sábado, 14 de junho de 2008

A Heidi, o avozinho e os nossos emigrantes

Apenas conheci e convivi os meus primeiros 12 anos de vida com uma avó paterna, de nome Ana Teixeira. Mulher empresária que exercia tal função sem ser qualificada como tal e mãe de 16 filhos nos tempos da 1.ª Guerra Mundial. Oriunda de um concelho então paupérrimo, e que certamente ainda hoje continua carenciado, mas com muito mais notoriedade desde que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa se dedicou política e culturalmente ao mesmo, a minha avó e respectivos filhos/as rumaram, como aliás muitos outros portugueses na época, para outras bandas à procura de melhor vida. Por estas e outras circunstâncias, ora felizes ora menos felizes, foi na companhia da avó Ana que vivi e imaginei momentos impares da nossa vida, como por exemplo, a primeira vez que o Homem (Neal Armstrong) foi à Lua, a transição do regime político em Abril de 1974 e as primeiras séries de banda desenhada televisonadas. Assim, abreviando devido às exigências de espaço, sublinho que com a Heidi, o seu avozinho e a minha avozinha percorri mundo, voei nas nuvens desse filme e conheci pela primeira vez a Suiça. Que encanto! Provavelmente, ainda possuo, na casa da minha mãe, o meu primeiro LP com a musica desta banda desenhada.
Serve esta pequena história apenas salientar que em pleno mês do Euro 2008 o que me tem verdadeiramente prendido a atenção neste campeonato de futebol são os milhares de emigrantes portugueses na Suiça e arredores (como me lembro de alguns queridos amigos que por lá labutam), a sua história emigratória e sua estreita, inequivoca e sempre incondicional ligação à nossa nacionalidade e à selecção portuguesa.
Nunca tive a coragem de emigrar, apesar de alguns convites e pensamentos tentadores, mas invejo e admiro a valentia e o espírito de sacrifico de todos (e todas) que além fronteiras lutam com tantas adversidades, conquistam méritos e se afirmam pessoal e profissionalmente.
Bem sei, recordando por exemplo os tempos da minha prática desportiva, a alegria mútua que sentiamos quando em qualquer País, por mais recôndito que fosse, nos visitavam os/as emigrantes sempre com um sorriso, com um estimulo, com um grito e a bandeira portuguesa.
Apesar de não ser uma incondicional adepta e apaixonada pelo futebol vou acompanhando, por diversos motivos, e friso, sobretudo pelos nossos emigrantes, a prestação e os acontecimentos deste Europeu e obviamente os da selecção nacional.Remato com uma constatação que me pertubou e não entendi cabalmente. Pode ser que os leitores e as leitoras me elucidem melhor.
Em pleno Euro 2004 quem não se recorda do rompimento de negociações por parte do treinador Filipe Scolari com a federação inglesa, (e até com SLBenfica), provavelmente devido a fugas de informação. Quem tiver curiosidade basta investigar as suas declarações de então. Passados 4 anos vemos a mesma face da moeda, ainda por cima inglesa, só que desta vez em pleno europeu o treinador e a FPF anunciam a não continuidade do contrato após esta competição o e Chelsea comunica que Scolari será o treinador da próxima época. Estranho, hem?
Melhor será continuarmos com a esperança dos stocks se reporem nas prateleiras e gasolineiras, e dos agricultores não se enfurecerem, alhearmo-nos das consequências do não da Irlanda ao Tratado de Lisboa, rezarmos para que se nos levaram o DECO nos levem também a ASAE e deliciar-nos com as montanhas da Heidi.
Esperamos, sinceramente que a afirmação e identidade portuguesa dos nossos emigrantes na Suíça continue em ascenção. Força Portugal!

8 comentários:

Anónimo disse...

Teve muita sorte conviver com a sua avó na infância... hoje em dia, as crianças não podem ter esse privilégio! Estão enfiadas na escola mais de 8 horas e depois ainda vêm para casa carregadas de trabalhos para fazer para o dia seguinte!
Bons tempos esses, mas também só para alguns… porque para outros, viviam em colégios longe dos pais e avós e sem poder ver a tal Heidi, o avozinho nem sonhar nas nuvens! Porque tal como hoje os pais querem o melhor para os seus filhos, e esse “melhor”, entendia-se como uma educação em colégios…
Hoje o “melhor” na minha perspectiva, é sem dúvida o tempo que tenho (que infelizmente ainda é muito pouco) para dedicar a dar carinho ao meu filho, partilhar e entender os seus problemas e ansiedades! Porque ele irá também um dia recordar a sua infância, tal como nós fazemos!

