Um texto de Luís Leite que se agradece.
A pouco mais de 15 dias do início dos Jogos Olímpicos, já é possível fazer algumas previsões tão realistas quanto possível, dada a eventualidade, sempre provável, de surpresas positivas e negativas.
Este exercício tem sobretudo por objetivo apresentar às pessoas que se interessam verdadeiramente por Desporto algo que ninguém tem coragem de fazer utilizando processos de análise racionais, baseados fundamentalmente nos rankings mundiais em cada modalidade e nas classificações obtidas internacionalmente nos últimos doze meses, dando maior importância àquelas obtidas nos últimos 4 meses.
É fundamental começar por chamar a atenção para que o simples facto de um desportista conseguir estar presente nos Jogos Olímpicos por ter cumprido os respetivos mínimos, é merecedor de grande respeito e consideração desportiva e pessoal. Aqui não há favores. Há mérito e há anos de luta, abnegação, muito trabalho e persistência com o objetivo de conseguir estar lá, entre os melhores dos melhores. Não só dos desportistas, mas também dos seus treinadores e de equipas de apoio diversificado mas fundamental, sem as quais nada seria possível. E que merecem não ser menosprezadas, antes dignificadas e valorizadas.
A História do Olimpismo português, numa avaliação apenas global, não é brilhante nem sequer razoável. É fraca, ou mesmo muito fraca.
É um problema cultural e complexo.
Em 22 participações, Portugal conseguiu unicamente 22 medalhas, o que dá a média de uma medalha por edição de Jogos de Verão.
Se tomarmos em consideração apenas os países europeus com população idêntica à nossa ou até metade da nossa, somos o último, ou seja, o mais fraco, em todos os indicadores de resultados olímpicos, a distância considerável dos que nos antecedem, com exceção da Irlanda, um país com menos de metade da nossa população, que tem uma média de 1,2 medalhas por edição.
A análise cuidada de uma grande quantidade de dados estatísticos relativos aos países europeus com uma população entre os 8 e os 12 milhões de habitantes, o número médio de medalhas por participação varia entre as 3,4 da Áustria e as 19,1 da Hungria, passando pelas 19 da Suécia, 16 da Bielorrússia, 8,3 da República Checa, 5,8 da Bélgica e 4,2 da Grécia.
Em relação aos resultados obtidos em Pequim só a Bélgica conseguiu como nós apenas 2 medalhas, a Áustria 3, e a Grécia e a Finlândia ambas 4, todos abaixo ou muito abaixo da respetiva média por edição.
O intervalo de medalhas conquistadas por Portugal nas suas participações varia entre ZERO e TRÊS medalhas, sendo que as 3 medalhas apenas foram conseguidas em Los Angeles 1984 e Atenas 2004.
Olhando para os resultados de Pequim 2008, evento no qual participei com responsabilidades, Portugal conseguiu 2 medalhas (uma de ouro e uma de prata), 7 diplomas de finalista (classificações até ao 8º lugar) e 15 classificações até ao 16º lugar (semi-finalista), num total de 79 participações.
Para Londres 2012, as aspirações nacionais a medalhas ou classificações honrosas são, como habitualmente, muito modestas, tendo como padrão comparativo os países europeus com população semelhante.
Assim, são de esperar, na minha opinião, 0 a 1 medalha, 4 a 6 diplomas de finalista e mais 10 a 14 classificações até ao 16º lugar.
Tudo quanto seja acima disto será para mim surpreendente, tendo em atenção a realidade atual.
Devemos pois honrar e valorizar especialmente todos os olímpicos portugueses que consigam medalhas ou diplomas de finalista, já que tais conquistas são extremamente difíceis para desportistas portugueses.
3 comentários:
Caro Luís Leite:
Bom estudo! Mas não serão 38 medalhas?
Um abraço!
Portugal conquistou, até agora, 22 medalhas olímpicas em 22 participações. 4 de ouro, 7 de prata e onze de bronze.
Se as previsões se concretizarem...já é muito bom !!!
Este governo e este IPDJ só até março deram dinheiro para a preparação de AR e por 'culpa' de contratos assinados em 2011.
Existem federações e associações com processos judiciais de fornecedores, senhorios, etc e ANDA TUDO CALADO!!!
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