quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Novas oportunidades

Já muito se escreveu da crise. Dos tempos difíceis da nossa sociedade e das consequências a vários níveis.
 
Uma delas, que deve ser transversal a quem lê, porque lecciona, porque é estudante ou porque acaba por sofrer alguns ou muitos efeitos colaterais, é a gritante ausência de oportunidades para quem quer iniciar ou explorar o mercado desportivo em termos de produtos ou serviços. Claro que isto não é exclusivo do desporto, mas ultimamente é do conhecimento que diversos colegas e ex-alunos que querem dinamizar actividades, eventos, perceber que produtos ou serviços criarão interesse e consumo encerram os seus passos na falta de oportunidades e capacidade financeira para adquirir ou participar em acções desportivas.
 
 
Nesta discussão entrarão diversas temáticas: a continuidade de formações e licenciaturas em desporto que não têm saída; se o mercado e contexto ainda tem capacidade para absorver quem sai formado; se as licenciaturas, mestrados ou formações não apresentam os conteúdos necessários e prementes; ou se o desporto com a crise social e financeira voltará às ruas e as pessoas irão consumir o exercício físico apenas na rua, a correr, andar de bicicleta ou a caminhar.
 
 
E ao nível dos que dinamizam, oferecem ou criam momentos de espectáculo, oferta de serviços desportivos ou actividades, como irão os clubes (grandes, médios e pequenos) sobreviver à ausência de patrocinadores e espectadores. E como irão resolver os ginásios a falta de clientes num mercado que já é gerido por pequenas margens de lucro e com a presença de 5 ou 6 ginásios em pequenas áreas de metros ou kms’.
 
 
Dentro deste campo há algumas luzes ao fundo do túnel. Entre elas a crescente procura dos trail's runnings ou corridas na natureza. Com provas de pequenas distâncias até à centena de km's. Fruto disso, a RTP na passada semana passou em horário nobre uma reportagem da procura da sociedade por esse tipo de corridas e exercício físico e alguns dos portugueses que recentemente começaram a conseguir alguns resultados interna e externamente. Fica aqui a reportagem que aconselho. 
 

16 comentários:

Luís Leite disse...

Após a aprovação na generalidade do Orçamento de Estado para 2012, numa conjuntura de afundamento da nação numa crise de empobrecimento global inédita na nossa História que certamente se irá prolongar por muitos anos, não vejo como se possa pensar em "novas oportunidades".
A partir de agora aquilo com que cada um de nós tem que se preocupar é em como sobreviver.
Até admito que alguns possam exorcizar os seus problemas procurando atividades de exercício físico de contacto com a Natureza.
Mas certamente esta não é uma área que constitua solução alternativa para o mercado do desporto ou da atividade física.
Na área do Desporto prevê-se um retrocesso na quantidade e sobretudo da qualidade dos praticantes que nos transportará 50 anos para trás, para os níveis dos anos 60 do século passado.

Anónimo disse...

Organizações que já não servem para a Competição Desportiva que as Pessoas querem praticar. Normas que obrigam a um tipo de Competição Desportiva que os cidadãos cada vez mais rejeitam. Infraestruturas vazias, enquanto os Desportistas estão a fazer Competição Desportiva noutros locais. Professores preparados apenas para um tipo de Competição Desportiva. Apoios do Estado a quem já não representa a maioria da Procura Desportiva da Colectividade.
Enfim, a tal mudança de contexto que desde os «anos 90» se vinha a consolidar no Desporto, e que aqui tantas vezes referimos. Mudança social, económica, e demográfica. Mas também mudança cultural: isto é, mudança na adesão a outro tipo de competição desportiva por parte dos cidadãos/ãs. Só não via quem não lhe interessava.

