“Desde sempre que nos perseguimos com veneno e brutalidade”
(Vasco Pulido Valente,in Público,14 de Julho de 2007)
“As actuais alterações legislativas são uma consequência de uma opção de modelo de desenvolvimento do desporto. Foi assim que começou o planeamento desta legislatura dois anos antes de 2005. Quando os então detentores do poder no IDP e no Governo de então exerciam a defendiam um modelo completamente diferente. Basta consultar os textos que publicaram, os relatórios que fizeram da sua acção, os estudos que mandaram pagar e a acção que fizeram. As leis que agora se mudam são uma consequência desse plano de desenvolvimento. O que dói ao Sr. José Constantino e ao PSD foi nem sequer ter imaginado que podia haver um outro modelo de desenvolvimento do desporto diferente do que defendiam e praticavam. Falharam no diagnóstico da realidade desportiva portuguesa e nas mudanças que estavam a ocorrer na Europa e no mundo do desporto. Foi por causa dessa falha que não tiveram soluções. E consequentemente não souberam dizer aos legisladores que leis deviam fazer. Sejam intelectualmente sérios.” (Anónimo, comentando o texto O debate)
(Vasco Pulido Valente,in Público,14 de Julho de 2007)
“As actuais alterações legislativas são uma consequência de uma opção de modelo de desenvolvimento do desporto. Foi assim que começou o planeamento desta legislatura dois anos antes de 2005. Quando os então detentores do poder no IDP e no Governo de então exerciam a defendiam um modelo completamente diferente. Basta consultar os textos que publicaram, os relatórios que fizeram da sua acção, os estudos que mandaram pagar e a acção que fizeram. As leis que agora se mudam são uma consequência desse plano de desenvolvimento. O que dói ao Sr. José Constantino e ao PSD foi nem sequer ter imaginado que podia haver um outro modelo de desenvolvimento do desporto diferente do que defendiam e praticavam. Falharam no diagnóstico da realidade desportiva portuguesa e nas mudanças que estavam a ocorrer na Europa e no mundo do desporto. Foi por causa dessa falha que não tiveram soluções. E consequentemente não souberam dizer aos legisladores que leis deviam fazer. Sejam intelectualmente sérios.” (Anónimo, comentando o texto O debate)
Intelectualmente sério, para este habitual “anónimo”, é, continuamente, comentar sobre o que não dissemos ou escrevemos. Intelectualmente sério é acusar os outros (quais outros?) de o não serem e esconder-se atrás do anonimato. Intelectualmente sério não é contraditar uma opinião. É discorrer sobre intenções ou opiniões que supostamente ele entende que o autor tem ou defende. Intelectualmente sério é, perante qualquer opinião por nós expressa, e completamente a despropósito, louvar e beatificar o presente e denegrir o tempo em que desempenhámos funções na administração pública desportiva. Intelectualmente sério é defender um “plano de desenvolvimento” que é consequência de um “modelo”que eu e o PSD jamais imaginaríamos que existisse e que começou a ser preparado “dois anos antes de 2005”.Intelectualmente sério é esta anónima compulsão para acusar e ofender. A obsessão é tanta que o preclaro “anónimo” resvala para o reino do puro delírio solipsista. E o desvelo e zelo com que deliberadamente critica revelam que o país mais do que encalhado está “encanalhado”.
Miguel Real escreveu um livro intitulado a Morte de Portugal em que traça uma imagem desencantada de Portugal e dos portugueses. Aborda entre outras coisas aquilo que designa por “canibalismo cultural” em o que o debate de ideias se transformou. Uma máquina devoradora uns dos outros. Em que quem pensa diferente de nós é um alvo a abater. Na Inquisição queimava-se, no Estado Novo perseguia-se e prendia-se e no Portugal democrático denuncia-se e humilha-se. Desejavelmente de forma anónima. Não é um problema de governo e de quem o acolita. É uma idiossincrasia da governação que está para além da actual maioria e que se desenvolve em espaços de poder que não apenas os públicos, nem apenas à volta do Estado. O desporto não escapa a estes tempos. O facto de sermos, na generalidade dos casos, os mesmos há tempo demasiado agrava a situação. Se há uma crítica, disserta-se sobre as motivações mais profundas do autor. Insinua-se sobre os interesses que serve ou supostamente serviu. Aquilo que fez ou que disse. O poder ou a posição que supostamente ambiciona. Não se avalia e discute a opinião expressa, mas as suas supostas e malévolas intenções. Os seus inconfessáveis interesses e cabalas. Evita-se discutir a mensagem para se começar por atacar o mensageiro. Vale a pena discutir assim? Não são para levar muito a sério parte dos debates que ocorrem sobre os problemas desportivos. Parte deles são inócuos à realidade desportiva que continua a desenvolver-se á margem deste tipo de polémicas. O problema não é o de se contrastarem opiniões diferentes, o que seria, de resto, estimulante. É que muitos desses debates enformam de pessoalismos, de polémicas antigas, onde abundam, com frequência, pequenas invejas, ressabiamentos, agrados clientelares, ajustes de contas, perseguições, erros e disparates. O que se visa, em elevado número de casos, não é contraditar uma tese ou uma opinião, mas humilhar quem a defende ou a expressa. Aniquilar quem diz, para que melhor se destruir o que diz. Em nome de uma certa ideia de sociedade e de desporto? Dificilmente. Em nome de um exercício de cidadania? Não creio. Cumpre-se tão só o desígnio pessoano:”o nosso provincianismo consiste em estar, em viver, numa civilização, sem verdadeiramente fazer parte dela e do seu desenvolvimento”. O auto-convencimento de uma suposta superioridade conduz à arrogância e esta ao desprezo por opiniões diferentes. É curto o limite para o ataque soez. Nunca aprendemos. É azar. Apanhámos o comboio certo no tempo errado, diz Miguel Real. E assim, nunca mais lá chegamos.