Maria

Maria José Carvalho disse...

Cara Maria,

Tem razão ao dizer que tive sorte em conviver com a minha avó paterna, mas sabe tive azar porque não conheci o meu avó paterno nem os avós maternos. E como gostaria de os ter tido comigo.
Subscrevo as suas inquietações, constatações e bem haja na dedicação ao seu filhote. É também o que tenho de melhor na vida e oxalá que ele um dia recorde com a mesma felicidade a sua infância. Obrigada pelo seu contributo. Falar de nós nem sempre é fácil, mas é bom...

Anónimo disse...

Estive a ler com atenção o seu texto e os comentários. Fiquei perplexo com a sua resposta. Das duas uma, ou se enganou no texto quando fala da sua avó, ou foi no comentário. Certo é, que quem recorda a infância, tão feliz, com os familiares, sejam maternos ou paternos, não se engana a escreve-los nos relatos!
Afinal como ficamos, era a avó materna ou paterna?

CJ

Anónimo disse...

A liberdade de expressão é muito bonita quando não falamos de nós, não é?
Constato que fui ignorado no comentário que fiz. Enfim, esta é a democracia e a liberdade de expressão deste blog!

CJ

Maria José Carvalho disse...

Ao CJ (Conselho de Justiça, Carlos Januário, ou...???)

Obrigada por ter lido tão atentamente o meu texto e os comentários. Assim, consegui corrigir um lapso que V.Ex.ª detectou. Na verdade trata-se da minha avó paterna, os humanos erram mesmo sem querer, e eu ainda vou sendo humana.

Não tenha má ideia deste blog nem dos seu autores. Como já reparou, não praticamos a censura e o seu segundo comentário só aparece mais tarde porque a moderação do primeiro não foi tão rápida como V.Ex.ª desejaria e nós gostariamos. O problema é que todos somos profissionais, temos emprego e muito trabalho, o blog é apenas um bom espaço de democracia e liberdade de expressão de cada um de nós e também de todos os que queiram comentar e participar.
Comente sempre, mas sem ansiedade.

Anónimo disse...

Dra. Maria José

Poderia ser qualquer um se fosse anónimo, certo? A mesma coisa se passa só com a sigla CJ. Não queira saber tanto... a ansiedade pode matar!
Para si, serei só CJ, é o que interessa!
Claro que comentarei sempre que entender acrescentar, denunciar ou para simplesmente fazer ver outra perspectiva!
CJ

Anónimo disse...

Dra. Maria José

Fiquei pensativo, após o comentário que lhe fiz ontem, na realidade não quero de forma alguma que incorra em julgamentos precipitados, sobre a minha identidade. Como já deve ter percebido não revelarei o meu nome pelo facto de ser figura pública, o que na maioria das vezes, quer digamos sim ou não, somos sempre mal interpretados.
Neste caso, a sigla que uso simplesmente corresponde a duas pessoas e não a só uma, são essas pessoas que me deram vida e a eles tudo o que sou, lhes devo.
Quanto a conhecer-me, nunca estivemos no mesmo espaço, que me lembre, muito menos conhece-la pessoalmente.
Queira desculpar-me,
Atenciosamente
CJ

Maria José Carvalho disse...

Caro anónimo CJ,

Não se preocupe, não o julgarei precipitadamente. Curioso, ter figuras públicas a lerem os meus textos. Bem o compreendo por não querer se identificar. Ser figura pública deve, de facto, ser aborrecido. Ainda mais curioso é o seu critério para a sigla que usa. Se eu utilizasse o mesmo seria sempre MJ, mas tal como V.Ex.ª também a eles muito, ou tudo, devo do que sou.
Quanto a conhecer-nos, um dia quem sabe... eu possa estar no espaço de pessoa tão importante do nosso País. Porém, o CJ nos "meus espaços" será sempre bem acolhido, assim eu possa identificá-lo.
Volte sempre e claro, está desculpado.
Atentamente,
mjc