Quando em 2004 preparávamos o texto para o Programa do Governo que se iniciou em 2005, que viria a ser apresentado no Congresso do Desporto de 2005, e que foi adotado na atual Lei de Bases (antes de ser dado aos juristas para formatar) equacionámos este diagnóstico que Rui Lança aqui muito bem refere.
Nessa altura, tanto no dito Congresso como quando da discussão da dita Lei de Bases, fomos atacados violentamente por termos relacionado a Atividade Física com o Desporto. Tenho guardados os textos da maior parte desses ataques violentos e dos respetivos autores.
É curioso agora verificar que muitos desses que nos atacaram por estabelecermos essa relação entre Atividade Física com o Desporto agora a venham defender. Mas alguns fazem-no como se não tivessem sido eles os que a criticaram no passado recente.
Está lá preto no branco. Basta ir ao «preâmbulo da Lei», às «conclusões do Congresso», aos «escritos da então SEDJ». Ou então, de forma mais sistemática, no «programa/projeto do Museu», no qual essa relação está escarrapachada na via pública em letras grandes, e ainda por cima a cores. Nessas letras grandes diz-se que uma correta Política de Desporto tem que forçosamente relacionar não apenas esses dois fatores, mas os seguintes quatro: Corpo – Atividade Física – Jogo – Desporto. Foi isso que foi proposto em 2005, e que foi violentamente atacado por argumentos como os que aqui ainda vemos. Foi esse caminho que a partir de 2008 infelizmente foi alterado.
Enfim o estertor de uma ruína anunciada. Que o Modelo que propusemos na Folha A4 resolveria, se houvesse coragem para mudar de rumo antes de cairmos coletivamente na falência da Política de Desporto em Portugal.

Talvez

Luís Leite disse...

Obviamente por lapso escrevi 2012 quando pretendia escrever 2013.

Luís Leite disse...

Fiquei agora a saber que "Corpo", "Atividade Física", "Jogo" e "Desporto" são "fatores que uma correta política de Desporto tem que relacionar."

É o mesmo que dizer que Alunos, Professores, Pais e Educação são fatores que uma política de Educação tem que relacionar.

Há quem não perceba que quem foge do Desporto de competição a sério é porque não quer fazer Desporto a sério.
Desporto a brincar, o desporto informal, sempre existiu.

O facto de existirem novos desportos "ditos" radicais", não significa que não exista, como nos desportos clássicos, uma grande diferença entre os muito bons, os bons, os razoáveis e os outros.
Aliás, essas modalidades, já têm Federações Nacionais e Federações Internacionais.

A ignorância é demasiada...

Anónimo disse...

Com a autoridade que se reconhece Talvez parece o Dr. Laurentino Dias a falar ou será algum axponso que tanto interiorizou o chefe que fala em nome próprio "eu fiz..." "eu aconteci...".

Anónimo disse...

O problema é que o Rendimento não é Competição. É aliás, sobretudo na atualidade, um dos seus piores venenos. O Rendimento não é o que carateriza a Competição Desportiva. Razão pela qual, nos longínquos JOAntigos, no momento em que se iniciou o que Modernamente se designou por Sport, os «estádios» tinham dimensões diferentes. O que prova que o rendimento não foi a condição essencial do Desporto. E mostra que a Competição Desportiva ao prescindir do Rendimento continua a ser Desporto.

Sei que é difícil de entender para quem está convencido, e foi formatado com a ideia, de que Rendimento é sinónimo de Competição. Mas é para isso que serve o debate e a troca.

Talvez

Anónimo disse...

Ex.mo Sr. Talvez seja lá o Sr. quem fôr:
O Congresso do Desporto foi uma das maiores pantominas a que o desporto nacional já assistiu.
Se o Sr. a ele esteve ligado devia ter vergonha.
Disse.

Luís Leite disse...

Este Talvez continua a sua viagem interplanetária surrealista.
Será que nunca fez Desporto?
Nunca teve talento para nada?
Como é possível ignorar a este ponto a essência do Desporto e a História do Desporto?
Pelos vistos, terá sido no passado recente um dos mentores e defensores do nivelamento por baixo, tão querido aos socialistas igualitários que destruíram o Ensino em Portugal.

Anónimo disse...