13 comentários:
Na resposta ao Anónimo, em vez de ter feitto este longo texto inócuo, teria gasto menos palavras respondendo tim-tim por tim-tim.
Assim ficámos a saber o que o Anónimo disse, mas não os argumentos contraditórios do JMC, que se perdeu por outros campos.
Eu não sou o Anónimo que escreveu aquela prosa, mas apenas um espectador atento ao debate entre os dois (Anónimo e JMC), à espera de saber de que lado está a razão.
E eu sei que o JMC é capaz.
Agradeço sensibilizado a prova de confiança nas minhas capacidades,mas receio não estar à altura do desafio e produzir mais um texto inócuo.Falar tem o seu tempo e estar calado também.
Estou com o anónimo anterior
O debate político deve efectivar-se e este blogue é o único possível no desporto português
Mas a resposta sobre os princípios é importante. A não resposta do anónimo após 24 horas fortalece a opção de José Constantino
Pontos a assinalar:
• Havia um segredo que estava escondido: o trabalho clandestino de 2003. Anonimamente o escrito saltou-lhe do peito. Provocando: apoiará o partido o anónimo?
• Provocando de novo: Este anonimato veio do PC de antes do 1975 e a matriz molda actos que 33 anos depois pensam inovadores
• Constatando: a contaminação anónima faz mal ao desporto
• O texto do anónimo prefere a actuação de política desportiva via legislação pela assembleia não pelo governo: "não souberam dizer aos legisladores que leis deviam fazer"
• Dá o modelo vigente de cada governo como instrumento único. O modelo é o último dos critérios porque dentro de um governo é possível ter mais do que um modelo para um sector. É naturalíssimo que um governo diferente tenha um modelo diferente. O argumento do modelo não é decisivo.
ver o artigo "Partidos e paredes de vidro" de João Cardoso Rosas, onde diz
"O PS e o PSD foram perdendo a sua capacidade de mobilização social porque também não foram capazes de renovação interna."
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1089477.html
A quem dar os parabéns do Sport Lisboa e Benfica (glorioso) (SLB) entrar no clube dos menos ricos?
Madail, Cavaco, Sócrates, Evangelista, Hermínio, Laurentino, Sardinha, Camacho, Costa (Rui), Constantino, Anónimo (o do Constantino)?
Ao anónimo das 10.49
Como é que o silêncio do Anónimo fortalece a posição do JMC se o texto deste foge às questões postas por Aquele?
O referido Anónimo, como eu, cdertamente esperava que JMC respondesse às questões postas.
A não resposta do JMC foi uma fuga ao debate, o que eu não esperava, porque ele, ou sabe mais do que disse e não o fez, ou não sabe e esquivou-se ancorado em princípios e suposições.
Refere-se ao das 10,59 que sou eu
Esperaria uma resposta às questões do Sr. José Constantino, mesmo que por linhas tortas
Que a conversa não é por linhas direitas, estamos entendidos
A regra da resposta às questões é do Sr. José Constantino
24 horas é curto!
Esperemos então pela resposta
"O debate político deve efectivar-se e este blogue é o único possível no desporto português"
Muito bem.
Com quem debater? O anónimo das 15:59? O anónimo das 10:59? Ou o das 14:41? Talvez o das 16:00?
Nesta surrealidade ainda há anónimos a pugnarem por seriadade intelectual.
Assim vai o debate no desporto português...
Eu sou o comentador das 16.00.
O que eu quis dizer foi que JMC, ao apresentar um texto foi contraditado pelo Anónimo, já que, quando o apresenta, parte do princípio de que as suas ideias podem ser criticadas., facto que ele corrobora em alguns textos. Que deve haver diálogo que ele apregoa, e bem.
Por isso fiquei admirado quando JMC optou por um discurso lateral, pondo-se ao lado dos comentadores que, não participando no debate JMC-Anónimo, se limitam a assistir ao mesmo.
Ora JMC não é nem pode ser, neste caso, comentador do discurso do Anónimo, mas, e tão só, argumentador da tese contrária.
E só assim seria possível, pesados os argumentos de ambos, que os comentadores espectadores passassem a argumentadores das duas teses.
Posto isto, caro João Almeida, o debate não é entre os anónimos. Sê-lo-á quando o diálogo JMC-Anónimo chegar ao seu termo. De contrário entraríamos num diálogo multiplicado entre todos, então sim, surrealista, descontextualizado, sem princípio, meio e fim.
