mal recebida. A decisão era boa, não se soube, foi, explicá-la convenientemente.
As entidades públicas e políticas têm obviamente necessidade de comunicar. Explicar o que fazem e porque o fazem. E os cidadãos o direito a ser informados. E para isso são necessários especialistas nesses domínios. Mas passou-se dos oito para os oitenta. E inundou-se o aparelho de Estado, não com profissionais de comunicação, mas com profissionais que fazem politica através da comunicação. E que todos pagamos. É o caso dessa imensidão de assessores e agências de comunicação que enxameiam o aparelho de estado, as autarquias e as empresas. O seu portfólio é os conhecimentos que têm do meio. Não informam, deformam. Não comunicam, publicitam. E sempre reportando ao decisor político. É para isso que são remunerados. E com dinheiros públicos. E embora o actual governo tenha dado indicações de que iria alterar práticas anteriores, a situação, no essencial, mantém-se. Convenhamos que se alguns governantes são neófitos nestas andanças, outros há que chegaram onde chegaram precisamente pelo uso que fazem da comunicação social. E o que se aprendeu, e foi útil, é difícil de abandonar.
Os assessores de comunicação, muitos deles oriundos do jornalismo, transformaram-se em meio-políticos. E os políticos em meio-jornalistas. Há o(a)s que acumulam. E há o(a)s que se movimentam em ambos os campos. Saem do jornalismo para ir fazer politica através do jornalismo. Saem da política para ir fazer jornalismo através da política. Que não será sempre assim não é difícil de sustentar. Porque há e sempre houve jornalistas. Que foram só jornalistas. E não comissários políticos. Mas é irrefutável que, em elevado número de casos, houve violações a esta regra. Os suficientes para que o assunto mereça reflexão.
É mera rotina governamental a constituição de grupos de trabalho para estudar este ou aquele tema. É natural que o governo encomende a um especialista ou a uma entidade credenciada um parecer ou estudo. O que é relevante é o resultado desse trabalho e, dele, o que, quem governa, pretende fazer. O grupo, o especialista é meramente instrumental. Para o país o importante é o que emerge da decisão perante o trabalho encomendado. E, por isso, muitos destes trabalhos não são objecto de notícia ou deles se sabe quando, por imposição legal, são objecto de publicação no Diário da República.
É óbvio que esta prática de divulgar a constituição de um qualquer grupo de trabalho não é inocente. Divulgar muitas notícias sobre factos banais, cria a ilusão de que se está a fazer coisas. Que a governação está a mexer. Que há muita iniciativa. É um frenesim que como se diz na gíria do meio sai bem nos média. E, com ele, a expectativa do que aí vem. Seria mais difícil obter o mesmo resultado apenas com decisões políticas definitivas sobre este ou aquele dossier. Até porque anunciar um grupo de trabalho é matéria relativamente pacífica. E não precisa de tempo. Coisa que não é garantida, quando o governo tiver que decidir sobre os estudos que encomendou. E, por isso, o importante não é tanto comunicar o que se decidiu, mas o que se vai fazer para mais tarde se vir eventualmente a decidir.
A constituição de três grupos de trabalho para estudar aspectos relativos ao futebol é uma decisão banal. Se o governo entende que no âmbito da administração pública desportiva ou em instâncias dependentes do membro do governo que superintende a pasta do desporto, não existem competências e conhecimentos suficientes para estudar o assunto faz muito bem em encomendá-lo. E convidar quem entende que dispõe dessas capacidades. E o resultado valerá pelas conclusões a que cheguem, independentemente do mérito ou demérito dos seus protagonistas. O seu sucesso não é a soma dos respectivos currículos. São as conclusões que apresentarem. E o que o governo, delas vier a fazer.
As entidades públicas e políticas têm obviamente necessidade de comunicar. Explicar o que fazem e porque o fazem. E os cidadãos o direito a ser informados. E para isso são necessários especialistas nesses domínios. Mas passou-se dos oito para os oitenta. E inundou-se o aparelho de Estado, não com profissionais de comunicação, mas com profissionais que fazem politica através da comunicação. E que todos pagamos. É o caso dessa imensidão de assessores e agências de comunicação que enxameiam o aparelho de estado, as autarquias e as empresas. O seu portfólio é os conhecimentos que têm do meio. Não informam, deformam. Não comunicam, publicitam. E sempre reportando ao decisor político. É para isso que são remunerados. E com dinheiros públicos. E embora o actual governo tenha dado indicações de que iria alterar práticas anteriores, a situação, no essencial, mantém-se. Convenhamos que se alguns governantes são neófitos nestas andanças, outros há que chegaram onde chegaram precisamente pelo uso que fazem da comunicação social. E o que se aprendeu, e foi útil, é difícil de abandonar.
Os assessores de comunicação, muitos deles oriundos do jornalismo, transformaram-se em meio-políticos. E os políticos em meio-jornalistas. Há o(a)s que acumulam. E há o(a)s que se movimentam em ambos os campos. Saem do jornalismo para ir fazer politica através do jornalismo. Saem da política para ir fazer jornalismo através da política. Que não será sempre assim não é difícil de sustentar. Porque há e sempre houve jornalistas. Que foram só jornalistas. E não comissários políticos. Mas é irrefutável que, em elevado número de casos, houve violações a esta regra. Os suficientes para que o assunto mereça reflexão.
É mera rotina governamental a constituição de grupos de trabalho para estudar este ou aquele tema. É natural que o governo encomende a um especialista ou a uma entidade credenciada um parecer ou estudo. O que é relevante é o resultado desse trabalho e, dele, o que, quem governa, pretende fazer. O grupo, o especialista é meramente instrumental. Para o país o importante é o que emerge da decisão perante o trabalho encomendado. E, por isso, muitos destes trabalhos não são objecto de notícia ou deles se sabe quando, por imposição legal, são objecto de publicação no Diário da República.