Uma das histórias que mais me faz sorrir ao recordar esse tempo longínquo, e que partilho várias vezes com desbragado prazer com um dos colegas-de-equipa desse tempo, ajudam compreender o modo como alguns vêm o mundo, e gastam toda a sua Vida nisso.

Um dia o Dito Mencionado foi convidado por uma organização desportiva meia-secreta, dessas em que se é membro apenas por cooptação, e que reúne a fina-flor do meio desportivo. E pediu-nos para o acompanharmos. Estávamos no início da legislatura, e era a primeira vez que muitos dos que anteriormente trabalhavam comigo em proximidade me viam nessa situação-de-poder. Quem anda nestas coisas sabe que é nessas cerimónias que os olhitos da assistência se arregalam todos para ver «quem manda em quem», «quem tem mais importância», etc.. São as costumadas ânsias pequenas, que os protagonistas não conseguem reprimir.
Por saber que seria assim que ia acontecer, apostei uma bebida com esse meu colega-de-equipa que com um pequeno truque conseguia convencer a assistência do estatuto incógnito que pretendia ter para não mais me incomodarem até ao fim do mandato.
E assim foi feito. E o resultado não podia ter sido melhor. E ainda dá para nos rirmos hoje, e saborearmos a ânsia de tantos querem vir para o poleiro só por virem.

Isto para dizer que a Vida só é uma Hierarquia para quem a gastou toda a deixar-se subordinar. E quanto mais o trabalho é complexo e necessita de competência menos pessoas dessas servem. O Prof. João Boaventura trouxe num dos post anteriores uma citação de A. Camus, quando a «Inquilina Jardim da Amoreira» apelidou o Desporto de «coisa primitiva praticada pelo género masculino». Ora acerca desse tipo de ânsia que um Anónimo aqui manifesta o mesmo autor tem outra citação engraçada, que a Lynne Tillman traduziu para o inglês em 2000 do seguinte modo: “I realised that modesty helped me to shine, humility to conquer, and virtue to oppress”.
É para a tristeza deste desenlace que alguns esperam nunca ter que dar em peditório as outras duas etapas.

Talvez

Anónimo disse...

A lacuna que é necessário perceber no diagnóstico das Políticas Públicas de Desporto, e que já aqui referi várias vezes, é esta preponderância exagerada dada ao «Rendimento» sobre a «Competição». É necessário reequilibrar o apoio dado à «Competição» em relação ao dado ao «Rendimento». Concretamente, uma aposta no restabelecimento dos quadros competitivos a nível nacional, que incluam desde a primeira à última idade, em detrimento das costumeiras apostas no alto-rendimento, nas infraestruturas, ou na profusão legislativa. Nada impede que as Federações o façam, se quiserem continuar a existir enquanto «serviços de utilidade pública».

O Desporto (Competição Desportiva) é o contrário de quem insiste que é uma coisa exata e fixa possível de normalizar federativamente para todos e qualquer um através do «Rendimento». Esse é o sonho utópico dos Normalizadores, sobretudo por causa das vantagens económicas que a situação de monopólio lhes traria. Para isso é que querem a ajuda do Estado. Para impor aquilo que não conseguem por si próprios e pelo seu intuito egoísta junto das Pessoas e dos Praticantes.

Haja coragem. Haja coragem para implementar uma solução do tipo que propus na Folha A4. Concretamente, crie-se a “Agência para o Desenvolvimento do Desporto” (ADD), juridicamente independente da tutela direta do Estado. Passando o Estado a ser nela apenas um acionista que, junto dos outros, continuaria a pugnar pelo Desenvolvimento e pela Sustentabilidade do Desporto. Faça-se essa Mudança Organizacional, e façam-se os Contratos-programa em consonância com essa reorganização das Funções do Estado no Desporto.

Talvez

Anónimo disse...

O que enrqiuece um debate:o senhor Talvez no passado ia a encontros meio-secretos!!!!!

Anónimo disse...