Quando da minha primeira intervenção JMC respondeu que "falar tem o seu tempo e estar calado também", deveria ter aplicado o seu aforismo antes de escrever o post que suscitou a réplica do Anónimo.
Considerei esse aforismo como tardio, e como uma segunda fuga.
Espero que reconsidere para então regularmos a tese de um e outro e darmos a nossa contribuição... realista
Sou um frequentador recente deste blog e foi com alguma curiosidade de segui este "debate"
Que lindo o discurso de JMC, que bem escreve mas com muito pouco "sumo", (como laranjas secas).
Um dos problemas que actualmente nos deparamos é com o gasto de tempo e energia para coisas que não necessárias, essenciais, objectivas - tipo o tempo que estou a gastar neste comentário (não vale a pena).
Um outro problemas dos tempos modernos (e do desporto em particular) é a obsessão pela vitória, é o queremos ficar sempre por cima.
É aquilo que se verifica com este debate.
Que lindo que toda a gente visse o desporto não com a obsessão, o fanatismo da vitória de alguns mas com a importância da participação de todos.
Esse é o estilo do JMC
Utiliza-o desde sempre e tem-no aperfeiçoado
O sucesso que granjeia incentiva-o a permanecer nele
Questioná-lo sobre uma das suas características é o facto novo!
Ó se o anónimo amigo vem a saber disto!
Ao anónimo das 11,23
As suas palavras são bonitas
Aguardamos todos as suas substanciais intervenções
Eu sou o tal Anónimo que foi citado. E só agora tive oportunidade de vir ao blogue.Peço desculpa.
Em resposta coloco outra afirmação sobre o que distingue o "anterior" do "actual", em termos da política desportiva.
No anterior modelo e na anterior acção política a sintonia entre o IDP e o Governo de então era uma realidade indesmentível. Embora se tente agora vir a dizer que não.
Na anterior acção do IDP e do XV e XVI Governos o "associativismo de base", feito por quem realmente faz o Desporto, isto é, por quem se esforça nas pistas, nos estádios, nos pavilhões ou ao ar livre, foi posto de lado e menosprezado perante os interesses do "associativismo de cúpula". Veja-se a retórica do "mexa-se" face à sua efectiva inoperância e falta de impacto no país e na realidade desportiva. E veja-se para onde foi o "responsável político de então". Exactamente para o futebol profissional...
No actual modelo a opção é exactamente a aposta no "associativismo de base" e em federações desportivas fortes.
Repare-se, para o comprovar, que na Lei de Bases e no Regime Jurídico das Federações que agora se irá aprovar quem vai estar representado nas assembleias-gerais, e não estava, são exactamente os atletas, os treinadores, os árbitros e os clubes de base e de proximidade. Porque razão o "associativismo de cúpula" não permitia que quem faz o desporto estivesse representado por si próprio nas federações, na organização e nas decisões sobre o desporto? este facto mostra bem a diferença.
Será porque esse "associativismo de base" não tem dinheiro para pagar "pareceres e opiniões" aos juristas? Ou para pagar mordomias e viagens ao estrangeiro dos dirigentes de cúpula, retirando esse dinheiro aos que fazem desporto?
Ou será porque esse "associativismo de cúpula" vende sistematicamente o valor do desporto às multinacionais para ele ser um mero pretexto para fazerem lucros que não distribuem para o desporto de base?
Quem lucra, e a quem efectivamente interessa que os atletas, treinadores, árbitros e clubes de base não tenham palavra nas assembleias-gerais das Federações? Quem está do lado da defesa do de qual associativismo desportivo?
Já não bastará a vergonha que se está a passar com a utilização mercantil do desporto por parte do Comité Olímpico e da FIFA? Sem pudor em utilizar crianças; e perfeitamente conluiado com os interesses políticos de afirmação das "grandes potências" e os interesses do lucro das "grandes marcas".
Quem defende que associativismo?
Quanto paga o COP de ordenados e mordomias aos seus assessores? Não é uma vergonha face às necessidades do "associativismo de base"?
Portanto o que aqui está em causa são dois modelos. Um em que o COP e os outros "associativismos de cúpula" querem que as Federações sejam fracas para poderem canalizar o dinheiro do Estado apenas para os jogos olímpicos hipotecando o desenvolvimento do desporto para a generalidade dos cidadãos.
Do outro lado está um modelo que aposta em Federações fortes, que não se deixem vergar aos interesses mercantis e restritivos do COP/COI, ou da FIFA, obrigando-os a reinvestir parte dos lucros no desenvolvimento do "associativismo desportivo de base".
É isto que está em causa no RJFD. É esta a questão que está em jogo com esta opção política que substituiu a anterior.
E daí o desespero do Presidente do COP, e a raiva com que tenta atacar o actual Governo, na ilusão de que o RJFD não seja aprovado antes de Agosto de 2008.
Portanto, em suma, uma orientação política que sabe dizer aos legisladores e às leis qual o caminho e a opção.
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