É óbvio que esta prática de divulgar a constituição de um qualquer grupo de trabalho não é inocente. Divulgar muitas notícias sobre factos banais, cria a ilusão de que se está a fazer coisas. Que a governação está a mexer. Que há muita iniciativa. É um frenesim que como se diz na gíria do meio sai bem nos média. E, com ele, a expectativa do que aí vem. Seria mais difícil obter o mesmo resultado apenas com decisões políticas definitivas sobre este ou aquele dossier. Até porque anunciar um grupo de trabalho é matéria relativamente pacífica. E não precisa de tempo. Coisa que não é garantida, quando o governo tiver que decidir sobre os estudos que encomendou. E, por isso, o importante não é tanto comunicar o que se decidiu, mas o que se vai fazer para mais tarde se vir eventualmente a decidir.
A constituição de três grupos de trabalho para estudar aspectos relativos ao futebol é uma decisão banal. Se o governo entende que no âmbito da administração pública desportiva ou em instâncias dependentes do membro do governo que superintende a pasta do desporto, não existem competências e conhecimentos suficientes para estudar o assunto faz muito bem em encomendá-lo. E convidar quem entende que dispõe dessas capacidades. E o resultado valerá pelas conclusões a que cheguem, independentemente do mérito ou demérito dos seus protagonistas. O seu sucesso não é a soma dos respectivos currículos. São as conclusões que apresentarem. E o que o governo, delas vier a fazer.
5 comentários:
Na política actual o acto de comunicação não é mais do que manipulação da opinião pública.
Escondendo a realidade.
Porque esta é tremenda.
Assim, aquilo que é "comunicado", é aquilo que interessa que se saiba, num determinado momento. Quase sempre meias-verdades, que aparecem para esconder outras, sobre as quais não interessa, nesse momento, que alguém investigue ou aprofunde.
Na situação actual, com o dramatismo catastrófico inerente, a manipulação da informação funciona de modo a atrasar o mais possível o conhecimento dos factos pela opinião pública, distraindo a atenção das pessoas.
O estado económico e financeiro do país é muitíssimo mais grave do que aquilo que nos é apresentado.
O que verdadeiramente se teme, como se viu este fim-de-semana, é a revolta popular e as convulsões violentas de rua.
Que inevitavelmente vão acabar por acontecer, quando a população finalmente perceber a verdadeira dimensão dos problemas e que os brutais sacrifícios que começam agora a ser exigidos, não vão adiantar nada, servem apenas para aparentar que estamos a mudar de vida e de hábitos, para "troika" ver.
E poder continuar a receber dinheiro, mais algum tempo.
Mas, no fundo, são gotas de água a serem retiradas de um imenso mar de défice crescente e de dívidas impagáveis.
Ainda por cima, provocando uma devastadora recessão económica e mais desemprego.
Apenas adiar, um pouco mais, o inevitável.
O que é curioso é que o esconde-esconde não se cinge aos órgãos de poder.
O medo passou também para os analistas económicos e os "opinion-makers", mesmo os supostamente independentes, que conhecendo bem as contas do país, se revelam aliados do poder e omitem e mentem, tal o pavor das desordens de rua.
No fundo, é compreensível, quando se sabe não existirem soluções e se espera apenas um milagre, vindo algures do exterior.
Neste contexto, os grupos de trabalho servem apenas para sacudir a água do capote, envolvendo outras pessoas, de fora do sistema, com o objectivo de diluir a responsabilidade política governamental.
A comunicação social por vezes revela profissionais mal preparados. Um exemplo: escrever que uma atleta foi considerada inocente num alegado caso de doping, quando o Tribunal não absolveu ninguém..., apenas arquivou o caso devido a um erro processual, não é a melhor maneira de informar....
Noticiar "golpe de karate ou grande golo" para vermos no futebol pura e simplesmente um remate em suspensãotambém não será a melhor maneira de informar...
Só é pena que se tenham formado três grupos de trabalho para estudar problemas relativos ao futebol...
As outras modalidades não precisam ser estudadas porque nelas não há problemas!
O RJFD também não precisa ser estudado!
No final, para além dos resultados destes grupos, interessa também quanto se gastou com os mesmos.
Abraço cordial
Armando Inocentes
Só faltou falar das facturas.
O relatório da auditoria quando sai?
No final, se for preciso fazer realmente alguma coisa, sempre se poderá lançar uma petição à Assembleia da República....
A elevação da aparência em relação ao conteúdo não é um exlusivo da política, infelizmente, motivo pelo qual é tão bem sucedido relativamente às massas.
Esta era da comunicação nasceu, nos tempos modernos, com a televisão e, mais especificamente, com um debate televisivo havido entre Nixos e Kenedy; neste debate, quem o ouviu pela rádio entendeu como vencedor Nixon mas quem o viu deu a vitória a Kenedy.
Relativamente a este assunto, gostaria de dizer duas coisas:
1) é comum ouvirmos que quem erra deve assumi-lo e não tentar atirar-nos areia para os olhos, contudo, quando o PM disse, recentemente, que anteriormente tinha falado mais do que o que devia as mesmas pessoas disseram que isso é uma vergonha. Quando expostos a isto a coragem individual de assumir sai, obviamente, prejudicada;
2) precisamos todos do nosso Daily Show, uma descontrução de imagem em favorecimento do conteúdo. Infelizmente, quando os Gato Fedorento tentaram plagiar este ilustríssimo programa também não conseguiram fugir da forma. Passavam mais tempo em rábulas das concordâncias verbais erradas da líder do PSD à data.
Gostava que as coisas fossem diferentes mas não estou convicto de uma qualquer mudança a médio prazo.
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