Ainda não percebi porque é que o Miguel Mestre não diz qual é o Orçamento de Estado para o desporto em 2013, será que o Augusto Bibe não o permite? Há quem tenha falado de trinta e cinco milhões de euros e quem tenha falado de setenta e tal como Desporto mais Juventude fosse apenas Desporto. Sem uma afirmação clara levantam-se dúvidas será a dificuldade de fazer contas separadas uma para o desporto e outra para a juventude, em que na execução de 2012 já não se terá conseguido separar uma coisa da outra? Será mais fácil ter tudo ao molho e servindo quem mais chora ou se afirma?

Anónimo disse...

Não, não foi. Esse «Congresso do Desporto de 2005» foi excelente.
E foi, além disso, diferente de todos os que se realizaram em Portugal.
Porque foi diferente? Porque não foi feito em dois dias, à porta fechada, com convites sempre aos mesmos.
Recordo bem o que isso doeu a «esses sempre os mesmos».

Foi diferente porque foi ao terreno onde trabalham centenas de técnicos e especialistas de desporto. Ali onde a labuta dói, dia-a-dia. Onde a maioria dos competentes passa incógnito, escondidos pela luz da ribalta de uns poucos iluminados que têm sempre lugar no palco das opiniões. E que gritam muito contra tudo e todos, mas cujas opiniões são cansadas e quase sempre incompetentes. Quando a algazarra assenta percebe-se, como aqui nalguns comentários, que são muito fracas e completamente desajustadas da realidade desse dia-a-dia de trabalho em prol do Desporto.

Esse Congresso foi diferente porque recolheu as opiniões de centenas de colegas, professores, treinadores, atletas, árbitros, médicos ligados ao desporto, responsáveis autárquicos, responsáveis pela gestão de infraestruturas, privados e públicos, e também dos mais reputados especialistas em desporto de Portugal, de Norte a Sul, na madeira e nos Açores. Do simples técnico que trabalha há anos com afinco até aos grandes figurões.

E essas opiniões foram guardadas e arquivadas num documento oficial.

Para que se possa verificar agora, e no futuro, a qualidade das opiniões. Sobretudo a comparação entre «as opiniões desses que têm a mania que sabem» e «aqueles que não são mediáticos»; e não são convidados para esses pseudo-congressos que duram a vaidade efémera do protagonismo. Essa meia dúzia que quando começa a explanar as críticas que costuma fazer a tudo e todos se percebe que pouco sabem de alguma coisa de desporto que não seja a ânsia de protagonismo. Quantos congressos deram a voz aos que trabalham no terreno, em substituição dessa minoria de grandes figuras, e que tenha durado mais do que três dias? Sabe quanto tempo durou a recolha e o registo dessas opiniões do Congresso de 2005?

Esse arquivo será editado a seu tempo, com os nomes e os autores dessas faladuras sobre «os problemas e as soluções para o Desporto em Portugal». É com deleite que vemos as opiniões dessa altura e as de agora. É um exercício que vai ser útil à atual nova geração, e ao conhecimento sobre o Desporto em Portugal.

Sobre o “secretismo”, não se enerve caro Anónimo, porque é a própria «organização» que se reivindica disso, e faz gáudio em sê-lo, anunciando aos convidados que é assim que funciona. O que é engraçado. Mas esteja descansado porque não é a única que faz isso: Em todas as profissões e áreas da atividade humana há organizações semelhantes.

Talvez

Anónimo disse...

Se o desporto portugues tivesse mais pessoas como o Talvez seria diferente:seria pior...

Anónimo disse...

A troika aconselhou o governo portugues a contratar o Talvez para resolver os problemas do desporto patrio.A troika decidiu faze-lo depois de ter traduzido a a folha A4 e considerar que estava perante um exercicio de genialidade.As partes da folha A4 que nao compreendeu foram atribuidas ao facto de se estar perante um exercicio pouco comum, a palavra usada foi invulgar,de criatividade semantica bipolar capaz de transformar o desporto luso em algo capz de ombrear com as naçoes mais fortes.Angela Merkel ao saber da situaçao pediu que na visita da proxima semana seja agendada um encontro com o visionario portigues.

Anónimo disse...

Apoio a decisão da troika de contratar o Talvez!Finalmente uma boa decisão.